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os agilistas

#155 Do tradicional ao ágil: um case da Máquina Cohn & Wolfe

#155 Do tradicional ao ágil: um case da Máquina Cohn & Wolfe

os agilistas
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Marcelo Szuster: Bom dia, boa tarde, boa noite, vamos começar mais um
episódio Os Agilistas, e hoje a nossa intenção aqui é trazer uma discussão
que a gente acredita ser muito importante para os ouvintes do podcast, que
é mostrar um caso real de um cliente nosso que teve uma experiência de
desenvolver uma plataforma, uma solução, eles vão explicar direitinho o
que é, ou de tentar desenvolver, pelo caminho tradicional e depois adotar
o caminho ágil. Então é uma experiência muito interessante, para poder
contrastar bem as diferenças e relatar como que é essa experiência, quais
sãos os benefícios de adotar o ágil, como é que se segue esse caminho. Para
falar sobre isso aqui, da parte da DTI, hoje, estamos aqui com o Gustavo.
Tudo bom, Gustavão?
Gustavo: E aí, Szuster? Bom dia, boa tarde, boa noite. Bom de novo estar
aqui.
Marcelo Szuster: Gustavão não é a primeira. Cris, é a primeira vez? Deixa
eu aproveitar para apresentar a Cris. Tudo bem, Cris?
Cristianne: Oi, tudo joia, pessoal? Não, é a minha segunda vez por aqui já.
Marcelo Szuster: Então você já está totalmente à vontade, não é, Cris?
Cristianne: Já estamos acostumados.
Marcelo Szuster: E esse convidado nosso, esse cliente nosso, eles vão se
apresentar agora. A empresa se chama Máquina, eles vão explicar
direitinho o que a empresa faz. É uma empresa que atua na área de
comunicação. Então queria pedir para que se apresentassem, falassem um
pouquinho sobre a empresa, o Fernando Kadaoka. Falei certo, Fernando?
Fernando: Falou certinho. Obrigado. Bom dia, boa tarde, boa noite, para
todo mundo, prazer aqui estar com vocês. Vou falar um pouquinho de mim
e depois acho que o Thássio pode também se apresentar e depois eu falo
um pouco da empresa, até para que a gente possa contextualizar um pouco
de todo o trabalho ali que foi feito. O meu nome é Fernando Kadaoka, eu
sou jornalista de formação e eu sou diretor de BI aqui da Máquina Cohn &
Wolfe. Então eu sou o responsável por toda a parte de produtos e serviços
que não são PR, RP, que depois eu vou entrar um pouco mais em detalhe,
mas eu sou responsável por esse tipo de outros produtos, e aqui a gente
tem uma necessidade de ter uma infraestrutura e uma plataforma de TI
grande para suportar os nossos serviços. Estou aqui pela segunda passagem
já pela Máquina, então eu sou um belo veterano aqui na Máquina. Comecei
mesmo como jornalista, em redação, depois migrei para agência de
comunicação e agora estou na minha segunda passagem aqui pela
Máquina.
Marcelo Szuster: Bacana. E você Thássio, por favor, se apresente.
Thássio: Pessoal, tudo bem? Obrigado pelo convite para participar. Eu sou
gestor de BI na Máquina, trabalho junto com o Fernando. Sou formado em
jornalismo, no direito e tentando desbravar um pouquinho desse mundo
de dados de uma maneira mais organizada possível.
Marcelo Szuster: Interessante, vocês já mostram que são exemplos da
modernidade. Vocês não são de formação técnica, mas estão na área de BI
e na área de dados, é superinteressante. Já é uma pequena amostra do que
vai ser o mundo.
Fernando: É porque a gente tenta justamente aplicar o BI, aplicar dados no
nosso core business aqui mesmo, que é comunicação. Então a própria
comunicação já se desenvolveu nos últimos anos, onde a gente já saiu, em
grande parte, dos achometros que antigamente guiavam grande parte das
estratégias de comunicação, para uma coisa muito mais embasada, com
base em metodologias, com base em métricas. Isso ajuda a dar um norte
bastante importante para a gente auferir resultados e melhorar estratégias
de comunicação.
Marcelo Szuster: Isso que eu ia te falar. Explica para o pessoal o que é a
Máquina.
Fernando: A Máquina C & W, nós somos uma agência de comunicação
coorporativa. A gente trabalha basicamente aqui assessorando empresas a
se comunicar melhor com diversos públicos de interesse, principalmente
imprensa, mas tem também outros públicos, como influenciadores. A partir
daí, a gente traz uma série de estratégias para que a empresa se
comunique. O que eu costumo sempre brincar é que uma empresa é que
nem uma pessoa: ela tem os públicos com quem ela tem que falar e ela tem
que modular o seu discurso para cada um dos públicos, para que ela seja
melhor compreendida. E isso vale para tudo. Temos o público interno, que
são os funcionários das empresas, temos uma série de diferentes públicos
externos, como imprensa, como influenciadores, redes sociais, como
também, dependendo da empresa, o consumidor final, por meio das redes
sociais, dos canais oficiais de comunicação. Temos também toda uma parte
de relações governamentais, de public affairs, que faz parte aqui do grupo
que também ajuda nessa comunicação com autoridades e governos. Esse é
um pouquinho do trabalho que a gente faz. A gente entende as
necessidades de comunicação das empresas, sejam as comunicações com
diferentes canais e diferentes públicos, e a gente utiliza as melhores
ferramentas e estratégias para que a empresa consiga ser bem
compreendida e se relacionar bem. A gente sempre busca aquela
palavrinha chave que a gente usa, que é reputação. A gente busca
sedimentar, melhorar e aprimorar a relação das empresas no
relacionamento com esses públicos.
Marcelo Szuster: Quando você se apresentou, você falou de uma diferença,
falou que cuida do “outros”. Entra um pouquinho nesse detalhe.
Fernando: Vale falar um pouquinho. Como uma empresa de comunicação,
uma agência de comunicação, uma agência de relações públicas, o core
business da empresa, e onde eu fiz toda a minha primeira passagem na
Máquina, de oito anos, é voltada para relações públicas, o que
anteriormente era conhecido como assessoria de imprensa. Então surgiu
como assessoria de imprensa e depois virou relações públicas, porque a
gente lida com públicos mais amplos que apenas imprensa. A imprensa
continua sendo um público bastante importante, mas existem outros que a
gente tem que também ajudar nas estratégias de comunicação. Hoje a
Máquina é parte de um grupo chamado Grupo BCW. Aqui no Brasil a gente
tem duas marcas, uma que é a BCW e a outra que é a MCW, que é a
Máquina C & W, as duas marcas formam o Grupo BCW. E o Grupo BCW é
parte da WPP, que é o maior grupo de serviços e comunicação e publicidade
do mundo. Então hoje a gente é uma rede bem robusta, tanto aqui no
Brasil, quanto também no exterior. O core business dessa minha área aqui,
de relações públicas, é a antiga assessoria de imprensa, então é relações
públicas mesmo, RP, de uma maneira mais direta. A gente tem uma série
de clientes bastante importantes aqui para a gente, onde a gente presta
esse serviço de relações públicas intermediando e melhorando a
comunicação da empresa com esses públicos de interesse. A gente também
tem uma série de outros produtos, que é o que está um pouco aqui embaixo
da minha área. Sendo uma área de BI, o que é o nosso grande desafio? É,
justamente, entender quais são as necessidades de comunicação do meu
cliente e ver de que forma, por meio de dados, por meio de insights, por
meio de uma série de ferramentas, gerar inteligência. Um dos desafios que
a gente tem em comunicação é justamente isso, não é melhorar a
eficiência, produzir mais na menor quantidade de tempo, a gente tem um
viés de subjetividade muito maior na comunicação do que a gente tem em
outros segmentos. Então não é só a gente conseguir mensurar muito bem
como é que está sendo o trabalho, como é que está sendo percebida a
empresa, como também principalmente utilizar esses aprendizados para
aprimorar estratégias de comunicação futuras, sejam elas estratégias
voltadas a lançamento de produtos, de serviços, abertura de fábricas,
mesmo o relacionamento institucional. Então é trabalhar realmente a
reputação da companhia. Para isso, a gente tem uma série de produtos. O
nosso produto talvez mais famoso, que é bastante consolidado, tem mais
de 15 anos no mercado, é o que a gente chama de DM, que é justamente a
gente conseguir mensurar a reputação de uma empresa na imprensa, por
meio dos resultados mesmo da imprensa. Se a gente parar para pensar, e
eu sou jornalista, não sou da área de TI, mas não sei se todos mundo que
nos assiste e que vai nos assistir é da área de comunicação, mas a gente
tem um desafio muito grande em mensurar matérias porque tem um viés
subjetivo grande. Então as métricas que a gente normalmente tem são
métricas que a gente considerou insuficientes para de fato mensurar e
medir o que a gente está querendo. Então a quantidade de matérias não dá
para ser medidas, porque uma matéria na Folha de São Paulo ou de um
jornal um pouco menor, regional, é diferente, o público que ele vai atingir
é diferente, a reputação do veículo é diferente.
Marcelo Szuster: Teor da matéria, é bem complexo.
