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os agilistas

#226 A solução é sempre digital?

#226 A solução é sempre digital?

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PEDRO: Parece que é difícil convencer quando a gente tem que construir uma solução digital, mas convencer que não tem que construir também é muito difícil, cara.  

DIULIA: Bom dia, boa tarde, boa noite, galera, tudo bem? Aqui de volta e comigo, como sempre, Pedro também está aqui. E aí, Pedro, joia?  

PEDRO: Olá, pessoal, tudo joia? Prazer estar aqui de novo, Diulia.  

DIULIA: Então, hoje é um tema que pode até assustar um pouquinho as pessoas que nos acompanham há muito tempo, porque sabem que os Agilistas é feito pela dti, que é uma empresa que é focada na construção de soluções de software, em soluções digitais. Só que a gente aqui precisa conversar também sobre diversos tipos de problema. E aí o que acontece? A gente entende que quando um cliente chega para a gente, pode ser que nem sempre vá casar com uma solução digital. Ao mesmo tempo, a gente entende que desatrelar 100%, muitas das vezes é difícil porque a nossa vida mudou muito a partir do momento em que a tecnologia entrou e entrou assim criando um espaço para poder ficar que era definitivo. Então, desde os smartphones, as mídias sociais, aprendizado de máquinas, soluções digitais que a gente entra em contato todos os dias, elas foram se tornando onipresentes na nossa vida, hoje é muito difícil desassociar. Isso faz, naturalmente, com que às vezes a gente fique enviesado de querer pegar qualquer problema e criar uma ferramenta para poder solucionar aquele problema. Então, hoje a gente vai conversar sobre os casos em que às vezes a gente até acha que esse seria o caminho, mas no meio desse percurso a gente descobre que não era a melhor opção ou que teria mais trabalho a ser feito além da solução digital. E aí para poder falar sobre isso, a gente trouxe aqui o Gabriel, que tem apenas 18 mil anos de dti. 

GABRIEL: Mais ou menos isso. E aí, pessoal, meu nome é Gabriel, sou designer aqui na dti há mais de cinco anos, tenho mais de oito clientes atuando aí, então tenho uma estradinha boa nessa empresa aqui, curto bastante.  

DIULIA: Já atuou em muitos produtos de discovery, não é? 

GABRIEL: Nossa, muitos processos de discovery, e é igual a Julia está falando, o cliente sempre chega querendo um produto digital, a gente chega e diz: “sério, é isso mesmo que você quer?”. E a gente tem todo um processo ali para descobrir realmente o que o cliente está precisando.  

PEDRO: É isso aí, bem vindo, Gabriel. E o papo de hoje é esse, como a Julia comentou, embora a gente saiba que a tecnologia empenhou um papel super driver de inovação em diversas áreas, a gente sabe que também pode vir de novos processos, novas abordagens que não necessariamente vão ser a solução digital. Então, começando pelo problema, ou melhor, é sempre o problema que chega para a gente?  

GABRIEL: Então, quando eles trazem uma visão ali, e começa bem desse diálogo ali: “o que vocês querem, qual que é o procedimento que vocês estão buscando aqui com a empresa?”. Porque eles falam: “ah, dti, a gente trabalha com produtos digitais, visões, esses processos assim”. Então eles já querem um aplicativo, já chegam aqui: “eu quero um aplicativo porque eu acho que eu tenho um problema X”. Então a gente tenta desde o começo falar assim: “olha, a gente entende que vocês são especialistas no que vocês estão trazendo e a gente é especialista no processo digital. Então vamos tentar casar um pouco dos dois porque existe um processo todo a ser feito antes da gente começar a pensar em construir alguma coisa”. Então desde o momento comercial que a gente está conversando com o cliente, a gente traz essa visão, a gente tenta deixar bem claro isso e explicar ao máximo possível: “olha, essas primeiras semanas, esses primeiros contatos, eles são todos de uma validação do que vocês estão falando, que vocês estão conversando há anos, meses, e a gente está começando agora a ter esse relacionamento. Então, primeiro vamos entender o que vocês estão fazendo, quais são as suas dificuldades, para depois a gente chegar em uma conclusão, em conjunto, do que é realmente necessário ser feito”. Então, a gente sempre tem esse diálogo inicial, preparação, e a gente começa realmente um discovery ali para chegar numa solução em conjunto.  

