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os agilistas

#149 – Desafios da transformação digital na indústria de base

#149 – Desafios da transformação digital na indústria de base

os agilistas
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Marcelo Szuster: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar mais um
episódio (dos Agilistas) . Uma das linhas temáticas que a gente
gosta de ter aqui no episódio é de grandes empresas contarem como é a
experiência de transformação digital, de transformação cultural nesse
mundo tão maluco sobre o qual a gente comenta sempre. E hoje vamos ter
um case muito interessante contado por uma pessoa que vou apresentar
daqui a pouquinho. É sobre a transformação de um grande grupo industrial
que tem atuação global, que é a RHI Magnesita. É um case
superinteressante, porque é indústria. Muitas pessoas se perguntam o
quanto a indústria é afetada ou não pela transformação digital. É uma
empresa extremamente complexa, porque ela está no mundo todo, em
múltiplas geografias. E tem uma cultura super antiga, super tradicional. E é
aquela coisa que a gente sempre fala quando falamos de indústria: a
indústria tem que manter a excelência técnica e ao mesmo tempo tem que
começar a se transformar no mercado. (E começa a passar)  por
essa transformação. Do lado da DTI, estamos, como sempre, com o Vinição.
E aí, Vinição. Beleza?
Vinição: E aí, pessoal, tudo bem? Vamos lá.
Marcelo Szuster: Estamos aqui também com o Davi Viana. Davi, já
participou antes ou é a primeira vez?
Davi Viana: Primeira vez. Estou tendo a honra de participar dos Agilistas.
Agradeço demais o convite. Vamos bater um papo aí.
Marcelo Szuster: A honra é nossa. O Davi é um arquiteto (super sênior)
 nosso, que atende a RHI. E o Davi, sabe aqueles caras do futebol
que jogam em qualquer posição? Faz tudo, marca gol, vai para o gol se
precisar. É um cara extremamente versátil.
Davi Viana: Tem gente aí que está me chamando de coringa também.
Marcelo Szuster: E agora, apresentando o convidado. Como sempre, vou
pedir para ele se apresentar. Estamos aqui com o José Roberto. A partir de
agora vou chamar só de JR. Tudo bom, JR? Por favor, se apresente para o
pessoal te conhecer.
José Roberto: Obrigado, Szuster. Bom dia, boa tarde, boa noite. Vou
começar igual ao responsável aqui que fez a introdução. Meu nome é José
Roberto Bolognani. Eu trabalho na RHI Magnesita com um nome até bonito:
head of cloud center of excellence. Quando eu assumi essa posição, foi uma
coisa bem interessante, depois de ter passado pela parte de enterprise
architecture. E todo mundo estava me falando: “que nome bonitão. Que
coisa legal que você está fazendo. Não tenho a menor ideia do que significa
isso, mas o nome é bonito”. Do que eu sou responsável aqui? Eu sou
responsável pela parte de transformação de cloud do grupo RHI Magnesita.
Estou baseado em Viena. Um pouquinho de background: eu comecei alguns
anos atrás com desenvolvimento de software, depois caí na parte de
agilidade porque comecei a ter alguns conflitos com o formato tradicional
– isso lá em 2003. Fundei o (Scrum Minas)  em Belo Horizonte,
com o Leandro Faria, e começamos a fazer algumas coisas voltadas para
isso, fazendo treinamento, curso e tudo mais. Depois, me aprofundei e me
especializei na parte de gestão de projetos, onde tive uma carreira com
resultados bastante expressivos dentro da metodologia do (PMI)
. Contribuí com algumas coisas lá para dentro, para falar assim:
“espera aí, PMI, vocês estão olhando para o tal do (agile)  ali?
Tem um negócio interessante acontecendo”, que faz parte do mundo
corporativo, e principalmente das questões de TI e implementação. Tenho
alguns cases interessantes de grandes RPs implementados. Depois, já
estava mais ou menos no final fazendo gestão de programa e projetos,
grandes projetos, (rollout, carve-out), MNA, enfim, começou a
ter um tanto de coisas nesse sentido. Caí para essa parte de enterprise
architecture, e já começa a ter algumas coisas mudadas nessa parte de
transformação. Porque querendo ou não, algumas dessas coisas não são
novas. Acaba que algumas partes disso começaram a incomodar as
empresas e elas começaram a sentir a necessidade de serem mais voltadas
ao customer, negócio acontecendo, solução, estarem mais presentes no dia
a dia dos customers. E eu comecei a estar muito envolvido em coisas
relacionadas a isso. Depois, vim para essa parte de solução de arquitetura
como um todo, enterprise architecture, e veio essa transformação de cloud
para habilitar a empresa a realmente alavancar seus negócios. Claro que
temos a COVID aí no meio, que deu uma forcinha para o negócio sair do
zero.
Marcelo Szuster: Acelerou, não é?
José Roberto: Deu uma empurradinha. E acabou que fiquei responsável por
tudo isso, e tem muita coisa legal que podemos conversar aqui hoje.
Marcelo Szuster: Primeiro, é bacana saber desse seu… somos dinossauros
do agilismo, não é? Começamos lá atrás. É legal isso. São anos vivendo com
isso. Acho interessante, porque o fato de você ser um head de cloud já
mostra uma transformação. Quem diria que uma indústria teria um head
de cloud. E a pergunta é essa: conforme falei na introdução, sabendo que
vocês têm uma operação extremamente complexa e tem tido uma
transformação muito rápida, você pode falar um pouquinho mais sobre o
cenário? Explicar um pouquinho o que é a RHI Magnesita – as vezes a gente
esquece, e pode ser que alguém que esteja ouvindo não saiba exatamente
o que é – e o que está acontecendo nesse cenário da RHI Magnesita.
José Roberto: Eu queria começar por essa parte. Porque tem muita gente
que acha que a RHI Magnesita é uma empresa (boring), “essa
galera só produz tijolo”. Não é nem refratário, é tijolo. E quando você olha
dessa forma, realmente é uma empresa chata. Mas tem uma coisa muito
interessante se você olhar do princípio em que o refratário está envolvido.
Ele é a base da cadeia produtiva do manufacture, da parte de aço, de vidro,
de borracha. Então ele está dentro do processo produtivo de todas as
grandes indústrias. O carro que está rodando na rua passa por alguma parte
do processo do aço dentro do refratário. A parte de vidro, tem os (altosfornos) . Então acaba que toda indústria de alguma forma está
envolvida e precisa, demanda refratário. Além disso, se você pensar no
refratário como uma coisa que é uma commodity dentro do processo
produtivo, sim, nós temos refratário que atende uma variedade imensa
dentro dessa cadeia produtiva das indústrias. E você pode ter uma
variedade de empresas que produzem isso. Entretanto, tem partes
específicas dentro do processo nas quais você precisa ser muito bom. E é
onde a RHI Magnestia entra. Exemplo: a partir de tecnologia usando
refratário e suportando a indústria a ter uma melhoria contínua em seu
processo. É onde somos líderes de mercado, e até o nosso slogan é “Além
de 1.200 graus” Por quê? Se estamos falando de 1.200 graus dentro de
altos-fornos e processos produtivos, você precisa de um volume de
tecnologia muito grande para garantir que esse refratário tenha uma
usabilidade, uma qualidade e longevidade boas dentro daquilo que você
espera. Porque se você pensar dentro do processo produtivo das indústrias,
o refratário está ali. Ele é a parte básica do processo. Se eu não tenho um
alto-forno que aguenta uma X quantidade de tempo, e baseado em tudo
que você pensa, no sentido de life cycle, do tempo de vida disso, isso
impacta totalmente o seu processo produtivo. Então eu preciso ter uma
previsibilidade maior, eu preciso entender o comportamento da minha
indústria para que eu faça melhorias em cima disso. E hoje, todas as
indústrias procuram o quê? Melhoria. Então a RHI Magnesita tem por trás
disso tudo uma parte de tecnologia muito ampla para suportar esses
produtos. E hoje ela é a líder de mercado em relação a isso.
Marcelo Szuster: Ou seja, é uma empresa que tem que fazer produtos
excelentes, mas tem que prestar serviço também para fazer o cliente usar
bem esses produtos. Correto?
José Roberto: Correto. E aí é um ponto interessante: se você pensar que o
refratário esquenta, esfria, esquenta, esfria, esquenta, esfria – isso é um
processo muito comum dentro da produção – isso é justamente a pior coisa
que pode acontecer com um refratário. E aquele refratário é produzido para
você consumir um certo tipo de produto, de matéria prima, (então é o aço)
 nessa quantidade, nessa densidade. Se você altera as
propriedades físicas da matéria prima que está sendo derretida lá dentro,
o refratário também vai sofrer com isso. Então para tudo isso tem que ter
uma tecnologia, uma análise por trás. E é isso que estamos buscando, e
estamos cada vez mais digital em cima desses serviços, coletando mais
informações para ter uma análise mais preditiva e saber mais o que está
acontecendo dentro dos nossos clientes para traçar soluções melhores e
prover outros tipos de serviços.
Marcelo Szuster: Entendi. Então o digital para vocês entra justamente em
ser capaz de estar mais integrado, talvez coletar dados em tempo real e etc.
e conseguir acompanhar melhor. Porque uma coisa que a gente sempre fala
é o seguinte… as vezes as pessoas imaginam muito assim: alguém que é
uma empresa de serviços e que toca o consumidor final em um negócio B2C
é aquele exemplo de alguém que é muito pressionado pela transformação
digital. Aí você fala: “mas uma indústria? Como uma indústria vai ser
pressionada, uma indústria de base?”. Como você disse, que está na base
de toda a cadeia produtiva. Mas ela toca um cliente final, que são os
engenheiros de processos, o pessoal que está na… é um negócio B2B, mas
que tem muitas características de serviço. Então dá para afirmar que vocês
sentem essa necessidade de serem customer centric também nesse
negócio de vocês?