Fernando: Exato. O próprio teor da matéria, se ela é muito negativa, pouco
positiva. Mas, Szuster, dá para ir além, inclusive. Por exemplo, a gente tem
o que a gente chama aqui de matérias dedicadas, que são matérias que
falam 100%, ou quase 100% sobre a empresa, seja falando bem ou mal, mas
que fala 100% sobre a empresa, e tem algumas ocasiões onde você tem
uma matéria grande e você tem (inint) no rodapé. Isso, na
percepção do leitor, é diferente. A gente desenvolveu uma metodologia,
baseada em diversas variáveis que a gente considera que impactam ali na
reputação, na percepção que o leitor vai ter da matéria, e a gente
estabelece um score, uma nota mesmo, para cada uma dessas matérias.
Então cada uma das matérias recebe uma nota e vai dar os indicadores que
a gente e grandes empresas nossas utilizam para conseguir mensurar os
seus resultados de comunicação. E para a gente voltar aqui no foco do
nosso papo, a base, a plataforma de tecnologia que a gente tem ela é
utilizada para que a gente faça essa parte. Então a gente imputa as
matérias, por meio de um processo de classificação, e aí o nosso próprio
sistema vai atribuir a nota e fazer os recortes específicos para que a gente
consiga analisar e ter diversas visões específicas que vão auxiliar em todo o
processo de dimensionamento e de mensuração dos resultados. Eu não sei
se o Thássio quer complementar em alguma coisa ou se vocês têm alguma
dúvida.
Marcelo Szuster: Eu queria só fazer uma pergunta, porque eu acho
interessantíssimo o público entender bem o problema mesmo, antes de a
gente entrar até no caminho da solução. Nessa trajetória que você fala de
tornar a comunicação mais efetiva ao longo dos anos, já existe a tendência
de tentar usar dados há muito tempo e agora isso está ficando mais possível
ou, na verdade, você tinha uma época que era completamente no feeling e
depois começou a passar para dados e agora nós estamos numa etapa de
tornar isso mais automatizado? Como que é essa história, mais ou menos,
e se você conseguisse ilustrar com algum exemplo, tipo como era a tomada
de uma decisão há X anos atrás e como é tomado hoje.
Fernando: Praticamente em todos os segmentos econômicos, mas, na
internet, esse processo de digitalização foi muito rápido e acho que para
todas as empresas. Não sei se o Thássio também concorda comigo, mas a
gente teve uma época, digamos assim, mais romântica da comunicação,
onde a profissionalização era um processo mais incipiente, onde grande
parte, inclusive, das agências de comunicação foram formadas por
jornalistas que saíram da grande imprensa e viram que eles tinham muito a
contribuir nesse processo de comunicação auxiliando as empresas a se
comunicarem melhor. E aí, nessa época mais romântica, porque não existia
internet, redes sociais, nada disso, a comunicação era muito mais direta
com os jornalistas. Evidentemente, se o jornalista ali dentro do processo
produtivo de um jornal, de uma revista, já sabia o que era importante, o
que não era importante, como funcionava esse processo de produção da
notícia, ele auxiliava muito melhor as empresas a ter resultados mais
efetivos na sua comunicação. Nessa época, Szuster, mais, digamos,
romântica, ela era muito mais no feeling mesmo. Tinha muito de contato
pessoal, tinham métricas que eram muito mais quantitativas do que
qualitativas, quantidade de matérias, esse tipo de coisa. Naturalmente, à
medida que a comunicação foi evoluindo, à medida que o processo de
digitalização, por meio da internet também, possibilitou às plataformas
tecnológicas, para conseguir transformar isso de uma maneira mais efetiva,
o processo foi, de fato, sendo consolidado. E aí, acho que nesse processo
de maior profissionalização das empresas, das agências, todo mundo sentiu
que somos parte de uma cadeia econômica, e todos os segmentos
econômicos viram que é muito importante utilizar dados, aprender com o
passado, a conseguir ter retratos fiéis do que aconteceu, para que a gente
consiga planejar melhor para frente, por que isso não se adaptaria à
comunicação? É a partir daí que começa esse processo maior. Mas, sem
dúvida, isso é suportado a partir de uma plataforma tecnológica, porque
não daria para ficar fazendo tudo no Excel e, pior, com base em
determinados achometros que a gente pode colocar. O Thássio está de
prova, um dos pontos que a gente pega muito aqui no nosso trabalho é a
consistência. Como? Independentemente de a gente ter uma metodologia
que é única, que ela é consistente, vão sempre existir questões subjetivas
quando a gente fala de reputação, a gente precisa ter padronização nos
nossos critérios. Esse é um dos pontos bastante importantes que a própria
plataforma tecnológica nossa, que agora a gente está fazendo esse upgrade
com vocês, certamente nos ajuda a garantir cada vez mais consistência
nesses dados.
Marcelo Szuster: Vou botar o Gustavão na conversa também. Chegamos
nesse ponto, vocês têm uma plataforma, eu acho que ficou bem claro, você
explicou os desafios seus. Eu imagino que a plataforma é um ativo
valiosíssimo para o negócio e que tem que evoluir continuamente para
vocês conseguirem sempre aprimorar os algoritmos e serem mais
assertivos nos scores. Como que foi então, Gustavo, que começou esse
relacionamento, essa procura? Eles nos procuraram, saindo de uma
experiência do tradicional para agora uma experiência no ágil. Vamos,
primeiro, pegar esse primeiro contato, para a gente ir tentando reproduzir
essa história como foi.
Gustavo: O Fernando procurou a gente logo quando foi comunicado que a
gente começou a fazer parte do grupo WPP, e a gente fez várias reuniões
do entendimento do problema dele. Quando a gente fala desse ativo, ele é
preciosíssimo mesmo, porque é um produto desenvolvido com a expertise
toda da Máquina, ninguém tem um produto para fazer um cálculo de
reputação tão sistêmico e com essa eficiência que o Fernando disse. Ele
procurou a gente (inint) com essa visão de ter uma plataforma,
explicou um pouco o processo e já tinha algumas noções de gaps que ele
tinha, no que ele enxergava que seria o ideal e no que eles tinham naquele
momento, principalmente nessa parte de armazenamento e tratativa de
dados, para uso do jeito que já se calculava, como para uso futuro e
incorporando outras fontes de dados, como redes sociais, que ainda não
tinha então. A partir disso, a gente foi construindo, só que existia uma
experiência de contratar essa solução, que eles já tinham passado por isso,
e ainda houve essa tentativa de contratar a gente da mesma forma: de ele
trazer essa ideia dele, a gente pensar nos requisitos para atender essa ideia
e a gente, depois, detalhar aquilo e entregar, “é isso aqui”. Foram feitas
muitas reuniões, onde a gente foi mostrando um pouco essa metodologia,
esse processo de discovery, por que a gente não acredita nesse modelo de
trabalho. Porque as coisas mudam demais, a gente precisa estar
entregando rápido, colhendo feedback e vendo se a gente está atendendo
as expectativas. O Fernando comprou e comprou bem a ideia. Fizemos um
trabalho de discovery muito profundo, com participação e envolvimento de
muitas pessoas da Máquina, de todas as personas envolvidas ali, com
atuação fortíssima do Fernando e do Thássio.
Fernando: O quórum foi alto, Gustavo, a gente fez o discovery direito.
Gustavo: Realmente, você comprou a ideia e foi muito bom mesmo, e eu
acho que o resultado a gente está vendo agora.
Marcelo Szuster: Eu queria ouvir do Fernando e do Thássio também, como
é que foi do ponto de vista de vocês? Ou seja, para a gente é quase que
visceral, quando alguém procura a gente para uma solução, a gente tentar
apontar um caminho diferente. Isso que o Gustavão descreveu, que a gente
primeiro tem que entender o problema, tem que orientar esse processo
todo ao negócio. Mas, é claro, eu entendo, do ponto de vista de quem está
procurando existe todo um contexto. Poxa, como assim? Eu preciso saber
quanto custa, quando fica pronto, o que você me entrega. Como que foi
isso, esse primeiro contato, do ponto de vista de vocês e o que os levou a
fazer essa aposta de que esse poderia ser um caminho interessante a ser
seguido?