PEDRO: É importante navegar no espaço do problema primeiro antes de já chegar navegando no espaço da solução, não é?  

GABRIEL: Conversar bastante com o cliente, conversar as áreas envolvidas, às vezes não é só um pedaço ali, às vezes eles acham que está dentro de uma área muito específica aqui em que a gente tem que atuar e a gente descobre que o problema está ou antes ou depois, a Diulia aqui do design do serviço sabe bem como que isso funciona, então a gente consegue aplicar bastante da metodologia dentro do nosso dia a dia.  

DIULIA: Pois é, às vezes acontece, inclusive, igual você estava comentando, de o cliente chegar, aí primeiro tem essa visão realmente de que é uma solução digital. E aí depois, além de ser uma solução digital, já tem a área que é impactada, já tem mais ou menos um recorte de como que seria a solução para poder sanar aquela dor. E é muito fácil da gente entender por que que eles têm tanta urgência e já tem essa visão, porque quando a gente machuca, por exemplo, a gente quer que pare de doer, então se vai passar um mertiolate, se queimou e vai passar uma água, o que for, a gente quer minimizar aquele sintoma. Então o cliente quer a mesma coisa, quer resolver o mais rápido possível, que às vezes está perdendo dinheiro, às vezes está perdendo até pessoas ali que não conseguem permanecer naquela área, está tendo muita curva de aprendizado, enfim, podem ter diversos tipos de dores para além do incômodo de olhar e falar: “nossa, esse processo está estranho”. Mas podem ter dores que são muito reais, que dão um impacto muito grande no negócio. E aí, até puxando para esse lado, o que acontece quando o cliente chega para a gente, fala dessas dores e a gente, no meio do caminho, identifica que não era nesse ponto que eles imaginavam inicialmente que é o que a gente precisa atuar, ou que não é dessa maneira, com uma solução digital, que a gente vai conseguir solucionar para eles?  

GABRIEL: Acho que a questão aí é alinhamento de expectativa, acho que é a principal coisa que a gente tem que fazer quando chega nesse momento ali com o cliente, porque eles vieram com uma expectativa sempre de: “queremos um processo digital”. Então a gente tem que se bem alinhar assim: “olha, a gente entende que existe esse processo, a gente pode de certa maneira atuar em cima disso, mas talvez o problema está em outro lugar”. E é igual você falou, a gente pode até estancar o ferimento ali, mas a dor ela vai continuar acontecendo. Então se a gente não identificar o ponto, a dor vai voltar e ela vai voltar de outra maneira, ela pode voltar mais forte. Então a gente tem que saber identificar e apresentar o melhor possível para o cliente o porquê que a gente está sugerindo daquela maneira. Então às vezes esse alinhamento de expectativa a gente tem que colocar em uma posição e falar assim: “olha, diante de toda essa análise, diante de toda a conversa que a gente fez, nossa opinião como profissionais da área, como direcionadores desse processo de transformação digital é, às vezes, não ir para o processo de transformação digital”. Muitas vezes a gente pega nesses discoveries que é uma falta de comunicação que está acontecendo. Um sistema não vai resolver um problema de comunicação. O sistema só solidifica um processo já existente. Então, se o processo está quebrado, o sistema também vai ficar quebrado. Então, a gente tem que resolver muito mais como que vai ter essa solução, conversar com o cliente, tentar ajustar isso, fazendo um remapeamento de fluxo, fazendo os nossos MVPs ali, melhorias de comunicação de certas maneiras, deixar mais claro papéis, responsabilidades, para depois então, se for necessário, atuar dentro de algum sistema. Às vezes pode ser até um sistema de prateleira, a gente tem que entender o que é realmente mais interessante. A gente tem também clientes de longa data que a gente faz esses processos e no final das contas fala assim: “olha, tem algum tema aqui que a gente já construiu aqui com vocês mesmo que a gente pode aproveitar, porque a gente já não faz isso?”. Então existem esses cenários também.  

