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os agilistas

#121 – Conheça o Programa de Mentoria

#121 – Conheça o Programa de Mentoria

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M1: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar mais um episódio do Agilistas, nesse episódio a gente convidou aqui algumas pessoas da DTI que são a Ziza, o Matheus e o Chagas, eles vão se apresentar daqui a pouco. Como vocês sabem a gente tem um costume aqui no Agilistas de compartilhar algumas coisas que a gente faz aqui na DTI como forma de servir de exemplo, inspirar, servir de comparação que seja para a comunidade em geral. Como eu sempre falo: não existe nenhum tipo de prescrição, nenhum tipo de receita para nenhuma organização, cada organização vai descobrir o seu caminho com maior agilismo, caminho esse que vai depender da sua história, do seu contexto, mas por outro lado, igual a gente, procura o tempo todo se basear em outras histórias, ler muito, etc., a gente acha interessante compartilhar algumas histórias e, uma história interessante que a gente tem na DTI é a história de como surgiu o nosso programa de mentorias, é interessante porque a gente vai falar muito sobre isso aqui, a gente começou a perceber que para determinados profissionais, talvez, a estrutura da DTI não fosse mais suficiente para conduzi-lo durante a carreira dele, para ele poder chegar aos caminhos em que ele queria chegar, isso acabou gerando a necessidade desse programa de mentoria, mas para poder embalar falando sobre isso eu vou pedir para o Chagas, que já é conhecido aqui do podcast, começar falando um pouquinho disso que eu falei, na verdade, eu falei isso baseado em um conversa que eu acabei de ter com o Chagas. (inint) para o Chagas me explicar o que ele acabou de me explicar aqui. Acho interessante deixar claro esse contexto: para a gente a mentoria surgiu como algo complementar a esse caminho que as pessoas percorrem na empresa, não é isso?

M2: Isso mesmo, Schuster. Deixa eu me apresentar rapidinho para quem não me conhece, eu sou o Felipe Chagas, também conhecido só como Chagas, mas qualquer nome está valendo. O programa de mentoria surgiu muito como uma ideia de preencher uma lacuna na questão do aprendizado das pessoas dentro da DTI, a gente entende que as nossas estruturas naturalmente são muito voltadas para a questão da alavancagem, do aprendizado então, está no nosso sangue questões como as próprias guildas, como learning loops, como (catese), apresentações, mas todos esses mecanismos funcionam muito bem até uma determinada senioridade, até mesmo porque as guildas são grupos abertos para toda a empresa, não necessariamente se você trabalha naquela área e muitas vezes, o conhecimento ali vai ser introdutório ou vai ser superficial, alguns encontros mais específicos aprofundam em algum tema, mas normalmente é uma duração mais curta, não tem uma continuidade em relação a aprofundamentos. A gente percebeu um gargalo justamente nesses profissionais mais sêniores que vão precisando, talvez, ter um direcionando profissional, ou se soft skill, ou de uma skill mais técnica mesmo, uma orientação sobre o que estudar, uma orientação sobre onde direcionar a trajetória que é outro ponto muito importante, como a gente não tem uma carreira dentro da DTI, isso às vezes é muito complexo para a pessoa que está acostumada com um modelo de crescimento mais tradicional dentro das empresas, esse crescimento mais fluído das trajetórias, às vezes, a mentoria é para auxiliar a pessoa em qual trajetória ela vai seguir então, ela tem muitos aspectos, mas eu acho que, sobretudo, o que é uma característica comum em relação a essas mentorias é esse perfil um pouco mais sênior, de estar buscando dar um passo além, além do que as estruturas base da DTI já provisionam.

M1: É interessante, enquanto você estava falando eu fiquei pensando, essa questão da senioridade é interessante porque parece aquela história de (inint), é (inint) mesmo que fala? Sempre me gozam quando eu falo isso errado.

M2: (inint).

M1: (inint), o Felipão sempre me enche o saco, mas eu falo assim: uma pessoa que acabou de formar, está começando uma trajetória, você que está começando, seja em que área for, exige umas conquistas ali, uns (inint) muito claros do que o cara tem que fazer, como se estivesse mais definido mesmo, não tem que inventar muita moda ali não. Eu falo assim: há muitos anos, essa ansiedade que existe hoje cada vez mais, eu falo há muitos anos na minha carreira, na época em que eu estava na (LATAM), eu lembro que, às vezes, um cara que era bom para caramba ali, era um estagiário de desenvolvimento, ele formava e ia ser contratado, aí o cara falou assim para mim: “Agora eu vou fazer uma especialização em Gestão de não sei o que lá. O que você acha?”, eu falava assim: “Cara, você sabe programar bem? Você está sabendo programar bem ou não?”, porque existe uma chance muito grande de você um tanto de (quociente) de Contabilidade ali que você não vai usar nunca ou não vai usar nos próximos anos da sua carreira e aquilo vai meio que ficar perdido para você, você vai ficar ali sem saber. Então, o que eu quero dizer é o seguinte: tem um lado meio pragmático aí de falar o seguinte – no começo, o cara não sabe programar bem ainda então, cara, programa bem, mas a partir de um certo ponto, e aí essa diversidade (inint) que o Chagas disse, a pessoa fala: “Poxa, eu sou mais técnico, eu gosto de ter uma visão arquitetural, queria começar a ver como eu faço para poder virar um arquiteto”, ou então, “Gosto mais da área de gestão”, ou então, “Estou me apaixonando por produto, eu sou designer, mas queria me especializar mais em produto”, aí a pessoa começa a ter uma experiência maior e ter um caminho que vai ter mais grau de liberdade e, talvez, seria importante ter alguém junto ali te dando aquele suporte.

M2: Até porque, acho que existem algumas coisas que tem que ser desmitificadas quando a gente fala de trajetória, vou dar um exemplo mais aqui da área de engenharia, muita gente acredita que o único caminho para você crescer tanto profissionalmente, quanto ter reconhecimento em termos de salário de um desenvolvedor é ele virar um arquiteto e isso é uma falácia, arquiteto é um caminho assim como ser um desenvolvedor mais sênior, um desenvolvedor especialista, ou o nome que você quiser dar, é um caminho também, são tarefas muito distintas que um perfil executa e o que o outro perfil executa. A evolução – não quer dizer que a única evolução que existe é ir para uma arquitetura então, eu acho que é trabalho também quebrar alguns mitos que existem muito enraizados na carreira de TI.

M1: Esse aconselhamento ajuda nisso. Diz aí, Matheus, você ia completar?

M3: Ia, eu ia, não sei se eu me apresentei.

M1: Se apresente.

M3: Pessoal, tudo bem com vocês? Meu nome é Matheus, hoje eu estou atuando como Tech Manager na DTI, estou aqui já há quase oito anos, entrei como estagiário lá em 2013, tive um caminho longo para percorrer, acho que tive vários mentores, formais ou não, nessa trajetória. E um negócio legal, vou fazer uma citação, eu posso estar errado na pessoa, mas se eu não me engano foi o Churchill que comentou que a palavra convence, mas o exemplo arrasta e, quando a gente está começando na carreira, os nossos exemplos profissionais, o nosso próximo passo, o (inint) igual o Schuster falou está no nosso dia a dia então, eu comecei como desenvolvedor no squad, o meu exemplo, o meu mentor está lidando comigo o dia todo que é DL, a gente até fez um podcast recentemente pro Entre Chaves falando sobre o papel do DL então, ele é um primeiro mentor, bem ou mal, ele é esse primeiro exemplo que a gente vai seguir de carreira, como eu tenho que aprender, como eu tenho que me portar, os próximos conhecimentos, como eu vou me aperfeiçoar. Só que chega um nível de senioridade que o seu próximo exemplo não está no seu dia a dia, ele não está no seu contexto, agora eu sou um desenvolvedor líder, sou um squad lead, eu estou lidando com os desenvolvedores mais novos, que entraram no time agora, estou lidando com cliente, mas para mim, o meu próximo passo é arquitetura e o meu contato com o arquiteto é menor. Não, a gente fala em carreira y, posso ir para a parte técnica ser arquiteto, posso ir para a parte de gestão ser um Tech Manager, não está no meu contato direto então, aí a mentoria ganha também esse novo papel de “Espera aí, vou aprender pelo exemplo então, qual é esse profissional que me inspira, que vai me mostrar, talvez não o caminho das pedras, mas quais pedras doeram mais para ele passar e quais doeram menos para eu ter esse exemplo, ter um caminho, saber com o que eu vou lidar nesse crescimento de trajetória”, acho que isso é bem legal de a gente pensar.

M1: Interessante essa perspectiva. Vamos botar a Ziza na conversa, vou apresentar apenas uma vez ela formalmente, é a Larissa, nossa designer.

F1: Que nunca foi Larissa, não é, Schuster.

M1: Se apresente aí, ZIZA. Eu não sei se você já participou de um episódio alguma vez.

F1: Não, só do nosso podcast maravilhoso Entre Chaves que o Chagas me chamou para falar.

M2: Muito bom, vamos aqui aproveitar e fazer propagando do Entre Chaves.

F1: Bom, gente, eu sou a ZIZA, igual o Schuster comentou, sou designer da DTI, não estou há tanto tempo como o Matheus, eu estou aqui há dois anos atuando na tribo da Trifoz que hoje é uma aliança. Eu ia comentar na fala do Matheus que diferente, eu acho que, da carreira dos devs, da parte mais técnica, o designer hoje não tem uma dupla, a gente não tem um DL de design então, acaba que esse exemplo que a gente se espelha, essa pessoa mais experiente em que a gente se espelha é uma coisa muito orgânica dentro da DTI, talvez não é aquela pessoa com quem você tem contato diário, que está no seu dia a dia então, você vai buscar isso, talvez, em outra tribo, dentro de outro chapter, dentro de outra guilda e vai criando a sua trajetória ali porque hoje a gente realmente não tem esse par, a gente tem tentado criar isso cada vez mais, essa necessidade de quando entra, por exemplo, um estagiário “Vamos colocar um designer mais velho de casa, mais experiente do lado”, eu mesma quando entrei tive a sorte de poder ter o (Enoch) do meu lado, quando eu entrei na DTI a gente dividia o mesmo projeto, depois que eu evolui ele me deixou sozinha e foi seguir com outros. Diferente dos devs, o designer tem que buscar isso e ele procura isso porque, talvez, no mesmo squad você não vai encontrar esse, vamos dizer, designer líder então, hoje a gente tem incentivado ter um capitão por chapter, alguém responsável pelo chapter de design justamente para quem tivesse a necessidade, talvez diretamente a gente não vai ter esse mentor entre aspas, porque talvez não seja um mentor ainda, mas essa referência, mas talvez no chapter hoje a gente vê a necessidade de ter essa referência para os novos que estão entrando ou para aqueles que ainda estão evoluindo.