Fernando: O que dá para ser dito, Szuster, Gustavo, vocês viram, a gente
fez toda a apresentação do que é a empresa, a gente utiliza e aplica o BI,
mas nós não somos de tecnologia. Eu tenho uma formação econômica,
então tenho uma certa familiaridade, mas, de tecnologia, da parte de TI, a
gente passa muito longe. E eu sempre costumo brincar que eu acho que a
área da tecnologia é uma das áreas onde mais quem não é do ramo fica
completamente alheio e não consegue muito bem entender como
funciona. Então, toda a parte de programação, todo esse tipo de coisa, para
quem não é da área, parece uma coisa muito herméticas, é difícil de
conseguir entender. Então eu acho que esse foi o primeiro grande desafio
que a gente teve, que é de fato ter fornecedores, procurar possíveis
parceiros nessa empreitada que tivessem a capacidade de entrega e que
nos conduzisse nesse processo, que era um processo onde a gente sabia
onde a gente queria chegar, mas não sabia exatamente como chegar, a
parte técnica, e como a gente faria. Então, como o próprio Gustavo
comentou, acho que o fato de vocês serem aqui do grupo WPP é uma
grande chancela. WPP não fez isso à toa, não trouxe vocês para o grupo à
toa. A partir daí, das conversas com o Gustavo, a gente foi entendendo as
diferentes metodologias que existiam nesse processo de criação dessa
plataforma e quais seriam os prós e os contras de cada um. Como também
foi comentado anteriormente, a gente teve uma experiência que a gente
não gostou muito, que era, perdoe os termos leigos, uma coisa meio
fechada, onde a gente pagou e tinham que entregar aquilo ali no final de
um período, por um determinado valor, e a gente teve muitos problemas
ali que realmente não exatamente a condição de como a gente gostaria. A
partir daí, dessa nova forma, como o Gustavo comentou, onde a gente foi
entendendo um pouquinho do funcionamento de vocês, a gente tentou
também de nossa parte mergulhar e fazer esse processo muito bem feito,
para que seja, de fato, uma parceria nessa construção. E aí, o Thássio pode
me complementar aqui depois, eu vi alguns pontos bastante positivos. O
próprio processo de discovery, que para a gente foi um processo bastante
interessante, porque ele gera uma reflexão para a gente, para mim, imagino
que também para o Thássio, para a gente que está na liderança dessa área,
que, normalmente, no dia a dia, a gente não costuma muito fazer. O que de
fato cada um dos públicos que estão diretamente ligados, seja da nossa
equipe, seja do cliente, o que eles estão pensando, o que eles estão
esperando, quais são as dores, então geram algumas reflexões bastante
interessantes.
Marcelo Szuster: Eu queria que o Thássio complementasse, porque tem
muito isso, quando a gente foca demais na solução, às vezes nem revisita
essas dores. Você sentiu isso também?
Thássio: Conforme o Fernando falou, a gente veio de um processo que não
deu muito certo, então a gente precisava ter resultados ali, havia uma
ansiedade natural de todos envolvidos nesse processo para ver resultados.
Então eu acho que quando chega o processo de discovery, por exemplo,
havia uma preocupação de o que seria feito, o que seria discutido, por que
seria discutido, como seria essa discussão, por que seria necessário
envolver todos os players, digamos assim, das equipes. E ao longo do
trabalho foi ficando muito mais claro por que a gente precisava fazer esse
tipo de mapeamento, esse tipo de entendimento do trabalho. Justamente
a partir desse entendimento, a gente pode levantar algumas questões
também que para a gente não eram claras. Algumas questões que dizem
respeito a dificuldades do dia a dia, que acabam passando no nosso
cotidiano e a gente acaba não dando a devida atenção às vezes por X razões.
Enfim, esse tipo de questionamento foi importante para a gente poder
verificar se era um problema, o quão prejudicial era esse problema ou não,
e urgências, et cetera. Então isso ficou bem esquematizado para a gente
trabalhar dali em diante.
Marcelo Szuster: Interessante. Ou seja, vocês vinham de um processo
convencional, com um foco em entregar um escopo definido, num
determinado prazo, um escopo fixo, e no começo de um processo desse o
foco todo é espremer, no bom sentido, vocês, para que falem, revelem logo
qual é a solução, para a gente poder fazer essa solução e entregar. Eu queria
que a Cris falasse um pouquinho sobre o discovery, porque o discovery
parte de outra premissa, não é? Nós vamos descobrir juntos como nós
vamos trilhar esse caminho, para juntos irmos resolvendo esse problema
que vocês têm e entregando valor. Como é que foi essa experiência, Cris,
de fazer o discovery para um time que já tinha frustrações de um processo
anterior e que, portanto, estavam ansiosos para ter resultados? Eles
deixaram aí a ansiedade por resultado, aí alguém vai lá: agora nós vamos
dar um passo para trás, nós vamos fazer um discovery. Poxa, mas eu quero
ver resultado, eu já sei o que eu quero. É muito comum isso, muito legítimo.
Às vezes, é claro que todo mundo tem ótimos insights sobre o que precisa,
mas ainda assim é interessante ver como esse discovery foi importante. O
que você nos conta desse discovery, Cris?
Cristianne: Eu acho que o discovery foi uma etapa fundamental, que o
Fernando e o Thássio comentaram, no entendimento da DTI. A gente
precisa entender o que a Máquina faz, qual que é o objetivo que a Máquina
tem com aquele produto, o que ela quer entregar para o cliente final dela,
para depois a gente conseguir propor uma solução. Eu acho que foi um
discovery muito tranquilo, pelo que o Fernando falou, eles já sabiam onde
eles queriam chegar, eles já tinham uma ideia do que eles esperavam da
ferramenta. A gente não pivotou muito dessa ideia inicial deles. A gente
conseguiu levantar algumas hipóteses, já no discovery anular outras,
conhecer as personas, conhecer todas as pessoas que estavam envolvidas
nas etapas ao longo do processo, até a gente chegar ao cálculo do (IDM)
, e conseguir identificar principalmente as dores de cada uma das
pessoas. A gente teve uma visão bem clara no discovery de quais que eram
as dores estratégicas, aonde o produto gostaria de estar ao final do projeto
e aonde que eram as dores operacionais também, do pessoal que está ali,
no dia a dia, trabalhando com a ferramenta, gostaria que fosse melhorado,
que fosse evoluído. Então a gente teve essas duas visões a partir do
discovery. Mas eu digo que foi um discovery realmente de entendimento
de problema, com uma proposta de solução tranquila. Eu acho que o
desafio que nós tivemos depois é: beleza, entendemos o que a gente
precisa fazer, como que a gente via mostrar para o time da Máquina que a
nossa geração de valor é constante? Eles tinham saído desse processo de
comprar por um preço X uma entrega daqui X tempo, e a gente queria
entregar valor para eles o mais rápido possível, mostrar que fazer pequenas
entregas, fazendo a evolução disso, era a forma que a DTI acredita de
trabalhar e que a gente acha que faria mais efeito para eles. Principalmente,
analisando: eu entreguei isso, o que eu posso melhorar a partir de agora?
Ter uma conversa com o usuário depois que ele está utilizando um
pedacinho da plataforma e não o sistema inteiro que a gente acabou
jogando fora. Eu acho que esse foi o grande desafio de resultado do
discovery.
Marcelo Szuster: Interessante. Como que é a sua perspectiva, Fernando? Eu
sempre fico brincando, nós somos da TI, podemos brincar com isso, tem
gente que chama a TI de tempo indeterminado. Ou seja, existe um passado
frustrante do negócio com a TI, e as coisas vão sendo entregues, a
expectativa às vezes muito alta, você acaba caindo num ciclo vicioso, tenta
definir mais a solução. E o ágil vem, inclusive, para quebrar isso aí. É
interessante ouvir os dois lados. A Cris falou assim: a gente tinha que
mostrar que é valido entregar incrementos e ir evoluindo. Ao mesmo
tempo, você fica do seu lado: como é que eu tenho a certeza que eles estão
realmente mencionando valor, que está valendo a pena isso, que eu não
estou perdendo o controle e que eu estou com um poder de decisão legal
e estou sabendo que estou gastando bem o meu dinheiro? O que você nos
conta?
Fernando: Aqui dá para dar um depoimento bem pessoal mesmo do que eu
senti ali na condução desse processo como um todo. Eu sempre brinco. O
Gustavo conhece o Rodrigo Barneschi, que é o meu par da BCW. Na
verdade, do que eu senti desse projeto e da metodologia ágil, não é que
nem anteriormente, que você faz uma decisão grande ali no início e depois
espera ser entregue aquilo ali. Como se fosse um carro, você decide que eu
quero aquele carro, vai lá e compra, depois eles te entregam. O processo
que eu senti daqui é que é uma série de pequenas decisões tomadas no dia
a dia que vão ajudando a construir junto essa plataforma que a gente
deseja, e todo esse processo de uma maneira fluida. Então isso foi um ponto
que eu achei bastante relevante. Evidentemente, tem um outro lado, que é
que a gente precisa de uma dedicação nossa aqui, minha, do Thássio, a
gente tem que acompanhar as reuniões, então tem, de fato, uma demanda,
uma necessidade grande aqui, principalmente de tempo nosso. Só que ele
nos permite fazer esse acompanhamento muito em tempo real do que está
sendo desenvolvido, quais as dificuldades que foram encontradas, de
possíveis soluções, de priorização. E aí, eu destaco muito o papel da Cris,
que foi muito importante nesse processo todo, porque ajudou a fazer a
ponte muito bem entre a gente que, volto a falar, não somos de TI, não
entendemos de TI, somos de comunicação, com essa parte mais técnica,
seja a parte de vocês, de desenvolvimento, de dados, até já estou um pouco
mais familiarizado com as divisões, do negócio de vocês, que ajuda a fazer
essa ponte muito bem. Então isso que me chamou bastante atenção, eu
consigo estar muito mais próximo de vocês, do desenvolvimento do
projeto, fazendo possíveis correções de rota ou priorizações que são
importantes, falar, gente, não vamos perder tanto tempo assim com isso
daqui, isso daqui não é tão relevante para a gente, é o outro. Essas
pequenas decisões do dia a dia, eu tenho certeza que elas são muito
eficientes do ponto de vista do projeto como um todo. A gente vai conseguir
ver que a gente não perdeu tempo onde a gente não precisava e a gente
investiu de fato os recursos das pessoas no que é importante, no que vai
gerar valor aqui para a gente. Então esse foi o que eu mais senti desse
projeto como um todo, que na verdade é o que está ainda acontecendo
aqui.