José Roberto: Totalmente. Porque se nós não entendermos o que acontece
dentro do processo produtivo dos nossos clientes, nós não conseguimos
prover serviços para eles. O nosso serviço e o nosso resultado são baseados
no que nós sabemos do nosso cliente. Como acontece em cada cliente em
específico.
Vinição: JR, aproveitando esse gancho, a gente gravou um tempo atrás –
acho que já faz mais de um ano – com o time da Vale e eles colocaram
algumas situações interessantes dentro desse tema que você falou, dessa
necessidade de ser mais customer centric. Eles falaram que quando o
mercado na China, por exemplo, começou a se sofisticar, eles começaram
a enfrentar umas realidades lá que não tinham visto até então. Eu lembro
que o Fábio Eugênio falou do (e-chat), os caras fazendo pedidos
meio de varejo, de quantidades e requisições que eles não tinham visto até
então. Vocês chegaram a ter algum cenário desse tipo? Uma pressão de
mudança no formato de venda, em detalhes da venda e detalhes que vocês
não costumavam ver antes? Aconteceu nesse sentido de ter mais pressão
de mercado?
José Roberto: Acho que a pressão de mercado que tivemos foi de mostrar
que temos condições de prover mais serviços para os nossos clientes, e de
forma digital. Eu não me recordo de ter discutido algum tópico em que:
“poxa, precisamos mudar nosso modelo de negócio”. Porque o nosso (core)
 principal, até na abertura do Szuster, o nosso produto final é o
refratário. É o que todas as plantas produtivas procuram da gente. E o que
traz junto disso são serviços para poder melhorar a vida útil do refratário e
o serviço dentro do processo produtivo. Isso é uma coisa interessante. No
nosso seguimento, não é webshop ou um e-commerce que vão resolver,
porque ninguém vai virar e falar: “vem cá, vou comprar dez tijolos”. Não é
isso. E se você pensar na complexidade que existe dentro de cada processo
produtivo, você verá que é uma variedade muito grande de serviços
variáveis, das mais complexas. Exemplo: se a gente pensa em questão de
região, porque a Magnesita é uma empresa global, presente no mundo
inteiro, tem escritório, se não me engano temos 32 ou 33 plantas
produtivas em mais de 16 países. Uma coisa interessante e simples que a
gente aprende, de entender como o cliente funciona. Um cliente na Rússia
vai funcionar totalmente diferente de um cliente no Brasil, porque tem as
panelas. As panelas são feitas de refratário para que possam derreter.
Passam dentro do alto-forno, derrete o metal, aço, ou o que seja, e tem os
carros dentro do processo produtivo, porque aquela panela gira, derrete,
joga nos (leitos)  em que vai correr o aço derretido.
Marcelo Szuster: O lingotamento, não é?
José Roberto: O lingotamento contínuo. Tem essa variedade de coisas. E
também depende da indústria que vai ter. Então, dentro da planta está
assim: o pau está quebrando lá dentro, aquele calorzão. Está quente lá
dentro. De repente, você vai para o lado de fora e está menos 20. É um
choque térmico danado. Então, o refratário que é feito e que atende o
processo produtivo da Rússia não é o mesmo refratário que atenderá quem
está na América do Sul. Tem um país mais tropical em que as temperaturas
estão muito mais próximas dos 25 graus. Então esses choques de
temperatura impactam diretamente na vida útil. Então, entender essas
diferenças é o principal core do negócio, e que vai trazer informações para
que possamos produzir um refratário diferente que vai atender ambas as
situações, e entender mais sobre os nossos clientes, aquilo que acontece
no dia a dia deles. Isso traz muito mais essa necessidade de entender o
diferente tipo de business que temos que ter.
Marcelo Szuster: E o digital aproxima. Essa integração com as plantas
aproxima e permite que a planta vire quase uma extensão. Aí eu te
pergunto: como as indústrias normalmente estão acostumadas a olharem
mais para dentro – isso é uma característica da indústria em geral, porque
é justamente assim. O engenheiro tem orgulho da excelência técnica, é
acostumado a olhar mais para dentro. E agora ele tem que continuar
olhando para dentro, porque tem que continuar fazendo um produto que
seja superior, mas ao mesmo tempo ele tem que ser (drivado)
para essas necessidades específicas de cada cliente, e no seu ambiente
inclusive, como você comentou. Até no seu clima, na sua temperatura.
Como a RHI fez para ir mudando essa cultura? Tem alguma estratégia
específica que vocês adotaram? E quais foram as principais dificuldades
encontradas nessa jornada?
José Roberto: Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Essa é facilzinha de
ser respondida. Porque os cenários são muito múltiplos. Não tem uma bala
de prata que vai caminhar nesse sentido, não tem uma segmentação: “eu
vou olhar para essa estratégia e ela vai resolver”. Tem muitas ações sendo
feitas de diferentes formas, de tentar entender mais sobre isso. E cada uma
delas têm traçado uma ação em específico, está mais próximo… até vou
comentar um pouquinho mais para frente da questão de como a gente olha
para essas soluções digitais e serviços para tentar entender dentro desses
problemas que estamos tendo o que podemos alavancar como ideias, e ter
um funil de ideias, uma alavancagem de (MVPs)  para gerar
possibilidades de estar mais próximo e entender isso melhor. Então, não
tem uma fórmula mágica nesse sentido, mas eu posso te dizer que tem uma
meia dúzia de ações para vários desses tópicos para tentar coletar e nos
munir de informações para tomar outras ações nesse sentido.
Davi Viana: Uma coisa que é interessante também e que eu tenho visto na
prática – estou caminhando junto com a RHI Magnesita desde o final de
2019 – é que uma coisa que tem apoiado nesse processo são os cases de
sucesso, experimentação. E a partir do momento em que você tem um case
de sucesso, um produto que está atuando de maneira diferente, de maneira
orgânica isso vai sendo passado para outras áreas, outros projetos e outros
produtos também. A RHI Magnesita é uma empresa muito grande,
multicultural, e o que tenho visto na prática é essa mudança orgânica a
partir de um ponto influenciando nos outros locais também.
Marcelo Szuster: Davi, esse comentário é excelente. Outro dia fizemos um
episódio com o (Pardini) . Ele (é uma mistura), tem
indústria, porque eles recebem as amostras e tem uma indústria altamente
automatizada, e também é B2B, B2C, é tudo junto. Porque eles prestam
serviços para terceiros. E o Alessandro, que é o diretor de marketing, fala
muito sobre isso, sobre como você gera um ciclo virtuoso com aprendizados
em curto prazo, com experimentação. Nessa linha, JR, o que vocês já
alcançaram que você poderia contar aqui? E quais as expectativas que já
foram atendidas? E quais são as expectativas atuais?
José Roberto: Tem um tantão de coisas nisso aí. Vamos colocar isso por essa
questão da transformação para a cloud. Como o Davi mencionou, desde
2019 temos umas discussões mais direcionadas a isso, a como suportarmos
as unidades de negócio para estarem mais próximas, serem mais ágeis em
busca do business agility, criar coisas rápidas, testar coisas rápidas e não
cair na burocracia. Porque TI ainda é vista como burocrática, tem que seguir
toda a compliance e esse treco todo. E realmente isso é complexo dentro
das organizações. A organização, principalmente em um ambiente como o
da RHI Magnesita, é muito complexo. Está em todos os continentes, tem
país, legislação, impostos e toda essa parte de (taxes), que cada
país tem a sua. Temos que fazer malabarismo para todo lado. Isso tudo traz
uma dificuldade para quem está dentro do business, porque a empresa traz
uma complexidade, traz toda essa robustez que você tem que estar em
compliance. Então uma das iniciativas foi a construção do centro de
excelência em cloud. Porque isso nos habilitará a darmos uma velocidade e
trazermos um pouco mais de liberdade para os times de produto, para
quem tem uma ideia, para a experimentação e para evoluir, ter coisas
rápidas. Para falhar rápido. Então essa foi uma das iniciativas que a gente
começou, e é uma das iniciativas que estão tendo bastante sucesso. Já
atingimos coisas muito interessantes. Já estamos construindo uma
variedade de serviços para habilitar os times. E isso de certa forma começa
a distanciar do (on-premise), do ambiente físico, ou da rede
física. Por quê? Vamos pensar no primeiro tópico, que é muito crítico:
segurança. A cada dia que passa, e essa transformação só trouxe pontos
para alavancar o quanto nós somos frágeis com relação à segurança da
informação, segurança de TI e segurança de serviços. E se você traz isso
para dentro do ambiente on-premise, ou da sua (VAN), que é sua
rede global, você abriu a porta, acabou. Você está extremamente
complicado. E hoje tem um monte de empresas nesse sentido que estão
sofrendo isso. Vem o hacker, coloca o malware, rouba seu backup, (faz uma)
 criptografia e depois bate na sua porta e fala: “manda uns
milhões para cá, porque você foi sequestrado”.
Marcelo Szuster: Dureza, não é?
