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os agilistas

#130 – Criação, divisão e reorganização de tribos

#130 – Criação, divisão e reorganização de tribos

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Chuster: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar hoje mais um episódio dos agilistas. Hoje, nós vamos falar sobre um assunto que a gente é muito perguntado. E de forma geral, se pergunta muito sobre a estrutura da DTI, e como nós somos compostos aqui por múltiplas tribos, e agora as tribos inclusive se agrupam em alianças, se pergunta muito como surge exatamente, como é que vocês definem quando que uma tribo começa, qual que é o tamanho ideal de uma tribo, o que que seriam essas alianças, que são esses conjuntos de tribos. E como eu já falei aqui em outros episódios, a gente gosta de compartilhar essas experiências, nunca com a pretensão de ter nenhum tipo de fórmula, mas sempre entendendo que isso pode servir de reflexão para alguém que quer seguir algum caminho similar. Aproveitando esse momento, a gente também entende o quê? Quando a gente fala em tribos, e squads e etc., e a gente hoje, normalmente, como muitos se inspiraram no modelo do Spotify, mas a verdade é que a gente se inspirou no modelo, mas seguiu um caminho completamente nosso, que é o que a gente acredita, de seguir um caminho, a gente não tem. Se existir alguma regra no Spotify, que fala qual que é o tamanho de uma tribo, eu nem sei qual é essa regra. A gente é completamente… é irrelevante. A gente foi criando a nossa própria estrutura. Para poder falar sobre isso, e a ideia é estar aqui, então, é contar mais ou menos como é que surgiram as tribos inicialmente, e o que de aprendizado a gente foi tendo, e como é que foi evoluindo isso até hoje em dia, como é que surge uma tribo, por exemplo, porque no começo foi mais, uma definição mais baseada em afinidade, que já tinha com alguns clientes, trouxe três pessoas aqui. Um é novo nos agilistas, mas eu tenho certeza que fará muito sucesso. Henrique Dutra. Tudo bom, Henrique?

Henrique: Tudo bem? Boa noite, bom dia, boa tarde para todos.

Chuster: Você podia se apresentar… se apresenta, Henrique.

Henrique: Prazer. Meu nome é Henrique. Estou na DTI tem uns quatro anos. Acompanhei uma boa parte do nascimento, da reestruturação dessa estrutura de tribos, de squads, aliança. Vai ser um prazer contar um pouco da história aqui que eu vivi para vocês.

Chuster: Estamos aqui também com pessoas que já participaram. Samuel. Beleza, Samuel?

Samuel: E aí, Chuster? Tudo bem.

Chuster: Aproveita e apresenta rapidamente, Samuel, para quem não te conhece.

Samuel: Também estou aqui na DTI tem uns três anos e meio. Um pouquinho menos que o Henrique. E também estava bem no início, quando a gente começou a estruturar a empresa com as tribos, e agora as alianças. Então, também vou conseguir compartilhar um pouquinho de como foi o início da origami, que foi a minha tribo inicialmente.

Chuster: Já deu um spoiler aí. Estamos também aqui com a Ludi. Beleza, Ludi?

Ludi: Olá Chuster. Olá, pessoal. Já estive aqui em alguns episódios. Eu estou na DTI a dois ano e meio. Cuido, também sou líder de tribo. Quando eu entrei, as tribos ainda estavam se consolidando. Já existiam algumas tribos. E pouco depois que eu entrei, eu já tive oportunidade de fundar uma nova tribo, como a gente vai contar para vocês.

Chuster: Então, excelente, gente. Assim, uma coisa que a gente sempre comenta aqui, reiteradamente, é que a mudança tem que ser contínua. Aquela metáfora do café com leite. E aí, eu até brinco. Depois que o café com leite virou café com leite, ele não sabe contar como é que ele virou café com leite. Eles atinam. Então, nós vamos tentar contar os caminhos aqui, mas são caminhos com muito experimentação, e a gente criou uma narrativa agora, tentando ver o que que aconteceu de mais importante. E eu queria começar aqui com o Henrique, porque, assim… e aí, Henrique, você pode até questionar minha memória, tá? Se a minha memória tiver errada, porque eu sou péssimo com memórias. Eu não sei há quanto tempo atrás nós criamos as tribos. Inicialmente a gente usava muito essa afinidade de criar tribos mais ou menos já ligadas a clientes. Já tinha uma certa afinidade ali. A gente oficializou uma estrutura, e começou a tentar dar mais autonomia ali. E você estava à frente de umas tribos mais antigas, que é os javalis, mas já tinha até um pouco de história. Conta um pouquinho como é que foi esse surgimento dos javalis.

Henrique: Quando eu cheguei na DTI, eu lembro que o desafio era acompanhar o time de sustentação. E a sustentação, por si só, são guerreiros mais solitários, que ficam nas batalhas diárias. E já se falava, já tinha a ideia dos squads, para estar atuando um pouco nos clientes, mas a sustentação era um pouco… ficava de lado, porque não tinha esse agrupamento já formalizado. E uma coisa que a gente começou a identificar no início do desafio, foi que as pessoas precisavam se agrupar de alguma forma, se sentir pertencentes a algum grupo. E aí, surgiu os squads da sustentação, que era uma coisa até então diferente, assim, inovadora, no sentido de grupos mesmo. E eu lembro que a gente começou até a ser um pouco comparado com projeto. Geralmente o projeto tem um glamour maior do que a sustentação, e a gente foi alcançando esse glamour, esse conceito, quando a gente conseguiu se agrupar, criar uma identidade forte. E aí, nasceu a tribo. Os squads que a gente estava, squads de porcos. Foi até engraçado botar um nome chocante na época. Foi muito relacionado àquela tirinha do porco e da galinha. Que a galinha era… envolvimento e comprometimento. Mas nasceu os squads de porcos. Eram quatro squads. E o conjunto dos squads nasceu-se também a tribo, que a gente chamou de javalis, porque, lendo um livro também, descobrimos que o javali era… não poderia ser enjaulado. Então, a gente associou, (inint) inclusive a autonomia que a gente tinha, que a DTI, que o ambiente já provia para a gente. Então, saímos de squad de porcos para formar um grupo maior, que foi a tribo de javalis.

Chuster: Como é que é a história? Javali não pode ser enjaulado?

Henrique: A gente, na verdade, leu falando que os porcos não poderiam ser domesticados. E a gente…

Chuster: Entendi.

Henrique: … tinha um orgulho de a gente brigar muito pela autonomia. Então, a gente se auto intitulou como javalis.

Chuster: Javali, como eu lia muito Asterix e Obelix, javali eu só lembro do Obelix se alimentando de javalis. A refeição principal do Obelix. Então, ou seja, já existia um grupo coeso ali, porque eu lembro, e eu até queria colocar o Samuel no jogo também, porque… tentando mostrar as origens. Eu lembro que a gente teve essa ideia: “Nós temos que descentralizar e começar a criar grupos, que tem uma identidade maior, e que consigam exercer autonomia”. Foi quando surgiu esse conceito de tribo. Já existia uma coesão grande entre vocês, e ficou muito natural criar uma tribo, ainda que, no começo, a gente não soubesse tão bem nem o que significaria aquilo exatamente. Eu lembro do pessoal sempre perguntando isso: “Mas eu tenho autonomia para exatamente o quê? O que que eu posso fazer aqui?”. Nessa época… deve ter sido na mesma época, Samuel, que surgiu a origami.

Samuel: Eu acho que sim. Eu acho que sim, Chuster. Foi muito parecido com o que o Henrique contou. Foi um movimento muito orgânico, porque a gente ficava todo mundo muito junto no cliente, e tinha uma sinergia muito grande, porque a gente estava… a gente começou com um time pequeno, e foi criando outros squads dentro do mesmo cliente, e os meninos sentiam muita falta dessa interação que a gente tinha no dia a dia, e de ser fácil de compartilhar e de ligar mesmo as pessoas. Teve um dia, a gente conversando depois de uma reunião, falando sobre isso, que a gente precisava criar esse senso de comunidade, esse senso de união entre as pessoas que estavam dividindo o mesmo contexto. A gente meio que começou a se organizar para criar. A gente nem sabia que tinha o nome de tribos. A gente não sabia nada disso. A gente queria meio que juntar os squads e falar assim: “A gente aqui, que temos o mesmo contexto, estamos associados por algum problema, alguma coisa assim, a gente quer meio que se tornar uma unidade”. A gente começou a discutir, e em uma reunião, igual eu falei, a gente falando sobre nomes, surgiu um dos meninos, que foi até o Bruno, se eu me lembro bem, ele falou origami. E a gente: “Tá. Mas por que origami?”. Tinha uma explicação até meio poética do nome origami. Não era nada disso de não pode ser enjaulado, igual o Henrique explicou, mas era porque origami, além de ser uma arte muito bonita, ser uma coisa muito bonita, precisava, tinha uma precisão técnica muito grande. Então, era por isso que a gente resolveu colocar o nome de origami. A tribo cresceu demais, e a gente teve que quebrar. Mas a gente conta isso um pouquinho mais para frente.