Marcelo Szuster: É tão legal o seu depoimento porque tem tanta sabedoria
nessas palavras. Por exemplo, quando você fala, existe uma eficiência de
saber o caminho, eu achei superinteressante isso. Porque na tentativa
tradicional, você tenta tomar decisões num momento onde você não tem
condições de tomar aquela decisão, e são decisões que são altamente
comprometedoras, porque alguém te bota a faca ali no pescoço para você
tomar aquela decisão porque é a hora de você tomar a decisão, e,
teoricamente, você está otimizando o seu tempo porque você tirando uma
reunião para tomar aquela decisão. Só que lá para frente, aquela decisão
pode não ser a mais certa, simplesmente porque durante o processo você
aprendeu um tanto de coisa que você não sabia naquele momento. O outro
lado da moeda é que você tem que se dedicar. Mas, poxa, se é um ativo
essencial para a empresa, tem que se dedicar mesmo, concorda? É muito
interessante. Um lado é assim, eu tenho que me dedicar, o outro lado é o
seguinte, o que eu percebo do meu negócio, de fato, reflete no meu ativo.
Ou seja, aquele ativo agora está entranhado no meu negócio e eu consigo
tirar proveito dele.
Fernando: E acho que é mais importante ainda, Szuster, (inint)
do projeto mesmo que a gente está tocando aqui. Ele não é um projeto
pronto, que eu vou pegar ali da prateleira, e ao mesmo tempo também ele
não é um projeto modular, que eu pego uma estrutura e vou adaptando às
nossas necessidades. Essa plataforma que a gente tem é uma plataforma
única. Uma plataforma de BI que, como o Gustavo comentou aqui um
pouco anteriormente, foi desenvolvida in house, internamente nossa, e a
gente chegou num determinado momento que a gente julgou que era
extremamente valoroso para o nosso negócio que a gente aprimorasse essa
plataforma, que era já uma plataforma super robusta, mas que a gente
tornasse ela ainda mais eficiente, e que nos possibilitasse, como
certamente vai nos possibilitar daqui a pouquinho, quando a gente finalizar
o trabalho, fazer todos esses cruzamentos de dados e informações não
apenas imprensa. Então essa segurança para o sistema e essas
possibilidades futuras, elas foram inteiramente criadas para um projeto que
não existe outro. Eu acho que esse processo todo é ainda mais relevante,
porque não dá para você necessariamente pegar e falar experiências
anteriores. Evidentemente, alguma similaridade e algum aprendizado de
outra, certamente a gente vai poder ter, mas a gente não tem um produto
similar.
Marcelo Szuster: É a criação de um produto novo. Pessoal, queria lembrar
a todos que estão nos ouvindo que os episódios de Os Agilistas também
estão disponíveis no Youtube. Lá você assiste esse e outros episódios, além
de ter acesso ao conteúdo de nosso podcast de forma visual. Além de nos
ouvir, agora você pode nos assistir. É só procurar Os Agilistas, se inscrever
e ativar as notificações para receber nosso conteúdo em primeira mão. E
você, Thássio, como que foi a sua percepção ao longo desse processo todo?
Você compartilha dessas mesmas percepções do Fernando?
Thássio: Foi muito boa. Isso eu já falei para todos os profissionais envolvidos
também, eu acho que o que me chamou a atenção, ou que pelo menos eu
gostei, da organização que foi feita, então eu acho que a gente sempre sabia
exatamente de onde partindo, para onde estava caminhando, o que seria
feito. A gente não é da área, como o Fernando já falou, já frisou, então
alguns erros que aconteciam no meio do caminho, até hoje, naturalmente,
a gente vai ficar sem saber a dimensão daquele erro de fato, se é algo que
demanda uma urgência muito maior ou não. E sempre houve uma
organização, uma programação, para que isso fosse feita da maneira mais
clara possível para a gente. Porque é óbvio que com meses de trabalho
junto com a DTI a gente acaba se familiarizando mais com alguns temas,
com alguns termos, mas não significa que a gente vá saber exatamente o
que está acontecendo e qual é a gravidade daquilo que está acontecendo,
então isso eu acho que foi bem feito para que a gente pudesse caminhar
com mais segurança nesse processo todo.
Marcelo Szuster: Perfeito. A gente está caminhando para o final. Eu queria
entender: e o futuro? Eu vejo que você está confiante, não é, Fernando? Eu
falo que isso é importante, porque, quando eu fiquei brincando, essa
relação entre TI e negócio, é uma relação muitas vezes complicada, é
justamente por causa do que eu comentei, o negócio fica ansioso porque
não viu o resultado, ou não viu o resultado e começa a fazer uma cobrança
às vezes excessiva. Aí a TI reage àquilo também, impondo uma série de
restrições: me explique exatamente isso, me fale exatamente aquilo. Vira
quase que a aquelas escalations, uma guerra armamentista, fica cada lado
tentando se proteger tanto que ninguém foca no resultado. E eu acho que
o bonito da história é quando você consegue criar um time coeso, negócio
e TI, que junta procurando gerar valor. Você percebe isso e está confiante
agora? Quando você planeja o futuro da sua área, você, hoje, tem uma visão
de que vai conseguir chegar lá e que a TI agora é parceira sua nesse
caminho?
Fernando: Com certeza. Estou confiante porque o Gustavo e a Cris falaram
(inint), deixa com a gente. Mas, certamente, estou sim. Esse
investimento que a gente fez era um ponto bastante importante sob duas
grandes óticas. A primeira era uma ótica interna nossa, de ter um sistema
mais atualizado. Volto a falar, o outro é ainda, a gente está rodando com os
dois, bastante robusto, bastante importante. Então pegar todas as
qualidades que têm dessa plataforma antiga que a gente tinha,
preservando tudo aquilo, inclusive todo o banco de dados, que é muito rico,
que a gente tem, mas ao mesmo tempo adicionando camadas extras de
confiabilidade do sistema e também ferramentas mais atualizadas. A gente
sabe como tecnologia é rápida, em dois, três anos tudo evolui muito. Então
a gente tinha um lado aqui de dentro de casa, que era muito importante a
gente ter essa nova plataforma mais atualizada, com as coisas mais
modernas que a gente pode ter, tanto em termo de fornecedores, como de
aplicativos que a gente utiliza, tudo isso, como também nos viabilizar o
futuro, que é o que você comentou um pouco, Szuster. Então a partir do
momento onde a gente tem essa plataforma, que é uma plataforma mais
moderna, mais robusta, a gente vai poder também fornecer e desenvolver
produtos e serviços mais alinhados com as necessidades atuais e futuras
dos nossos clientes. Então, sem essa plataforma, a gente não conseguiria.
O Thássio está de prova, a gente tem uma série de outros produtos aqui
que estão sendo desenvolvidos, outros indicadores, outras métricas, que,
justamente, essa plataforma vai nos possibilitar colocar isso em escala e
fazer todo o atendimento ali do cliente. Então todos esses cruzamentos de
dados de imprensa, de public affairs, de redes sociais, tudo isso para
fornecer um mar de dados, um oceano de dados muito mais relevantes,
importantes para o meu cliente, tudo isso vai ser possibilitado por essa
plataforma, por uma plataforma muito mais atualizada. Então eu estou
bastante confiante, e acho que não só eu, toda a liderança a Máquina, de
que a gente realmente tem ótimos produtos, a gente está desenvolvendo
produtos que vão ser muito atualizados com as necessidades dos meus
clientes hoje. E aí, tendo essa plataforma que suporte tecnologicamente
tudo isso, acho que esse é o caminho e é o planejamento que a gente não
só está traçando, como a gente está caminhando para o futuro.
Marcelo Szuster: Pessoal, muito obrigado, eu achei a conversa excelente,
eu acho muito gostoso ver isso. O que eu acho legal é quando a gente
consegue criar essa liga entre os times e consegue junto ficar procurando
esse resultado. Nós somos um time único, a gente é um time único que está
procurando gerar resultado, imagina onde podemos chegar. Eu acho que o
espírito é bem esse, e isso foi demonstrado aqui. Então a gente agradece a
presença e a confiança de vocês. Espero que a gente possa no futuro ter
outros episódios contando outras experiências aí, até onde conseguimos
chegar.
Fernando: Com certeza. Obrigado para todo pelo convite. Eu acho que o
papo foi ótimo.
Marcelo Szuster: Um abraço para todos.
Thássio: Valeu, gente. Obrigado pelo convite. Um abraço.
Gustavo: Valeu, pessoal.
Cristianne: Tchau, gente, obrigada.
Marcelo Szuster: Cris, Gustavão, abraço.