PEDRO: É muito interessante isso que você falou, Gabriel, porque existe o que a gente começou falando, que é o apego na ideia de que é uma solução digital que vai resolver. E tem os cenários em que a dor ou o problema já vem com o apego em uma solução digital específica já existente, ou uma ferramenta que eles já usam, ou que foi concebida para resolver aquele problema, mas ninguém parou para pensar que, na verdade, ela não está resolvendo porque não é ela mesmo que iria resolver, ou que, na verdade, não é o…  

GABRIEL: A quantidade de sistema no Excel que a gente vê aqui, que a gente tem que falar: “às vezes pode ser, pode não ser a solução, a gente tem que dosar bem”.  

PEDRO: Eu mesmo já passei por uma situação, não tem vergonha de dizer, no meu período de scrum master, já faz alguns anos, então eu posso contar, que eu trabalhei em um time na época como squad leader e a gente trabalhou por diversos meses, diversas sprints, consolidando alguns meses em um produto que mais à frente a gente foi descobrir que ninguém queria. Então assim, tivemos com certeza uma falha na concepção ali inicial, mas é um exemplo muito clássico da dificuldade do desapego, porque parece que é difícil convencer quando a gente tem que construir uma solução digital, mas convencer que não tem que construir também é muito difícil. Nossa, é um momento constrangedor, porque tinha muita gente apostando naquilo, as pessoas que idealizaram aquele produto, elas tinham que ser convencidas, então não foi um momento fácil, a gente acabou pivotando completamente, depois dessa constatação, antes tarde do que mais tarde.  

DIULIA: É uma ótima frase.  

GABRIEL: O objetivo do MVP é justamente isso, testar uma hipótese.  

PEDRO: O produto acabou sendo completamente desativado, infelizmente, parte do time foi desmobilizado, então saiu mais barato para todo mundo. Inclusive, como qualquer produto digital, ele tem custo para se manter, então tudo isso foi barateado. Então, assim, o desapego não foi fácil, é uma mensagem difícil de passar, principalmente para quem idealizou, como eu falei. Mas começar dizendo que existe uma forma mais barata de resolver o problema, como era o caso, porque a gente descobriu que na verdade o que estava dentro daquele produto era um portal totalmente novo sendo construído, na verdade já existia um outro produto dentro da empresa que se a gente desse uma ajeitada nas informações já estava resolvendo o problema do usuário, sabe? Então, assim, é esse o olhar mais amplo que às vezes falta, não é, Gabriel?  

DIULIA: Tem um episódio, inclusive, que a gente gravou ano passado, que é o 208, que é sobre a falácia do custo irrecuperável, que é justamente isso, assim, você brincou do antes tarde do que mais tarde, que é de conseguir lidar com esse apego de: “caramba, já conversei com o stakeholder, já conversei com o meu líder, já vendi para os acionistas que aquela solução era isso mesmo e o pessoal está botando dinheiro. Agora eu vou calçar minha cara para poder chegar e falar que na verdade não?”. As pessoas para além do aceitar no coração, tem o aceitar que vai precisar de fazer vários alinhamentos, justificar e inclusive ter essa visão de que vai economizar lá na frente, assim, também é muito importante que é uma forma de pelo menos acalentar o coração, de que nem tudo foi perdido.  