Henrique: Dava até um ponta de inveja de tão criativo que era cada nome. Era impressionante, como você criava culturas diferentes. Não cultura em si, mas identificações diferentes, todas querendo prover valor naquilo que faz, mas de forma diferente.

Chuster: Não, isso que eu acho super legal.  O próprio ritual de escolher um nome já é algo que cria uma auto-organização e cria uma coesão, porque as pessoas pensam, defendem o nome, e tem… e é super interessante, porque os nomes são os mais variados possível, e com inspirações das mais diversas possíveis. Então, para quem está ouvindo não perder a noção. A gente começou a criar esse movimento dentro da empresa. Alguns grupos que já tinham até uma proximidade. No fundo a gente só oficializou isso mais, e isso que a gente sempre comenta. O mero fato de oficializar e criar alguns símbolos, começa a criar alguns elementos de auto-organização em torno do qual você vai evoluindo.  Eu queria colocar a Ludi na conversa. Eu também não tenho menor ideia quando que ela entrou no final das contas nesse jogo. Mas eu sei que ela entrou em algum momento na javalis, não é, Ludi? E você podia contar essa história. O que que você já encontrou, talvez, quando você entrou? Acho isso interessante, alguém que veio de fora. Você entrou na DTI, mas entrou na javalis. E depois, a gente pode avançar, para quando que se começou a sentir essa necessidade de divisão.

Ludi: Exatamente. Quando eu cheguei, a tribo javalis, foi o final de 2018. E a tribo javalis já era uma tribo grande. Já era uma tribo bastante consolidada. Quando eu entrei, a tribo já tinha cerca de 70 pessoas. Então, já era uma tribo enorme.

Chuster: Nossa, tinha isso tudo, então? 70 pessoas?

Ludi: Tinha, tinha. E eu acho que foi um dos primeiros casos de divisão de tribos, porque tudo era novo, inclusive essa percepção de que estava na hora de quebrar a tribo. Era novo na época. Então, quando eu cheguei, a gente estava iniciando em um novo cliente. A gente estava começando um conta nova em um novo cliente. Esse cliente começou a demandar, e quando a gente percebeu, já tinha dez, 12 pessoas cuidando daquele cliente. E aí, de forma muito orgânica, a gente começou a perceber que estava existindo ali um conjunto de pessoas dentro daquela tribo, que também tinha uma identificação. Dentro de uma tribo, já existia um grupo que tinha uma certa identificação. E surgiu a ideia. Eu e o Henrique conversamos, e tivemos a ideia de separar essa turma, e formar uma nova tribo. Na época, ainda foi um pouco traumático, ainda mais na javalis, a gente tinha uma identificação enorme com a tribo. Então, algumas pessoas chegaram a ficar, chateadas: “Nossa, mas eu não vou mais ser da javalis”. E teve todo esse processo também: “Puxa, agora a gente não é mais javalis. Precisamos escolher um outro nome”. E também foi muito interessante, porque a gente acabou escolhendo o nome de suricatos, fazendo uma homenagem ao Timão e ao Pumba. E a gente queria muito escolher um nome que mostrasse… como se fizesse uma homenagem mesmo para a javalis, que era a nossa tribo mãe. Então, a gente quis dar esse nome para mostrar que seríamos tribos irmãs, digamos assim. E também vem as explicações secundárias. O fato dos suricatos serem animais que são muito antifrágeis, embora sejam muito pequenos, de pequeno porte. Eles se organizam em grupos, em grupos extremamente poderosos, em grupos extremamente antifrágeis. Eles cuidam uns dos filhotes dos outros para poderem ir e caçar. Então, eles têm uma organização coletiva muito interessante. Então, isso incentivou ainda mais o nome. E a nossa tribo suricatos começou com cerca de 12 pessoas. A tribo tem dois anos, e agora, depois de dois anos, a gente está com o número de 45 pessoas. E, dois anos depois, a suricatos vai se dividir. Então, é muito interessante como que é esse ciclo. A tribo ela vai… organicamente a gente começa a perceber que a situação está chegando em um ponto que está ficando muito grande, que a gente já está começando a ter um pouco de dificuldade de se comunicar com todo mundo, e as próprias pessoas já começam a notar que é hora de fazer uma divisão.

Chuster: Então, isso que eu queria voltar agora para o Henrique. Interessante isso, ou seja, javalis surgiram, foram crescendo, chegaram… engraçado. Quem é de fora não imagina o tanto que… o pessoal só de quem a gente vai saber, tinha uns apitinhos de porco. Tinha toda uma simbologia, que era icônico. Então, criava… o nome era muito forte mesmo. O que quê… que depois eu quero ver o que que o Samuel diz também, Henrique, mas o que que começa a dar sinal de que a tribo pode estar perdendo o sentido? Por que que a gente foi começando a perceber que ficar grande demais não era boa? Ou seja, a tribo ficar grande, por si só, não era uma meta boa para a tribo, e não era boa para o que a gente queria, quando a gente criou as tribos.

Henrique: É, essa pergunta é difícil, Chuster. Eu acho que o crescimento, ele impacta diretamente na quantidade de interações que a gente tem, pessoais. E, além disso, a gente tinha uma diversidade muito grande com relação aos clientes que a tribo atendia. Então, foi uma forma que a gente achou, essa divisão. Foi um passo tentar adaptar melhor, para melhorar um tempo de resposta, e para tentar criar um grupo com a identificação onde, dentro daquele grupo, as pessoas ficassem mais unidas, ou seja, elas se preocupassem mais num grupo relativamente menor do que elas dissipassem a energia tentando fazer interações em um grupo maior. Então, eu acho que foi muito nessa linha. Só um comentário só, que eu não posso deixar de fazer. A javalis nasceu com essa imagem um pouco meio rebelde, e depois da separação, e agora, se você pensar, dando spoiler do próximo assunto, da aliança, que fez a javalis e a suricatos, nasce um papel de hakuna matata, que é um negócio mais lúdico. Mas vê se eu te respondi à pergunta da divisão. Acho que é muito isso. A divisão é uma ideia de concentrar e tentar melhorar. Criar um grupo mais coeso, de certa forma.

Chuster: Não, eu concordo muito com isso. É engraçado, porque é o seguinte: Quando você tem a tribo… eu lembro que quando a tribo começava a ficar muito grande, ela começa a ter os problemas de uma empresa grande, no sentido de as pessoas confiarem muito em abstrações. As pessoas já chegam em um lugar onde… parece que perde um pouco esse sentido de dono, e de perceber que o que eu faço ali tem relevância, eu consigo ter voz dentro da tribo, que isso é super importante. A gente brinca muito com esses símbolos, que os símbolos são legais, mas o que faz o negócio funcionar mesmo é as pessoas sentirem que elas têm uma autonomia de verdade, e que elas são relevantes de verdade. Que elas vão, de alguma forma, influenciando no… eu sempre falo isso, porque tem muita gente que inverte. Acha que é só fazer uma série de coisas bacaninhas e que vai dar tudo certo. Se fosse assim, era fácil de resolver. Essas coisas elas são boas, elas são legais para criar confraternização, para criar um clima bom, mas é claro que existe uma filosofia mais forte, que cria coesão. Eu acho que foi que mais ou menos isso que aconteceu na origami também, não foi, Samuel? A origami também estava grande, e estava meio que com esse problema de… além… só um negócio antes de você falar, Samuel. O que o Henrique falou não é o caso da… quando começa a ter vários clientes, a gente gosta de ser muito customer centric. Então, é claro que tem tribos que atendem mais de um cliente quando a operação é menor e com muito foco, mas quando são clientes maiores, essa separação cria essa centricidade no cliente mesmo, no tempo de resposta é muito rápido, uma dedicação muito grande. Mas, no caso da origami, Samuel, quais são as suas lembranças e suas percepções que levaram a essa necessidade de separar também?