Marcelo Szuster: Bom dia, boa tarde, boa noite, vamos começar mais um
episódio Os Agilistas, e hoje a nossa intenção aqui é trazer uma discussão
que a gente acredita ser muito importante para os ouvintes do podcast, que
é mostrar um caso real de um cliente nosso que teve uma experiência de
desenvolver uma plataforma, uma solução, eles vão explicar direitinho o
que é, ou de tentar desenvolver, pelo caminho tradicional e depois adotar
o caminho ágil. Então é uma experiência muito interessante, para poder
contrastar bem as diferenças e relatar como que é essa experiência, quais
sãos os benefícios de adotar o ágil, como é que se segue esse caminho. Para
falar sobre isso aqui, da parte da DTI, hoje, estamos aqui com o Gustavo.
Tudo bom, Gustavão?
Gustavo: E aí, Szuster? Bom dia, boa tarde, boa noite. Bom de novo estar
aqui.
Marcelo Szuster: Gustavão não é a primeira. Cris, é a primeira vez? Deixa
eu aproveitar para apresentar a Cris. Tudo bem, Cris?
Cristianne: Oi, tudo joia, pessoal? Não, é a minha segunda vez por aqui já.
Marcelo Szuster: Então você já está totalmente à vontade, não é, Cris?
Cristianne: Já estamos acostumados.
Marcelo Szuster: E esse convidado nosso, esse cliente nosso, eles vão se
apresentar agora. A empresa se chama Máquina, eles vão explicar
direitinho o que a empresa faz. É uma empresa que atua na área de
comunicação. Então queria pedir para que se apresentassem, falassem um
pouquinho sobre a empresa, o Fernando Kadaoka. Falei certo, Fernando?
Fernando: Falou certinho. Obrigado. Bom dia, boa tarde, boa noite, para
todo mundo, prazer aqui estar com vocês. Vou falar um pouquinho de mim
e depois acho que o Thássio pode também se apresentar e depois eu falo
um pouco da empresa, até para que a gente possa contextualizar um pouco
de todo o trabalho ali que foi feito. O meu nome é Fernando Kadaoka, eu
sou jornalista de formação e eu sou diretor de BI aqui da Máquina Cohn &
Wolfe. Então eu sou o responsável por toda a parte de produtos e serviços
que não são PR, RP, que depois eu vou entrar um pouco mais em detalhe,
mas eu sou responsável por esse tipo de outros produtos, e aqui a gente
tem uma necessidade de ter uma infraestrutura e uma plataforma de TI
grande para suportar os nossos serviços. Estou aqui pela segunda passagem
já pela Máquina, então eu sou um belo veterano aqui na Máquina. Comecei
mesmo como jornalista, em redação, depois migrei para agência de
comunicação e agora estou na minha segunda passagem aqui pela
Máquina.
Marcelo Szuster: Bacana. E você Thássio, por favor, se apresente.
Thássio: Pessoal, tudo bem? Obrigado pelo convite para participar. Eu sou
gestor de BI na Máquina, trabalho junto com o Fernando. Sou formado em
jornalismo, no direito e tentando desbravar um pouquinho desse mundo
de dados de uma maneira mais organizada possível.
Marcelo Szuster: Interessante, vocês já mostram que são exemplos da
modernidade. Vocês não são de formação técnica, mas estão na área de BI
e na área de dados, é superinteressante. Já é uma pequena amostra do que
vai ser o mundo.
Fernando: É porque a gente tenta justamente aplicar o BI, aplicar dados no
nosso core business aqui mesmo, que é comunicação. Então a própria
comunicação já se desenvolveu nos últimos anos, onde a gente já saiu, em
grande parte, dos achometros que antigamente guiavam grande parte das
estratégias de comunicação, para uma coisa muito mais embasada, com
base em metodologias, com base em métricas. Isso ajuda a dar um norte
bastante importante para a gente auferir resultados e melhorar estratégias
de comunicação.
Marcelo Szuster: Isso que eu ia te falar. Explica para o pessoal o que é a
Máquina.
Fernando: A Máquina C & W, nós somos uma agência de comunicação
coorporativa. A gente trabalha basicamente aqui assessorando empresas a
se comunicar melhor com diversos públicos de interesse, principalmente
imprensa, mas tem também outros públicos, como influenciadores. A partir
daí, a gente traz uma série de estratégias para que a empresa se
comunique. O que eu costumo sempre brincar é que uma empresa é que
nem uma pessoa: ela tem os públicos com quem ela tem que falar e ela tem
que modular o seu discurso para cada um dos públicos, para que ela seja
melhor compreendida. E isso vale para tudo. Temos o público interno, que
são os funcionários das empresas, temos uma série de diferentes públicos
externos, como imprensa, como influenciadores, redes sociais, como
também, dependendo da empresa, o consumidor final, por meio das redes
sociais, dos canais oficiais de comunicação. Temos também toda uma parte
de relações governamentais, de public affairs, que faz parte aqui do grupo
que também ajuda nessa comunicação com autoridades e governos. Esse é
um pouquinho do trabalho que a gente faz. A gente entende as
necessidades de comunicação das empresas, sejam as comunicações com
diferentes canais e diferentes públicos, e a gente utiliza as melhores
ferramentas e estratégias para que a empresa consiga ser bem
compreendida e se relacionar bem. A gente sempre busca aquela
palavrinha chave que a gente usa, que é reputação. A gente busca
sedimentar, melhorar e aprimorar a relação das empresas no
relacionamento com esses públicos.
Marcelo Szuster: Quando você se apresentou, você falou de uma diferença,
falou que cuida do “outros”. Entra um pouquinho nesse detalhe.
Fernando: Vale falar um pouquinho. Como uma empresa de comunicação,
uma agência de comunicação, uma agência de relações públicas, o core
business da empresa, e onde eu fiz toda a minha primeira passagem na
Máquina, de oito anos, é voltada para relações públicas, o que
anteriormente era conhecido como assessoria de imprensa. Então surgiu
como assessoria de imprensa e depois virou relações públicas, porque a
gente lida com públicos mais amplos que apenas imprensa. A imprensa
continua sendo um público bastante importante, mas existem outros que a
gente tem que também ajudar nas estratégias de comunicação. Hoje a
Máquina é parte de um grupo chamado Grupo BCW. Aqui no Brasil a gente
tem duas marcas, uma que é a BCW e a outra que é a MCW, que é a
Máquina C & W, as duas marcas formam o Grupo BCW. E o Grupo BCW é
parte da WPP, que é o maior grupo de serviços e comunicação e publicidade
do mundo. Então hoje a gente é uma rede bem robusta, tanto aqui no
Brasil, quanto também no exterior. O core business dessa minha área aqui,
de relações públicas, é a antiga assessoria de imprensa, então é relações
públicas mesmo, RP, de uma maneira mais direta. A gente tem uma série
de clientes bastante importantes aqui para a gente, onde a gente presta
esse serviço de relações públicas intermediando e melhorando a
comunicação da empresa com esses públicos de interesse. A gente também
tem uma série de outros produtos, que é o que está um pouco aqui embaixo
da minha área. Sendo uma área de BI, o que é o nosso grande desafio? É,
justamente, entender quais são as necessidades de comunicação do meu
cliente e ver de que forma, por meio de dados, por meio de insights, por
meio de uma série de ferramentas, gerar inteligência. Um dos desafios que
a gente tem em comunicação é justamente isso, não é melhorar a
eficiência, produzir mais na menor quantidade de tempo, a gente tem um
viés de subjetividade muito maior na comunicação do que a gente tem em
outros segmentos. Então não é só a gente conseguir mensurar muito bem
como é que está sendo o trabalho, como é que está sendo percebida a
empresa, como também principalmente utilizar esses aprendizados para
aprimorar estratégias de comunicação futuras, sejam elas estratégias
voltadas a lançamento de produtos, de serviços, abertura de fábricas,
mesmo o relacionamento institucional. Então é trabalhar realmente a
reputação da companhia. Para isso, a gente tem uma série de produtos. O
nosso produto talvez mais famoso, que é bastante consolidado, tem mais
de 15 anos no mercado, é o que a gente chama de DM, que é justamente a
gente conseguir mensurar a reputação de uma empresa na imprensa, por
meio dos resultados mesmo da imprensa. Se a gente parar para pensar, e
eu sou jornalista, não sou da área de TI, mas não sei se todos mundo que
nos assiste e que vai nos assistir é da área de comunicação, mas a gente
tem um desafio muito grande em mensurar matérias porque tem um viés
subjetivo grande. Então as métricas que a gente normalmente tem são
métricas que a gente considerou insuficientes para de fato mensurar e
medir o que a gente está querendo. Então a quantidade de matérias não dá
para ser medidas, porque uma matéria na Folha de São Paulo ou de um
jornal um pouco menor, regional, é diferente, o público que ele vai atingir
é diferente, a reputação do veículo é diferente.
Marcelo Szuster: Teor da matéria, é bem complexo.
Fernando: Exato. O próprio teor da matéria, se ela é muito negativa, pouco
positiva. Mas, Szuster, dá para ir além, inclusive. Por exemplo, a gente tem
o que a gente chama aqui de matérias dedicadas, que são matérias que
falam 100%, ou quase 100% sobre a empresa, seja falando bem ou mal, mas
que fala 100% sobre a empresa, e tem algumas ocasiões onde você tem
uma matéria grande e você tem (inint) no rodapé. Isso, na
percepção do leitor, é diferente. A gente desenvolveu uma metodologia,
baseada em diversas variáveis que a gente considera que impactam ali na
reputação, na percepção que o leitor vai ter da matéria, e a gente
estabelece um score, uma nota mesmo, para cada uma dessas matérias.