M1: Beleza, acho que a gente deixou claro para quem está escutando a nossa visão é de que naturalmente na carreira da pessoa, a medida em que ela avança na carreira, a partir de certo ponto que ela já acumulou suficiente experiência, já atravessou uns obstáculos, digamos assim, básicos, passou dos níveis mais básicos ali, ela começa a falar assim: “Poxa, agora eu gostaria de um apoio de pessoas que me inspiram, seja por que motivo for, pode ser até na mesma trajetória em que eu estou, pode ser em uma trajetória diferente, pode ser em uma área específica que complemente onde eu estou”, eu entendo que isso é bem livre, às vezes a pessoa está ali seguindo uma trajetória, mas fala: “Poxa, eu queria me comunicar melhor, acho que Fulano poderia ser um bom mentor de comunicação”, (inint) confirmar isso, é isso mesmo? O mentor é um mentor de carreira, é um mentor de skill, é um mentor da pessoa, entendeu? O pessoal que é técnico se fosse fazer um modelo de entidade do mentor, o mentor é o mentor. É o mentor de quê? Entende? Ele é o mentor dos desejos e anseios da pessoa, dos skills que ela quer desenvolver, da carreira da pessoa, como vocês…

M2: Poxa, você melhor do que ninguém sabe como a gente faz as coisas na DTI. A Duda que é uma pessoa que puxou muito a iniciativa de mentoria, começou esse trabalho com MVPs, MVPs localizados só em algumas alianças e depois abriu isso para toda a DTI, e meio que não tem muito um formato fixo, tem algumas coisas que estão sendo estruturadas, tem uma reunião com uma cadência entre os mentorados para eles trocarem figurinhas entre eles de como estão fazendo, mas meio que está sendo cada caso é um caso. Voltando a sua pergunta, o mentor é de quê? É do que a pessoa pedir, no final das contas.

F1: Qualquer necessidade.

M2: É, se a gente evoluir para ter um modelo um pouco mais rígido, tem algumas vantagens, talvez ter essa coisa um pouco mais estruturada, não vou usar a palavra rígida, mais estruturada, ter uma cartilhazinha para a gente seguir, acho que pode ser até um momento que chegue com a esse ponto, mas nosso momento atual, ele é bem livre, está bem desestruturado.

M1: O Chagas falou, aqui na DTI a gente confia muito nas coisas irem evoluindo e auto-organizando então, em um primeiro momento eu diria que fica mais forte esse conceito de que alguém precisa de um aconselhamento, precisa de alguém mais próximo, esse alguém tem uma demanda que é o mentorado e tem o mentor que ajuda ele. Seria isso.

F1: Eu concordo. Eu também acho que é bem isso daí, Schuster, até ontem eu estava conversando com outros mentores de design e a gente estava falando que a gente acha que, pelo menos na mentoria de design, existem dois caminhos, um que é a pessoa querer algo, ela falar: “Eu quero aprender sobre isso, eu quero ser isso, eu quero me tornar isso”, e o outro é ela precisar, muita gente procura a gente porque precisa melhorar em algum ponto então, eu acho que no design a gente tem esses dois caminhos aí e cabe à gente identificar se é uma coisa que ela necessita ou se ela realmente quer evoluir aquilo ali.

M1: Muitas vezes é fruto de um feedback.

F1: É fruto de feedback, a gente até fala brincando que algumas mentorias estão quase sendo one on one, a galera desabafa mesmo, pede conselho, isso acontece também em alguns encontros.

M3: Eu acho que a gente tem uns direcionadores legais na mentoria que são interessantes de mencionar, o programa de mentoria que a gente tem tocado, eu acho que ele nasce até olhando para uma questão de trajetória, tem mentorias de liderança, tem mentorias de design, de arquitetura, mas como o Chagas falou, ela é realmente bem aberta então, “Eu quero ir para uma área de liderança”, eu posso fazer uma mentoria de liderança com uma pessoa e perceber que essa pessoa, esse mentor me ajudou a perceber problemas, desafios, tecnologias que eu preciso aprender para seguir essa trajetória ou para me aperfeiçoar. Você pode fazer uma segunda mentoria ainda de liderança com um mentor diferente que vai te ajudar em outros aspectos então, acho que a gente tem esse direcionador de trajetória, de área, até mesmo de carreira, “Quero seguir tal direção”, mas a mentoria, e eu acho que isso é o legal, não é um curso, você não tem um currículo pragmático para você seguir e que você vai ser certificado “Fiz a mentoria de arquiteto, agora eu sou um arquiteto certificado e posso atuar na DTI”, não é isso e, também não é uma consultoria, não é alguém que vai te falar o que você tem que fazer, é alguém que vai te ajudar a fazer melhor aquilo que você espera fazer, e entender se aquilo que você pensa da trajetória que você quer seguir é realmente a realidade. A gente sabe que, às vezes, pela falta de contato diário com algumas áreas, “Eu quero ser um arquiteto”, a pessoa fica um pouco deslumbrada com o que ela acredita ser o arquiteto, mas não vê os abacaxis que a pessoa tem que descascar no dia a dia, e o mentor vai mostrar isso para ela. Isso que é legal.

M1: Acho que do lado do mentorado ficou claro. Quais são os requisitos de um mentor? Tem que ser o cara mais foda do universo para ser mentor? Como é isso? Quem são os caras que viram mentores? Quem são eles? Onde habitam? O que eles comem?

M2: Eu acho que para ser mentor tem que gostar de ensinar, acho que esse é o pré-requisito porque mais importante do que saber é saber como repassar o conhecimento, como orientar ou aprender junto, teve várias coisas que os meus mentorado perguntaram e eu não fazia a menor ideia, talvez, a única ajuda que eu tive foi orientar como pesquisar e como adquirir tal conhecimento ou superar tal desafio. Acho que o requisito não é ser uma pessoa que sabe de tudo, é ter um pouco de experiência, experiência é uma palavra complexa, eu estou falando de tempo de mercado ou que a pessoa é madura, mas enfim, ter experiência é uma coisa importante até mesmo porque a gente está falando de pessoas mais seniores então, acho que tem que ter um jogo de cintura, acho que muitas vezes a mentoria vai ajudar a resolver questões mais políticas com o cliente, ou até internos da DTI, acho que ter essa experiência também ajuda a ser um mentor. Se eu pudesse escolher, eu falaria essas duas coisas, gostar de ensinar e transformar experiência em jogo de cintura, ter jogo de cintura.

M1: Você fala de experiência, eu sempre falo para os jovens: experiência, só sabe o que é experiência quando você ganha experiência, é um paradoxo porque, quando a pessoa é jovem e inteligente, a gente tende a pensar: “Eu sou inteligente, poxa, por que você acha que eu vou precisar de experiência para entender a situação?”, é um pensamento muito comum principalmente, em quem é inteligente, o cara fala: “Por que eu não vou entender isso? Eu sou inteligente. Por que eu não vou saber fazer isso?”, só que a vida nos ensina que a gente vai passando por diversas situações e vai acumulando conhecimento, reconhecimento de padrões, certa atitude ali que a gente sabe usar quando precisa, e só sabe usar porque foi calejando então, acho que isso é fundamental mesmo, experiência é um aspecto importante porque o mentor tem justamente esse papel, ele não é o, eu falei até provocando e brincando, cara mais foda do mundo, mas é o cara que vira uma referência. E no mínimo você espera que ele tenha passado por várias situações ali de forma que as opiniões que ele tem sejam menos teóricas e mais baseadas em situações que ele viveu, porque aí você pode inclusive aplicar a você. Pode falar, Matheus.

M3: Eu ia falar que eu até traduziria essa experiência que vocês comentaram assim: o cara tem que ter superado alguns obstáculos que o mentorado não superou, ele passou por aquilo e conseguiu até ter um tempo para internalizar o que ele aprendeu com aquele desafio, seja o obstáculo de uma primeira reunião com o cliente, ou conduzir um design Sprint com cliente grande, com cliente novo, tocar transformação digital em um cliente que nunca teve, ou seja, até uma coisa técnica, um desafio, um obstáculo que podia ajudar na elaboração da solução arquitetural, técnica para uma solução nova, uma tecnologia nova. Porque justamente ter vivido isso, ter passado e superado esse obstáculo que vai te dar ali esse conhecimento, esse reconhecimento de padrões, igual o Schuster falou, para poder ajudar alguém que está começando, falar assim: “Quando você enfrentar esse tipo de problema, obviamente o contexto vai ser diferente, mas eu usei essas estratégias, eu usei essas ferramentas”, o cara já está mais bem munido, acho é isso.

M2: Muito legal isso que você falou, Matheus, é aquela história: só sabe a importância de governança em banco de dados quem já apagou uma tabela em produção. Acho que essa vivência traz algumas coisas que você absorve, lógico, você pode aprender ao estudar isso, mas a vivência é uma forma de absorver isso de uma maneira mais autêntica.

M1: Nassim Taleb que é um prático pragmático fala assim, eu sou apaixonado por teoria, tanto que eu leio para caramba, mas acho que você que unir isso com pragmatismo e a prática, às vezes, pode falar muito sobre isso, imagina, o cara pode estudar design thinking adoidado, mas no prático mesmo, você passar pela situação ali e saber como se conduz um grupo, saber como faz convergir, como faz as coisas. Como você vai aprender isso só na teoria?

F1: Não tem jeito, tem que ter prática mesmo, é passando por isso daí. Eu ia complementar a fala dos meninos também, eu acho que é importante pelo menos dentro da DTI, falando do nosso contexto, que o mentor seja alguém que conhece da empresa também, que sabe como ela funciona, quais são os valores dela porque isso influencia muito, tem gente que chega “Eu quero entender, eu quero evoluir”, e às vezes vai precisar, igual o Matheus falou, fazer contato com pessoas que não estão no seu dia a dia, “É um designer que quer virar PO” então, deixa eu ir atrás na DTI onde está esse PO, como funciona, como é a atuação. Eu acho que a gente tem que entender como é a empresa, quais são os processos dela para fazer esses pontos de alavancagem também, acho que isso é bem importante também para o mentor, alguém que conhece dos valores da empresa e como ela se organiza.

M1: Beleza. O mentor é um cara que gosta de gente, como o Chagas fala, gosta de ensinar, tem prazer de ter esse tipo de troca, gosta disso, não é todo mundo que tem isso.

M2: Gosta de conversar, um mentor caladão é mais difícil.

M1: Aí vira igual a aqueles filmes de terapia, já viu? O cara fica só anotando, não fala nada. É o mentor freudiano ali, fazendo uns canais ali, não quero ofender os psicólogos, eu não sei se todos são assim, mas em filme tem isso, fica um carinha com a prancheta. É um cara que gosta de gente, um cara que tem experiência prática, um cara que navega bem pela organização, conhece bem a cultura da organização, porque afinal, o ambiente é da organização e ele está ajudando a pessoa em uma trajetória dentro da organização. Eu diria para a gente poder tentar deixar um pouquinho mais prático, como são as sessões? Como é o processo? O cara começa a ter expectativas, como vocês acompanham isso? A gente sabe que não tem nada prescritivo, mas mais ou menos, o que se deveria esperar? O que um cara que vai ser mentorado deve esperar que vai acontecer mais ou menos o quê? Um cara que vai virar mentor deve esperar que vai atuar mais ou menos de que jeito? Vocês conseguem elucidar isso um pouco mais?