Samuel: Então, eu acho que você explicou direitinho. Assim, a gente na origami também começou a ficar grande demais. Eu lembro da época que a gente tinha 90 pessoas na tribo. Então, não fazia nem sentido. Era igual você disse, era quase que uma empresa mesmo, pela quantidade de pessoas e tal.  A gente tinha alguns clientes dentro da tribo na época, e tinha um que era muito mais representativo na quantidade de pessoas. Acabava que os outros… pessoas, elas acabavam não tendo muita voz dentro da tribo, porque os problemas delas sempre ficavam meio que obscurecidos pelos outros problemas da maior parte do time. Então, a gente sentiu muito a necessidade de separar os clientes, até para ter essa autonomia um pouco maior das outras pessoas, e também porque eu comecei… eu via algumas lideranças, e que elas precisavam de espaço para de fato ter autonomia, para poder fazer essa gestão da tribo. Então, a gente pegou e fez uma quebra, separando um cliente dos outros, e nasceu a birds na época. A birds veio, porque o símbolo do origami já era um passarinho, era o tsuru. Então, meio que veio como uma ligação de origami, veio a birds. Depois, a origami continuou crescendo e, de novo, atingiu um nível que estava muito difícil. A gente tinha umas 70 pessoas, igual a gente falou. Fica muito difícil de você ter essa autonomia, de você estar a par das coisas que estão acontecendo e, de novo, começam a imergir lideranças, e elas precisam de espaço para poder crescer. Quando a gente tem só uma tribo, fica um pouco limitado, as pessoas não conseguem ter voz, igual a você disse. Então, a gente resolveu, de novo, quebrar. Dessa vez, a gente optou por não ter mais o nome origami, porque ia ser uma briga para ver qual tribo ficaria com o nome origami, e qual outra tribo seria um outro nome. A gente fez uma votação, e a gente queria nomes que fossem correlacionados entre eles. E a gente chegou num ponto, fez uma votação, um tempão, e a que ganhou foi a andrômeda e a qualis, mas já não tinha uma explicação. Então, era mais porque eram estrelas, constelações e tal. A gente brincava muito que o origami tinha deixado de ser uma tribo para virar um mindset. Então, todo mundo tinha um mindset, um estilo origami, mas não fazia mais parte da tribo origami.

Chuster: Entendi. É, porque sempre tentar se manter aquela história que tinha. Esse negócio de… é super interessante. Vocês falaram da… a Ludi comentou que o pessoal super triste quando saiu da… inicialmente um choque de sair da Javalis para a Suricatos. A gente sempre tem que balancear esse espírito tribalhista com o espírito do cara entender que ele está na DTI, que ele está numa aliança também, e encarar essa mobilidade de forma mais natural. Isso é curioso. Então, a gente falou mais ou menos o seguinte: Então, a gente criou as tribos. Essa auto-organização realmente criou um senso de autonomia. As tribos estão atendendo melhor os clientes, foram conseguindo crescer, foram criando autonomia para crescer, inclusive sozinho. Foram incorporando RH dentro da tribo, uma série de coisas. As próprias tribos começaram a virar uma estrutura um pouquinho, talvez, centralizadora, burocrática, e onde as pessoas perdiam um pouco de espaço. Como a gente entende que tem que ter espaço, tem que ter autonomia e acredita muito nessa diversidade, a gente começa esse movimento de novo, de quebrar tribos, que atende tanto essa visão de cada um, e esses grupos de poder interagem muito e terem voz, quanto a necessidade de ser customer centric. Mas, tem um outro negócio que eu queria ver o que que vocês me dizem, antes até de a gente entrar em aliança, que eu acho que é um assunto super interessante também, é assim. Mas a gente funda algumas tribos em situações específicas ainda hoje, ou é sempre a partir… alguém pode pensar: “Uma tribo surge do nada, digamos assim? Pega uma tribo e surge, ou ela sempre surge hoje dentro de uma tribo, e depois ela separa? Ou ela sempre surge dentro de uma tribo que cresce e separa?”. O que que você me diz disso, Ludi?

Ludi: Eu acho que tem tribos que surgem realmente… não surgem de outras. Tem tribos que realmente podem surgir totalmente novas. Às vezes, quando a gente começa com um novo cliente. Então, pode ser que a gente tome a decisão de começar uma tribo do zero. Ainda acontece de tribos se dividirem, porque, às vezes, a própria operação do cliente cresceu demais. Então, eu acho que hoje acontecem as duas situações. Tanto a tribo que nasce sem ser de outra quanto divisões. Acho que hoje em dia as duas coisas são bastante comuns. Não sei se o Samuel e o Henrique partilham dessa visão.

Samuel: Até para contar uma história sobre isso, porque a minha primeira tribo foi a origami, que emergiu muito naturalmente. E a minha… teve as quebras e tal. Mas, depois, eu saí, vim aqui para São Paulo, e acabei fundando uma nova tribo, e aconteceu muito isso que a Ludi acabou de explicar, da tribo nascer do nada. Inicialmente, a tribo era só eu, que era a tribo garoa. Fora de São Paulo, terra da garoa, virou tribo garoa. Só que a gente teve uma dificuldade muito grande no início, quando começaram a nascer os squads, por quê? Porque ou as pessoas vinham, a gente contratava e vinha de fora da DTI, ou vinham de outras tribos da DTI. E como eles não participaram do nascimento da garoa, eles tinham uma dificuldade muito grande de se conectar com a tribo, e de se conectar entre eles. Então, tinha uma crise meio que de identidade, que foi muito forte, e a gente teve que tratar muito isso no início da garoa, para que a galera começasse a realmente se sentir parte de uma tribo, a partir de uma unidade.

Henrique: Isso para mim é extremamente interessante, porque, quando nasceu as tribos, a gente não sabia do potencial, o que exatamente era uma tribo. Então, ela teve que nascer, sem muito planejamento. Foi um negócio orgânico, criando. Hoje, a gente já conhece o que é a estrutura, o que ela nos possibilita. Então, existem tribos que nascem de forma orgânica, por causa do crescimento de uma tribo, ou por um planejamento prévio, (inint). Mas, por um planejamento, a gente já estrutura um embrião, uma tribo embriã, com aquele sentimento que ela vai crescer. Então, o fato de a gente já conhecer, isso possibilita a gente tomar uma decisão diferente.

Chuster: Sim. É interessante isso que você falou. A gente evita, eu diria, Samuel, fazer o que a gente fez no caso da garoa. O da garoa tinha um motivo até geográfico.

Samuel: Isso. Isso.

Chuster: A gente queria marcar muito simbolicamente essa ida para São Paulo, digamos assim. O que é engraçado, porque, com a pandemia, acabou esse troço todo. Esse é muito… agora a gente trabalha remoto, (inint) clientes, a empresa está super remota. Então, isso é uma coisa que… mas é interessante, porque você pode até ter um cliente que você vê que tem um potencial de crescimento muito grande, igual o Henrique disse. Então, você deliberadamente já imagina que vai ter uma tribo ali. Mas, primeiro, você cria a semente daquela tribo, dentro de uma tribo já existente. Vários motivos. Ela já está em um ambiente de total estrutura. Vai mobilizar toda essa estrutura, essa rede nossa. Vai estar aculturada e, quando tiver que sair, também sai já com uma identidade, e criando esse hit de fundar uma nova tribo. É um negócio interessante. Isso que eu acho curioso, que a gente fala do… a gente adora falar do fucking first step. A gente, em algum momento, deu um primeiro passo, e começou a criar as tribos de forma orgânica, e sem ter um tanto de respostas. Igual o Henrique falou, achei bem interessante. A gente não sabia nem o que que era estruturizar, e as pessoas não sabiam exatamente o tipo de autonomia que iam ter. O fato é: A gente já pratica isso a tanto tempo que, hoje, ninguém tem dúvida mais, o que que é uma tribo e o que que ela é capaz. É um negócio muito curioso isso. Eu, aliás, eu tenho dúvida sobre como é que a gente fazia antes de ter tribo. Eu fico pensando: “Cara, que loucura. Como é que era antes de ter tribo?”.  A minha dúvida é até curioso. Com isso, para a gente, ficou extremamente natural. “Poxa, criou uma tribo nova aqui”, igual o Henrique falou. Planta, cultiva uma tribo aqui, cria, etc. E tem um outro movimento, que eu acho interessante, quando a gente fala criação, divisão, juntar tribos, que foi o seguinte: Da mesma forma… olha como é que são as coisas. A gente fala que você não pode ter apego. Da mesma forma que a gente percebe que a aliança ficava grande demais, e tirava o senso de pertencimento, etc., a gente começou a perceber, em um dado momento, que uma tribo, ela, isoladamente, ela não tinha uma capacidade de investimento grande, por exemplo. Ela não tinha poder para fazer certas ações pensando mais no futuro. Ela, sozinha, ela é como se fosse uma empresa bem pequenininha, e com uma capacidade baixa de investimento. A gente começou a perceber, então, que essas tribos, se juntassem em alianças, virava como se fosse algumas empresas de tamanho médio que, consequentemente, tinham mais capacidade de fazer certos investimentos necessários, investimentos estruturais necessários para poder criar coesão dentro da tribo, trinar gente, etc. Surgiu o conceito de aliança, que é outro que surgiu até recente, e que parece quase que incrível como é que não tinha isso. Não sei se vocês concordam. Eu também já fico achando tão estranho pensar que não tinha aliança. Você podia contar, Ludi, como é que foi a história da aliança…