Então cada uma das matérias recebe uma nota e vai dar os indicadores que
a gente e grandes empresas nossas utilizam para conseguir mensurar os
seus resultados de comunicação. E para a gente voltar aqui no foco do
nosso papo, a base, a plataforma de tecnologia que a gente tem ela é
utilizada para que a gente faça essa parte. Então a gente imputa as
matérias, por meio de um processo de classificação, e aí o nosso próprio
sistema vai atribuir a nota e fazer os recortes específicos para que a gente
consiga analisar e ter diversas visões específicas que vão auxiliar em todo o
processo de dimensionamento e de mensuração dos resultados. Eu não sei
se o Thássio quer complementar em alguma coisa ou se vocês têm alguma
dúvida.
Marcelo Szuster: Eu queria só fazer uma pergunta, porque eu acho
interessantíssimo o público entender bem o problema mesmo, antes de a
gente entrar até no caminho da solução. Nessa trajetória que você fala de
tornar a comunicação mais efetiva ao longo dos anos, já existe a tendência
de tentar usar dados há muito tempo e agora isso está ficando mais possível
ou, na verdade, você tinha uma época que era completamente no feeling e
depois começou a passar para dados e agora nós estamos numa etapa de
tornar isso mais automatizado? Como que é essa história, mais ou menos,
e se você conseguisse ilustrar com algum exemplo, tipo como era a tomada
de uma decisão há X anos atrás e como é tomado hoje.
Fernando: Praticamente em todos os segmentos econômicos, mas, na
internet, esse processo de digitalização foi muito rápido e acho que para
todas as empresas. Não sei se o Thássio também concorda comigo, mas a
gente teve uma época, digamos assim, mais romântica da comunicação,
onde a profissionalização era um processo mais incipiente, onde grande
parte, inclusive, das agências de comunicação foram formadas por
jornalistas que saíram da grande imprensa e viram que eles tinham muito a
contribuir nesse processo de comunicação auxiliando as empresas a se
comunicarem melhor. E aí, nessa época mais romântica, porque não existia
internet, redes sociais, nada disso, a comunicação era muito mais direta
com os jornalistas. Evidentemente, se o jornalista ali dentro do processo
produtivo de um jornal, de uma revista, já sabia o que era importante, o
que não era importante, como funcionava esse processo de produção da
notícia, ele auxiliava muito melhor as empresas a ter resultados mais
efetivos na sua comunicação. Nessa época, Szuster, mais, digamos,
romântica, ela era muito mais no feeling mesmo. Tinha muito de contato
pessoal, tinham métricas que eram muito mais quantitativas do que
qualitativas, quantidade de matérias, esse tipo de coisa. Naturalmente, à
medida que a comunicação foi evoluindo, à medida que o processo de
digitalização, por meio da internet também, possibilitou às plataformas
tecnológicas, para conseguir transformar isso de uma maneira mais efetiva,
o processo foi, de fato, sendo consolidado. E aí, acho que nesse processo
de maior profissionalização das empresas, das agências, todo mundo sentiu
que somos parte de uma cadeia econômica, e todos os segmentos
econômicos viram que é muito importante utilizar dados, aprender com o
passado, a conseguir ter retratos fiéis do que aconteceu, para que a gente
consiga planejar melhor para frente, por que isso não se adaptaria à
comunicação? É a partir daí que começa esse processo maior. Mas, sem
dúvida, isso é suportado a partir de uma plataforma tecnológica, porque
não daria para ficar fazendo tudo no Excel e, pior, com base em
determinados achometros que a gente pode colocar. O Thássio está de
prova, um dos pontos que a gente pega muito aqui no nosso trabalho é a
consistência. Como? Independentemente de a gente ter uma metodologia
que é única, que ela é consistente, vão sempre existir questões subjetivas
quando a gente fala de reputação, a gente precisa ter padronização nos
nossos critérios. Esse é um dos pontos bastante importantes que a própria
plataforma tecnológica nossa, que agora a gente está fazendo esse upgrade
com vocês, certamente nos ajuda a garantir cada vez mais consistência
nesses dados.
Marcelo Szuster: Vou botar o Gustavão na conversa também. Chegamos
nesse ponto, vocês têm uma plataforma, eu acho que ficou bem claro, você
explicou os desafios seus. Eu imagino que a plataforma é um ativo
valiosíssimo para o negócio e que tem que evoluir continuamente para
vocês conseguirem sempre aprimorar os algoritmos e serem mais
assertivos nos scores. Como que foi então, Gustavo, que começou esse
relacionamento, essa procura? Eles nos procuraram, saindo de uma
experiência do tradicional para agora uma experiência no ágil. Vamos,
primeiro, pegar esse primeiro contato, para a gente ir tentando reproduzir
essa história como foi.
Gustavo: O Fernando procurou a gente logo quando foi comunicado que a
gente começou a fazer parte do grupo WPP, e a gente fez várias reuniões
do entendimento do problema dele. Quando a gente fala desse ativo, ele é
preciosíssimo mesmo, porque é um produto desenvolvido com a expertise
toda da Máquina, ninguém tem um produto para fazer um cálculo de
reputação tão sistêmico e com essa eficiência que o Fernando disse. Ele
procurou a gente (inint) com essa visão de ter uma plataforma,
explicou um pouco o processo e já tinha algumas noções de gaps que ele
tinha, no que ele enxergava que seria o ideal e no que eles tinham naquele
momento, principalmente nessa parte de armazenamento e tratativa de
dados, para uso do jeito que já se calculava, como para uso futuro e
incorporando outras fontes de dados, como redes sociais, que ainda não
tinha então. A partir disso, a gente foi construindo, só que existia uma
experiência de contratar essa solução, que eles já tinham passado por isso,
e ainda houve essa tentativa de contratar a gente da mesma forma: de ele
trazer essa ideia dele, a gente pensar nos requisitos para atender essa ideia
e a gente, depois, detalhar aquilo e entregar, “é isso aqui”. Foram feitas
muitas reuniões, onde a gente foi mostrando um pouco essa metodologia,
esse processo de discovery, por que a gente não acredita nesse modelo de
trabalho. Porque as coisas mudam demais, a gente precisa estar
entregando rápido, colhendo feedback e vendo se a gente está atendendo
as expectativas. O Fernando comprou e comprou bem a ideia. Fizemos um
trabalho de discovery muito profundo, com participação e envolvimento de
muitas pessoas da Máquina, de todas as personas envolvidas ali, com
atuação fortíssima do Fernando e do Thássio.
Fernando: O quórum foi alto, Gustavo, a gente fez o discovery direito.
Gustavo: Realmente, você comprou a ideia e foi muito bom mesmo, e eu
acho que o resultado a gente está vendo agora.
Marcelo Szuster: Eu queria ouvir do Fernando e do Thássio também, como
é que foi do ponto de vista de vocês? Ou seja, para a gente é quase que
visceral, quando alguém procura a gente para uma solução, a gente tentar
apontar um caminho diferente. Isso que o Gustavão descreveu, que a gente
primeiro tem que entender o problema, tem que orientar esse processo
todo ao negócio. Mas, é claro, eu entendo, do ponto de vista de quem está
procurando existe todo um contexto. Poxa, como assim? Eu preciso saber
quanto custa, quando fica pronto, o que você me entrega. Como que foi
isso, esse primeiro contato, do ponto de vista de vocês e o que os levou a
fazer essa aposta de que esse poderia ser um caminho interessante a ser
seguido?
Fernando: O que dá para ser dito, Szuster, Gustavo, vocês viram, a gente
fez toda a apresentação do que é a empresa, a gente utiliza e aplica o BI,
mas nós não somos de tecnologia. Eu tenho uma formação econômica,
então tenho uma certa familiaridade, mas, de tecnologia, da parte de TI, a
gente passa muito longe. E eu sempre costumo brincar que eu acho que a
área da tecnologia é uma das áreas onde mais quem não é do ramo fica
completamente alheio e não consegue muito bem entender como
funciona. Então, toda a parte de programação, todo esse tipo de coisa, para
quem não é da área, parece uma coisa muito herméticas, é difícil de
conseguir entender. Então eu acho que esse foi o primeiro grande desafio
que a gente teve, que é de fato ter fornecedores, procurar possíveis
parceiros nessa empreitada que tivessem a capacidade de entrega e que
nos conduzisse nesse processo, que era um processo onde a gente sabia
onde a gente queria chegar, mas não sabia exatamente como chegar, a
parte técnica, e como a gente faria. Então, como o próprio Gustavo
comentou, acho que o fato de vocês serem aqui do grupo WPP é uma
grande chancela. WPP não fez isso à toa, não trouxe vocês para o grupo à
toa. A partir daí, das conversas com o Gustavo, a gente foi entendendo as
diferentes metodologias que existiam nesse processo de criação dessa
plataforma e quais seriam os prós e os contras de cada um. Como também
foi comentado anteriormente, a gente teve uma experiência que a gente
não gostou muito, que era, perdoe os termos leigos, uma coisa meio
fechada, onde a gente pagou e tinham que entregar aquilo ali no final de
um período, por um determinado valor, e a gente teve muitos problemas
ali que realmente não exatamente a condição de como a gente gostaria. A
partir daí, dessa nova forma, como o Gustavo comentou, onde a gente foi
entendendo um pouquinho do funcionamento de vocês, a gente tentou
também de nossa parte mergulhar e fazer esse processo muito bem feito,
para que seja, de fato, uma parceria nessa construção. E aí, o Thássio pode
me complementar aqui depois, eu vi alguns pontos bastante positivos. O
próprio processo de discovery, que para a gente foi um processo bastante
interessante, porque ele gera uma reflexão para a gente, para mim, imagino
que também para o Thássio, para a gente que está na liderança dessa área,
que, normalmente, no dia a dia, a gente não costuma muito fazer. O que de
fato cada um dos públicos que estão diretamente ligados, seja da nossa
equipe, seja do cliente, o que eles estão pensando, o que eles estão
esperando, quais são as dores, então geram algumas reflexões bastante
interessantes.