M3: Falar um pouquinho da experiência que eu tive, tive uma experiência bem bacana de mentoria, estava até ajudando a (Sani) que faz parte da aliança em que a gente está, era uma mentoria até mesmo para ela entender um pouco o papel de TM, começar a se aproximar um pouco mais desse papel para ver se era isso que ela queria assumir. Eu lembro que eu tive uma experiência de mentoria antes que foi muito conversa, eu ia lá, conversava com o mentorado, entendia a situação dele, a gente ia trocando algumas ideias e bolando algumas ações para ele poder assumir, mas eu achei que não tinha sido uma mentoria tão legal, eu poderia ter sido melhor. Com a (Sani), a gente tentou um negócio diferente que eu achei que funcionou muito, acho que deu um resultado bem legal, eu também gosto muito de ler e eu sou muito fã do Learning 3.0, a coisa com o Learning 3.0 é assim: você aprende resolvendo problemas então, uma das primeiras coisas que a gente fez na mentoria foi sentar e conversar, “Beleza, você quer entender um pouco mais esse papel de liderança, de TM? Quais são os problemas que você espera conseguir resolver nesse papel que você não resolve hoje?”, sair um pouquinho, vamos dizer assim, das coisas bonitas do papel, e falar daquilo que o papel realmente tem que fazer que é resolver alguns problemas chaves que outros papeis não resolvem. A gente discutiu alguns problemas de acompanhamento de time, contato com cliente, a gente foi listando e construindo uma árvore de problemas, que faziam sentido ou não, a gente começou até a envolver outras pessoas, outras lideranças, TMs mais experientes, algumas lideranças diferentes e falar: “Isso aqui faz sentido? É realmente um problema de liderança?”. Depois, com base nesses problemas, a gente foi tendo encontros mais de “Opa, vamos pegar aqui esse problema que você listou na sua árvore. Isso aqui é um problema de acompanhamento de time. O que a gente tem na organização, na DTI que já lidou muito bem com isso?”, aí valia um pouquinho dos meus contatos para também aumentar a rede de contatos da (Sani), “Vou chamar o Felipão, vou chamar o Vinição, a Bruna, a Fernandinha” e, a gente fazia algumas conversas, “Olha, esse problema aqui acontece de fato na realidade com algum time seu? Tem algum time que você está acompanhando?” então, trazia esse problema real, a gente discutia algumas das nossas experiências e no fundo, tudo isso que a gente ia conversando, aí levantando alguns assuntos para ela estudar, “Deixa eu estudar um pouco mais de Scrum porque a minha teoria ainda está fraca e ver como eu vou aplicar isso aqui na prática. Deixa eu aprender um pouquinho mais sobre métricas, gestão de times, sobre algum acompanhamento de pessoas”, e foi bem isso, nas nossas sessões a gente ia discutindo problemas, as experiências de outras lideranças que a gente ia puxando tema a tema, e os casos que ela tinha para enfrentar. No fundo, o que eu achei bem legal é que ela se envolveu muito, realmente o aprendizado estava na mão dela, eu era mais alguém para guiar e ajudar então, essa foi uma mentoria que eu acho que deu um resultado bem legal e que funcionou muito, a gente focando muito em problemas, usando muito a nossa rede, o Learning 3.0 fala muito isso, aprendizado em rede na DTI e um aprendizado que ela ia construindo gerando solução para os problemas que ela tinha no dia a dia.

F1: Bem legal.

M3: Foi bem legal.

F1: É, o nosso exemplo do design eu acho que é bem parecido com esse último cenário que o Matheus falou, é claro que dentro do design a gente tem, como é uma área muito grande e dentro da DTI a gente é generalista, tem pessoas ali que querem várias áreas dentro do design, a gente faz mentorias bem individualizadas então, a gente adora coisa visual então, sempre tem algum board, sempre vai ter post it então, a gente cria alguns templates, compartilha entre os mentores. A gente primeiro (inint) que a gente tenta, pelo menos a mentoria que eu comecei, a que eu já fiz e a que eu vou iniciar agora e de outros mentores que eu sei, a gente tentou traçar alguns objetivos mesmo no início “Olha, o que você quer? O que você precisa?”, então traçava ali alguns objetivos, e para o design era muito importante, igual a gente conversou no início da conversa, que fosse prático, não adianta ficar na teoria então, se era um mentorado que estava querendo melhorar suas habilidades de facilitação, a gente tentava fazer os contatos para que ele participasse de facilitações, mesmo que com ouvinte ou que puxasse alguma ferramenta ali um pouco mais fácil, até para ele ganhar segurança também. As mentorias de design acabam sendo acompanhadas por algum exercício prático, alguma coisa que você vai levar para o seu dia a dia. Até ontem o (Vini) comentou que não necessariamente se precisa aplicar isso de fato com cliente, mas “Quero melhorar minha habilidade de comunicação, de facilitação”, facilita uma reunião ali com seu squad, uma (retro) que você vai fazer na sua tribo, nisso você já vai ganhando experiência e vai conseguindo melhorar aqueles pontos que a gente tinha traçado. Outro caminho que tem funcionado muito é essa coisa do visual que eu falei, a gente criado essas árvores que o Matheus comentou, a gente faz alguns boards, ainda mais no design que a gente tem a área de UX/UI então, onde você já domina? É uma pessoa que domina muito o UX e quer melhorar o UI? Então, vamos colocar referências do que tem dentro desse universo, vamos ir concluindo o que tem dentro desse universo para você ir avançando aí. A gente tem tentado trazer a mentoria para ser um pouco mais palpável e visual, a gente estava sentindo falta disso também, até para acompanhar a evolução dos mentorados, era meio difícil de ver isso e quando você deixa isso aberto em um board, relata em algum lugar para você trabalhar, para nós do design é muito importante, tem ajudado demais, tem funcionado muito bem.

M3: Deixa eu só aproveitar, Larissa, fica a dica para todo mundo, uma coisa que eu aprendi muito e realmente funciona: visualizar aprendizado, muito melhor do que tentar medir aprendizado, fazer prova, tirar certificação, mesmo que você não esteja fazendo reitoria, esteja aprendendo sozinho, faz um boardzinho, faz uma árvore, busca alguma ferramenta para você poder olhar para ela e falar: “Nossa, eu já aprendi isso tudo, já estudei isso tudo, eu consigo aplicar essas coisas”. A sensação de estar evoluindo é bem bacana.

F1: Muito legal.

M3: (inint), desculpa.

M1: Só um comentário antes, eu queria passar a palavra para o Chagas, mas é interessante, quem escuta às vezes, aí eu saio do assunto totalmente, mas é uma coisa que eu acho super interessante de comentar, eu tenho certeza que alguém mais tradicional pode pensar assim: “Gente, por que vocês não escolheram exatamente um programa específico de mentoria, definiram as regras e fizeram? Por que a Ziza fala “Aqui a gente está fazendo assim”, aí o Matheus fala: “Aqui a gente orienta o problema”, o Chagas vai vir com alguma coisa, “Por que é assim?”. Porque a gente acredita justamente que nós vamos aprender mentoria fazendo mentoria, sabe a própria mentoria é o exemplo disso. A gente acredita que a nossa rede vai naturalmente disseminar as melhores práticas, além de que muitas coisas são, o tema que eu aprendi recente em Complexidade que eu acho que tem todo sentido, context bound, elas são muito ligadas ao contexto, é uma mudança complexa então, ela depende do contexto, não é? Por isso que a gente acredita tanto em prescrição, por mais que alguém possa achar que essa abordagem pode ter desperdício porque faz com que alguns experimentos sejam realizados sendo que alguém já sabe como fazer, a verdade é que esse tipo de mudança, na nossa visão obviamente, estou aqui compartilhando no que a gente acredita, é muito mais engajadora, muito mais legítima, tem muito mais chances de dar certo porque vocês estão junto com a Duda, que infelizmente não está aqui, foi uma das pessoas que capitaneou esse programa, vocês e mais n pessoas na empresa estão fazendo a empresa aprender como fazer mentoria, mas como fazer mentoria de um jeito que funciona no nosso ambiente e não olhar um livro ou contratar um consultor que chega lá e fala: “Mentoria é assim, assim, assado”. Chagas, você que já é, aqui eu não sei se (inint) todo mundo, a Ziza é o lado do design, o Matheus está sendo mentor mais para o lado de liderança apesar de ter um background…

M3: Isso.

M1: … e o Chagas é um polymath. Não sei se vocês conhecem o termo polymath.

M2: Não.

M1: Mas eu imagino que você…

M2: (inint), vamos resumir.

M1: O Chagas está aí para o lado da Engenharia, não é Chagas? O que você está aí de um pouquinho diferente do que eles falaram ou mais ou menos na mesma linha?

M2: Tem uma visão diferente, mas antes de eu trazer o meu depoimento, eu só queria reforçar uma coisa aqui que a Ziza trouxe que às vezes você vai fazer coisas que você não vai ter oportunidade de aplicar no cliente, mas talvez a mentoria vai ser o espaço justamente para você testar alguma coisa, aprender alguma área que você não teve oportunidade de testar no dia a dia então, só para reforçar porque eu não vejo isso como uma coisa negativa, pelo contrário. Eu acho que quase todas as minas respostas eu falo que cada caso é um caso, até tecnicamente, “Aqui a gente faz um micro serviço?”, “Não sei, cada caso é um caso”, essa é a minha resposta para 90% das perguntas, mas não é diferente com a mentoria, vou contar alguns mentores que eu tive, por exemplo, fiz mentoria com o Luiz Dutra que também acompanha a gente no Entre Chaves, e em todo encontro nosso o Luiz me afogava em pergunta, em conteúdo, em desafio então, eu fiquei mal acostumado de não ter que preparar nada para a mentoria porque eu era muito demandado do mentorado, sabe? E não só com o horário da mentoria, tanto que a mentoria com o Luiz já acabou tem mais de anos e meio que a gente continua trocando figurinhas tecnicamente, não só eu ajudando ele, mas ele me ajudando muito também. Depois, eu tive outro mentorado que teve outro perfil, vou até pedir desculpas públicas por Hebert aqui, foi ele, eu estava preparado para não estar preparado, e eu vi que dependendo do perfil eu tenho que estruturar mais a mentoria, hoje em dia, eu estou fazendo uma mentoria com o (Plate) agora e a gente dividiu a mentoria em etapas então, a gente tem uma etapa para discussão, meio que conversa livre das semanas a fio, uma específica para um desafio que eu preparo previamente para ele resolver lá na hora, no último que eu fiz ele teve que resolver um problema de programação com tempo curto, que seria simular resolver um problema de produção, a ideia era ver como ele ia se virar nesse contexto.