Ludi: Então, esse histórico meu e do Henrique é muito interessante, porque é isso. Nós nascemos todos na mesma tribo, e a tribo cresceu demais. A gente se dividiu em duas tribos. A empresa foi crescendo, o número de pessoas foi aumentado, e quando surgiu esse conceito de aliança, foi quase automático pensar em unir novamente javalis e suricatos na mesma aliança. E foi assim que nasceu a nossa aliança, que o nome é, como o Henrique antecipou, é muito sugestivo, que é a aliança hakuna. E foi muito interessante. Hoje, a hakuna ela não tem somente javalis e suricatos. Ela é formada por outras tribos. Todas com o nome e dentro do mesmo universo, outros bichos. Então, a gente tem a tribo savana, a gente tem a tribo Nilo, a gente tem a tribo cacique. Mas todas ali dentro do mesmo universo. E é muito interessante como que as nossas histórias vão se cruzando, porque, agora, da mesma forma que no início, a tribo ainda era um pouco incógnita: “ Como é que funciona isso?”, a gente agora está aprendendo a trabalhar em aliança, e a gente está tendo que ter o desafio oposto, porque agora é a gente unir as nossas forças novamente. Então, é muito interessante, porque foi uma dor da separação, e agora a gente tem esse desafio de voltar a se conectar, e voltar a funcionar com muita sinergia a tribos dentro da aliança. Então, a gente está fazendo o caminho oposto. A gente está voltando todo mundo a se integrar novamente. Que é um desafio. Depois de dois anos separados, Henrique, a gente voltar e atuar com muita sinergia. Então, agora a gente está trilhando esse caminho oposto, que a gente ainda está aprendendo. Mas estamos caminhando.

Henrique: É engraçado. O fato de a gente ter separado no passado em duas tribos, gerou um distanciamento. E agora, iguala Ludi falou, tem uma dificuldade para voltar de novo. Mas tem todo um passado junto. O que eu acho muito interessante na questão da aliança, e também voltando para a parte de squad, e tribo, é que a gente não pode subestimar de forma alguma o poder de interação de grupos menores, que eu acho que ali que se cria amizade. Então, ali que cria verdadeira conexão entre as pessoas. Só que esses grupos menores eles precisam de um grupo maior. Pertencer a um grupo maior, para ter uma certa estrutura, para se sentir suportado. E você navega tanto no sentido de tribo, squad, quanto no sentido de aliança e tribos. Então, a ideia da aliança, hoje, para mim, é como se fosse a gente a criação da tribo certo tempo atrás, só que agora os nossos squads são, na verdade, tribos. Era isso que eu queria completar, que eu acho que…

Chuster: Henrique, isso, para mim, é uma das coisas mais bonitas, que eu gosto nessa estrutura. Você falou um negócio que eu acho super bacana. Como se fosse assim… tem uma coesão fortíssima no squads, mas o squad tem uma rede de proteção no entorno dele, que é a tribo. E a tribo tem uma rede de proteção que é a aliança, e a aliança tem a DTI, com o centure e com os chapters, e as guildas e etc. Então, eu sempre costumo falar: Acaba que é uma estrutura muito factal, no sentido de você sempre ter um centro apoiando uma periferia. Então, a DTI a gente entende muito que é um centro, que tenta ser um centro servidor. É o centro da empresa servindo a periferia, no sentido de quem é que tem o contato, traz a voz aos clientes, que são as diversas alianças. As alianças, por suas vezes, têm tribos que tem o centro, que tem uma estrutura que está apoiando as diversas tribos. A aliança, e para poder as tribos que, no final das contas, vão estar na periferia mesmo. Se você der um zoom na tribo: “Poxa, o que que a tribo tem?”. Ela tem um centro também, que está apoiando os vários squads, para poder… que é onde no final das contas, se gera valor dentro do squad. E se você chegar no squad, você tem um centro também. Você tem isso com o Márcio, por exemplo, que é um líder servidor, também habilitando, que a estrutura seja uma estrutura geradora de valor. Quando você tenta achar esse equilíbrio, você tem uma coesão enorme, quando você vai chegando mais, dando um zoom in, e quando vai dando zoom out, você vai criando mais capacidade de estruturação, de créditos e estruturas que sustentem aquilo. E eu acho que a gente pode falar também sobre uma coisa que vai surgir agora, que são as enterprises, que é mais um nível que nós estamos pensando. Ou seja…

Samuel: Essa eu não sabia não, Chuster. Isso é spoiler.

Chuster: Então, a gente está percebendo que nessa evolução natural. Igual o Henrique falou, a tribo de hoje, amanhã é aliança. Na antiga aliança, o que a gente vê? A gente começa a perceber que existe uma estrutura maior ainda, que poderia comportar várias alianças, e o que ela poderia trazer de novo, na minha visão, é uma capacidade maior de inovação. As alianças e tribos elas acabam ainda focadas em um tipo de atividade, e eu tenho uma expectativa que as enterprises … porque, eu não sei se a gente… acabou que não falou aqui, mas uma aliança hoje acaba que tem… são quantas pessoas? 150, uma aliança?

Henrique: É, acho que está de 100 a 150, mais ou menos.

Chuster: É. Então, imagina uma enterprise, que já é mais de uma aliança. Daqui a pouco é uma empresa, uma empresa com uma gestão bem independente, e ainda de amplo, vem de uma estrutura da DTI, com uma capacidade ainda maior. Porque, quando você junta, você cria essa capacidade de correr certos riscos, de investir mais em estruturas e, por exemplo, de inovar. Como é que vocês estão enxergando? Porque a hakuna está caminhando para… a gente pretende que vire uma enterprise, não é isso, Henrique?

Henrique: É, eu ia comentar isso. Eu estava pensando isso, exatamente quando você estava falando, parece que a estrutura em si, seja de tribo, e agora, no caso, maior, de aliança, parece que ela habilita a gente a assumir novos desafios. Não novos, desafios maiores, mais complexos. E quando esse desafio vem, a gente precisa novamente arrumar novos suportes, crescer mais. Isso é um ciclo. Então, a ideia é sempre crescendo conforme os desafios vão chegando. Nosso potencial de alcançar desafios vai aumentando também.

Chuster: Sim, isso é interessante Ludi, porque vocês estão integrando para caramba, daqui a pouco, talvez, vocês virem duas alianças, e uma enterprise compreendendo as duas alianças.

Ludi: Queria destacar aqui também que, quando a gente pensa no time também, isso é muito interessante, porque esse crescimento ele reflete automaticamente no crescimento dos profissionais daquele time. Então, na verdade, quando a gente está expandindo a nossa estrutura, está criando novas estruturas, a gente está puxando alavancagens. Então, a gente está puxando o pessoal que está dentro dos squads, para também assumirem mais desafios. Nós vamos assumir mais desafios, consequentemente, eles também. Então, é uma estrutura habilitadora para alavancagem também, que eu acho que é muito interessante.

Chuster: Sim, sim, vai abrindo caminhos. Ela é uma estrutura capaz de, por si só, tomar mais risco, e fazer mais experimentação e, ao mesmo tempo, de colocar muito mais gente no jogo, de criar muito mais trajetórias, muito mais espaço e, realmente é nisso que a gente acredita muito. Pessoal, é isso aí. Acho que falamos, cobrimos desde o surgimento da divisão, a junção de novo, a reintegração das tribos. Espero que os ouvintes tenham gostado desse episódio. A gente tenta sempre… espero que não tenha ficado confuso para quem está de fora, fique pensado: “Gente, mas meu Deus do céu, que confusão é essa? Faz a tribo, quebra a tribo, junta, faz aliança”. Mas a verdade, e a gente fala isso demais, eu acho que é como eu falei no começo, o ágio ele exige essa reflexão contínua, esse aprendizado contínuo. A base do ágio, o princípio maior é isso, é você não ter nenhum dogma que você ache que seja absoluto. Então, tem hora que você centraliza mais, tem hora que você descentraliza, tem hora que você aumenta a estrutura, tem hora que você diminui a estrutura. O que importa é ter esse aprendizado contínuo, e estar sempre avançando. E é isso que a gente pelo menos tenta fazer aqui o tempo todo. Pode ser que daqui a alguns anos, a gente volte com um episódio contando uma outra história. Sei lá se a enterprise vai existir ou vai ter virando enterprise do jeito que a gente imagina. Isso é um capítulo novo que ainda vai acontecer. É isso Henrique, Samuel e Ludi. Muito obrigado. Um grande abraço para vocês.

Ludi: Obrigada, pessoal.

Samuel: Valeu, gente. Até mais.