Marcelo Szuster: Eu queria que o Thássio complementasse, porque tem
muito isso, quando a gente foca demais na solução, às vezes nem revisita
essas dores. Você sentiu isso também?
Thássio: Conforme o Fernando falou, a gente veio de um processo que não
deu muito certo, então a gente precisava ter resultados ali, havia uma
ansiedade natural de todos envolvidos nesse processo para ver resultados.
Então eu acho que quando chega o processo de discovery, por exemplo,
havia uma preocupação de o que seria feito, o que seria discutido, por que
seria discutido, como seria essa discussão, por que seria necessário
envolver todos os players, digamos assim, das equipes. E ao longo do
trabalho foi ficando muito mais claro por que a gente precisava fazer esse
tipo de mapeamento, esse tipo de entendimento do trabalho. Justamente
a partir desse entendimento, a gente pode levantar algumas questões
também que para a gente não eram claras. Algumas questões que dizem
respeito a dificuldades do dia a dia, que acabam passando no nosso
cotidiano e a gente acaba não dando a devida atenção às vezes por X razões.
Enfim, esse tipo de questionamento foi importante para a gente poder
verificar se era um problema, o quão prejudicial era esse problema ou não,
e urgências, et cetera. Então isso ficou bem esquematizado para a gente
trabalhar dali em diante.
Marcelo Szuster: Interessante. Ou seja, vocês vinham de um processo
convencional, com um foco em entregar um escopo definido, num
determinado prazo, um escopo fixo, e no começo de um processo desse o
foco todo é espremer, no bom sentido, vocês, para que falem, revelem logo
qual é a solução, para a gente poder fazer essa solução e entregar. Eu queria
que a Cris falasse um pouquinho sobre o discovery, porque o discovery
parte de outra premissa, não é? Nós vamos descobrir juntos como nós
vamos trilhar esse caminho, para juntos irmos resolvendo esse problema
que vocês têm e entregando valor. Como é que foi essa experiência, Cris,
de fazer o discovery para um time que já tinha frustrações de um processo
anterior e que, portanto, estavam ansiosos para ter resultados? Eles
deixaram aí a ansiedade por resultado, aí alguém vai lá: agora nós vamos
dar um passo para trás, nós vamos fazer um discovery. Poxa, mas eu quero
ver resultado, eu já sei o que eu quero. É muito comum isso, muito legítimo.
Às vezes, é claro que todo mundo tem ótimos insights sobre o que precisa,
mas ainda assim é interessante ver como esse discovery foi importante. O
que você nos conta desse discovery, Cris?
Cristianne: Eu acho que o discovery foi uma etapa fundamental, que o
Fernando e o Thássio comentaram, no entendimento da DTI. A gente
precisa entender o que a Máquina faz, qual que é o objetivo que a Máquina
tem com aquele produto, o que ela quer entregar para o cliente final dela,
para depois a gente conseguir propor uma solução. Eu acho que foi um
discovery muito tranquilo, pelo que o Fernando falou, eles já sabiam onde
eles queriam chegar, eles já tinham uma ideia do que eles esperavam da
ferramenta. A gente não pivotou muito dessa ideia inicial deles. A gente
conseguiu levantar algumas hipóteses, já no discovery anular outras,
conhecer as personas, conhecer todas as pessoas que estavam envolvidas
nas etapas ao longo do processo, até a gente chegar ao cálculo do (IDM)
, e conseguir identificar principalmente as dores de cada uma das
pessoas. A gente teve uma visão bem clara no discovery de quais que eram
as dores estratégicas, aonde o produto gostaria de estar ao final do projeto
e aonde que eram as dores operacionais também, do pessoal que está ali,
no dia a dia, trabalhando com a ferramenta, gostaria que fosse melhorado,
que fosse evoluído. Então a gente teve essas duas visões a partir do
discovery. Mas eu digo que foi um discovery realmente de entendimento
de problema, com uma proposta de solução tranquila. Eu acho que o
desafio que nós tivemos depois é: beleza, entendemos o que a gente
precisa fazer, como que a gente via mostrar para o time da Máquina que a
nossa geração de valor é constante? Eles tinham saído desse processo de
comprar por um preço X uma entrega daqui X tempo, e a gente queria
entregar valor para eles o mais rápido possível, mostrar que fazer pequenas
entregas, fazendo a evolução disso, era a forma que a DTI acredita de
trabalhar e que a gente acha que faria mais efeito para eles. Principalmente,
analisando: eu entreguei isso, o que eu posso melhorar a partir de agora?
Ter uma conversa com o usuário depois que ele está utilizando um
pedacinho da plataforma e não o sistema inteiro que a gente acabou
jogando fora. Eu acho que esse foi o grande desafio de resultado do
discovery.
Marcelo Szuster: Interessante. Como que é a sua perspectiva, Fernando? Eu
sempre fico brincando, nós somos da TI, podemos brincar com isso, tem
gente que chama a TI de tempo indeterminado. Ou seja, existe um passado
frustrante do negócio com a TI, e as coisas vão sendo entregues, a
expectativa às vezes muito alta, você acaba caindo num ciclo vicioso, tenta
definir mais a solução. E o ágil vem, inclusive, para quebrar isso aí. É
interessante ouvir os dois lados. A Cris falou assim: a gente tinha que
mostrar que é valido entregar incrementos e ir evoluindo. Ao mesmo
tempo, você fica do seu lado: como é que eu tenho a certeza que eles estão
realmente mencionando valor, que está valendo a pena isso, que eu não
estou perdendo o controle e que eu estou com um poder de decisão legal
e estou sabendo que estou gastando bem o meu dinheiro? O que você nos
conta?
Fernando: Aqui dá para dar um depoimento bem pessoal mesmo do que eu
senti ali na condução desse processo como um todo. Eu sempre brinco. O
Gustavo conhece o Rodrigo Barneschi, que é o meu par da BCW. Na
verdade, do que eu senti desse projeto e da metodologia ágil, não é que
nem anteriormente, que você faz uma decisão grande ali no início e depois
espera ser entregue aquilo ali. Como se fosse um carro, você decide que eu
quero aquele carro, vai lá e compra, depois eles te entregam. O processo
que eu senti daqui é que é uma série de pequenas decisões tomadas no dia
a dia que vão ajudando a construir junto essa plataforma que a gente
deseja, e todo esse processo de uma maneira fluida. Então isso foi um ponto
que eu achei bastante relevante. Evidentemente, tem um outro lado, que é
que a gente precisa de uma dedicação nossa aqui, minha, do Thássio, a
gente tem que acompanhar as reuniões, então tem, de fato, uma demanda,
uma necessidade grande aqui, principalmente de tempo nosso. Só que ele
nos permite fazer esse acompanhamento muito em tempo real do que está
sendo desenvolvido, quais as dificuldades que foram encontradas, de
possíveis soluções, de priorização. E aí, eu destaco muito o papel da Cris,
que foi muito importante nesse processo todo, porque ajudou a fazer a
ponte muito bem entre a gente que, volto a falar, não somos de TI, não
entendemos de TI, somos de comunicação, com essa parte mais técnica,
seja a parte de vocês, de desenvolvimento, de dados, até já estou um pouco
mais familiarizado com as divisões, do negócio de vocês, que ajuda a fazer
essa ponte muito bem. Então isso que me chamou bastante atenção, eu
consigo estar muito mais próximo de vocês, do desenvolvimento do
projeto, fazendo possíveis correções de rota ou priorizações que são
importantes, falar, gente, não vamos perder tanto tempo assim com isso
daqui, isso daqui não é tão relevante para a gente, é o outro. Essas
pequenas decisões do dia a dia, eu tenho certeza que elas são muito
eficientes do ponto de vista do projeto como um todo. A gente vai conseguir
ver que a gente não perdeu tempo onde a gente não precisava e a gente
investiu de fato os recursos das pessoas no que é importante, no que vai
gerar valor aqui para a gente. Então esse foi o que eu mais senti desse
projeto como um todo, que na verdade é o que está ainda acontecendo
aqui.