GABRIEL: É mais ou menos isso. Isso me lembrou aí também de algo recente aí que a gente fez com um cliente, fez um discovery que era assim: “olha, a gente tem cinco soluções dentro de um processo e a gente quer saber, a gente faz, usa uma, usa cinco, vai construir uma nova, o que a gente tem que fazer?”. E o todo o processo do discovery com a gente foi nesse sentido. Como que está o processo, onde que a gente pode reduzir esse custo, onde que a gente pode otimizar não usando tantos sistemas, avaliar, a gente fez todo um benchmarking dos sistemas que já usaram, entender o que realmente precisava ali. E no final das contas a gente conseguiu usar um produto de prateleira que eles já estavam acostumados, já tinham experiência no uso, precisava de alguns ajustes, sim, mas nada assim drástico. E a outra metade foi ajuste de processo, que era assim: “ah, a gente não tem uma comunicação tão efetiva porque a gente faz tudo de última hora, porque não tem um alinhamento. Então se a gente tivesse esse alinhamento aqui, a gente conseguiria fazer isso melhor?”. Consegue. Então assim, foi uma semana e mais algumas outras de entrevistas ali, para chegar numa conclusão que era: se eu tiver uma reunião ali a cada dois meses, um mês, eu consigo resolver meu problema que está atrapalhando semanas do nosso planejamento, sabe? Então isso já é uma economia, já é uma otimização de processo e eles não tiveram que gastar nada com o desenvolvimento de sistemas.  

PEDRO: E hoje os times tem essa capacidade, a gente não tem times formados completamente só de engenheiros ou pessoas de operação. Os times de produtos hoje eles têm que ter a capacidade de olhar para o problema de uma forma ampla e navegar nesses fatores que você comentou também. Quem são as pessoas que você diria que se envolvem, que tem que estar abertas aí olhando para esses pontos?  

GABRIEL: Eu acho que a gente, parando para pensar assim num time multidisciplinar, é muito do que a gente fala, o produto certo. E a gente, principalmente essa área de design, de produto ali, que está muito envolvida com a visão estratégica do negócio, são as pessoas que vão dar a cara a tapa lá para o cliente para entender para entender o que está acontecendo, conversar com o cliente, os usuários do sistema, entender o que eles estão passando ali, entender toda a visão, qual é a estratégia da empresa, absorver e traduzir esse conhecimento. E também, obviamente, você tem a participação de todo o time, as pessoas geralmente são as principais. Você também tem o apoio de alguém da parte técnica para entender viabilidade daquilo, a parte lá de operação para também entender o custo daquilo, qual vai ser o volume de desenvolvimento. Então você tem certas interações ali, mas principalmente a parte de design do produto ali para garantir que a visão estratégica está alinhada com a visão de criação de um produto é realmente o essencial nesse momento, sabe? E é quem vai buscar a briga lá para falar assim: “oh, deu errado aqui, vamos ter que dar um rollback do processo, porque não deu certo não”. São as pessoas ali no front que a gente fala.  

PEDRO: E se sentir o cheiro do risco, não tem medo de dizer.  

GABRIEL: É, a gente tem que ser bem transparente com o cliente, acho que isso é uma coisa que a dti prega bastante. A gente falar assim: “olha, a gente precisa arrumar alguma coisa no código, a gente criou essa feature aqui, ela não deu certo, a gente vai tirar ela”. Então a gente tem que ser bem transparente, que o cliente ele também precisa disso, para ele saber: “olha, a gente pode confiar na empresa, pode confiar no time que a gente está construindo ali”. Para mostrar que a gente está no mesmo lado, um time só, não é um relacionamento unilateral aqui.  

PEDRO: Sim, já ouvi da boca do próprio cliente até, assim, a pessoa fala assim: “putz, como que eu vou contar para o meu chefe agora que a gente investiu em uma parada que não vai para frente, não tem valor, sabe?”. Eu falei, cara, você tem que contar é pior do que ele continuar investindo.  

GABRIEL: Ficar escondendo isso aqui não adianta nada.  