Chuster: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar hoje mais um episódio dos agilistas. Hoje, nós vamos falar sobre um assunto que a gente é muito perguntado. E de forma geral, se pergunta muito sobre a estrutura da DTI, e como nós somos compostos aqui por múltiplas tribos, e agora as tribos inclusive se agrupam em alianças, se pergunta muito como surge exatamente, como é que vocês definem quando que uma tribo começa, qual que é o tamanho ideal de uma tribo, o que que seriam essas alianças, que são esses conjuntos de tribos. E como eu já falei aqui em outros episódios, a gente gosta de compartilhar essas experiências, nunca com a pretensão de ter nenhum tipo de fórmula, mas sempre entendendo que isso pode servir de reflexão para alguém que quer seguir algum caminho similar. Aproveitando esse momento, a gente também entende o quê? Quando a gente fala em tribos, e squads e etc., e a gente hoje, normalmente, como muitos se inspiraram no modelo do Spotify, mas a verdade é que a gente se inspirou no modelo, mas seguiu um caminho completamente nosso, que é o que a gente acredita, de seguir um caminho, a gente não tem. Se existir alguma regra no Spotify, que fala qual que é o tamanho de uma tribo, eu nem sei qual é essa regra. A gente é completamente… é irrelevante. A gente foi criando a nossa própria estrutura. Para poder falar sobre isso, e a ideia é estar aqui, então, é contar mais ou menos como é que surgiram as tribos inicialmente, e o que de aprendizado a gente foi tendo, e como é que foi evoluindo isso até hoje em dia, como é que surge uma tribo, por exemplo, porque no começo foi mais, uma definição mais baseada em afinidade, que já tinha com alguns clientes, trouxe três pessoas aqui. Um é novo nos agilistas, mas eu tenho certeza que fará muito sucesso. Henrique Dutra. Tudo bom, Henrique? Henrique: Tudo bem? Boa noite, bom dia, boa tarde para todos. Chuster: Você podia se apresentar… se apresenta, Henrique. Henrique: Prazer. Meu nome é Henrique. Estou na DTI tem uns quatro anos. Acompanhei uma boa parte do nascimento, da reestruturação dessa estrutura de tribos, de squads, aliança. Vai ser um prazer contar um pouco da história aqui que eu vivi para vocês. Chuster: Estamos aqui também com pessoas que já participaram. Samuel. Beleza, Samuel? Samuel: E aí, Chuster? Tudo bem. Chuster: Aproveita e apresenta rapidamente, Samuel, para quem não te conhece. Samuel: Também estou aqui na DTI tem uns três anos e meio. Um pouquinho menos que o Henrique. E também estava bem no início, quando a gente começou a estruturar a empresa com as tribos, e agora as alianças. Então, também vou conseguir compartilhar um pouquinho de como foi o início da origami, que foi a minha tribo inicialmente. Chuster: Já deu um spoiler aí. Estamos também aqui com a Ludi. Beleza, Ludi? Ludi: Olá Chuster. Olá, pessoal. Já estive aqui em alguns episódios. Eu estou na DTI a dois ano e meio. Cuido, também sou líder de tribo. Quando eu entrei, as tribos ainda estavam se consolidando. Já existiam algumas tribos. E pouco depois que eu entrei, eu já tive oportunidade de fundar uma nova tribo, como a gente vai contar para vocês. Chuster: Então, excelente, gente. Assim, uma coisa que a gente sempre comenta aqui, reiteradamente, é que a mudança tem que ser contínua. Aquela metáfora do café com leite. E aí, eu até brinco. Depois que o café com leite virou café com leite, ele não sabe contar como é que ele virou café com leite. Eles atinam. Então, nós vamos tentar contar os caminhos aqui, mas são caminhos com muito experimentação, e a gente criou uma narrativa agora, tentando ver o que que aconteceu de mais importante. E eu queria começar aqui com o Henrique, porque, assim… e aí, Henrique, você pode até questionar minha memória, tá? Se a minha memória tiver errada, porque eu sou péssimo com memórias. Eu não sei há quanto tempo atrás nós criamos as tribos. Inicialmente a gente usava muito essa afinidade de criar tribos mais ou menos já ligadas a clientes. Já tinha uma certa afinidade ali. A gente oficializou uma estrutura, e começou a tentar dar mais autonomia ali. E você estava à frente de umas tribos mais antigas, que é os javalis, mas já tinha até um pouco de história. Conta um pouquinho como é que foi esse surgimento dos javalis. Henrique: Quando eu cheguei na DTI, eu lembro que o desafio era acompanhar o time de sustentação. E a sustentação, por si só, são guerreiros mais solitários, que ficam nas batalhas diárias. E já se falava, já tinha a ideia dos squads, para estar atuando um pouco nos clientes, mas a sustentação era um pouco… ficava de lado, porque não tinha esse agrupamento já formalizado. E uma coisa que a gente começou a identificar no início do desafio, foi que as pessoas precisavam se agrupar de alguma forma, se sentir pertencentes a algum grupo. E aí, surgiu os squads da sustentação, que era uma coisa até então diferente, assim, inovadora, no sentido de grupos mesmo. E eu lembro que a gente começou até a ser um pouco comparado com projeto. Geralmente o projeto tem um glamour maior do que a sustentação, e a gente foi alcançando esse glamour, esse conceito, quando a gente conseguiu se agrupar, criar uma identidade forte. E aí, nasceu a tribo. Os squads que a gente estava, squads de porcos. Foi até engraçado botar um nome chocante na época. Foi muito relacionado àquela tirinha do porco e da galinha. Que a galinha era… envolvimento e comprometimento. Mas nasceu os squads de porcos. Eram quatro squads. E o conjunto dos squads nasceu-se também a tribo, que a gente chamou de javalis, porque, lendo um livro também, descobrimos que o javali era… não poderia ser enjaulado. Então, a gente associou, (inint) inclusive a autonomia que a gente tinha, que a DTI, que o ambiente já provia para a gente. Então, saímos de squad de porcos para formar um grupo maior, que foi a tribo de javalis. Chuster: Como é que é a história? Javali não pode ser enjaulado? Henrique: A gente, na verdade, leu falando que os porcos não poderiam ser domesticados. E a gente… Chuster: Entendi. Henrique: … tinha um orgulho de a gente brigar muito pela autonomia. Então, a gente se auto intitulou como javalis. Chuster: Javali, como eu lia muito Asterix e Obelix, javali eu só lembro do Obelix se alimentando de javalis. A refeição principal do Obelix. Então, ou seja, já existia um grupo coeso ali, porque eu lembro, e eu até queria colocar o Samuel no jogo também, porque… tentando mostrar as origens. Eu lembro que a gente teve essa ideia: “Nós temos que descentralizar e começar a criar grupos, que tem uma identidade maior, e que consigam exercer autonomia”. Foi quando surgiu esse conceito de tribo. Já existia uma coesão grande entre vocês, e ficou muito natural criar uma tribo, ainda que, no começo, a gente não soubesse tão bem nem o que significaria aquilo exatamente. Eu lembro do pessoal sempre perguntando isso: “Mas eu tenho autonomia para exatamente o quê? O que que eu posso fazer aqui?”. Nessa época… deve ter sido na mesma época, Samuel, que surgiu a origami. Samuel: Eu acho que sim. Eu acho que sim, Chuster. Foi muito parecido com o que o Henrique contou. Foi um movimento muito orgânico, porque a gente ficava todo mundo muito junto no cliente, e tinha uma sinergia muito grande, porque a gente estava… a gente começou com um time pequeno, e foi criando outros squads dentro do mesmo cliente, e os meninos sentiam muita falta dessa interação que a gente tinha no dia a dia, e de ser fácil de compartilhar e de ligar mesmo as pessoas. Teve um dia, a gente conversando depois de uma reunião, falando sobre isso, que a gente precisava criar esse senso de comunidade, esse senso de união entre as pessoas que estavam dividindo o mesmo contexto. A gente meio que começou a se organizar para criar. A gente nem sabia que tinha o nome de tribos. A gente não sabia nada disso. A gente queria meio que juntar os squads e falar assim: “A gente aqui, que temos o mesmo contexto, estamos associados por algum problema, alguma coisa assim, a gente quer meio que se tornar uma unidade”. A gente começou a discutir, e em uma reunião, igual eu falei, a gente falando sobre nomes, surgiu um dos meninos, que foi até o Bruno, se eu me lembro bem, ele falou origami. E a gente: “Tá. Mas por que origami?”. Tinha uma explicação até meio poética do nome origami. Não era nada disso de não pode ser enjaulado, igual o Henrique explicou, mas era porque origami, além de ser uma arte muito bonita, ser uma coisa muito bonita, precisava, tinha uma precisão técnica muito grande. Então, era por isso que a gente resolveu colocar o nome de origami. A tribo cresceu demais, e a gente teve que quebrar. Mas a gente conta isso um pouquinho mais para frente. Henrique: Dava até um ponta de inveja de tão criativo que era cada nome. Era impressionante, como você criava culturas diferentes. Não cultura em si, mas identificações diferentes, todas querendo prover valor naquilo que faz, mas de forma diferente. Chuster: Não, isso que eu acho super legal.  