Marcelo Szuster: É tão legal o seu depoimento porque tem tanta sabedoria
nessas palavras. Por exemplo, quando você fala, existe uma eficiência de
saber o caminho, eu achei superinteressante isso. Porque na tentativa
tradicional, você tenta tomar decisões num momento onde você não tem
condições de tomar aquela decisão, e são decisões que são altamente
comprometedoras, porque alguém te bota a faca ali no pescoço para você
tomar aquela decisão porque é a hora de você tomar a decisão, e,
teoricamente, você está otimizando o seu tempo porque você tirando uma
reunião para tomar aquela decisão. Só que lá para frente, aquela decisão
pode não ser a mais certa, simplesmente porque durante o processo você
aprendeu um tanto de coisa que você não sabia naquele momento. O outro
lado da moeda é que você tem que se dedicar. Mas, poxa, se é um ativo
essencial para a empresa, tem que se dedicar mesmo, concorda? É muito
interessante. Um lado é assim, eu tenho que me dedicar, o outro lado é o
seguinte, o que eu percebo do meu negócio, de fato, reflete no meu ativo.
Ou seja, aquele ativo agora está entranhado no meu negócio e eu consigo
tirar proveito dele.
Fernando: E acho que é mais importante ainda, Szuster, (inint)
do projeto mesmo que a gente está tocando aqui. Ele não é um projeto
pronto, que eu vou pegar ali da prateleira, e ao mesmo tempo também ele
não é um projeto modular, que eu pego uma estrutura e vou adaptando às
nossas necessidades. Essa plataforma que a gente tem é uma plataforma
única. Uma plataforma de BI que, como o Gustavo comentou aqui um
pouco anteriormente, foi desenvolvida in house, internamente nossa, e a
gente chegou num determinado momento que a gente julgou que era
extremamente valoroso para o nosso negócio que a gente aprimorasse essa
plataforma, que era já uma plataforma super robusta, mas que a gente
tornasse ela ainda mais eficiente, e que nos possibilitasse, como
certamente vai nos possibilitar daqui a pouquinho, quando a gente finalizar
o trabalho, fazer todos esses cruzamentos de dados e informações não
apenas imprensa. Então essa segurança para o sistema e essas
possibilidades futuras, elas foram inteiramente criadas para um projeto que
não existe outro. Eu acho que esse processo todo é ainda mais relevante,
porque não dá para você necessariamente pegar e falar experiências
anteriores. Evidentemente, alguma similaridade e algum aprendizado de
outra, certamente a gente vai poder ter, mas a gente não tem um produto
similar.
Marcelo Szuster: É a criação de um produto novo. Pessoal, queria lembrar
a todos que estão nos ouvindo que os episódios de Os Agilistas também
estão disponíveis no Youtube. Lá você assiste esse e outros episódios, além
de ter acesso ao conteúdo de nosso podcast de forma visual. Além de nos
ouvir, agora você pode nos assistir. É só procurar Os Agilistas, se inscrever
e ativar as notificações para receber nosso conteúdo em primeira mão. E
você, Thássio, como que foi a sua percepção ao longo desse processo todo?
Você compartilha dessas mesmas percepções do Fernando?
Thássio: Foi muito boa. Isso eu já falei para todos os profissionais envolvidos
também, eu acho que o que me chamou a atenção, ou que pelo menos eu
gostei, da organização que foi feita, então eu acho que a gente sempre sabia
exatamente de onde partindo, para onde estava caminhando, o que seria
feito. A gente não é da área, como o Fernando já falou, já frisou, então
alguns erros que aconteciam no meio do caminho, até hoje, naturalmente,
a gente vai ficar sem saber a dimensão daquele erro de fato, se é algo que
demanda uma urgência muito maior ou não. E sempre houve uma
organização, uma programação, para que isso fosse feita da maneira mais
clara possível para a gente. Porque é óbvio que com meses de trabalho
junto com a DTI a gente acaba se familiarizando mais com alguns temas,
com alguns termos, mas não significa que a gente vá saber exatamente o
que está acontecendo e qual é a gravidade daquilo que está acontecendo,
então isso eu acho que foi bem feito para que a gente pudesse caminhar
com mais segurança nesse processo todo.
Marcelo Szuster: Perfeito. A gente está caminhando para o final. Eu queria
entender: e o futuro? Eu vejo que você está confiante, não é, Fernando? Eu
falo que isso é importante, porque, quando eu fiquei brincando, essa
relação entre TI e negócio, é uma relação muitas vezes complicada, é
justamente por causa do que eu comentei, o negócio fica ansioso porque
não viu o resultado, ou não viu o resultado e começa a fazer uma cobrança
às vezes excessiva. Aí a TI reage àquilo também, impondo uma série de
restrições: me explique exatamente isso, me fale exatamente aquilo. Vira
quase que a aquelas escalations, uma guerra armamentista, fica cada lado
tentando se proteger tanto que ninguém foca no resultado. E eu acho que
o bonito da história é quando você consegue criar um time coeso, negócio
e TI, que junta procurando gerar valor. Você percebe isso e está confiante
agora? Quando você planeja o futuro da sua área, você, hoje, tem uma visão
de que vai conseguir chegar lá e que a TI agora é parceira sua nesse
caminho?
Fernando: Com certeza. Estou confiante porque o Gustavo e a Cris falaram
(inint), deixa com a gente. Mas, certamente, estou sim. Esse
investimento que a gente fez era um ponto bastante importante sob duas
grandes óticas. A primeira era uma ótica interna nossa, de ter um sistema
mais atualizado. Volto a falar, o outro é ainda, a gente está rodando com os
dois, bastante robusto, bastante importante. Então pegar todas as
qualidades que têm dessa plataforma antiga que a gente tinha,
preservando tudo aquilo, inclusive todo o banco de dados, que é muito rico,
que a gente tem, mas ao mesmo tempo adicionando camadas extras de
confiabilidade do sistema e também ferramentas mais atualizadas. A gente
sabe como tecnologia é rápida, em dois, três anos tudo evolui muito. Então
a gente tinha um lado aqui de dentro de casa, que era muito importante a
gente ter essa nova plataforma mais atualizada, com as coisas mais
modernas que a gente pode ter, tanto em termo de fornecedores, como de
aplicativos que a gente utiliza, tudo isso, como também nos viabilizar o
futuro, que é o que você comentou um pouco, Szuster. Então a partir do
momento onde a gente tem essa plataforma, que é uma plataforma mais
moderna, mais robusta, a gente vai poder também fornecer e desenvolver
produtos e serviços mais alinhados com as necessidades atuais e futuras
dos nossos clientes. Então, sem essa plataforma, a gente não conseguiria.
O Thássio está de prova, a gente tem uma série de outros produtos aqui
que estão sendo desenvolvidos, outros indicadores, outras métricas, que,
justamente, essa plataforma vai nos possibilitar colocar isso em escala e
fazer todo o atendimento ali do cliente. Então todos esses cruzamentos de
dados de imprensa, de public affairs, de redes sociais, tudo isso para
fornecer um mar de dados, um oceano de dados muito mais relevantes,
importantes para o meu cliente, tudo isso vai ser possibilitado por essa
plataforma, por uma plataforma muito mais atualizada. Então eu estou
bastante confiante, e acho que não só eu, toda a liderança a Máquina, de
que a gente realmente tem ótimos produtos, a gente está desenvolvendo
produtos que vão ser muito atualizados com as necessidades dos meus
clientes hoje. E aí, tendo essa plataforma que suporte tecnologicamente
tudo isso, acho que esse é o caminho e é o planejamento que a gente não
só está traçando, como a gente está caminhando para o futuro.
Marcelo Szuster: Pessoal, muito obrigado, eu achei a conversa excelente,
eu acho muito gostoso ver isso. O que eu acho legal é quando a gente
consegue criar essa liga entre os times e consegue junto ficar procurando
esse resultado. Nós somos um time único, a gente é um time único que está
procurando gerar resultado, imagina onde podemos chegar. Eu acho que o
espírito é bem esse, e isso foi demonstrado aqui. Então a gente agradece a
presença e a confiança de vocês. Espero que a gente possa no futuro ter
outros episódios contando outras experiências aí, até onde conseguimos
chegar.
Fernando: Com certeza. Obrigado para todo pelo convite. Eu acho que o
papo foi ótimo.
Marcelo Szuster: Um abraço para todos.
Thássio: Valeu, gente. Obrigado pelo convite. Um abraço.
Gustavo: Valeu, pessoal.
Cristianne: Tchau, gente, obrigada.
Marcelo Szuster: Cris, Gustavão, abraço.

Descrição

As agências de comunicação passaram por diversas mudanças ao longo do tempo para proporcionar melhores experiências aos seus clientes. A Máquina Cohn & Wolfe busca aprimorar seus serviços a partir de uma nova ferramenta, que agora está sendo construída por meio dos processos ágeis. Mas nem sempre essa foi a realidade do projeto –– e é sobre isso que falamos neste episódio, com participação de Fernando Kadaoka e Thássio Borges Assista também no youtube: youtube.com/osagilistas Instagram: @osagilistas