DIULIA: Pois é, até me lembrou de um discovery que a gente fez, o processo foi até bem legal, desde o começo o cliente identificava que precisava de um mapeamento. Então eles não tinham uma visão clara sobre uma solução digital específica, nem nada do tipo, nem de adaptação de ferramenta deles. E a gente fez o mapeamento de uma série de subáreas, que compunham uma área, e foi muito legal porque no final a gente foi dividindo numa lógica de priorização entre o que era quick win, o que era estratégico, mas era complexo de fazer e eles criaram toda uma inteligência do lado deles para poder ir concluindo essas ações com muito mais visibilidade do que fazia sentido puxar a cada momento. Não saiu nenhuma solução digital para a gente poder trabalhar de imediato, pelo menos eles entenderam que naquele momento eles precisavam focar nos ajustes de processo mesmo e foi interessante como a gente mapeou praticamente todas as subáreas que compunham aquela área, a gente escutou inclusive pessoas que já estavam na empresa há 10 anos virarem para a gente falando: “é a primeira vez que alguém me pergunta sobre como é que eu atuo, é a primeira vez que alguém me pergunta sobre o meu processo”. E a pessoa se sentiu assim visível em relação à empresa. Então é interessante que a gente olhe para esses processos de descoberta, o Product Discovery, discovery de maneira mais ampla, como uma oportunidade de realmente entendimento sobre o contexto com essa possibilidade de, assim, não é porque a gente conversou ali inicialmente, comercialmente, que a gente precisa levar para uma solução digital. O negócio que você comentou, a DTI é muito transparente nesse sentido, a gente quer se posicionar sempre como parceiro do cliente. E aí, como parceiro, a gente não quer dinheiro a qualquer custo, a gente quer fazer soluções que realmente façam sentido, que gerem valor. E para isso, esse senso crítico é essencial. E aí, assim, normalmente, quando a gente olha para um cenário igual ao que a gente vem comentando. O cliente chegou, trouxe demanda, a gente vai conversando, vai alinhando. O que é preciso, o que é importante ter em mente na hora de trabalhar para essa busca na solução para um problema? O que normalmente são perguntas que são feitas ou momentos de reflexão que precisam acontecer? Você comentou também de alinhamento de expectativa.  

GABRIEL: Quando a gente está discutindo ali com o cliente, trazendo esses tópicos, a gente sempre faz primeiro uma visão geral, do que está acontecendo, do que é o problema e a gente entra nesse processo, igual você comentou, Diulia, de conversar com as pessoas, entender, dar visibilidade para elas. E com as ferramentas de design, a gente consegue criar uma visão de quais que são realmente as dores daquilo. E a gente trabalha ali em qual que é o nosso foco em cima dessas dores, muito mais do que necessariamente atuar em ferramentas, já partir para a parte de solução. Então a gente trabalha muito mais com o que a gente está precisando fazer, o que está alinhado com a expectativa da empresa e a gente vai ligando nesse processo de um discovery para a visão de solução ali no final. E aí, igual você comentou, é bem divertido esse processo porque tem gente que fala assim: “ah, eu faço isso há 50 anos”. Aí chega alguém na área legal: “mas não pode fazer isso”. E aí a gente fica: “não, mas eu estou sabendo disso agora e aí tal”. Então assim, é bem divertido quando é um discovery assim, onde você pega pessoas, cada uma de uma área ali da empresa, cada uma de um setor em específico, e aí coloca todo mundo numa área, numa sala ali, e pede e fala assim: “o que vocês fazem?”. E eles começam a explicar cada processo, eles começam a criar essa lógica ali, e eles começam a perceber onde que está o ponto realmente de dor, por que para uma pessoa dói de uma maneira específica e para outra aquilo na verdade é a solução. Então; “ah, eu estou fazendo esse processo aqui porque eu tenho uma dificuldade de liberar um item na linha de produção”. E aí na verdade isso está mascarando uma série de problemas que poderiam ser resolvidos de uma maneira talvez um pouco mais simples, se fosse comunicado, se fosse alinhado de alguma maneira. Então, fazendo essas jornadas que a gente chama aqui, esses alinhamentos de dores, expectativas, entrevistas, todo um trabalho ali, para a gente chegar no famoso design sprint, na semana ali que a gente está conversando, a gente passou no mínimo ali um, dois meses imerso realmente no cliente, coletando essas informações, entendendo cada etapa, documentando tudo isso, para só então a gente falar assim: “beleza, agora a gente pode pensar em solução”.  