José Roberto: Olha que situação complicada em que você coloca a empresa
e todo o seu negócio. Olha o tamanho do risco. Então, nesse sentido, você
indo para um ambiente mais versátil, com uma arquitetura mais robusta
que te permite ter uma flexibilidade. Ao mesmo tempo ela absorve toda
essa complexidade da companhia em termos de compliance, de regra e de
direcionamento, consumo de serviços e o que você pode e o que você não
pode fazer, que todo o time de produto ou toda iniciativa tinha que
reinventar a roda. Então a gente traz isso dentro do CCOE – Cloud Center
Of Excellence como habilitador para os times, para que se traga essa
facilidade para eles, para que isso gere valor para eles. Exemplo, coisas que
eles gastariam tempo para montar um ambiente, entender a complexidade
disso para conseguir expor um serviço para a internet – que é onde você
abre a porta para a maldade. Se alguém está ali do lado de fora te
escutando, é ali que ele vai entrar e roubar sua carteira.
Marcelo Szuster: Ou seja, você fomenta a experimentação porque você dá
segurança para ela.
José Roberto: Exato. E além disso, isso já traz toda a robustez e toda essa
massa pesada da empresa, que é compliance, segurança, padrão,
arquitetura, tudo isso já vem pronto. E isso é uma das coisas em que (toda
a visão)  está ajudando e fazendo um trabalho excelente. Que é
empacotar isso em pequenos componentes. Porque no final isso se
transforma em um self-service. Quem está consumindo isso, quem quer
montar um ambiente, quem quer fazer algo tem condições de já consumir
esse serviço de forma pronta. Ele não precisa reinventar a roda. E tudo isso
que estamos construindo, a gente parte de um princípio de MVP, indo para
o caminho mais simples – e que é o mais difícil de ser feito: tentar buscar a
simplicidade das coisas dentro das coisas complexas. Porque a gente
prefere o complexo ao invés do simples. Então, do que eu preciso? Eu
preciso do serviço A, B e C. Qual é o mínimo que entrego para ele para que
ele possa fazer algo e ao mesmo tempo eu também aprenda com isso?
Porque eu não vou conseguir fechar todas as portas. Nós não vamos
conseguir prover tudo que é necessário de primeira. Então acontece que
esse ciclo começou a ser gerado tanto de produção de uma arquitetura e
de um serviço robusto que permite uma flexibilidade dentro dos times para
utilizarem os serviços, criarem coisas, terem a oportunidade de
experimentar e, ao mesmo tempo, permitir que consigamos entregar
pequenas partes dos serviços para que eles gerem valor de forma mais
rápida. Isso é uma coisa de sucesso e (é)  uma coisa muito legal
que já está acontecendo. E isso aconteceu em menos de 12 meses. Isso é
um case de sucesso.
Davi Viana: Eu acho superinteressante, porque eu aprendi na DTI – e tenho
aprendido todos os dias, desde o primeiro dia. Eu tenho formação técnica,
sou engenheiro de formação, sei que o Szuster e o Vinição também são
engenheiros de formação. A gente é técnico, mas quando estamos criando
soluções, quando estamos escrevendo código a gente não está escrevendo
código para fazer um teste passar. Não estamos escrevendo um código,
criando uma solução simplesmente para usar as tecnologias mais legais e
tal. A gente sempre tem o objetivo de melhorar a vida dos nossos clientes
e melhorar a vida dos clientes dos nossos clientes. Esse sempre é o objetivo.
E mesmo nesse cloud center of excellence aí, que o objetivo é estruturar
um ambiente de cloud, o objetivo não é criar por criar, por usar a cloud –
que as vezes pode se pensar que está no hype. O objetivo é habilitar as
soluções e ser um acelerador para que as soluções possam ter essa
experimentação de uma maneira mais rápida e seguindo as melhores
práticas possíveis. Então acho que é interessante frisar que mesmo nesse
viés mais técnico, o objetivo é sempre o negócio, é sempre melhorar a vida
dos clientes e criar soluções melhores.
Vinição: É legal esse comentário, ele tenta puxar um gancho vinculando
várias coisas que foram comentadas aqui. O Szuster chegou a citar até esse
episódio com o pessoal do Pardini. Lá no Pardini eles enfatizaram essa
questão: quando a TI começou a falar mais de negócio, a coisa mudou.
Facilitou muito a transformação em si. E o JR falou isso aqui. Ele falou em
um formato assim: é uma forma de falar de negócio não tão direta, é meio
indireta e tem a ver com o que o Davi falou também. De forma que estou
simplificando o jeito que o JR colocou, estou tirando esse peso todo, essa
inércia gigante que tem por conta do tanto de processos para começar.
Então isso gera um ganho de negócio, porque isso acelera muito a execução
de novos projetos e iniciativas. Você também vê esse movimento de a TI
falar mais de negócio? Como você consegue explicar toda essa linguagem
complicada que usamos as vezes na TI para o negócio? Eles entendem isso?
Eles reconhecem que no fundo vocês estão descomplicando a vida deles?
Como é isso, como é a interpretação sobre esse tema para você?
José Roberto: Vinição, essa é boa. Porque a coisa mais difícil que tem é a TI
ser enxergada como valor, como habilitadora, e não como um problema.
Vinição: Isso é atuar no encanamento. Ninguém vê o encanamento.
José Roberto: É aquele negócio. Grande parte das vezes – e isso foi uma das
coisas que tivemos de aprendizado – a TI bloqueou muita coisa. Aí o que
acontece? O business começa a buscar alternativas. Então o business
começa a traçar e encontrar soluções, e falar: “poxa, estou com uns
desenvolvedores top aqui. Vou criar uns negócios aqui”. Aí o shadow IT já
está rodando, e TI em momento algum foi envolvida. De repente, lá na
frente deu ruim – ou então está dando certo, mas se fala: “quero (escalar)
 esse negócio”. Aí bate na porta da TI e fala: “tem esse negócio
aqui. Opere ele para mim, implementa e faz acontecer”. Aí você fala:
“espera aí, como assim?”. Aí a TI é o problema.
Marcelo Szuster: O que é isso? Não sei o que é isso.
José Roberto: Eu não sei nem de onde esse negócio veio. Aí você vai lá,
começa a conversar e: “deixa eu ver o que é”. Aí você faz coisas simples: vai
lá e burla o login e acessa a aplicação; pega e muda a URL – estou falando
um pouquinho técnico aqui, mas foi caso verdadeiro. Você muda a URL e
pega os dados do cliente; entre no código, na página e vê coisas, vê
password guardada na página, secret key. Então são coisas que vão
acontecendo e depois a TI é o problema. A TI é o (bottom neck)
disso. E querendo ou não, você só vai começar a gerar valor disso quando
você já não é mais esse problema, e quando você começa a construir as
coisas juntos. O business está próximo… e outra: a TI precisa conhecer o
business, precisa conhecer o negócio para ajudar nas soluções, e não só
ficar resolvedor de problema. Uma vez que a gente começa a entender
tanto como os nossos clientes têm as dificuldades como o business está
tendo dificuldades em fazer outras coisas, nós participamos e temos
condições de fazer parte da construção daquilo com soluções de TI. Como
a TI pode alavancar o business baseado naquilo que temos? Porque as vezes
você está construindo isso tudo e eu tenho várias opções que poderiam ser
mais simples, rápidas, eficientes e talvez até mais baratas. Ou talvez eu
possa ter coisas muito mais complexas, porque não dá para simplesmente
fazer esse aplicativo. Existe outro mundo por trás. Vou te dar um exemplo:
a questão de privacidade de dados. A lei de proteção aos dados pessoais,
no Brasil tem uma, nos Estados Unidos tem outra, na China tem outra – que
é um mundo terrível com relação a leis governamentais e afins. Então no
final das contas, depois você vê que colocou a empresa em um cenário
extremamente complicado. Por quê? Por falta de conhecimento. Talvez não
seja nem a responsabilidade dele nesse sentido, porque existe um
departamento para te suportar nesse sentido. Mas o departamento e as
pessoas não foram envolvidas. Então, depois a TI é o problema por causa
disso tudo que acontece no mundo, e tem definições de tudo. A TI é o
problema. Então, fazer esse shift, fazer isso dá uma mudança enorme
dentro desse processo. E trazer para perto, entender o business, entender
as necessidades… as vezes tem tanta coisa acontecendo lá que de repente
você olha e fala: “mas é só isso? Você consome esse treco aqui, conversa
com fulano de tal e já dá para você consumir”. Mas o problema é que muita
coisa, e com as shadows IT muito disso está acontecendo de forma
desconectada. A gente perde quando começamos a pensar em tribos,
squads. A gente não conecta as coisas. E a falta de conhecimento é o
problema que vai gerando essa cadeia de problemas. Eu não sei o que
existe, eu não sei como elas interagem, eu não sei que soluções temos. Eu
tenho uma, duas, três, quatro aplicações com o mesmo propósito, então eu
tenho quatro times, quatro gastos, quatro problemas. Então essa forma de
interagir e estar mais próximo ajuda demais para que ambas as partes
tenham um nível de sucesso maior.