O próprio ritual de escolher um nome já é algo que cria uma auto-organização e cria uma coesão, porque as pessoas pensam, defendem o nome, e tem… e é super interessante, porque os nomes são os mais variados possível, e com inspirações das mais diversas possíveis. Então, para quem está ouvindo não perder a noção. A gente começou a criar esse movimento dentro da empresa. Alguns grupos que já tinham até uma proximidade. No fundo a gente só oficializou isso mais, e isso que a gente sempre comenta. O mero fato de oficializar e criar alguns símbolos, começa a criar alguns elementos de auto-organização em torno do qual você vai evoluindo.  Eu queria colocar a Ludi na conversa. Eu também não tenho menor ideia quando que ela entrou no final das contas nesse jogo. Mas eu sei que ela entrou em algum momento na javalis, não é, Ludi? E você podia contar essa história. O que que você já encontrou, talvez, quando você entrou? Acho isso interessante, alguém que veio de fora. Você entrou na DTI, mas entrou na javalis. E depois, a gente pode avançar, para quando que se começou a sentir essa necessidade de divisão. Ludi: Exatamente. Quando eu cheguei, a tribo javalis, foi o final de 2018. E a tribo javalis já era uma tribo grande. Já era uma tribo bastante consolidada. Quando eu entrei, a tribo já tinha cerca de 70 pessoas. Então, já era uma tribo enorme. Chuster: Nossa, tinha isso tudo, então? 70 pessoas? Ludi: Tinha, tinha. E eu acho que foi um dos primeiros casos de divisão de tribos, porque tudo era novo, inclusive essa percepção de que estava na hora de quebrar a tribo. Era novo na época. Então, quando eu cheguei, a gente estava iniciando em um novo cliente. A gente estava começando um conta nova em um novo cliente. Esse cliente começou a demandar, e quando a gente percebeu, já tinha dez, 12 pessoas cuidando daquele cliente. E aí, de forma muito orgânica, a gente começou a perceber que estava existindo ali um conjunto de pessoas dentro daquela tribo, que também tinha uma identificação. Dentro de uma tribo, já existia um grupo que tinha uma certa identificação. E surgiu a ideia. Eu e o Henrique conversamos, e tivemos a ideia de separar essa turma, e formar uma nova tribo. Na época, ainda foi um pouco traumático, ainda mais na javalis, a gente tinha uma identificação enorme com a tribo. Então, algumas pessoas chegaram a ficar, chateadas: “Nossa, mas eu não vou mais ser da javalis”. E teve todo esse processo também: “Puxa, agora a gente não é mais javalis. Precisamos escolher um outro nome”. E também foi muito interessante, porque a gente acabou escolhendo o nome de suricatos, fazendo uma homenagem ao Timão e ao Pumba. E a gente queria muito escolher um nome que mostrasse… como se fizesse uma homenagem mesmo para a javalis, que era a nossa tribo mãe. Então, a gente quis dar esse nome para mostrar que seríamos tribos irmãs, digamos assim. E também vem as explicações secundárias. O fato dos suricatos serem animais que são muito antifrágeis, embora sejam muito pequenos, de pequeno porte. Eles se organizam em grupos, em grupos extremamente poderosos, em grupos extremamente antifrágeis. Eles cuidam uns dos filhotes dos outros para poderem ir e caçar. Então, eles têm uma organização coletiva muito interessante. Então, isso incentivou ainda mais o nome. E a nossa tribo suricatos começou com cerca de 12 pessoas. A tribo tem dois anos, e agora, depois de dois anos, a gente está com o número de 45 pessoas. E, dois anos depois, a suricatos vai se dividir. Então, é muito interessante como que é esse ciclo. A tribo ela vai… organicamente a gente começa a perceber que a situação está chegando em um ponto que está ficando muito grande, que a gente já está começando a ter um pouco de dificuldade de se comunicar com todo mundo, e as próprias pessoas já começam a notar que é hora de fazer uma divisão. Chuster: Então, isso que eu queria voltar agora para o Henrique. Interessante isso, ou seja, javalis surgiram, foram crescendo, chegaram… engraçado. Quem é de fora não imagina o tanto que… o pessoal só de quem a gente vai saber, tinha uns apitinhos de porco. Tinha toda uma simbologia, que era icônico. Então, criava… o nome era muito forte mesmo. O que quê… que depois eu quero ver o que que o Samuel diz também, Henrique, mas o que que começa a dar sinal de que a tribo pode estar perdendo o sentido? Por que que a gente foi começando a perceber que ficar grande demais não era boa? Ou seja, a tribo ficar grande, por si só, não era uma meta boa para a tribo, e não era boa para o que a gente queria, quando a gente criou as tribos. Henrique: É, essa pergunta é difícil, Chuster. Eu acho que o crescimento, ele impacta diretamente na quantidade de interações que a gente tem, pessoais. E, além disso, a gente tinha uma diversidade muito grande com relação aos clientes que a tribo atendia. Então, foi uma forma que a gente achou, essa divisão. Foi um passo tentar adaptar melhor, para melhorar um tempo de resposta, e para tentar criar um grupo com a identificação onde, dentro daquele grupo, as pessoas ficassem mais unidas, ou seja, elas se preocupassem mais num grupo relativamente menor do que elas dissipassem a energia tentando fazer interações em um grupo maior. Então, eu acho que foi muito nessa linha. Só um comentário só, que eu não posso deixar de fazer. A javalis nasceu com essa imagem um pouco meio rebelde, e depois da separação, e agora, se você pensar, dando spoiler do próximo assunto, da aliança, que fez a javalis e a suricatos, nasce um papel de hakuna matata, que é um negócio mais lúdico. Mas vê se eu te respondi à pergunta da divisão. Acho que é muito isso. A divisão é uma ideia de concentrar e tentar melhorar. Criar um grupo mais coeso, de certa forma. Chuster: Não, eu concordo muito com isso. É engraçado, porque é o seguinte: Quando você tem a tribo… eu lembro que quando a tribo começava a ficar muito grande, ela começa a ter os problemas de uma empresa grande, no sentido de as pessoas confiarem muito em abstrações. As pessoas já chegam em um lugar onde… parece que perde um pouco esse sentido de dono, e de perceber que o que eu faço ali tem relevância, eu consigo ter voz dentro da tribo, que isso é super importante. A gente brinca muito com esses símbolos, que os símbolos são legais, mas o que faz o negócio funcionar mesmo é as pessoas sentirem que elas têm uma autonomia de verdade, e que elas são relevantes de verdade. Que elas vão, de alguma forma, influenciando no… eu sempre falo isso, porque tem muita gente que inverte. Acha que é só fazer uma série de coisas bacaninhas e que vai dar tudo certo. Se fosse assim, era fácil de resolver. Essas coisas elas são boas, elas são legais para criar confraternização, para criar um clima bom, mas é claro que existe uma filosofia mais forte, que cria coesão. Eu acho que foi que mais ou menos isso que aconteceu na origami também, não foi, Samuel? A origami também estava grande, e estava meio que com esse problema de… além… só um negócio antes de você falar, Samuel. O que o Henrique falou não é o caso da… quando começa a ter vários clientes, a gente gosta de ser muito customer centric. Então, é claro que tem tribos que atendem mais de um cliente quando a operação é menor e com muito foco, mas quando são clientes maiores, essa separação cria essa centricidade no cliente mesmo, no tempo de resposta é muito rápido, uma dedicação muito grande. Mas, no caso da origami, Samuel, quais são as suas lembranças e suas percepções que levaram a essa necessidade de separar também? Samuel: Então, eu acho que você explicou direitinho. Assim, a gente na origami também começou a ficar grande demais. Eu lembro da época que a gente tinha 90 pessoas na tribo. Então, não fazia nem sentido. Era igual você disse, era quase que uma empresa mesmo, pela quantidade de pessoas e tal.  