PEDRO: Você já passou por alguma situação de talvez o cliente ou… quando eu falo cliente é até muito importante a gente delimitar, nós não estamos falando, nem sendo nós estamos falando do cliente como um todo, é às vezes alguma área, algum demandante, uma pessoa mais na característica de usuário final, que está realmente demandando. Muitas vezes até chegando diretamente para a gente. E aí quando eu falo a gente, nós em parceria com a tecnologia do cliente, muitas vezes. Eu já passei por algumas situações assim, e eu queria saber se você já passou também desse cliente, esse demandante, não querer compartilhar qual que é a dor, qual que é o problema.  

GABRIEL: Ah, várias vezes. Algumas pessoas têm uma restrição, acham que a gente está lá para investigar por algum motivo. Então a gente tem que criar um laço de confiança muitas vezes com quem vai usar o sistema. Então isso é importante para eles falarem de tudo o que eles precisam, falarem das dores, porque dependendo de como funciona, toda a questão de hierarquias, como que cada cliente atua, você tem que entender um pouco dessa dinâmica, porque isso vai impactar na hora que as pessoas forem falar. Então a gente sempre tenta criar uma visão: “olha, a gente não está aqui para te julgar, a gente não está aqui para falar, mostrar pro seu chefe o que está acontecendo. Nosso objetivo aqui é entender o máximo possível do processo e tentar fazer com que a sua vida seja mais fácil, não é só melhor otimizar o processo da empresa. Não, a gente quer otimizar o processo de todos os envolvidos”. Então, às vezes, as pessoas ficam com receio de falar, só depois de, sei lá, um mês ali, às vezes, que as pessoas dizem: “nossa, ganhei confiança suficiente para contar que existe um problema X”.  

PEDRO: E aí a gente tem que ter uma perseverança para vencer um pouco essas barreiras.  

DIULIA: E construir na confiança. Isso é um negócio muito importante dentro do processo, porque uma coisa é a gente pensando do ponto de vista de quem está indo investigar, quem está indo correr atrás, a gente sabe o que a gente está buscando, mas para algumas empresas e aí até com uma visão um pouco mais tradicional ou que nunca tiveram processos mais voltados para design thinking, abordagens ágeis, de repente chegam umas pessoas que você nunca viu para poder entender o que você faz com detalhe.  

GABRIEL: Com crachá, parece que é o chefe escondido.  

DIULIA: E aí, uma coisa que eu sempre gosto de comentar com as pessoas no início, principalmente a partir do momento que virou um processo mais remoto, hoje em dia a gente está fazendo alguns remotos, alguns presenciais, alguns híbridos pela natureza do cenário mesmo, que permite esse tipo de flexibilidade, mas quando a gente começou a fazer processos mais remotos, por mais que você esteja olhando na câmera, você não está olhando no olho na pessoa. Você não chegou, não entendeu quem é aquela pessoa de um nível mais aprofundado, o espaço, exatamente. Então eu sempre gostava de comentar assim: “olha, de forma alguma aí para poder avaliar o seu trabalho, para poder criticar o seu trabalho”. Porque normalmente as pessoas ali dentro das áreas, elas estão fazendo o melhor que elas podem com os recursos que elas têm no melhor tempo que elas podem. Então algumas ficam bem assim, de mineiro para mineiro, as pessoas ficam cabreiras.  