Marcelo Szuster: É interessante, porque você falando eu vi ainda mais claro
como esse centro de excelência de fato tem um papel estratégico. Porque
ele vira um elemento que descomplica o uso da TI. Porque quando você foi
falando, eu fui pensando: a TI sempre foi complicada para quem usa. Sabe
aquela história de associar palavras? As pessoas sempre associariam, no
passado, palavras assim: é complicado, os caras são difíceis, restrição… na
medida em que você cria um centro de excelência que já encapsula uma
série de coisas que são complicadas, e ao mesmo tempo permite a
composição de uma série de novos serviços e uma série de
experimentações, e começa a falar mais de negócio, você se aproxima e tira
a complicação. E ao tirar a complicação, diminuiu o atrito. É como se
estivesse tirando a fricção interna. Concorda? Você falando, ficou muito
claro como o centro de excelência é um catalizador muito grande disso
tudo. Pessoal, queria lembrar a todos que estão nos ouvindo que os
episódios de Os Agilistas também estão disponíveis no Youtube. Lá você
assiste a esse e a outros episódios, além de ter acesso ao conteúdo do nosso
podcast de forma visual. Além de nos ouvir, agora você pode nos assistir. É
só procurar Os Agilistas, se inscrever e ativar as notificações para receber
nosso conteúdo em primeira mão.
José Roberto: E o centro de excelência, nesse caso, acaba com uma questão
de que nesse momento ele tem uma centralização, tem um crescimento, e
de repente essa parte orgânica dele começa a crescer. Porque você começa
a gerar resultado, começa a gerar valor. Então as coisas começam a andar
nesse sentido. É aquela sementinha, (aquela pílula)  tem uma
dose, tem a segunda… aquele sistema orgânico robusto vai mudando aos
pouquinhos e essas coisas começam a girar. E nada melhor do que você
mostrar com resultado, ter fatos com relação a isso. Do contrário, é
somente história contada. E isso aproxima as situações, seja você ajudando
em situações em que realmente deu ruim, e que realmente temos que
tomar ações, intervir, parar e reconstruir, como também dando um
direcionamento correto. Porque tem uma coisa que é extremamente chata
e acho que dá para fazer uma relação bem legal: quando você precisa de
um tipo de serviço e você liga para um que te empurra para o outro, e aí
você espera e cai no outro: “mas isso não é comigo. É com fulano”, aí de
repente você gastou um tempo. E você olha para aquilo e fala: “resolvi.
Agora você tem que fazer tal coisa”, “mas eu tenho que começar de novo?”,
“não essa é outra coisa que você tem que fazer. Você só resolveu essa”. Aí
você fala: “mas eu já estou aqui. Por que você não me falou isso lá no
início?”, “porque não é minha responsabilidade. Não era comigo”.
Marcelo Szuster: São (ótimos locais ali), não é? Isso tem muito a
ver com o que o Davi disse, de estar sempre a serviço de um objetivo maior,
que é gerar valor para cliente de cliente, ou para os clientes internos. Não
ficar olhando só para o próprio umbigo. Estamos caminhando para o final.
Eu queria emendar uma pergunta: e o futuro? Como você e o Davi
enxergam o futuro? Achei curioso, uma indústria tradicional como a
Magnesita pode gerar uma plataforma? Porque na medida em que vocês
vão criando (inint)  vão colocando serviços… claro, existem as
exceções de segurança. Mas a gente sempre brinca: todo mundo quer ser
uma plataforma. Mas parece que vocês estão com a faca e o queijo na mão
para ser uma boa plataforma para o cliente poder consumir esses serviços
na medida em que isso vai se consolidando. Seria essa mesmo a visão de
futuro?
José Roberto: Acho que esse é o caminho. Porque se você pensar que existe
uma variedade de serviços que podem ser consumidos e prestados dentro
de toda essa cadeia produtiva em diferentes cenários, nada mais
interessante do que ter uma plataforma em que você está conectado e
consegue ter o seu life cycle completo. Então acho que nesse caminho ele
vai seguir em como ter uma plataforma de serviços orientada ao cliente, e
ao mesmo tempo pensando no CCOE como uma plataforma de serviços
para serem consumidos para que serviços sejam construídos em cima dele,
com certeza esse é o caminho. Com isso você já tem toda a sua parte de
complexidade e robustez em cima disso, e você dá liberdade para que os
times de produto, ou TI, ou quem quer que seja que consuma o seu serviço
de uma forma muito ágil, muito simples. De uma forma bem simples:
imagina que você está consumindo (APIs), você já tirou a
complexidade da regra de negócio daquilo. O que você precisa é consumir
o serviço. Da mesma forma, a gente entrega uma variedade de serviços,
seja de máquina virtual, de hospedagem, backup, API, de (VPI
management), toda essa parte de robustez e infraestrutura,
porque tem que trazer tudo isso, será oferecida como serviço E basta você
utilizar um dos componentes que já é construído para que você já esteja
em compliance com toda (a burocracia do problema) . E, algo
muito interessante dentro disso: de toda essa solução que estamos
construindo, nós não temos uma solução que não seja 100% orientada ao
código. Então toda a nossa infraestrutura dentro da cloud é 100% código
(DevOps) . Então isso cria agilidade, otimização. Tudo isso vai
dando flexibilidade e otimizando para quem quer consumir esses serviços.
Plataforma é logo ali, o próximo step. Não sei quando é esse próximo step,
se é logo ali, mas é o futuro que será entregue para que os times possam
conectar e consumir isso da gente.
Vinição: Esse ponto que você colocou, JR, de colocar como código, é
interessante que cria um negócio que as vezes a gente não tem a
consciência. Ele cria coragem, inclusive. Porque se você está com todo o
time automatizado e tudo é muito fácil de replicar e reproduzir, você tem
coragem inclusive de ajustar mais rápido. Então acaba que habilita. Só um
comentário sobre.
José Roberto: Com certeza.
Davi Viana: Uma coisa que eu acrescentaria à fala do JR é que nesse
processo, nesses meses que já estamos nesse centro de excelência eu tenho
vista muita troca também. E o objetivo de ter essa troca em relação a esse
centro de excelência e aos times de produto, que são os times que criam
essas soluções e que fazem essas experimentações também. E eu vejo essa
troca não só do ponto de vista técnico, do viés técnico de soluções que
sigam as melhores práticas – e aí podemos colocar vários aspectos, como o
da segurança – mas também é uma troca de negócio também. Porque você
sendo essa plataforma habilitadora, vamos dizer assim, para os times de
produto, primeiro que você abre um universo de possibilidades para serem
exploradas ali. E segundo que essa troca entre os times pode gerar novas
ideias e novas possibilidades para serem desenvolvidas. Então eu vejo
muito essa questão orgânica de troca. Não ser uma coisa centralizada, mas
uma coisa orgânica que está sempre ali em comunicação e tendo essa troca
de experiências não só técnicas, mas também do ponto de vista de negócio.
Marcelo Szuster: Muito legal. Infelizmente estamos chegando ao final. O
tempo sempre passa rápido aqui nos Agilistas. Eu gosto demais quando
fazemos um episódio que mostra a vida como ela, a coisa na prática, e
mostra como uma indústria de base – que é importantíssima e é um elo
vital de toda a cadeia produtiva, como o JR explicou no começo – é afetada
diretamente pela transformação digital; como ela tem que ser customer
centric também; e como a nuvem a habilita a fazer isso. Eu acho
superinteressante esse vínculo, como um centro de excelência na nuvem
pode tirar uma fricção na construção de soluções e isso pode fazer com que
o negócio se aproxime ainda mais do cliente final, e crie o que vocês
comentaram no final: círculos virtuosos de criação de soluções. Ou seja, até
mesmo uma indústria, dentro das suas exceções, obviamente, tende a se
tornar uma plataforma de co-criação. Acho que esse é um insight muito
legal. E mostra para quem tem dúvida de que a transformação pega todo o
espectro, que pega mesmo. Queria agradecer muito, JR. Foi muito bom. Foi
um prazer tê-lo aqui.
José Roberto: Pessoal, muito obrigado pelo convite. Espero que eu possa
ter conseguido compartilhar um pouquinho dessa realidade. Eu tenho
recebido algumas coisas falando: “quero esse negócio de cloud também,
vou para esse negócio de nuvem”. A vida não é tão simples assim, querer
fazer. Mas existe um caminho muito interessante e muito legal. Tem muito
descobrimento, tem possibilidade de construir muitas coisas em cima disso.
Então é uma jornada bastante interessante. Mas nada é somente flores. A
gente passa um bocado de perrengue legal aqui, tomamos tombos toda
hora com alguma coisa. Mas estamos aprendendo e crescendo. Isso é o
mais importante. E uma das principais coisas: estamos quebrando um
pouquinho os silos que existem dentro da corporação, trazendo isso para
ter essa colaboração e as coisas começam a crescer. Uma vez que o
conhecimento começa a ser expandido, as necessidades e dificuldades, a
colaboração começa a ser aumentada. E justo disso, os times começam a
trabalhar de forma mais conjunta. Então são pequenos movimentos e
pequenas coisas que estão alavancando essa melhoria como um todo.
Muitíssimo obrigado. Espero que possamos conversar sobre outros tópicos
na próxima vez. Grande abraço, gente.
Marcelo Szuster: Com certeza. A jornada é longa. Espero que possamos
fazer outros. Davizão, obrigado pela participação. Você tem que voltar aqui.
Davi Viana: Eu que agradeço. Foi legal demais participar. Agradeço demais
o convite. Estou sempre à disposição para participar. Espero ter contribuído
com quem está ouvindo aí para poder entender.
Vinição: Também agradeço aí ao Davi e ao JR. Com o Szuster falou, é muito
bom trazer exemplos concretos aí da vida como ela é.
Marcelo Szuster: Grande abraço a todos.
Vinição: Falou, pessoal.
Davi Viana: Falou, pessoal.