M1: A pressão, interessante.

M2: E outro para discutir um artigo então, essa mentoria que eu estou fazendo agora é extremamente estruturada, a gente segue essas regrinhas, tantos minutos para discussão, tantos minutos de desafio, e a cada 15 dias é um desafio diferente e tantos minutos para discutir um artigo que eu vou trazer previamente, a gente vai ler junto e apontar alguns pontos. Eu acho que a flexibilidade é boa para a gente encaixar com o perfil do mentorado, mas tem algumas caixinhas tipo essa que eu estou usando agora que bolei junto com o (Plate) ali, também está sendo muito bom, a gente está criando uma metodologia então, fechando cada caso é um caso.

M1: Se o Vinição estivesse aqui ele ia falar: “A gente tem que ter um arsenal, uma caixinha de ferramentas aí, evoluindo e aplicando”.

M3: (inint) contraints.

M1: Exatamente. Eu acho muito bonito esse tipo de discussão porque é o que eu falo: é gente, é contexto, tudo é muito variado mesmo então, você tem um cara ansioso e ávido por saber certas coisas, a mentoria está quase sendo guiada, driven por ele mesmo. Tem o cara que já está mais ali assim: “Você é experiente, me mostra um caminho que você acha que eu devo seguir agora”.

M2: É, e eu não estou falando que um está errado e o outro está certo, são perfis diferentes, o contexto que a pessoa está no projeto, às vezes o projeto dela está sobrecarregando tanto que ela não está com tempo para pensar além do projeto, aí é papel do mentor puxar, “Olha o mundo aqui fora do seu (spread), existe muita coisa acontecendo”.

M1: Mas isso aqui é falar o óbvio, as pessoas são diferentes, tem um cara que é capaz de chegar com tudo planejado, o que ele quer, o outro não, igual você falou – vai ter um mentor que vai ser extremamente sistemático, inclusive, pode ser que não tenha fit de vez em quando, o mentor com o mentorado pode isso, por exemplo, o cara que fosse ser mentorado por mim, coitado, se fosse esperar que eu ficasse preparando, ele ia ficar esperando a vida inteira e, às vezes, ele ia querer isso, “Cara, eu preciso de um negócio mais estruturado aqui”, e ele estaria certo no perfil dele. A gente já está chegando perto do final, mas vocês têm histórias para contar que exemplificariam, o Chagas acabou de citar algumas, de sucesso ou de fracasso mesmo, coisas mais marcantes, não precisa revelar os nomes das pessoas, mas dar exemplos porque vocês mesmo como mentores foram aprendendo uma série de coisas. O que vem à cabeça? Isso seria interessante compartilhar como histórias de sucesso ou de fracasso.

M2: Schuster, vou trazer uma história de fracasso de outra empresa que eu trabalhei, não um fracasso específico, mas o modelo de mentoria no qual a gente sempre corre o risco de cair e a gente tem que tomar cuidado, que é a mentoria burocrática, a mentoria porque é uma regra da empresa para ser feita, toda pessoa tem que ter um mentor e quando ela se torna uma mentoria burocrática, as pessoas não estão fazendo porque acreditam no programa, eu vejo o programa em si sendo executado só porque ele tem que ser executado.

F1: Uma obrigação.

M2: É, e aí ele perde grande parte ou todo o valor então, se eu pudesse deixar um alerta para quem está escutando a gente e quer implantar um projeto de mentoria, alguma coisa assim, independente se você vai fazer algo estruturado ou não, é não tornar ele burocrático para as pessoas fazerem obrigatoriamente, talvez vá ter que ter um período de implantação, mas eu acho que vale gastar um tempo explicando o valor, vendo quem tem interesse de fazer parte, as pessoas fazerem porque elas acreditam do que simplesmente todo mundo é obrigado a ter um mentor.

M1: Dos dois lados, né, tanto o mentor que está querendo, e o mentorado também, o cara ir lá “Nossa, agora tem que marcar a mentoria, que saco, vou lá conversar com aquele cara”, é um negócio muito (inint).

F1: Tem que ser algo bem natural.

M1: E vocês, Ziza e Matheus, o que vocês diriam, para a gente fechar, tem alguma experiência interessante aí?

F1: Schuster, eu acho que um ponto de atenção aí, foi até uma coisa que eu precisei como mentoranda de melhorar com o mentor, foi a gente entender que aquilo ali vai fazer parte do nosso dia a dia também porque, às vezes, tudo que você puder postergar, você vai postergar e aquilo ali é muito sério então, para os mentores, eu acho que, é um compromisso que a gente tem que fazer e muito sério e colocar isso como um trabalho igual o Chagas falou, prazeroso mesmo de estar ali. Já vi casos de ficar remarcando porque está atolado com alguma coisa, de ficar remarcando, remarcando e aquilo desmotiva muito quem está sendo mentorado então, eu acho que da parte dos mentores a gente precisa ter esse cuidado, apesar de ser uma coisa natural, igual o Chagas falou, às vezes a gente não vai planejar, vai ser um negócio mais de conversa mesmo, mas mesmo sendo uma conversa, de levar isso bem a sério com uma cadência, eu acho que isso é bem importante. No início, para mim foi difícil de adaptar, eu passei por alguns momentos que precisava cancelar mesmo e depois eu falei: “Não, não dá para ser assim, vou mentorar uma pessoa só, vou fazer dentro do tempo”, então, a gente se sentir seguro para fazer isso acho que é muito importante, acho que não cometeria esse erro de novo de ficar sobrecarregada por conta disso e não fazer um trabalho legal, acho que é importante a gente pensar isso pelo lado do mentor também.

M1: A sessão, digamos assim, exige presença mesmo, exige comprometimento para ser plena, senão vira para cumprir tabela e se é para cumprir tabela talvez seja melhor não fazer porque está meio que os dois perdendo tempo ali. E você, Matheus?

M3: Acho que eu posso comentar, eu tive um acompanhamento muito legal na minha trajetória até antes mesmo de existir o programa de mentoria, já era um acompanhamento bem legal e depois essa pessoa virou o meu mentor na DTI que, eu acho que eu tinha ideias interessantes e eu trazia as ideias que eu queria às vezes implementar no squad, eu achava que estava certo e a gente tinha que fazer, e eu era sempre questionado: “Mas espera aí, a metodologia fala outra coisa, por que você está querendo mudar aqui?”, eu era sempre confrontado com isso e muitas vezes eu não tinha como responder, eu ficava bem invocado com isso, mas eu acho que isso me mostrou que eu não preciso reinventar a roda, às vezes até o que eu estou falando está certo, mas entende que existe uma metodologia que já está tentando resolver problemas atuais (inint) que você está propondo de novo continua resolvendo esses problemas, não gera novos. Eu acho que isso foi um negócio que eu aprendi com esse mentor meu, quebrando um pouquinho de cabeça ali e foi um pouco frustrante no início porque eu não estava entendendo isso, eu era mais novo, mas quando eu entendi fez muito sentido e eu levei um pouquinho dessa ideia de tentar alinhar o conhecimento teórico e a prática da execução que aí funciona, e eu levei isso um pouco, acho que a mentoria com a (Sani) foi muito massa então, eu li bastante sobre a teoria do Learning 3.0, isso aqui é um negócio que eu acredito, eu acho que funciona de verdade. O que a teoria fala? “Usa a rede para aprender, trabalha um pouquinho de humildade, você não vai ter as respostas certas, deixa que as respostas emerjam da discussão do problema e da solução que ele vai gerar, envolva as pessoas e se foque em problemas”, eu levei isso um pouco para a gente discutir e com a (Sani) e funcionou muito bem, eu não tentava ter as respostas certas para os problemas dela, eu envolvi outras pessoas com outros perfis e ideias, nada estava certo, nada estava errado, a gente estava realmente discutindo ideias e propondo soluções novas e, de novo, ter uma gestão visual sobre isso então, a gente construiu uma árvore de problemas, ia preenchendo essa árvore com esse conhecimento. Acho que isso foi uma experiência legal, algo que por não entender no início, deu um pouquinho de frustração, mas quando eu entendi, até na minha mentoria depois com essa mesma pessoa, funcionou muito bem, foi um aprendizado que eu, bom, depois a gente tem que perguntar para a (Sani), mas eu acho que deu um resultado legal com ela também.

F1: Schuster, posso só complementar uma coisa muito no nosso cenário aqui, mas que funcionou muito para a gente do design, foi a gente aliar a mentoria ao feedback estruturado, isso foi muito legal para nós aqui do design, vir com esse feedback estruturado já preenchido, já entendido, já conversado ali com a pessoa que você vai mentorar foi muito legal também, porque você vem meio que com um diagnóstico ali, um direcionamento mais embasado, e para a gente foi muito legal fazer isso no design então, sempre que vai entrar alguém que quer fazer mentoria, a primeira pergunta que a gente faz é: “Você já preencheu aquele feedback? Você já entendeu onde você quer chegar e onde você precisa melhorar?”, isso ajudou muito a gente também então, a gente tem feito essa prática também com os mentores de design e tem funcionado muito bem, foi bem legal.

M1: Bacana demais, acho um tema super relevante, sabe o que eu acho curioso? Acho que ser mentor deve ser ótimo porque a experiência de você ser mentor você deve aprender muito, eu sempre comento no podcast que quando a gente conversa assim a gente já aprende, eu acho super interessante quando você tenta articular conceitos e pegar esse peso do outro e reenquadrar a sua experiência no contexto do outro, você vê que é uma experiência muito rica para todo mundo então, se você olha do ponto de vista da organização, você está criando novas conexões naquela rede você está criando novas formas de disseminar conhecimento e isso é excelente para a organização, você pega do ponto de vista de cada pessoa, vocês estão tendo a chance de ter uma experiência riquíssima ali e de crescerem. Uma coisa que eu sempre falo também: pensando em gente, é muito bom cultivar essas relações, independentemente de qualquer outra coisa, é o tipo de relação gostosa de cultivar, são experiências que possivelmente, boas mentorias as pessoas vão ficar contando isso para o resto da vida “Nossa, eu lembro quando eu fiz aquela mentoria, foi tão bacana”, você vê o gosto que o Matheus fala aí da mentoria com a (Sani) então, são essas coisas que nos dão prazer na vida, (inint). Eu acho interessante isso porque as organizações têm o hábito de avaliar tudo a luz da eficiência e do resultado para a organização, é claro que isso dá um resultado enorme para a organização como eu disse, dissemina mais conhecimento, cria novos vínculos, etc. e etc., mas independente disso tudo, tem esse lado humano que por si só já justifica a realização disso.

M3: Com certeza.

M1: Isso aí, pessoal.

F1: Satisfação muito grande, pessoal.

M1: Muito bom, espero tê-los novamente em outro episódio.

M3: Só chamar.

M2: Tchau, tchau, gente.

Várias vozes: (inint).

F1: Obrigada.

M3: Obrigado.