A gente tinha alguns clientes dentro da tribo na época, e tinha um que era muito mais representativo na quantidade de pessoas. Acabava que os outros… pessoas, elas acabavam não tendo muita voz dentro da tribo, porque os problemas delas sempre ficavam meio que obscurecidos pelos outros problemas da maior parte do time. Então, a gente sentiu muito a necessidade de separar os clientes, até para ter essa autonomia um pouco maior das outras pessoas, e também porque eu comecei… eu via algumas lideranças, e que elas precisavam de espaço para de fato ter autonomia, para poder fazer essa gestão da tribo. Então, a gente pegou e fez uma quebra, separando um cliente dos outros, e nasceu a birds na época. A birds veio, porque o símbolo do origami já era um passarinho, era o tsuru. Então, meio que veio como uma ligação de origami, veio a birds. Depois, a origami continuou crescendo e, de novo, atingiu um nível que estava muito difícil. A gente tinha umas 70 pessoas, igual a gente falou. Fica muito difícil de você ter essa autonomia, de você estar a par das coisas que estão acontecendo e, de novo, começam a imergir lideranças, e elas precisam de espaço para poder crescer. Quando a gente tem só uma tribo, fica um pouco limitado, as pessoas não conseguem ter voz, igual a você disse. Então, a gente resolveu, de novo, quebrar. Dessa vez, a gente optou por não ter mais o nome origami, porque ia ser uma briga para ver qual tribo ficaria com o nome origami, e qual outra tribo seria um outro nome. A gente fez uma votação, e a gente queria nomes que fossem correlacionados entre eles. E a gente chegou num ponto, fez uma votação, um tempão, e a que ganhou foi a andrômeda e a qualis, mas já não tinha uma explicação. Então, era mais porque eram estrelas, constelações e tal. A gente brincava muito que o origami tinha deixado de ser uma tribo para virar um mindset. Então, todo mundo tinha um mindset, um estilo origami, mas não fazia mais parte da tribo origami. Chuster: Entendi. É, porque sempre tentar se manter aquela história que tinha. Esse negócio de… é super interessante. Vocês falaram da… a Ludi comentou que o pessoal super triste quando saiu da… inicialmente um choque de sair da Javalis para a Suricatos. A gente sempre tem que balancear esse espírito tribalhista com o espírito do cara entender que ele está na DTI, que ele está numa aliança também, e encarar essa mobilidade de forma mais natural. Isso é curioso. Então, a gente falou mais ou menos o seguinte: Então, a gente criou as tribos. Essa auto-organização realmente criou um senso de autonomia. As tribos estão atendendo melhor os clientes, foram conseguindo crescer, foram criando autonomia para crescer, inclusive sozinho. Foram incorporando RH dentro da tribo, uma série de coisas. As próprias tribos começaram a virar uma estrutura um pouquinho, talvez, centralizadora, burocrática, e onde as pessoas perdiam um pouco de espaço. Como a gente entende que tem que ter espaço, tem que ter autonomia e acredita muito nessa diversidade, a gente começa esse movimento de novo, de quebrar tribos, que atende tanto essa visão de cada um, e esses grupos de poder interagem muito e terem voz, quanto a necessidade de ser customer centric. Mas, tem um outro negócio que eu queria ver o que que vocês me dizem, antes até de a gente entrar em aliança, que eu acho que é um assunto super interessante também, é assim. Mas a gente funda algumas tribos em situações específicas ainda hoje, ou é sempre a partir… alguém pode pensar: “Uma tribo surge do nada, digamos assim? Pega uma tribo e surge, ou ela sempre surge hoje dentro de uma tribo, e depois ela separa? Ou ela sempre surge dentro de uma tribo que cresce e separa?”. O que que você me diz disso, Ludi? Ludi: Eu acho que tem tribos que surgem realmente… não surgem de outras. Tem tribos que realmente podem surgir totalmente novas. Às vezes, quando a gente começa com um novo cliente. Então, pode ser que a gente tome a decisão de começar uma tribo do zero. Ainda acontece de tribos se dividirem, porque, às vezes, a própria operação do cliente cresceu demais. Então, eu acho que hoje acontecem as duas situações. Tanto a tribo que nasce sem ser de outra quanto divisões. Acho que hoje em dia as duas coisas são bastante comuns. Não sei se o Samuel e o Henrique partilham dessa visão. Samuel: Até para contar uma história sobre isso, porque a minha primeira tribo foi a origami, que emergiu muito naturalmente. E a minha… teve as quebras e tal. Mas, depois, eu saí, vim aqui para São Paulo, e acabei fundando uma nova tribo, e aconteceu muito isso que a Ludi acabou de explicar, da tribo nascer do nada. Inicialmente, a tribo era só eu, que era a tribo garoa. Fora de São Paulo, terra da garoa, virou tribo garoa. Só que a gente teve uma dificuldade muito grande no início, quando começaram a nascer os squads, por quê? Porque ou as pessoas vinham, a gente contratava e vinha de fora da DTI, ou vinham de outras tribos da DTI. E como eles não participaram do nascimento da garoa, eles tinham uma dificuldade muito grande de se conectar com a tribo, e de se conectar entre eles. Então, tinha uma crise meio que de identidade, que foi muito forte, e a gente teve que tratar muito isso no início da garoa, para que a galera começasse a realmente se sentir parte de uma tribo, a partir de uma unidade. Henrique: Isso para mim é extremamente interessante, porque, quando nasceu as tribos, a gente não sabia do potencial, o que exatamente era uma tribo. Então, ela teve que nascer, sem muito planejamento. Foi um negócio orgânico, criando. Hoje, a gente já conhece o que é a estrutura, o que ela nos possibilita. Então, existem tribos que nascem de forma orgânica, por causa do crescimento de uma tribo, ou por um planejamento prévio, (inint). Mas, por um planejamento, a gente já estrutura um embrião, uma tribo embriã, com aquele sentimento que ela vai crescer. Então, o fato de a gente já conhecer, isso possibilita a gente tomar uma decisão diferente. Chuster: Sim. É interessante isso que você falou. A gente evita, eu diria, Samuel, fazer o que a gente fez no caso da garoa. O da garoa tinha um motivo até geográfico. Samuel: Isso. Isso. Chuster: A gente queria marcar muito simbolicamente essa ida para São Paulo, digamos assim. O que é engraçado, porque, com a pandemia, acabou esse troço todo. Esse é muito… agora a gente trabalha remoto, (inint) clientes, a empresa está super remota. Então, isso é uma coisa que… mas é interessante, porque você pode até ter um cliente que você vê que tem um potencial de crescimento muito grande, igual o Henrique disse. Então, você deliberadamente já imagina que vai ter uma tribo ali. Mas, primeiro, você cria a semente daquela tribo, dentro de uma tribo já existente. Vários motivos. Ela já está em um ambiente de total estrutura. Vai mobilizar toda essa estrutura, essa rede nossa. Vai estar aculturada e, quando tiver que sair, também sai já com uma identidade, e criando esse hit de fundar uma nova tribo. É um negócio interessante. Isso que eu acho curioso, que a gente fala do… a gente adora falar do fucking first step. A gente, em algum momento, deu um primeiro passo, e começou a criar as tribos de forma orgânica, e sem ter um tanto de respostas. Igual o Henrique falou, achei bem interessante. A gente não sabia nem o que que era estruturizar, e as pessoas não sabiam exatamente o tipo de autonomia que iam ter. O fato é: A gente já pratica isso a tanto tempo que, hoje, ninguém tem dúvida mais, o que que é uma tribo e o que que ela é capaz. É um negócio muito curioso isso. Eu, aliás, eu tenho dúvida sobre como é que a gente fazia antes de ter tribo. Eu fico pensando: “Cara, que loucura. Como é que era antes de ter tribo?”.  A minha dúvida é até curioso. Com isso, para a gente, ficou extremamente natural. “Poxa, criou uma tribo nova aqui”, igual o Henrique falou. Planta, cultiva uma tribo aqui, cria, etc. E tem um outro movimento, que eu acho interessante, quando a gente fala criação, divisão, juntar tribos, que foi o seguinte: Da mesma forma… olha como é que são as coisas. A gente fala que você não pode ter apego. Da mesma forma que a gente percebe que a aliança ficava grande demais, e tirava o senso de pertencimento, etc., a gente começou a perceber, em um dado momento, que uma tribo, ela, isoladamente, ela não tinha uma capacidade de investimento grande, por exemplo. Ela não tinha poder para fazer certas ações pensando mais no futuro. Ela, sozinha, ela é como se fosse uma empresa bem pequenininha, e com uma capacidade baixa de investimento. A gente começou a perceber, então, que essas tribos, se juntassem em alianças, virava como se fosse algumas empresas de tamanho médio que, consequentemente, tinham mais capacidade de fazer certos investimentos necessários, investimentos estruturais necessários para poder criar coesão dentro da tribo, trinar gente, etc. Surgiu o conceito de aliança, que é outro que surgiu até recente, e que parece quase que incrível como é que não tinha isso. Não sei se vocês concordam. Eu também já fico achando tão estranho pensar que não tinha aliança. Você podia contar, Ludi, como é que foi a história da aliança… Ludi: Então, esse histórico meu e do Henrique é muito interessante, porque é isso. Nós nascemos todos na mesma tribo, e a tribo cresceu demais. A gente se dividiu em duas tribos. A empresa foi crescendo, o