Marcelo Szuster: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar mais um
episódio (dos Agilistas) . Uma das linhas temáticas que a gente
gosta de ter aqui no episódio é de grandes empresas contarem como é a
experiência de transformação digital, de transformação cultural nesse
mundo tão maluco sobre o qual a gente comenta sempre. E hoje vamos ter
um case muito interessante contado por uma pessoa que vou apresentar
daqui a pouquinho. É sobre a transformação de um grande grupo industrial
que tem atuação global, que é a RHI Magnesita. É um case
superinteressante, porque é indústria. Muitas pessoas se perguntam o
quanto a indústria é afetada ou não pela transformação digital. É uma
empresa extremamente complexa, porque ela está no mundo todo, em
múltiplas geografias. E tem uma cultura super antiga, super tradicional. E é
aquela coisa que a gente sempre fala quando falamos de indústria: a
indústria tem que manter a excelência técnica e ao mesmo tempo tem que
começar a se transformar no mercado. (E começa a passar)  por
essa transformação. Do lado da DTI, estamos, como sempre, com o Vinição.
E aí, Vinição. Beleza?
Vinição: E aí, pessoal, tudo bem? Vamos lá.
Marcelo Szuster: Estamos aqui também com o Davi Viana. Davi, já
participou antes ou é a primeira vez?
Davi Viana: Primeira vez. Estou tendo a honra de participar dos Agilistas.
Agradeço demais o convite. Vamos bater um papo aí.
Marcelo Szuster: A honra é nossa. O Davi é um arquiteto (super sênior)
 nosso, que atende a RHI. E o Davi, sabe aqueles caras do futebol
que jogam em qualquer posição? Faz tudo, marca gol, vai para o gol se
precisar. É um cara extremamente versátil.
Davi Viana: Tem gente aí que está me chamando de coringa também.
Marcelo Szuster: E agora, apresentando o convidado. Como sempre, vou
pedir para ele se apresentar. Estamos aqui com o José Roberto. A partir de
agora vou chamar só de JR. Tudo bom, JR? Por favor, se apresente para o
pessoal te conhecer.
José Roberto: Obrigado, Szuster. Bom dia, boa tarde, boa noite. Vou
começar igual ao responsável aqui que fez a introdução. Meu nome é José
Roberto Bolognani. Eu trabalho na RHI Magnesita com um nome até bonito:
head of cloud center of excellence. Quando eu assumi essa posição, foi uma
coisa bem interessante, depois de ter passado pela parte de enterprise
architecture. E todo mundo estava me falando: “que nome bonitão. Que
coisa legal que você está fazendo. Não tenho a menor ideia do que significa
isso, mas o nome é bonito”. Do que eu sou responsável aqui? Eu sou
responsável pela parte de transformação de cloud do grupo RHI Magnesita.
Estou baseado em Viena. Um pouquinho de background: eu comecei alguns
anos atrás com desenvolvimento de software, depois caí na parte de
agilidade porque comecei a ter alguns conflitos com o formato tradicional
– isso lá em 2003. Fundei o (Scrum Minas)  em Belo Horizonte,
com o Leandro Faria, e começamos a fazer algumas coisas voltadas para
isso, fazendo treinamento, curso e tudo mais. Depois, me aprofundei e me
especializei na parte de gestão de projetos, onde tive uma carreira com
resultados bastante expressivos dentro da metodologia do (PMI)
. Contribuí com algumas coisas lá para dentro, para falar assim:
“espera aí, PMI, vocês estão olhando para o tal do (agile)  ali?
Tem um negócio interessante acontecendo”, que faz parte do mundo
corporativo, e principalmente das questões de TI e implementação. Tenho
alguns cases interessantes de grandes RPs implementados. Depois, já
estava mais ou menos no final fazendo gestão de programa e projetos,
grandes projetos, (rollout, carve-out), MNA, enfim, começou a
ter um tanto de coisas nesse sentido. Caí para essa parte de enterprise
architecture, e já começa a ter algumas coisas mudadas nessa parte de
transformação. Porque querendo ou não, algumas dessas coisas não são
novas. Acaba que algumas partes disso começaram a incomodar as
empresas e elas começaram a sentir a necessidade de serem mais voltadas
ao customer, negócio acontecendo, solução, estarem mais presentes no dia
a dia dos customers. E eu comecei a estar muito envolvido em coisas
relacionadas a isso. Depois, vim para essa parte de solução de arquitetura
como um todo, enterprise architecture, e veio essa transformação de cloud
para habilitar a empresa a realmente alavancar seus negócios. Claro que
temos a COVID aí no meio, que deu uma forcinha para o negócio sair do
zero.
Marcelo Szuster: Acelerou, não é?
José Roberto: Deu uma empurradinha. E acabou que fiquei responsável por
tudo isso, e tem muita coisa legal que podemos conversar aqui hoje.
Marcelo Szuster: Primeiro, é bacana saber desse seu… somos dinossauros
do agilismo, não é? Começamos lá atrás. É legal isso. São anos vivendo com
isso. Acho interessante, porque o fato de você ser um head de cloud já
mostra uma transformação. Quem diria que uma indústria teria um head
de cloud. E a pergunta é essa: conforme falei na introdução, sabendo que
vocês têm uma operação extremamente complexa e tem tido uma
transformação muito rápida, você pode falar um pouquinho mais sobre o
cenário? Explicar um pouquinho o que é a RHI Magnesita – as vezes a gente
esquece, e pode ser que alguém que esteja ouvindo não saiba exatamente
o que é – e o que está acontecendo nesse cenário da RHI Magnesita.
José Roberto: Eu queria começar por essa parte. Porque tem muita gente
que acha que a RHI Magnesita é uma empresa (boring), “essa
galera só produz tijolo”. Não é nem refratário, é tijolo. E quando você olha
dessa forma, realmente é uma empresa chata. Mas tem uma coisa muito
interessante se você olhar do princípio em que o refratário está envolvido.
Ele é a base da cadeia produtiva do manufacture, da parte de aço, de vidro,
de borracha. Então ele está dentro do processo produtivo de todas as
grandes indústrias. O carro que está rodando na rua passa por alguma parte
do processo do aço dentro do refratário. A parte de vidro, tem os (altosfornos) . Então acaba que toda indústria de alguma forma está
envolvida e precisa, demanda refratário. Além disso, se você pensar no
refratário como uma coisa que é uma commodity dentro do processo
produtivo, sim, nós temos refratário que atende uma variedade imensa
dentro dessa cadeia produtiva das indústrias. E você pode ter uma
variedade de empresas que produzem isso. Entretanto, tem partes
específicas dentro do processo nas quais você precisa ser muito bom. E é
onde a RHI Magnestia entra. Exemplo: a partir de tecnologia usando
refratário e suportando a indústria a ter uma melhoria contínua em seu
processo. É onde somos líderes de mercado, e até o nosso slogan é “Além
de 1.200 graus” Por quê? Se estamos falando de 1.200 graus dentro de
altos-fornos e processos produtivos, você precisa de um volume de
tecnologia muito grande para garantir que esse refratário tenha uma
usabilidade, uma qualidade e longevidade boas dentro daquilo que você
espera. Porque se você pensar dentro do processo produtivo das indústrias,
o refratário está ali. Ele é a parte básica do processo. Se eu não tenho um
alto-forno que aguenta uma X quantidade de tempo, e baseado em tudo
que você pensa, no sentido de life cycle, do tempo de vida disso, isso
impacta totalmente o seu processo produtivo. Então eu preciso ter uma
previsibilidade maior, eu preciso entender o comportamento da minha
indústria para que eu faça melhorias em cima disso. E hoje, todas as
indústrias procuram o quê? Melhoria. Então a RHI Magnesita tem por trás
disso tudo uma parte de tecnologia muito ampla para suportar esses
produtos. E hoje ela é a líder de mercado em relação a isso.
Marcelo Szuster: Ou seja, é uma empresa que tem que fazer produtos
excelentes, mas tem que prestar serviço também para fazer o cliente usar
bem esses produtos. Correto?
José Roberto: Correto. E aí é um ponto interessante: se você pensar que o
refratário esquenta, esfria, esquenta, esfria, esquenta, esfria – isso é um
processo muito comum dentro da produção – isso é justamente a pior coisa
que pode acontecer com um refratário. E aquele refratário é produzido para
você consumir um certo tipo de produto, de matéria prima, (então é o aço)
 nessa quantidade, nessa densidade. Se você altera as
propriedades físicas da matéria prima que está sendo derretida lá dentro,
o refratário também vai sofrer com isso. Então para tudo isso tem que ter
uma tecnologia, uma análise por trás. E é isso que estamos buscando, e
estamos cada vez mais digital em cima desses serviços, coletando mais
informações para ter uma análise mais preditiva e saber mais o que está
acontecendo dentro dos nossos clientes para traçar soluções melhores e
prover outros tipos de serviços.
Marcelo Szuster: Entendi. Então o digital para vocês entra justamente em
ser capaz de estar mais integrado, talvez coletar dados em tempo real e etc.
e conseguir acompanhar melhor. Porque uma coisa que a gente sempre fala
é o seguinte… as vezes as pessoas imaginam muito assim: alguém que é
uma empresa de serviços e que toca o consumidor final em um negócio B2C
é aquele exemplo de alguém que é muito pressionado pela transformação
digital. Aí você fala: “mas uma indústria? Como uma indústria vai ser
pressionada, uma indústria de base?”. Como você disse, que está na base
de toda a cadeia produtiva. Mas ela toca um cliente final, que são os
engenheiros de processos, o pessoal que está na… é um negócio B2B, mas
que tem muitas características de serviço. Então dá para afirmar que vocês
sentem essa necessidade de serem customer centric também nesse
negócio de vocês?