M1: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar mais um episódio do Agilistas, nesse episódio a gente convidou aqui algumas pessoas da DTI que são a Ziza, o Matheus e o Chagas, eles vão se apresentar daqui a pouco. Como vocês sabem a gente tem um costume aqui no Agilistas de compartilhar algumas coisas que a gente faz aqui na DTI como forma de servir de exemplo, inspirar, servir de comparação que seja para a comunidade em geral. Como eu sempre falo: não existe nenhum tipo de prescrição, nenhum tipo de receita para nenhuma organização, cada organização vai descobrir o seu caminho com maior agilismo, caminho esse que vai depender da sua história, do seu contexto, mas por outro lado, igual a gente, procura o tempo todo se basear em outras histórias, ler muito, etc., a gente acha interessante compartilhar algumas histórias e, uma história interessante que a gente tem na DTI é a história de como surgiu o nosso programa de mentorias, é interessante porque a gente vai falar muito sobre isso aqui, a gente começou a perceber que para determinados profissionais, talvez, a estrutura da DTI não fosse mais suficiente para conduzi-lo durante a carreira dele, para ele poder chegar aos caminhos em que ele queria chegar, isso acabou gerando a necessidade desse programa de mentoria, mas para poder embalar falando sobre isso eu vou pedir para o Chagas, que já é conhecido aqui do podcast, começar falando um pouquinho disso que eu falei, na verdade, eu falei isso baseado em um conversa que eu acabei de ter com o Chagas. (inint) para o Chagas me explicar o que ele acabou de me explicar aqui. Acho interessante deixar claro esse contexto: para a gente a mentoria surgiu como algo complementar a esse caminho que as pessoas percorrem na empresa, não é isso? M2: Isso mesmo, Schuster. Deixa eu me apresentar rapidinho para quem não me conhece, eu sou o Felipe Chagas, também conhecido só como Chagas, mas qualquer nome está valendo. O programa de mentoria surgiu muito como uma ideia de preencher uma lacuna na questão do aprendizado das pessoas dentro da DTI, a gente entende que as nossas estruturas naturalmente são muito voltadas para a questão da alavancagem, do aprendizado então, está no nosso sangue questões como as próprias guildas, como learning loops, como (catese), apresentações, mas todos esses mecanismos funcionam muito bem até uma determinada senioridade, até mesmo porque as guildas são grupos abertos para toda a empresa, não necessariamente se você trabalha naquela área e muitas vezes, o conhecimento ali vai ser introdutório ou vai ser superficial, alguns encontros mais específicos aprofundam em algum tema, mas normalmente é uma duração mais curta, não tem uma continuidade em relação a aprofundamentos. A gente percebeu um gargalo justamente nesses profissionais mais sêniores que vão precisando, talvez, ter um direcionando profissional, ou se soft skill, ou de uma skill mais técnica mesmo, uma orientação sobre o que estudar, uma orientação sobre onde direcionar a trajetória que é outro ponto muito importante, como a gente não tem uma carreira dentro da DTI, isso às vezes é muito complexo para a pessoa que está acostumada com um modelo de crescimento mais tradicional dentro das empresas, esse crescimento mais fluído das trajetórias, às vezes, a mentoria é para auxiliar a pessoa em qual trajetória ela vai seguir então, ela tem muitos aspectos, mas eu acho que, sobretudo, o que é uma característica comum em relação a essas mentorias é esse perfil um pouco mais sênior, de estar buscando dar um passo além, além do que as estruturas base da DTI já provisionam. M1: É interessante, enquanto você estava falando eu fiquei pensando, essa questão da senioridade é interessante porque parece aquela história de (inint), é (inint) mesmo que fala? Sempre me gozam quando eu falo isso errado. M2: (inint). M1: (inint), o Felipão sempre me enche o saco, mas eu falo assim: uma pessoa que acabou de formar, está começando uma trajetória, você que está começando, seja em que área for, exige umas conquistas ali, uns (inint) muito claros do que o cara tem que fazer, como se estivesse mais definido mesmo, não tem que inventar muita moda ali não. Eu falo assim: há muitos anos, essa ansiedade que existe hoje cada vez mais, eu falo há muitos anos na minha carreira, na época em que eu estava na (LATAM), eu lembro que, às vezes, um cara que era bom para caramba ali, era um estagiário de desenvolvimento, ele formava e ia ser contratado, aí o cara falou assim para mim: “Agora eu vou fazer uma especialização em Gestão de não sei o que lá. O que você acha?”, eu falava assim: “Cara, você sabe programar bem? Você está sabendo programar bem ou não?”, porque existe uma chance muito grande de você um tanto de (quociente) de Contabilidade ali que você não vai usar nunca ou não vai usar nos próximos anos da sua carreira e aquilo vai meio que ficar perdido para você, você vai ficar ali sem saber. Então, o que eu quero dizer é o seguinte: tem um lado meio pragmático aí de falar o seguinte – no começo, o cara não sabe programar bem ainda então, cara, programa bem, mas a partir de um certo ponto, e aí essa diversidade (inint) que o Chagas disse, a pessoa fala: “Poxa, eu sou mais técnico, eu gosto de ter uma visão arquitetural, queria começar a ver como eu faço para poder virar um arquiteto”, ou então, “Gosto mais da área de gestão”, ou então, “Estou me apaixonando por produto, eu sou designer, mas queria me especializar mais em produto”, aí a pessoa começa a ter uma experiência maior e ter um caminho que vai ter mais grau de liberdade e, talvez, seria importante ter alguém junto ali te dando aquele suporte. M2: Até porque, acho que existem algumas coisas que tem que ser desmitificadas quando a gente fala de trajetória, vou dar um exemplo mais aqui da área de engenharia, muita gente acredita que o único caminho para você crescer tanto profissionalmente, quanto ter reconhecimento em termos de salário de um desenvolvedor é ele virar um arquiteto e isso é uma falácia, arquiteto é um caminho assim como ser um desenvolvedor mais sênior, um desenvolvedor especialista, ou o nome que você quiser dar, é um caminho também, são tarefas muito distintas que um perfil executa e o que o outro perfil executa. A evolução – não quer dizer que a única evolução que existe é ir para uma arquitetura então, eu acho que é trabalho também quebrar alguns mitos que existem muito enraizados na carreira de TI. M1: Esse aconselhamento ajuda nisso. Diz aí, Matheus, você ia completar? M3: Ia, eu ia, não sei se eu me apresentei. M1: Se apresente. M3: Pessoal, tudo bem com vocês? Meu nome é Matheus, hoje eu estou atuando como Tech Manager na DTI, estou aqui já há quase oito anos, entrei como estagiário lá em 2013, tive um caminho longo para percorrer, acho que tive vários mentores, formais ou não, nessa trajetória. E um negócio legal, vou fazer uma citação, eu posso estar errado na pessoa, mas se eu não me engano foi o Churchill que comentou que a palavra convence, mas o exemplo arrasta e, quando a gente está começando na carreira, os nossos exemplos profissionais, o nosso próximo passo, o (inint) igual o Schuster falou está no nosso dia a dia então, eu comecei como desenvolvedor no squad, o meu exemplo, o meu mentor está lidando comigo o dia todo que é DL, a gente até fez um podcast recentemente pro Entre Chaves falando sobre o papel do DL então, ele é um primeiro mentor, bem ou mal, ele é esse primeiro exemplo que a gente vai seguir de carreira, como eu tenho que aprender, como eu tenho que me portar, os próximos conhecimentos, como eu vou me aperfeiçoar. Só que chega um nível de senioridade que o seu próximo exemplo não está no seu dia a dia, ele não está no seu contexto, agora eu sou um desenvolvedor líder, sou um squad lead, eu estou lidando com os desenvolvedores mais novos, que entraram no time agora, estou lidando com cliente, mas para mim, o meu próximo passo é arquitetura e o meu contato com o arquiteto é menor. Não, a gente fala em carreira y, posso ir para a parte técnica ser arquiteto, posso ir para a parte de gestão ser um Tech Manager, não está no meu contato direto então, aí a mentoria ganha também esse novo papel de “Espera aí, vou aprender pelo exemplo então, qual é esse profissional que me inspira, que vai me mostrar, talvez não o caminho das pedras, mas quais pedras doeram mais para ele passar e quais doeram menos para eu ter esse exemplo, ter um caminho, saber com o que eu vou lidar nesse crescimento de trajetória”, acho que isso é bem legal de a gente pensar. M1: Interessante essa perspectiva. Vamos botar a Ziza na conversa, vou apresentar apenas uma vez ela formalmente, é a Larissa, nossa designer. F1: Que nunca foi Larissa, não é, Schuster. M1: Se apresente aí, ZIZA. Eu não sei se você já participou de um episódio alguma vez. F1: Não, só do nosso podcast maravilhoso Entre Chaves que o Chagas me chamou para falar. M2: Muito bom, vamos aqui aproveitar e fazer propagando do Entre Chaves. F1: Bom, gente, eu sou a ZIZA, igual o Schuster comentou, sou designer da DTI, não estou há tanto tempo como o Matheus, eu estou aqui há dois anos atuando na tribo da Trifoz que hoje é uma aliança. Eu ia comentar na fala do Matheus que diferente, eu acho que, da carreira dos devs, da parte mais técnica, o designer hoje não tem uma dupla, a gente não tem um DL de design então, acaba que esse exemplo que a gente se espelha, essa pessoa mais experiente em que a gente se espelha é uma coisa muito orgânica dentro da DTI, talvez não é aquela pessoa com quem você tem contato diário, que está no seu dia a dia então, você vai buscar isso, talvez, em outra tribo, dentro de outro chapter, dentro de outra guilda e vai criando a sua trajetória ali porque hoje a gente realmente não tem esse par, a gente tem tentado criar isso cada vez mais, essa necessidade de quando entra, por exemplo, um estagiário “Vamos colocar um designer mais velho de casa, mais experiente do lado”, eu mesma quando entrei tive a sorte de poder ter o (Enoch) do meu lado, quando eu entrei na DTI a gente dividia o mesmo projeto, depois que eu evolui ele me deixou sozinha e foi seguir com outros. Diferente dos devs, o designer tem que buscar isso e ele procura isso porque, talvez, no mesmo squad você não vai encontrar esse, vamos dizer, designer líder então, hoje a gente tem incentivado ter um capitão por chapter, alguém responsável pelo chapter de design justamente para quem tivesse a necessidade, talvez diretamente a gente não vai ter esse mentor entre aspas, porque talvez não seja um mentor ainda, mas essa referência, mas talvez no chapter hoje a gente vê a necessidade de ter essa referência para os novos que estão entrando ou para aqueles que ainda estão evoluindo. M1: Beleza, acho que a gente deixou claro para quem está escutando a nossa visão é de que naturalmente na carreira da pessoa, a medida em que ela avança na carreira, a partir de certo ponto que ela já acumulou suficiente experiência, já atravessou uns obstáculos, digamos