PEDRO: Tem que ter um pitch muito bom para chegar a fazer uma entrevista aprofundada com algumas pessoas.  

DIULIA: E uma coisa que é legal, até traçar o paralelo, porque você comentou de juntar pessoas para poder entender, o que para um é um ponto de solução, para outro pode estar gerando gargalo, é uma enorme diferença entre a pesquisa atitudinal e a comportamental, porque se você vai fazer uma pesquisa atitudinal, que é uma pesquisa baseada basicamente no que as pessoas falam, o que elas fazem, ela vai te contar ali passo a passo.  

GABRIEL: Mínimos detalhes, como foi o treinamento, é aquilo ali, na ponta da língua.  

DIULIA: Ela vai tentar colocar em ordem cronológica de como as ações funcionam. A gente sabe que a vida é mais orgânica, então normalmente o que acontece é a pessoa começar uma ação, aí ela lembra de um outro negócio, aí começa a puxar e o fulano chama, aí ela já vai olhar o outro negócio, aí abre uma outra aba. Então a gente sabe que o negócio é mais confuso, e quando a gente tem pessoas com visões diferentes colocadas no mesmo ambiente, a realidade consegue chegar um pouco mais ajustada porque a conta tem que fechar. O quebra-cabeça tem que encaixar ali as peças. Então é bem legal esse processo. Acho que os dois processos se complementam, não tem um que é melhor do que o outro, mas precisam se complementar para poder a gente ter consistência.  

GABRIEL: Não só nisso, mas também fazendo sombras, você consegue ver igual o comenta-man, o ambiente que a pessoa está, como que ela está reagindo às coisas. Teve uma vez que a gente estava fazendo um sistema e a gente foi fazer uma sombra, e aí: “não, que no sistema tem isso, que tem essa informação”. Aí o pessoal: “não, é muito difícil. Aqui eu tenho uma colinha de papel, que eu anoto todas as coisas que eram para estar no sistema, e aí toda vez que muda eu corto aqui, eu escrevo de novo”. Aí eu falei: “ah, entendi, como funciona”.  

DIULIA: Tem tudo no sistema. Só explica para o pessoal o que que é sombra, porque é um negócio meio assim: “ah, porque a gente fez sombra”. Fica ali tampando o sol em cima da cabeça.  

PEDRO: É papo de designer.  

GABRIEL: É o costume. Mas sombra é um processo onde a gente acompanha as pessoas no dia a dia, geralmente o usuário final, para ver todos os processos, a gente chama de sombra porque realmente a gente fica como uma sombra ali, acompanhando, a gente tenta interferir o menos possível dentro do dia a dia da pessoa, mas anotando, entendendo os trejeitos, perguntando algumas coisas ali do processo durante o dia, que aí a gente consegue depois consolidar um processo e trazer essas informações ali para o discovery ou na parte de criação.  

PEDRO: E é isso aí que capacita a gente a achar formas de resolver o problema que muitas vezes podem não ser só a solução digital, porque a gente está ali olhando para tudo.  

DIULIA: E de uma maneira menos enviesada, porque como a gente é novo no contexto, a gente às vezes começa a conseguir enxergar as coisas de maneira menos aglutinada do que aquelas pessoas que estão vendo há anos aquele processo sendo daquele jeito. 

PEDRO: Eu tento usar isso muito como argumento também nesse pitch para vencer a barreira das pessoas, porque não tão raro também eu escuto alguma coisa como: “cara, eu já expliquei umas quatro vezes”. Quando eu estou te perguntando qual que é a dor, qual que é o problema: “eu já te falei, eu já te falei”. “Fala mais uma, por favor, porque eu vou tentar encontrar a maneira mais barata de resolver esse problema, entendeu? Mas para isso você vai ter que contar para mim qual que é o problema, mais uma vez, por favor”.  