José Roberto: Totalmente. Porque se nós não entendermos o que acontece
dentro do processo produtivo dos nossos clientes, nós não conseguimos
prover serviços para eles. O nosso serviço e o nosso resultado são baseados
no que nós sabemos do nosso cliente. Como acontece em cada cliente em
específico.
Vinição: JR, aproveitando esse gancho, a gente gravou um tempo atrás –
acho que já faz mais de um ano – com o time da Vale e eles colocaram
algumas situações interessantes dentro desse tema que você falou, dessa
necessidade de ser mais customer centric. Eles falaram que quando o
mercado na China, por exemplo, começou a se sofisticar, eles começaram
a enfrentar umas realidades lá que não tinham visto até então. Eu lembro
que o Fábio Eugênio falou do (e-chat), os caras fazendo pedidos
meio de varejo, de quantidades e requisições que eles não tinham visto até
então. Vocês chegaram a ter algum cenário desse tipo? Uma pressão de
mudança no formato de venda, em detalhes da venda e detalhes que vocês
não costumavam ver antes? Aconteceu nesse sentido de ter mais pressão
de mercado?
José Roberto: Acho que a pressão de mercado que tivemos foi de mostrar
que temos condições de prover mais serviços para os nossos clientes, e de
forma digital. Eu não me recordo de ter discutido algum tópico em que:
“poxa, precisamos mudar nosso modelo de negócio”. Porque o nosso (core)
 principal, até na abertura do Szuster, o nosso produto final é o
refratário. É o que todas as plantas produtivas procuram da gente. E o que
traz junto disso são serviços para poder melhorar a vida útil do refratário e
o serviço dentro do processo produtivo. Isso é uma coisa interessante. No
nosso seguimento, não é webshop ou um e-commerce que vão resolver,
porque ninguém vai virar e falar: “vem cá, vou comprar dez tijolos”. Não é
isso. E se você pensar na complexidade que existe dentro de cada processo
produtivo, você verá que é uma variedade muito grande de serviços
variáveis, das mais complexas. Exemplo: se a gente pensa em questão de
região, porque a Magnesita é uma empresa global, presente no mundo
inteiro, tem escritório, se não me engano temos 32 ou 33 plantas
produtivas em mais de 16 países. Uma coisa interessante e simples que a
gente aprende, de entender como o cliente funciona. Um cliente na Rússia
vai funcionar totalmente diferente de um cliente no Brasil, porque tem as
panelas. As panelas são feitas de refratário para que possam derreter.
Passam dentro do alto-forno, derrete o metal, aço, ou o que seja, e tem os
carros dentro do processo produtivo, porque aquela panela gira, derrete,
joga nos (leitos)  em que vai correr o aço derretido.
Marcelo Szuster: O lingotamento, não é?
José Roberto: O lingotamento contínuo. Tem essa variedade de coisas. E
também depende da indústria que vai ter. Então, dentro da planta está
assim: o pau está quebrando lá dentro, aquele calorzão. Está quente lá
dentro. De repente, você vai para o lado de fora e está menos 20. É um
choque térmico danado. Então, o refratário que é feito e que atende o
processo produtivo da Rússia não é o mesmo refratário que atenderá quem
está na América do Sul. Tem um país mais tropical em que as temperaturas
estão muito mais próximas dos 25 graus. Então esses choques de
temperatura impactam diretamente na vida útil. Então, entender essas
diferenças é o principal core do negócio, e que vai trazer informações para
que possamos produzir um refratário diferente que vai atender ambas as
situações, e entender mais sobre os nossos clientes, aquilo que acontece
no dia a dia deles. Isso traz muito mais essa necessidade de entender o
diferente tipo de business que temos que ter.
Marcelo Szuster: E o digital aproxima. Essa integração com as plantas
aproxima e permite que a planta vire quase uma extensão. Aí eu te
pergunto: como as indústrias normalmente estão acostumadas a olharem
mais para dentro – isso é uma característica da indústria em geral, porque
é justamente assim. O engenheiro tem orgulho da excelência técnica, é
acostumado a olhar mais para dentro. E agora ele tem que continuar
olhando para dentro, porque tem que continuar fazendo um produto que
seja superior, mas ao mesmo tempo ele tem que ser (drivado)
para essas necessidades específicas de cada cliente, e no seu ambiente
inclusive, como você comentou. Até no seu clima, na sua temperatura.
Como a RHI fez para ir mudando essa cultura? Tem alguma estratégia
específica que vocês adotaram? E quais foram as principais dificuldades
encontradas nessa jornada?
José Roberto: Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Essa é facilzinha de
ser respondida. Porque os cenários são muito múltiplos. Não tem uma bala
de prata que vai caminhar nesse sentido, não tem uma segmentação: “eu
vou olhar para essa estratégia e ela vai resolver”. Tem muitas ações sendo
feitas de diferentes formas, de tentar entender mais sobre isso. E cada uma
delas têm traçado uma ação em específico, está mais próximo… até vou
comentar um pouquinho mais para frente da questão de como a gente olha
para essas soluções digitais e serviços para tentar entender dentro desses
problemas que estamos tendo o que podemos alavancar como ideias, e ter
um funil de ideias, uma alavancagem de (MVPs)  para gerar
possibilidades de estar mais próximo e entender isso melhor. Então, não
tem uma fórmula mágica nesse sentido, mas eu posso te dizer que tem uma
meia dúzia de ações para vários desses tópicos para tentar coletar e nos
munir de informações para tomar outras ações nesse sentido.
Davi Viana: Uma coisa que é interessante também e que eu tenho visto na
prática – estou caminhando junto com a RHI Magnesita desde o final de
2019 – é que uma coisa que tem apoiado nesse processo são os cases de
sucesso, experimentação. E a partir do momento em que você tem um case
de sucesso, um produto que está atuando de maneira diferente, de maneira
orgânica isso vai sendo passado para outras áreas, outros projetos e outros
produtos também. A RHI Magnesita é uma empresa muito grande,
multicultural, e o que tenho visto na prática é essa mudança orgânica a
partir de um ponto influenciando nos outros locais também.
Marcelo Szuster: Davi, esse comentário é excelente. Outro dia fizemos um
episódio com o (Pardini) . Ele (é uma mistura), tem
indústria, porque eles recebem as amostras e tem uma indústria altamente
automatizada, e também é B2B, B2C, é tudo junto. Porque eles prestam
serviços para terceiros. E o Alessandro, que é o diretor de marketing, fala
muito sobre isso, sobre como você gera um ciclo virtuoso com aprendizados
em curto prazo, com experimentação. Nessa linha, JR, o que vocês já
alcançaram que você poderia contar aqui? E quais as expectativas que já
foram atendidas? E quais são as expectativas atuais?
José Roberto: Tem um tantão de coisas nisso aí. Vamos colocar isso por essa
questão da transformação para a cloud. Como o Davi mencionou, desde
2019 temos umas discussões mais direcionadas a isso, a como suportarmos
as unidades de negócio para estarem mais próximas, serem mais ágeis em
busca do business agility, criar coisas rápidas, testar coisas rápidas e não
cair na burocracia. Porque TI ainda é vista como burocrática, tem que seguir
toda a compliance e esse treco todo. E realmente isso é complexo dentro
das organizações. A organização, principalmente em um ambiente como o
da RHI Magnesita, é muito complexo. Está em todos os continentes, tem
país, legislação, impostos e toda essa parte de (taxes), que cada
país tem a sua. Temos que fazer malabarismo para todo lado. Isso tudo traz
uma dificuldade para quem está dentro do business, porque a empresa traz
uma complexidade, traz toda essa robustez que você tem que estar em
compliance. Então uma das iniciativas foi a construção do centro de
excelência em cloud. Porque isso nos habilitará a darmos uma velocidade e
trazermos um pouco mais de liberdade para os times de produto, para
quem tem uma ideia, para a experimentação e para evoluir, ter coisas
rápidas. Para falhar rápido. Então essa foi uma das iniciativas que a gente
começou, e é uma das iniciativas que estão tendo bastante sucesso. Já
atingimos coisas muito interessantes. Já estamos construindo uma
variedade de serviços para habilitar os times. E isso de certa forma começa
a distanciar do (on-premise), do ambiente físico, ou da rede
física. Por quê? Vamos pensar no primeiro tópico, que é muito crítico:
segurança. A cada dia que passa, e essa transformação só trouxe pontos
para alavancar o quanto nós somos frágeis com relação à segurança da
informação, segurança de TI e segurança de serviços. E se você traz isso
para dentro do ambiente on-premise, ou da sua (VAN), que é sua
rede global, você abriu a porta, acabou. Você está extremamente
complicado. E hoje tem um monte de empresas nesse sentido que estão
sofrendo isso. Vem o hacker, coloca o malware, rouba seu backup, (faz uma)
 criptografia e depois bate na sua porta e fala: “manda uns
milhões para cá, porque você foi sequestrado”.
Marcelo Szuster: Dureza, não é?