assim, básicos, passou dos níveis mais básicos ali, ela começa a falar assim: “Poxa, agora eu gostaria de um apoio de pessoas que me inspiram, seja por que motivo for, pode ser até na mesma trajetória em que eu estou, pode ser em uma trajetória diferente, pode ser em uma área específica que complemente onde eu estou”, eu entendo que isso é bem livre, às vezes a pessoa está ali seguindo uma trajetória, mas fala: “Poxa, eu queria me comunicar melhor, acho que Fulano poderia ser um bom mentor de comunicação”, (inint) confirmar isso, é isso mesmo? O mentor é um mentor de carreira, é um mentor de skill, é um mentor da pessoa, entendeu? O pessoal que é técnico se fosse fazer um modelo de entidade do mentor, o mentor é o mentor. É o mentor de quê? Entende? Ele é o mentor dos desejos e anseios da pessoa, dos skills que ela quer desenvolver, da carreira da pessoa, como vocês… M2: Poxa, você melhor do que ninguém sabe como a gente faz as coisas na DTI. A Duda que é uma pessoa que puxou muito a iniciativa de mentoria, começou esse trabalho com MVPs, MVPs localizados só em algumas alianças e depois abriu isso para toda a DTI, e meio que não tem muito um formato fixo, tem algumas coisas que estão sendo estruturadas, tem uma reunião com uma cadência entre os mentorados para eles trocarem figurinhas entre eles de como estão fazendo, mas meio que está sendo cada caso é um caso. Voltando a sua pergunta, o mentor é de quê? É do que a pessoa pedir, no final das contas. F1: Qualquer necessidade. M2: É, se a gente evoluir para ter um modelo um pouco mais rígido, tem algumas vantagens, talvez ter essa coisa um pouco mais estruturada, não vou usar a palavra rígida, mais estruturada, ter uma cartilhazinha para a gente seguir, acho que pode ser até um momento que chegue com a esse ponto, mas nosso momento atual, ele é bem livre, está bem desestruturado. M1: O Chagas falou, aqui na DTI a gente confia muito nas coisas irem evoluindo e auto-organizando então, em um primeiro momento eu diria que fica mais forte esse conceito de que alguém precisa de um aconselhamento, precisa de alguém mais próximo, esse alguém tem uma demanda que é o mentorado e tem o mentor que ajuda ele. Seria isso. F1: Eu concordo. Eu também acho que é bem isso daí, Schuster, até ontem eu estava conversando com outros mentores de design e a gente estava falando que a gente acha que, pelo menos na mentoria de design, existem dois caminhos, um que é a pessoa querer algo, ela falar: “Eu quero aprender sobre isso, eu quero ser isso, eu quero me tornar isso”, e o outro é ela precisar, muita gente procura a gente porque precisa melhorar em algum ponto então, eu acho que no design a gente tem esses dois caminhos aí e cabe à gente identificar se é uma coisa que ela necessita ou se ela realmente quer evoluir aquilo ali. M1: Muitas vezes é fruto de um feedback. F1: É fruto de feedback, a gente até fala brincando que algumas mentorias estão quase sendo one on one, a galera desabafa mesmo, pede conselho, isso acontece também em alguns encontros. M3: Eu acho que a gente tem uns direcionadores legais na mentoria que são interessantes de mencionar, o programa de mentoria que a gente tem tocado, eu acho que ele nasce até olhando para uma questão de trajetória, tem mentorias de liderança, tem mentorias de design, de arquitetura, mas como o Chagas falou, ela é realmente bem aberta então, “Eu quero ir para uma área de liderança”, eu posso fazer uma mentoria de liderança com uma pessoa e perceber que essa pessoa, esse mentor me ajudou a perceber problemas, desafios, tecnologias que eu preciso aprender para seguir essa trajetória ou para me aperfeiçoar. Você pode fazer uma segunda mentoria ainda de liderança com um mentor diferente que vai te ajudar em outros aspectos então, acho que a gente tem esse direcionador de trajetória, de área, até mesmo de carreira, “Quero seguir tal direção”, mas a mentoria, e eu acho que isso é o legal, não é um curso, você não tem um currículo pragmático para você seguir e que você vai ser certificado “Fiz a mentoria de arquiteto, agora eu sou um arquiteto certificado e posso atuar na DTI”, não é isso e, também não é uma consultoria, não é alguém que vai te falar o que você tem que fazer, é alguém que vai te ajudar a fazer melhor aquilo que você espera fazer, e entender se aquilo que você pensa da trajetória que você quer seguir é realmente a realidade. A gente sabe que, às vezes, pela falta de contato diário com algumas áreas, “Eu quero ser um arquiteto”, a pessoa fica um pouco deslumbrada com o que ela acredita ser o arquiteto, mas não vê os abacaxis que a pessoa tem que descascar no dia a dia, e o mentor vai mostrar isso para ela. Isso que é legal. M1: Acho que do lado do mentorado ficou claro. Quais são os requisitos de um mentor? Tem que ser o cara mais foda do universo para ser mentor? Como é isso? Quem são os caras que viram mentores? Quem são eles? Onde habitam? O que eles comem? M2: Eu acho que para ser mentor tem que gostar de ensinar, acho que esse é o pré-requisito porque mais importante do que saber é saber como repassar o conhecimento, como orientar ou aprender junto, teve várias coisas que os meus mentorado perguntaram e eu não fazia a menor ideia, talvez, a única ajuda que eu tive foi orientar como pesquisar e como adquirir tal conhecimento ou superar tal desafio. Acho que o requisito não é ser uma pessoa que sabe de tudo, é ter um pouco de experiência, experiência é uma palavra complexa, eu estou falando de tempo de mercado ou que a pessoa é madura, mas enfim, ter experiência é uma coisa importante até mesmo porque a gente está falando de pessoas mais seniores então, acho que tem que ter um jogo de cintura, acho que muitas vezes a mentoria vai ajudar a resolver questões mais políticas com o cliente, ou até internos da DTI, acho que ter essa experiência também ajuda a ser um mentor. Se eu pudesse escolher, eu falaria essas duas coisas, gostar de ensinar e transformar experiência em jogo de cintura, ter jogo de cintura. M1: Você fala de experiência, eu sempre falo para os jovens: experiência, só sabe o que é experiência quando você ganha experiência, é um paradoxo porque, quando a pessoa é jovem e inteligente, a gente tende a pensar: “Eu sou inteligente, poxa, por que você acha que eu vou precisar de experiência para entender a situação?”, é um pensamento muito comum principalmente, em quem é inteligente, o cara fala: “Por que eu não vou entender isso? Eu sou inteligente. Por que eu não vou saber fazer isso?”, só que a vida nos ensina que a gente vai passando por diversas situações e vai acumulando conhecimento, reconhecimento de padrões, certa atitude ali que a gente sabe usar quando precisa, e só sabe usar porque foi calejando então, acho que isso é fundamental mesmo, experiência é um aspecto importante porque o mentor tem justamente esse papel, ele não é o, eu falei até provocando e brincando, cara mais foda do mundo, mas é o cara que vira uma referência. E no mínimo você espera que ele tenha passado por várias situações ali de forma que as opiniões que ele tem sejam menos teóricas e mais baseadas em situações que ele viveu, porque aí você pode inclusive aplicar a você. Pode falar, Matheus. M3: Eu ia falar que eu até traduziria essa experiência que vocês comentaram assim: o cara tem que ter superado alguns obstáculos que o mentorado não superou, ele passou por aquilo e conseguiu até ter um tempo para internalizar o que ele aprendeu com aquele desafio, seja o obstáculo de uma primeira reunião com o cliente, ou conduzir um design Sprint com cliente grande, com cliente novo, tocar transformação digital em um cliente que nunca teve, ou seja, até uma coisa técnica, um desafio, um obstáculo que podia ajudar na elaboração da solução arquitetural, técnica para uma solução nova, uma tecnologia nova. Porque justamente ter vivido isso, ter passado e superado esse obstáculo que vai te dar ali esse conhecimento, esse reconhecimento de padrões, igual o Schuster falou, para poder ajudar alguém que está começando, falar assim: “Quando você enfrentar esse tipo de problema, obviamente o contexto vai ser diferente, mas eu usei essas estratégias, eu usei essas ferramentas”, o cara já está mais bem munido, acho é isso. M2: Muito legal isso que você falou, Matheus, é aquela história: só sabe a importância de governança em banco de dados quem já apagou uma tabela em produção. Acho que essa vivência traz algumas coisas que você absorve, lógico, você pode aprender ao estudar isso, mas a vivência é uma forma de absorver isso de uma maneira mais autêntica. M1: Nassim Taleb que é um prático pragmático fala assim, eu sou apaixonado por teoria, tanto que eu leio para caramba, mas acho que você que unir isso com pragmatismo e a prática, às vezes, pode falar muito sobre isso, imagina, o cara pode estudar design thinking adoidado, mas no prático mesmo, você passar pela situação ali e saber como se conduz um grupo, saber como faz convergir, como faz as coisas. Como você vai aprender isso só na teoria? F1: Não tem jeito, tem que ter prática mesmo, é passando por isso daí. Eu ia complementar a fala dos meninos também, eu acho que é importante pelo menos dentro da DTI, falando do nosso contexto, que o mentor seja alguém que conhece da empresa também, que sabe como ela funciona, quais são os valores dela porque isso influencia muito, tem gente que chega “Eu quero entender, eu quero evoluir”, e às vezes vai precisar, igual o Matheus falou, fazer contato com pessoas que não estão no seu dia a dia, “É um designer que quer virar PO” então, deixa eu ir atrás na DTI onde está esse PO, como funciona, como é a atuação. Eu acho que a gente tem que entender como é a empresa, quais são os processos dela para fazer esses pontos de alavancagem também, acho que isso é bem importante também para o mentor, alguém que conhece dos valores da empresa e como ela se organiza. M1: Beleza. O mentor é um cara que gosta de gente, como o Chagas fala, gosta de ensinar, tem prazer de ter esse tipo de troca, gosta disso, não é todo mundo que tem isso. M2: Gosta de conversar, um mentor caladão é mais difícil. M1: Aí vira igual a aqueles filmes de terapia, já viu? O cara fica só anotando, não fala nada. É o mentor freudiano ali, fazendo uns canais ali, não quero ofender os psicólogos, eu não sei se todos são assim, mas em filme tem isso, fica um carinha com a prancheta. É um cara que gosta de gente, um cara que tem experiência prática, um cara que navega bem pela organização, conhece bem a cultura da organização, porque afinal, o ambiente é da organização e ele está ajudando a pessoa em uma trajetória dentro da organização. Eu diria para a gente poder tentar deixar um pouquinho mais prático, como são as sessões? Como é o processo? O cara começa a ter expectativas, como vocês acompanham isso? A gente sabe que não tem nada prescritivo, mas mais ou menos, o que se deveria esperar? O que um cara que vai ser mentorado deve esperar que vai acontecer mais ou menos o quê? Um cara que vai virar mentor deve esperar