número de pessoas foi aumentado, e quando surgiu esse conceito de aliança, foi quase automático pensar em unir novamente javalis e suricatos na mesma aliança. E foi assim que nasceu a nossa aliança, que o nome é, como o Henrique antecipou, é muito sugestivo, que é a aliança hakuna. E foi muito interessante. Hoje, a hakuna ela não tem somente javalis e suricatos. Ela é formada por outras tribos. Todas com o nome e dentro do mesmo universo, outros bichos. Então, a gente tem a tribo savana, a gente tem a tribo Nilo, a gente tem a tribo cacique. Mas todas ali dentro do mesmo universo. E é muito interessante como que as nossas histórias vão se cruzando, porque, agora, da mesma forma que no início, a tribo ainda era um pouco incógnita: “ Como é que funciona isso?”, a gente agora está aprendendo a trabalhar em aliança, e a gente está tendo que ter o desafio oposto, porque agora é a gente unir as nossas forças novamente. Então, é muito interessante, porque foi uma dor da separação, e agora a gente tem esse desafio de voltar a se conectar, e voltar a funcionar com muita sinergia a tribos dentro da aliança. Então, a gente está fazendo o caminho oposto. A gente está voltando todo mundo a se integrar novamente. Que é um desafio. Depois de dois anos separados, Henrique, a gente voltar e atuar com muita sinergia. Então, agora a gente está trilhando esse caminho oposto, que a gente ainda está aprendendo. Mas estamos caminhando. Henrique: É engraçado. O fato de a gente ter separado no passado em duas tribos, gerou um distanciamento. E agora, iguala Ludi falou, tem uma dificuldade para voltar de novo. Mas tem todo um passado junto. O que eu acho muito interessante na questão da aliança, e também voltando para a parte de squad, e tribo, é que a gente não pode subestimar de forma alguma o poder de interação de grupos menores, que eu acho que ali que se cria amizade. Então, ali que cria verdadeira conexão entre as pessoas. Só que esses grupos menores eles precisam de um grupo maior. Pertencer a um grupo maior, para ter uma certa estrutura, para se sentir suportado. E você navega tanto no sentido de tribo, squad, quanto no sentido de aliança e tribos. Então, a ideia da aliança, hoje, para mim, é como se fosse a gente a criação da tribo certo tempo atrás, só que agora os nossos squads são, na verdade, tribos. Era isso que eu queria completar, que eu acho que… Chuster: Henrique, isso, para mim, é uma das coisas mais bonitas, que eu gosto nessa estrutura. Você falou um negócio que eu acho super bacana. Como se fosse assim… tem uma coesão fortíssima no squads, mas o squad tem uma rede de proteção no entorno dele, que é a tribo. E a tribo tem uma rede de proteção que é a aliança, e a aliança tem a DTI, com o centure e com os chapters, e as guildas e etc. Então, eu sempre costumo falar: Acaba que é uma estrutura muito factal, no sentido de você sempre ter um centro apoiando uma periferia. Então, a DTI a gente entende muito que é um centro, que tenta ser um centro servidor. É o centro da empresa servindo a periferia, no sentido de quem é que tem o contato, traz a voz aos clientes, que são as diversas alianças. As alianças, por suas vezes, têm tribos que tem o centro, que tem uma estrutura que está apoiando as diversas tribos. A aliança, e para poder as tribos que, no final das contas, vão estar na periferia mesmo. Se você der um zoom na tribo: “Poxa, o que que a tribo tem?”. Ela tem um centro também, que está apoiando os vários squads, para poder… que é onde no final das contas, se gera valor dentro do squad. E se você chegar no squad, você tem um centro também. Você tem isso com o Márcio, por exemplo, que é um líder servidor, também habilitando, que a estrutura seja uma estrutura geradora de valor. Quando você tenta achar esse equilíbrio, você tem uma coesão enorme, quando você vai chegando mais, dando um zoom in, e quando vai dando zoom out, você vai criando mais capacidade de estruturação, de créditos e estruturas que sustentem aquilo. E eu acho que a gente pode falar também sobre uma coisa que vai surgir agora, que são as enterprises, que é mais um nível que nós estamos pensando. Ou seja… Samuel: Essa eu não sabia não, Chuster. Isso é spoiler. Chuster: Então, a gente está percebendo que nessa evolução natural. Igual o Henrique falou, a tribo de hoje, amanhã é aliança. Na antiga aliança, o que a gente vê? A gente começa a perceber que existe uma estrutura maior ainda, que poderia comportar várias alianças, e o que ela poderia trazer de novo, na minha visão, é uma capacidade maior de inovação. As alianças e tribos elas acabam ainda focadas em um tipo de atividade, e eu tenho uma expectativa que as enterprises … porque, eu não sei se a gente… acabou que não falou aqui, mas uma aliança hoje acaba que tem… são quantas pessoas? 150, uma aliança? Henrique: É, acho que está de 100 a 150, mais ou menos. Chuster: É. Então, imagina uma enterprise, que já é mais de uma aliança. Daqui a pouco é uma empresa, uma empresa com uma gestão bem independente, e ainda de amplo, vem de uma estrutura da DTI, com uma capacidade ainda maior. Porque, quando você junta, você cria essa capacidade de correr certos riscos, de investir mais em estruturas e, por exemplo, de inovar. Como é que vocês estão enxergando? Porque a hakuna está caminhando para… a gente pretende que vire uma enterprise, não é isso, Henrique? Henrique: É, eu ia comentar isso. Eu estava pensando isso, exatamente quando você estava falando, parece que a estrutura em si, seja de tribo, e agora, no caso, maior, de aliança, parece que ela habilita a gente a assumir novos desafios. Não novos, desafios maiores, mais complexos. E quando esse desafio vem, a gente precisa novamente arrumar novos suportes, crescer mais. Isso é um ciclo. Então, a ideia é sempre crescendo conforme os desafios vão chegando. Nosso potencial de alcançar desafios vai aumentando também. Chuster: Sim, isso é interessante Ludi, porque vocês estão integrando para caramba, daqui a pouco, talvez, vocês virem duas alianças, e uma enterprise compreendendo as duas alianças. Ludi: Queria destacar aqui também que, quando a gente pensa no time também, isso é muito interessante, porque esse crescimento ele reflete automaticamente no crescimento dos profissionais daquele time. Então, na verdade, quando a gente está expandindo a nossa estrutura, está criando novas estruturas, a gente está puxando alavancagens. Então, a gente está puxando o pessoal que está dentro dos squads, para também assumirem mais desafios. Nós vamos assumir mais desafios, consequentemente, eles também. Então, é uma estrutura habilitadora para alavancagem também, que eu acho que é muito interessante. Chuster: Sim, sim, vai abrindo caminhos. Ela é uma estrutura capaz de, por si só, tomar mais risco, e fazer mais experimentação e, ao mesmo tempo, de colocar muito mais gente no jogo, de criar muito mais trajetórias, muito mais espaço e, realmente é nisso que a gente acredita muito. Pessoal, é isso aí. Acho que falamos, cobrimos desde o surgimento da divisão, a junção de novo, a reintegração das tribos. Espero que os ouvintes tenham gostado desse episódio. A gente tenta sempre… espero que não tenha ficado confuso para quem está de fora, fique pensado: “Gente, mas meu Deus do céu, que confusão é essa? Faz a tribo, quebra a tribo, junta, faz aliança”. Mas a verdade, e a gente fala isso demais, eu acho que é como eu falei no começo, o ágio ele exige essa reflexão contínua, esse aprendizado contínuo. A base do ágio, o princípio maior é isso, é você não ter nenhum dogma que você ache que seja absoluto. Então, tem hora que você centraliza mais, tem hora que você descentraliza, tem hora que você aumenta a estrutura, tem hora que você diminui a estrutura. O que importa é ter esse aprendizado contínuo, e estar sempre avançando. E é isso que a gente pelo menos tenta fazer aqui o tempo todo. Pode ser que daqui a alguns anos, a gente volte com um episódio contando uma outra história. Sei lá se a enterprise vai existir ou vai ter virando enterprise do jeito que a gente imagina. Isso é um capítulo novo que ainda vai acontecer. É isso Henrique, Samuel e Ludi. Muito obrigado. Um grande abraço para vocês. Ludi: Obrigada, pessoal. Samuel: Valeu, gente. Até mais.

Descrição

Muitas pessoas têm dúvidas de como surge nossas tribos aqui dentro da dti, qual o tamanho ideal de uma tribo e o que são as alianças que tanto falamos? Gostamos de compartilhar nossas experiencias, nunca com a pretensão de ter nenhum tipo de fórmula, mas entendendo que isso pode servir de reflexão para alguém que quer seguir algum caminho similar. Pensando nisso trouxemos no episódio de hoje um pouco do nosso processo de criação, divisão e reorganização das tribos!