José Roberto: Olha que situação complicada em que você coloca a empresa
e todo o seu negócio. Olha o tamanho do risco. Então, nesse sentido, você
indo para um ambiente mais versátil, com uma arquitetura mais robusta
que te permite ter uma flexibilidade. Ao mesmo tempo ela absorve toda
essa complexidade da companhia em termos de compliance, de regra e de
direcionamento, consumo de serviços e o que você pode e o que você não
pode fazer, que todo o time de produto ou toda iniciativa tinha que
reinventar a roda. Então a gente traz isso dentro do CCOE – Cloud Center
Of Excellence como habilitador para os times, para que se traga essa
facilidade para eles, para que isso gere valor para eles. Exemplo, coisas que
eles gastariam tempo para montar um ambiente, entender a complexidade
disso para conseguir expor um serviço para a internet – que é onde você
abre a porta para a maldade. Se alguém está ali do lado de fora te
escutando, é ali que ele vai entrar e roubar sua carteira.
Marcelo Szuster: Ou seja, você fomenta a experimentação porque você dá
segurança para ela.
José Roberto: Exato. E além disso, isso já traz toda a robustez e toda essa
massa pesada da empresa, que é compliance, segurança, padrão,
arquitetura, tudo isso já vem pronto. E isso é uma das coisas em que (toda
a visão)  está ajudando e fazendo um trabalho excelente. Que é
empacotar isso em pequenos componentes. Porque no final isso se
transforma em um self-service. Quem está consumindo isso, quem quer
montar um ambiente, quem quer fazer algo tem condições de já consumir
esse serviço de forma pronta. Ele não precisa reinventar a roda. E tudo isso
que estamos construindo, a gente parte de um princípio de MVP, indo para
o caminho mais simples – e que é o mais difícil de ser feito: tentar buscar a
simplicidade das coisas dentro das coisas complexas. Porque a gente
prefere o complexo ao invés do simples. Então, do que eu preciso? Eu
preciso do serviço A, B e C. Qual é o mínimo que entrego para ele para que
ele possa fazer algo e ao mesmo tempo eu também aprenda com isso?
Porque eu não vou conseguir fechar todas as portas. Nós não vamos
conseguir prover tudo que é necessário de primeira. Então acontece que
esse ciclo começou a ser gerado tanto de produção de uma arquitetura e
de um serviço robusto que permite uma flexibilidade dentro dos times para
utilizarem os serviços, criarem coisas, terem a oportunidade de
experimentar e, ao mesmo tempo, permitir que consigamos entregar
pequenas partes dos serviços para que eles gerem valor de forma mais
rápida. Isso é uma coisa de sucesso e (é)  uma coisa muito legal
que já está acontecendo. E isso aconteceu em menos de 12 meses. Isso é
um case de sucesso.
Davi Viana: Eu acho superinteressante, porque eu aprendi na DTI – e tenho
aprendido todos os dias, desde o primeiro dia. Eu tenho formação técnica,
sou engenheiro de formação, sei que o Szuster e o Vinição também são
engenheiros de formação. A gente é técnico, mas quando estamos criando
soluções, quando estamos escrevendo código a gente não está escrevendo
código para fazer um teste passar. Não estamos escrevendo um código,
criando uma solução simplesmente para usar as tecnologias mais legais e
tal. A gente sempre tem o objetivo de melhorar a vida dos nossos clientes
e melhorar a vida dos clientes dos nossos clientes. Esse sempre é o objetivo.
E mesmo nesse cloud center of excellence aí, que o objetivo é estruturar
um ambiente de cloud, o objetivo não é criar por criar, por usar a cloud –
que as vezes pode se pensar que está no hype. O objetivo é habilitar as
soluções e ser um acelerador para que as soluções possam ter essa
experimentação de uma maneira mais rápida e seguindo as melhores
práticas possíveis. Então acho que é interessante frisar que mesmo nesse
viés mais técnico, o objetivo é sempre o negócio, é sempre melhorar a vida
dos clientes e criar soluções melhores.
Vinição: É legal esse comentário, ele tenta puxar um gancho vinculando
várias coisas que foram comentadas aqui. O Szuster chegou a citar até esse
episódio com o pessoal do Pardini. Lá no Pardini eles enfatizaram essa
questão: quando a TI começou a falar mais de negócio, a coisa mudou.
Facilitou muito a transformação em si. E o JR falou isso aqui. Ele falou em
um formato assim: é uma forma de falar de negócio não tão direta, é meio
indireta e tem a ver com o que o Davi falou também. De forma que estou
simplificando o jeito que o JR colocou, estou tirando esse peso todo, essa
inércia gigante que tem por conta do tanto de processos para começar.
Então isso gera um ganho de negócio, porque isso acelera muito a execução
de novos projetos e iniciativas. Você também vê esse movimento de a TI
falar mais de negócio? Como você consegue explicar toda essa linguagem
complicada que usamos as vezes na TI para o negócio? Eles entendem isso?
Eles reconhecem que no fundo vocês estão descomplicando a vida deles?
Como é isso, como é a interpretação sobre esse tema para você?
José Roberto: Vinição, essa é boa. Porque a coisa mais difícil que tem é a TI
ser enxergada como valor, como habilitadora, e não como um problema.
Vinição: Isso é atuar no encanamento. Ninguém vê o encanamento.
José Roberto: É aquele negócio. Grande parte das vezes – e isso foi uma das
coisas que tivemos de aprendizado – a TI bloqueou muita coisa. Aí o que
acontece? O business começa a buscar alternativas. Então o business
começa a traçar e encontrar soluções, e falar: “poxa, estou com uns
desenvolvedores top aqui. Vou criar uns negócios aqui”. Aí o shadow IT já
está rodando, e TI em momento algum foi envolvida. De repente, lá na
frente deu ruim – ou então está dando certo, mas se fala: “quero (escalar)
 esse negócio”. Aí bate na porta da TI e fala: “tem esse negócio
aqui. Opere ele para mim, implementa e faz acontecer”. Aí você fala:
“espera aí, como assim?”. Aí a TI é o problema.
Marcelo Szuster: O que é isso? Não sei o que é isso.
José Roberto: Eu não sei nem de onde esse negócio veio. Aí você vai lá,
começa a conversar e: “deixa eu ver o que é”. Aí você faz coisas simples: vai
lá e burla o login e acessa a aplicação; pega e muda a URL – estou falando
um pouquinho técnico aqui, mas foi caso verdadeiro. Você muda a URL e
pega os dados do cliente; entre no código, na página e vê coisas, vê
password guardada na página, secret key. Então são coisas que vão
acontecendo e depois a TI é o problema. A TI é o (bottom neck)
disso. E querendo ou não, você só vai começar a gerar valor disso quando
você já não é mais esse problema, e quando você começa a construir as
coisas juntos. O business está próximo… e outra: a TI precisa conhecer o
business, precisa conhecer o negócio para ajudar nas soluções, e não só
ficar resolvedor de problema. Uma vez que a gente começa a entender
tanto como os nossos clientes têm as dificuldades como o business está
tendo dificuldades em fazer outras coisas, nós participamos e temos
condições de fazer parte da construção daquilo com soluções de TI. Como
a TI pode alavancar o business baseado naquilo que temos? Porque as vezes
você está construindo isso tudo e eu tenho várias opções que poderiam ser
mais simples, rápidas, eficientes e talvez até mais baratas. Ou talvez eu
possa ter coisas muito mais complexas, porque não dá para simplesmente
fazer esse aplicativo. Existe outro mundo por trás. Vou te dar um exemplo:
a questão de privacidade de dados. A lei de proteção aos dados pessoais,
no Brasil tem uma, nos Estados Unidos tem outra, na China tem outra – que
é um mundo terrível com relação a leis governamentais e afins. Então no
final das contas, depois você vê que colocou a empresa em um cenário
extremamente complicado. Por quê? Por falta de conhecimento. Talvez não
seja nem a responsabilidade dele nesse sentido, porque existe um
departamento para te suportar nesse sentido. Mas o departamento e as
pessoas não foram envolvidas. Então, depois a TI é o problema por causa
disso tudo que acontece no mundo, e tem definições de tudo. A TI é o
problema. Então, fazer esse shift, fazer isso dá uma mudança enorme
dentro desse processo. E trazer para perto, entender o business, entender
as necessidades… as vezes tem tanta coisa acontecendo lá que de repente
você olha e fala: “mas é só isso? Você consome esse treco aqui, conversa
com fulano de tal e já dá para você consumir”. Mas o problema é que muita
coisa, e com as shadows IT muito disso está acontecendo de forma
desconectada. A gente perde quando começamos a pensar em tribos,
squads. A gente não conecta as coisas. E a falta de conhecimento é o
problema que vai gerando essa cadeia de problemas. Eu não sei o que
existe, eu não sei como elas interagem, eu não sei que soluções temos. Eu
tenho uma, duas, três, quatro aplicações com o mesmo propósito, então eu
tenho quatro times, quatro gastos, quatro problemas. Então essa forma de
interagir e estar mais próximo ajuda demais para que ambas as partes
tenham um nível de sucesso maior.
Marcelo Szuster: É interessante, porque você falando eu vi ainda mais claro
como esse centro de excelência de fato tem um papel estratégico. Porque
ele vira um elemento que descomplica o uso da TI. Porque quando você foi
falando, eu fui pensando: a TI sempre foi complicada para quem usa. Sabe
aquela história de associar palavras? As pessoas sempre associariam, no
passado, palavras assim: é complicado, os caras são difíceis, restrição… na
medida em que você cria um centro de excelência que já encapsula uma
série de coisas que são complicadas, e ao mesmo tempo permite a
composição de uma série de novos serviços e uma série de
experimentações, e começa a falar mais de negócio, você se aproxima e tira
a complicação. E ao tirar a complicação, diminuiu o atrito. É como se
estivesse tirando a fricção interna. Concorda? Você falando, ficou muito
claro como o centro de excelência é um catalizador muito grande disso
tudo. Pessoal, queria lembrar a todos que estão nos ouvindo que os
episódios de Os Agilistas também estão disponíveis no Youtube. Lá você
assiste a esse e a outros episódios, além de ter acesso ao conteúdo do nosso
podcast de forma visual. Além de nos ouvir, agora você pode nos assistir. É
só procurar Os Agilistas, se inscrever e ativar as notificações para receber
nosso conteúdo em primeira mão.