que vai atuar mais ou menos de que jeito? Vocês conseguem elucidar isso um pouco mais? M3: Falar um pouquinho da experiência que eu tive, tive uma experiência bem bacana de mentoria, estava até ajudando a (Sani) que faz parte da aliança em que a gente está, era uma mentoria até mesmo para ela entender um pouco o papel de TM, começar a se aproximar um pouco mais desse papel para ver se era isso que ela queria assumir. Eu lembro que eu tive uma experiência de mentoria antes que foi muito conversa, eu ia lá, conversava com o mentorado, entendia a situação dele, a gente ia trocando algumas ideias e bolando algumas ações para ele poder assumir, mas eu achei que não tinha sido uma mentoria tão legal, eu poderia ter sido melhor. Com a (Sani), a gente tentou um negócio diferente que eu achei que funcionou muito, acho que deu um resultado bem legal, eu também gosto muito de ler e eu sou muito fã do Learning 3.0, a coisa com o Learning 3.0 é assim: você aprende resolvendo problemas então, uma das primeiras coisas que a gente fez na mentoria foi sentar e conversar, “Beleza, você quer entender um pouco mais esse papel de liderança, de TM? Quais são os problemas que você espera conseguir resolver nesse papel que você não resolve hoje?”, sair um pouquinho, vamos dizer assim, das coisas bonitas do papel, e falar daquilo que o papel realmente tem que fazer que é resolver alguns problemas chaves que outros papeis não resolvem. A gente discutiu alguns problemas de acompanhamento de time, contato com cliente, a gente foi listando e construindo uma árvore de problemas, que faziam sentido ou não, a gente começou até a envolver outras pessoas, outras lideranças, TMs mais experientes, algumas lideranças diferentes e falar: “Isso aqui faz sentido? É realmente um problema de liderança?”. Depois, com base nesses problemas, a gente foi tendo encontros mais de “Opa, vamos pegar aqui esse problema que você listou na sua árvore. Isso aqui é um problema de acompanhamento de time. O que a gente tem na organização, na DTI que já lidou muito bem com isso?”, aí valia um pouquinho dos meus contatos para também aumentar a rede de contatos da (Sani), “Vou chamar o Felipão, vou chamar o Vinição, a Bruna, a Fernandinha” e, a gente fazia algumas conversas, “Olha, esse problema aqui acontece de fato na realidade com algum time seu? Tem algum time que você está acompanhando?” então, trazia esse problema real, a gente discutia algumas das nossas experiências e no fundo, tudo isso que a gente ia conversando, aí levantando alguns assuntos para ela estudar, “Deixa eu estudar um pouco mais de Scrum porque a minha teoria ainda está fraca e ver como eu vou aplicar isso aqui na prática. Deixa eu aprender um pouquinho mais sobre métricas, gestão de times, sobre algum acompanhamento de pessoas”, e foi bem isso, nas nossas sessões a gente ia discutindo problemas, as experiências de outras lideranças que a gente ia puxando tema a tema, e os casos que ela tinha para enfrentar. No fundo, o que eu achei bem legal é que ela se envolveu muito, realmente o aprendizado estava na mão dela, eu era mais alguém para guiar e ajudar então, essa foi uma mentoria que eu acho que deu um resultado bem legal e que funcionou muito, a gente focando muito em problemas, usando muito a nossa rede, o Learning 3.0 fala muito isso, aprendizado em rede na DTI e um aprendizado que ela ia construindo gerando solução para os problemas que ela tinha no dia a dia. F1: Bem legal. M3: Foi bem legal. F1: É, o nosso exemplo do design eu acho que é bem parecido com esse último cenário que o Matheus falou, é claro que dentro do design a gente tem, como é uma área muito grande e dentro da DTI a gente é generalista, tem pessoas ali que querem várias áreas dentro do design, a gente faz mentorias bem individualizadas então, a gente adora coisa visual então, sempre tem algum board, sempre vai ter post it então, a gente cria alguns templates, compartilha entre os mentores. A gente primeiro (inint) que a gente tenta, pelo menos a mentoria que eu comecei, a que eu já fiz e a que eu vou iniciar agora e de outros mentores que eu sei, a gente tentou traçar alguns objetivos mesmo no início “Olha, o que você quer? O que você precisa?”, então traçava ali alguns objetivos, e para o design era muito importante, igual a gente conversou no início da conversa, que fosse prático, não adianta ficar na teoria então, se era um mentorado que estava querendo melhorar suas habilidades de facilitação, a gente tentava fazer os contatos para que ele participasse de facilitações, mesmo que com ouvinte ou que puxasse alguma ferramenta ali um pouco mais fácil, até para ele ganhar segurança também. As mentorias de design acabam sendo acompanhadas por algum exercício prático, alguma coisa que você vai levar para o seu dia a dia. Até ontem o (Vini) comentou que não necessariamente se precisa aplicar isso de fato com cliente, mas “Quero melhorar minha habilidade de comunicação, de facilitação”, facilita uma reunião ali com seu squad, uma (retro) que você vai fazer na sua tribo, nisso você já vai ganhando experiência e vai conseguindo melhorar aqueles pontos que a gente tinha traçado. Outro caminho que tem funcionado muito é essa coisa do visual que eu falei, a gente criado essas árvores que o Matheus comentou, a gente faz alguns boards, ainda mais no design que a gente tem a área de UX/UI então, onde você já domina? É uma pessoa que domina muito o UX e quer melhorar o UI? Então, vamos colocar referências do que tem dentro desse universo, vamos ir concluindo o que tem dentro desse universo para você ir avançando aí. A gente tem tentado trazer a mentoria para ser um pouco mais palpável e visual, a gente estava sentindo falta disso também, até para acompanhar a evolução dos mentorados, era meio difícil de ver isso e quando você deixa isso aberto em um board, relata em algum lugar para você trabalhar, para nós do design é muito importante, tem ajudado demais, tem funcionado muito bem. M3: Deixa eu só aproveitar, Larissa, fica a dica para todo mundo, uma coisa que eu aprendi muito e realmente funciona: visualizar aprendizado, muito melhor do que tentar medir aprendizado, fazer prova, tirar certificação, mesmo que você não esteja fazendo reitoria, esteja aprendendo sozinho, faz um boardzinho, faz uma árvore, busca alguma ferramenta para você poder olhar para ela e falar: “Nossa, eu já aprendi isso tudo, já estudei isso tudo, eu consigo aplicar essas coisas”. A sensação de estar evoluindo é bem bacana. F1: Muito legal. M3: (inint), desculpa. M1: Só um comentário antes, eu queria passar a palavra para o Chagas, mas é interessante, quem escuta às vezes, aí eu saio do assunto totalmente, mas é uma coisa que eu acho super interessante de comentar, eu tenho certeza que alguém mais tradicional pode pensar assim: “Gente, por que vocês não escolheram exatamente um programa específico de mentoria, definiram as regras e fizeram? Por que a Ziza fala “Aqui a gente está fazendo assim”, aí o Matheus fala: “Aqui a gente orienta o problema”, o Chagas vai vir com alguma coisa, “Por que é assim?”. Porque a gente acredita justamente que nós vamos aprender mentoria fazendo mentoria, sabe a própria mentoria é o exemplo disso. A gente acredita que a nossa rede vai naturalmente disseminar as melhores práticas, além de que muitas coisas são, o tema que eu aprendi recente em Complexidade que eu acho que tem todo sentido, context bound, elas são muito ligadas ao contexto, é uma mudança complexa então, ela depende do contexto, não é? Por isso que a gente acredita tanto em prescrição, por mais que alguém possa achar que essa abordagem pode ter desperdício porque faz com que alguns experimentos sejam realizados sendo que alguém já sabe como fazer, a verdade é que esse tipo de mudança, na nossa visão obviamente, estou aqui compartilhando no que a gente acredita, é muito mais engajadora, muito mais legítima, tem muito mais chances de dar certo porque vocês estão junto com a Duda, que infelizmente não está aqui, foi uma das pessoas que capitaneou esse programa, vocês e mais n pessoas na empresa estão fazendo a empresa aprender como fazer mentoria, mas como fazer mentoria de um jeito que funciona no nosso ambiente e não olhar um livro ou contratar um consultor que chega lá e fala: “Mentoria é assim, assim, assado”. Chagas, você que já é, aqui eu não sei se (inint) todo mundo, a Ziza é o lado do design, o Matheus está sendo mentor mais para o lado de liderança apesar de ter um background… M3: Isso. M1: … e o Chagas é um polymath. Não sei se vocês conhecem o termo polymath. M2: Não. M1: Mas eu imagino que você… M2: (inint), vamos resumir. M1: O Chagas está aí para o lado da Engenharia, não é Chagas? O que você está aí de um pouquinho diferente do que eles falaram ou mais ou menos na mesma linha? M2: Tem uma visão diferente, mas antes de eu trazer o meu depoimento, eu só queria reforçar uma coisa aqui que a Ziza trouxe que às vezes você vai fazer coisas que você não vai ter oportunidade de aplicar no cliente, mas talvez a mentoria vai ser o espaço justamente para você testar alguma coisa, aprender alguma área que você não teve oportunidade de testar no dia a dia então, só para reforçar porque eu não vejo isso como uma coisa negativa, pelo contrário. Eu acho que quase todas as minas respostas eu falo que cada caso é um caso, até tecnicamente, “Aqui a gente faz um micro serviço?”, “Não sei, cada caso é um caso”, essa é a minha resposta para 90% das perguntas, mas não é diferente com a mentoria, vou contar alguns mentores que eu tive, por exemplo, fiz mentoria com o Luiz Dutra que também acompanha a gente no Entre Chaves, e em todo encontro nosso o Luiz me afogava em pergunta, em conteúdo, em desafio então, eu fiquei mal acostumado de não ter que preparar nada para a mentoria porque eu era muito demandado do mentorado, sabe? E não só com o horário da mentoria, tanto que a mentoria com o Luiz já acabou tem mais de anos e meio que a gente continua trocando figurinhas tecnicamente, não só eu ajudando ele, mas ele me ajudando muito também. Depois, eu tive outro mentorado que teve outro perfil, vou até pedir desculpas públicas por Hebert aqui, foi ele, eu estava preparado para não estar preparado, e eu vi que dependendo do perfil eu tenho que estruturar mais a mentoria, hoje em dia, eu estou fazendo uma mentoria com o (Plate) agora e a gente dividiu a mentoria em etapas então, a gente tem uma etapa para discussão, meio que conversa livre das semanas a fio, uma específica para um desafio que eu preparo previamente para ele resolver lá na hora, no último que eu fiz ele teve que resolver um problema de programação com tempo curto, que seria simular resolver um problema de produção, a ideia era ver como ele ia se virar nesse contexto. M1: A pressão, interessante. M2: E outro para discutir um artigo então, essa mentoria que eu estou fazendo agora é extremamente estruturada, a gente segue essas regrinhas, tantos minutos para discussão, tantos minutos de desafio, e a cada 15 dias é um desafio diferente e tantos minutos para discutir um artigo que eu vou trazer previamente, a gente vai ler junto e apontar alguns pontos. Eu acho que a flexibilidade é boa para a gente encaixar com o perfil do mentorado, mas tem algumas caixinhas tipo essa que eu estou usando agora que bolei junto com o (Plate) ali, também está sendo muito bom, a gente está criando uma metodologia então, fechando cada caso é um caso. M1: Se o Vinição estivesse aqui ele ia falar: “A gente tem que ter um arsenal, uma caixinha de ferramentas aí, evoluindo e aplicando”. M3: (inint) contraints. M1: Exatamente. Eu acho muito bonito esse tipo de discussão porque é o que eu falo: é gente, é contexto, tudo é muito variado mesmo então, você tem um cara ansioso e ávido por saber certas coisas, a mentoria está quase sendo guiada, driven por ele mesmo. Tem o cara que já está mais ali assim: “Você é experiente, me mostra um caminho que você acha que eu devo seguir agora”. M2: É, e eu não estou falando que um está errado e o outro está certo, são perfis diferentes, o contexto que a pessoa está no projeto, às vezes o projeto dela está sobrecarregando tanto que ela não está com tempo para pensar além do projeto, aí é papel do mentor puxar, “Olha o mundo aqui fora do seu (spread), existe muita coisa acontecendo”. M1: Mas isso aqui é falar o óbvio, as pessoas são diferentes, tem um cara que é capaz de chegar com tudo planejado, o que ele quer, o outro não, igual você falou – vai ter um mentor que vai ser extremamente sistemático, inclusive, pode ser que não tenha fit de vez em quando, o mentor com o mentorado pode isso, por exemplo, o cara que fosse ser mentorado por mim, coitado, se fosse esperar que eu ficasse preparando, ele ia ficar esperando a vida inteira e, às vezes, ele ia querer isso, “Cara, eu preciso de um negócio mais estruturado aqui”, e ele estaria certo no perfil dele. A gente já está chegando perto do final, mas vocês têm histórias para contar que exemplificariam, o Chagas acabou de citar algumas, de sucesso ou de fracasso mesmo, coisas mais marcantes, não precisa revelar os nomes das pessoas, mas dar exemplos porque vocês mesmo como mentores foram aprendendo uma série de coisas. O que vem à cabeça? Isso seria interessante compartilhar como histórias de sucesso ou de fracasso. M2: Schuster, vou trazer uma história de fracasso de outra empresa que eu trabalhei, não um fracasso específico, mas o modelo de mentoria no qual a gente sempre corre o risco de cair e a gente tem que tomar cuidado, que é a mentoria burocrática, a mentoria porque é uma regra da empresa para ser feita, toda pessoa tem que ter um mentor e quando ela se torna uma mentoria burocrática, as pessoas não estão fazendo porque acreditam no programa, eu vejo o programa em si sendo executado só porque ele tem que ser executado. F1: Uma obrigação. M2: É, e aí ele perde grande parte ou todo o valor então, se eu pudesse deixar um alerta para quem está escutando a gente e quer implantar um projeto de mentoria, alguma coisa assim, independente se você vai fazer algo estruturado ou não, é não tornar ele burocrático para as pessoas fazerem obrigatoriamente, talvez vá ter que ter um período de implantação, mas eu acho que vale gastar um tempo explicando o valor, vendo quem tem interesse de fazer parte, as pessoas fazerem porque elas acreditam do que simplesmente todo mundo é obrigado a ter um mentor. M1: Dos dois lados, né, tanto o mentor que está querendo, e o mentorado também, o cara ir lá “Nossa, agora tem que marcar a mentoria, que saco, vou lá conversar com aquele cara”, é um negócio muito (inint). F1: Tem que ser algo bem natural. M1: E vocês, Ziza e Matheus, o que vocês diriam, para a gente fechar, tem alguma experiência interessante aí? F1: Schuster, eu acho que um ponto de atenção aí, foi até uma coisa que eu precisei como mentoranda de melhorar com o mentor, foi a gente entender que aquilo ali vai fazer parte do nosso dia a dia também porque, às vezes, tudo que você puder postergar, você vai postergar e aquilo ali é muito sério então, para os mentores, eu acho que, é um compromisso que a gente tem que fazer e muito sério e colocar isso como um trabalho igual o Chagas falou, prazeroso mesmo de estar ali. Já vi casos de ficar remarcando porque está atolado com alguma coisa, de ficar remarcando, remarcando e aquilo desmotiva muito quem está sendo mentorado então, eu acho que da parte dos mentores a gente precisa ter esse cuidado, apesar de ser uma coisa natural, igual o Chagas falou, às vezes a gente não vai planejar, vai ser um negócio mais de conversa mesmo, mas mesmo sendo uma conversa, de levar isso bem a sério com uma cadência, eu acho que isso é bem importante. No início, para mim foi difícil de adaptar, eu passei por alguns momentos que precisava cancelar mesmo e depois eu falei: “Não, não dá para ser assim, vou mentorar uma pessoa só, vou fazer dentro do tempo”, então, a gente se sentir seguro para fazer isso acho que é muito importante, acho que não cometeria esse erro de novo de ficar sobrecarregada por conta disso e não fazer um trabalho legal, acho que é importante a gente pensar isso pelo lado do mentor também. M1: A sessão, digamos assim, exige presença mesmo, exige comprometimento para ser plena, senão vira para cumprir tabela e se é para cumprir tabela talvez seja melhor não fazer porque está meio que os dois perdendo tempo ali. E você, Matheus? M3: Acho que eu posso comentar, eu tive um acompanhamento muito legal na minha trajetória até antes mesmo de existir o programa de mentoria, já era um acompanhamento bem legal e depois essa pessoa virou o meu mentor na DTI que, eu acho que eu tinha ideias interessantes e eu trazia as ideias que eu queria às vezes implementar no squad, eu achava que estava certo e a gente tinha que fazer, e eu era sempre questionado: “Mas espera aí, a metodologia fala outra coisa, por que você está querendo mudar aqui?”, eu era sempre confrontado com isso e muitas vezes eu não tinha como responder, eu ficava bem invocado com isso, mas eu acho que isso me mostrou que eu não preciso reinventar a roda, às vezes até o que eu estou falando está certo, mas entende que existe uma metodologia que já está tentando resolver problemas atuais (inint) que você está propondo de novo continua resolvendo esses problemas, não gera novos. Eu acho que isso foi um negócio que eu aprendi com esse mentor meu, quebrando um pouquinho de cabeça ali e foi um pouco frustrante no início porque eu não estava entendendo isso, eu era mais novo, mas quando eu entendi fez muito sentido e eu levei um pouquinho dessa ideia de tentar alinhar o conhecimento teórico e a prática da execução que aí funciona, e eu levei isso um pouco, acho que a mentoria com a (Sani) foi muito massa então, eu li bastante sobre a teoria do Learning 3.0, isso aqui é um negócio que eu acredito, eu acho que funciona de verdade. O que a teoria fala? “Usa a rede para aprender, trabalha um pouquinho de humildade, você não vai ter as respostas certas, deixa que as respostas emerjam da discussão do problema e da solução que ele vai gerar, envolva as pessoas e se foque em problemas”, eu levei isso um pouco para a gente discutir e com a (Sani) e funcionou muito bem, eu não tentava ter as respostas certas para os problemas dela, eu envolvi outras pessoas com outros perfis e ideias, nada estava certo, nada estava errado, a gente estava realmente discutindo ideias e propondo soluções novas e, de novo, ter uma gestão visual sobre isso então, a gente construiu uma árvore de problemas, ia preenchendo essa árvore com esse conhecimento. Acho que isso foi uma experiência legal, algo que por não entender no início, deu um pouquinho de frustração, mas quando eu entendi, até na minha mentoria depois com essa mesma pessoa, funcionou muito bem, foi um aprendizado que eu, bom, depois a gente tem que perguntar para a (Sani), mas eu acho que deu um resultado legal com ela também. F1: Schuster, posso só complementar uma coisa muito no nosso cenário aqui, mas que funcionou muito para a gente do design, foi a gente aliar a mentoria ao feedback estruturado, isso foi muito legal para nós aqui do design, vir com esse feedback estruturado já preenchido, já entendido, já conversado ali com a pessoa que você vai mentorar foi muito legal também, porque você vem meio que com um diagnóstico ali, um direcionamento mais embasado, e para a gente foi muito legal fazer isso no design então, sempre que vai entrar alguém que quer fazer mentoria, a primeira pergunta que a gente faz é: “Você já preencheu aquele feedback? Você já entendeu onde você quer chegar e onde você precisa melhorar?”, isso ajudou muito a gente também então, a gente tem feito essa prática também com os mentores de design e tem funcionado muito bem, foi bem legal. M1: Bacana demais, acho um tema super relevante, sabe o que eu acho curioso? Acho que ser mentor deve ser ótimo porque a experiência de você ser mentor você deve aprender muito, eu sempre comento no podcast que quando a gente conversa assim a gente já aprende, eu acho super interessante quando você tenta articular conceitos e pegar esse peso do outro e reenquadrar a sua experiência no contexto do outro, você vê que é uma experiência muito rica para todo mundo então, se você olha do ponto de vista da organização, você está criando novas conexões naquela rede você está criando novas formas de disseminar conhecimento e isso é excelente para a organização, você pega do ponto de vista de cada pessoa, vocês estão tendo a chance de ter uma experiência riquíssima ali e de crescerem. Uma coisa que eu sempre falo também: pensando em gente, é muito bom cultivar essas relações, independentemente de qualquer outra coisa, é o tipo de relação gostosa de cultivar, são experiências que possivelmente, boas mentorias as pessoas vão ficar contando isso para o resto da vida “Nossa, eu lembro quando eu fiz aquela mentoria, foi tão bacana”, você vê o gosto que o Matheus fala aí da mentoria com a (Sani) então, são essas coisas que nos dão prazer na vida, (inint). Eu acho interessante isso porque as organizações têm o hábito de avaliar tudo a luz da eficiência e do resultado para a organização, é claro que isso dá um resultado enorme para a organização como eu disse, dissemina mais conhecimento, cria novos vínculos, etc. e etc., mas independente disso tudo, tem esse lado humano que por si só já justifica a realização disso. M3: Com certeza. M1: Isso aí, pessoal. F1: Satisfação muito grande, pessoal. M1: Muito bom, espero tê-los novamente em outro episódio. M3: Só chamar. M2: Tchau, tchau, gente. Várias vozes: (inint). F1: Obrigada. M3: Obrigado.

Descrição

No episódio de hoje, viemos compartilhar mais um aprendizado real com a comunidade ágil: nosso Programa de Mentoria. O que é e como ele surgiu? Descubra como a mentoria tem ajudado no desenvolvimento pessoal e profissional dos nossos colaboradores, e também como replicá-lo em sua empresa. Nosso podcast está disponível em todas as plataformas de streaming! Te esperamos lá!