José Roberto: E o centro de excelência, nesse caso, acaba com uma questão
de que nesse momento ele tem uma centralização, tem um crescimento, e
de repente essa parte orgânica dele começa a crescer. Porque você começa
a gerar resultado, começa a gerar valor. Então as coisas começam a andar
nesse sentido. É aquela sementinha, (aquela pílula)  tem uma
dose, tem a segunda… aquele sistema orgânico robusto vai mudando aos
pouquinhos e essas coisas começam a girar. E nada melhor do que você
mostrar com resultado, ter fatos com relação a isso. Do contrário, é
somente história contada. E isso aproxima as situações, seja você ajudando
em situações em que realmente deu ruim, e que realmente temos que
tomar ações, intervir, parar e reconstruir, como também dando um
direcionamento correto. Porque tem uma coisa que é extremamente chata
e acho que dá para fazer uma relação bem legal: quando você precisa de
um tipo de serviço e você liga para um que te empurra para o outro, e aí
você espera e cai no outro: “mas isso não é comigo. É com fulano”, aí de
repente você gastou um tempo. E você olha para aquilo e fala: “resolvi.
Agora você tem que fazer tal coisa”, “mas eu tenho que começar de novo?”,
“não essa é outra coisa que você tem que fazer. Você só resolveu essa”. Aí
você fala: “mas eu já estou aqui. Por que você não me falou isso lá no
início?”, “porque não é minha responsabilidade. Não era comigo”.
Marcelo Szuster: São (ótimos locais ali), não é? Isso tem muito a
ver com o que o Davi disse, de estar sempre a serviço de um objetivo maior,
que é gerar valor para cliente de cliente, ou para os clientes internos. Não
ficar olhando só para o próprio umbigo. Estamos caminhando para o final.
Eu queria emendar uma pergunta: e o futuro? Como você e o Davi
enxergam o futuro? Achei curioso, uma indústria tradicional como a
Magnesita pode gerar uma plataforma? Porque na medida em que vocês
vão criando (inint)  vão colocando serviços… claro, existem as
exceções de segurança. Mas a gente sempre brinca: todo mundo quer ser
uma plataforma. Mas parece que vocês estão com a faca e o queijo na mão
para ser uma boa plataforma para o cliente poder consumir esses serviços
na medida em que isso vai se consolidando. Seria essa mesmo a visão de
futuro?
José Roberto: Acho que esse é o caminho. Porque se você pensar que existe
uma variedade de serviços que podem ser consumidos e prestados dentro
de toda essa cadeia produtiva em diferentes cenários, nada mais
interessante do que ter uma plataforma em que você está conectado e
consegue ter o seu life cycle completo. Então acho que nesse caminho ele
vai seguir em como ter uma plataforma de serviços orientada ao cliente, e
ao mesmo tempo pensando no CCOE como uma plataforma de serviços
para serem consumidos para que serviços sejam construídos em cima dele,
com certeza esse é o caminho. Com isso você já tem toda a sua parte de
complexidade e robustez em cima disso, e você dá liberdade para que os
times de produto, ou TI, ou quem quer que seja que consuma o seu serviço
de uma forma muito ágil, muito simples. De uma forma bem simples:
imagina que você está consumindo (APIs), você já tirou a
complexidade da regra de negócio daquilo. O que você precisa é consumir
o serviço. Da mesma forma, a gente entrega uma variedade de serviços,
seja de máquina virtual, de hospedagem, backup, API, de (VPI
management), toda essa parte de robustez e infraestrutura,
porque tem que trazer tudo isso, será oferecida como serviço E basta você
utilizar um dos componentes que já é construído para que você já esteja
em compliance com toda (a burocracia do problema) . E, algo
muito interessante dentro disso: de toda essa solução que estamos
construindo, nós não temos uma solução que não seja 100% orientada ao
código. Então toda a nossa infraestrutura dentro da cloud é 100% código
(DevOps) . Então isso cria agilidade, otimização. Tudo isso vai
dando flexibilidade e otimizando para quem quer consumir esses serviços.
Plataforma é logo ali, o próximo step. Não sei quando é esse próximo step,
se é logo ali, mas é o futuro que será entregue para que os times possam
conectar e consumir isso da gente.
Vinição: Esse ponto que você colocou, JR, de colocar como código, é
interessante que cria um negócio que as vezes a gente não tem a
consciência. Ele cria coragem, inclusive. Porque se você está com todo o
time automatizado e tudo é muito fácil de replicar e reproduzir, você tem
coragem inclusive de ajustar mais rápido. Então acaba que habilita. Só um
comentário sobre.
José Roberto: Com certeza.
Davi Viana: Uma coisa que eu acrescentaria à fala do JR é que nesse
processo, nesses meses que já estamos nesse centro de excelência eu tenho
vista muita troca também. E o objetivo de ter essa troca em relação a esse
centro de excelência e aos times de produto, que são os times que criam
essas soluções e que fazem essas experimentações também. E eu vejo essa
troca não só do ponto de vista técnico, do viés técnico de soluções que
sigam as melhores práticas – e aí podemos colocar vários aspectos, como o
da segurança – mas também é uma troca de negócio também. Porque você
sendo essa plataforma habilitadora, vamos dizer assim, para os times de
produto, primeiro que você abre um universo de possibilidades para serem
exploradas ali. E segundo que essa troca entre os times pode gerar novas
ideias e novas possibilidades para serem desenvolvidas. Então eu vejo
muito essa questão orgânica de troca. Não ser uma coisa centralizada, mas
uma coisa orgânica que está sempre ali em comunicação e tendo essa troca
de experiências não só técnicas, mas também do ponto de vista de negócio.
Marcelo Szuster: Muito legal. Infelizmente estamos chegando ao final. O
tempo sempre passa rápido aqui nos Agilistas. Eu gosto demais quando
fazemos um episódio que mostra a vida como ela, a coisa na prática, e
mostra como uma indústria de base – que é importantíssima e é um elo
vital de toda a cadeia produtiva, como o JR explicou no começo – é afetada
diretamente pela transformação digital; como ela tem que ser customer
centric também; e como a nuvem a habilita a fazer isso. Eu acho
superinteressante esse vínculo, como um centro de excelência na nuvem
pode tirar uma fricção na construção de soluções e isso pode fazer com que
o negócio se aproxime ainda mais do cliente final, e crie o que vocês
comentaram no final: círculos virtuosos de criação de soluções. Ou seja, até
mesmo uma indústria, dentro das suas exceções, obviamente, tende a se
tornar uma plataforma de co-criação. Acho que esse é um insight muito
legal. E mostra para quem tem dúvida de que a transformação pega todo o
espectro, que pega mesmo. Queria agradecer muito, JR. Foi muito bom. Foi
um prazer tê-lo aqui.
José Roberto: Pessoal, muito obrigado pelo convite. Espero que eu possa
ter conseguido compartilhar um pouquinho dessa realidade. Eu tenho
recebido algumas coisas falando: “quero esse negócio de cloud também,
vou para esse negócio de nuvem”. A vida não é tão simples assim, querer
fazer. Mas existe um caminho muito interessante e muito legal. Tem muito
descobrimento, tem possibilidade de construir muitas coisas em cima disso.
Então é uma jornada bastante interessante. Mas nada é somente flores. A
gente passa um bocado de perrengue legal aqui, tomamos tombos toda
hora com alguma coisa. Mas estamos aprendendo e crescendo. Isso é o
mais importante. E uma das principais coisas: estamos quebrando um
pouquinho os silos que existem dentro da corporação, trazendo isso para
ter essa colaboração e as coisas começam a crescer. Uma vez que o
conhecimento começa a ser expandido, as necessidades e dificuldades, a
colaboração começa a ser aumentada. E justo disso, os times começam a
trabalhar de forma mais conjunta. Então são pequenos movimentos e
pequenas coisas que estão alavancando essa melhoria como um todo.
Muitíssimo obrigado. Espero que possamos conversar sobre outros tópicos
na próxima vez. Grande abraço, gente.
Marcelo Szuster: Com certeza. A jornada é longa. Espero que possamos
fazer outros. Davizão, obrigado pela participação. Você tem que voltar aqui.
Davi Viana: Eu que agradeço. Foi legal demais participar. Agradeço demais
o convite. Estou sempre à disposição para participar. Espero ter contribuído
com quem está ouvindo aí para poder entender.
Vinição: Também agradeço aí ao Davi e ao JR. Com o Szuster falou, é muito
bom trazer exemplos concretos aí da vida como ela é.
Marcelo Szuster: Grande abraço a todos.
Vinição: Falou, pessoal.
Davi Viana: Falou, pessoal.

Descrição

As indústrias precisam manter a excelência técnica e, simultaneamente, dar início a uma transformação no mercado. Nesse episódio convidamos o José Roberto Bolognani, que é Head of Cloud Centre of Excellence da RHI Magnesita. Ele compartilhou sua experiência trabalhando em uma indústria de base e expôs como o contato com clientes do mundo todo deve ser feito.