GABRIEL: A vantagem disso é que você fala assim: “cara, eu não conheço o processo, me explica aí, passa o passo a passo, vai lá, com calma”. E aí você quebra ali, e eu acho que é interessante porque as pessoas gostam de falar o que elas fazem. Então, esse ar de estou sendo ouvida, isso é bem legal porque quando você puxa isso, pergunta lá mais uma vez o que ela está fazendo, você vê na pessoa quando ela tem interesse ali, ela começa a detalhar, especificar bastante as coisas. Então isso para a gente é muito rico.  

DIULIA: Eu não sei para vocês, mas assim, eu sou uma pessoa muito curiosa. Então quando tem um novo contexto assim, e aí vai fazer esse processo de imersão, antigamente eu fazia mais, hoje eu faço bem raramente. Mas quando vai fazer esse processo de imersão e ir descobrindo como é que as coisas funcionam por trás…  

GABRIEL: Parece aquele filme, você coloca uma corda ligando com a outra, com ele assim, aí tem um quadro e tal.  

PEDRO: Aí de repente vem uma luz, aí você fala: “nossa, cara, essa informação mata tudo”.  

GABRIEL: Você bate assim no quadro.  

PEDRO: E que takeaways a gente pode tirar de hoje então, gente? Quais são as possíveis principais lições aí, Gabriel?  

GABRIEL: Eu acho que a primeira coisa é: não assuma que a solução é a mesma que você vai chegar aqui. Acho que nenhum processo é uma via de mão única. Então existem várias maneiras de resolver o mesmo problema. Então a gente tem que realmente aprofundar o máximo possível, entender, tomar decisões com as informações que a gente tem e seguir em frente. Acho que dentro desse mundo ágil aí a gente tem que entender que a gente vai errar várias vezes, mas a gente tem que saber qual é a maneira mais segura de errar, qual é a maneira de direcionamento que a gente consegue ter ali e caminhar para frente sempre. Acho que isso é bem importante.  

PEDRO: Isso. Embora as soluções digitais pareçam lindas, poderosas, elas nem sempre são a melhor ou a mais recomendada saída para um determinado problema.  

DIULIA: É, acho que é muito importante essa chegada com o coração aberto, assim, para esses processos de imersão. E a gente fala muito sempre sobre não se apaixonar pela solução.  

GABRIEL: A primeira coisa que o pessoal fala é solução. Não, vamos primeiro no problema, a solução é consequência disso.  

DIULIA: Exatamente.  

PEDRO: Legal, gente.  

DIULIA: Temos um belo episódio, não é?  

PEDRO: Sim, mais um.  

DIULIA: Esse é bem reflexivo, assim, de: “o que estamos fazendo, estamos percorrendo o caminho, faz sentido?”.  

GABRIEL: A imagem do John Travolta ali.  

PEDRO: Sim, a galera não está vendo, mas está rolando um pôr do sol ao mesmo tempo, está demais isso aqui.  

DIULIA: É, está muito poético.  

GABRIEL: É, o episódio na praia hoje, é edição especial.  

PEDRO: Ah, que é isso, muito bom. Poderia. Gabriel, obrigado por compartilhar as experiências aí com a gente. Seja bem-vindo sempre que quiser voltar aos Agilistas.  

GABRIEL: Só chamar.  

DIULIA: Pois é, e assim, experiência não é uma coisa que falta. Tantas vivências aí, tantas vidas dentro da dti.  

GABRIEL: Cinco anos que parecem vários, bem mais.  

DIULIA: A gente vai multiplicando, quando a pessoa entra na dti, normalmente ela fala: “nossa, fiz um mês de dti, mas parece tanto tempo”. E aí quando vai completando os anos, a gente vai continuando a multiplicar, parece que faz vidas que a pessoa está ali, no sentido de que o aprendizado é muito contínuo mesmo. É bem intenso o processo.  

GABRIEL: Muitos cenários ali que a gente tem que se adaptar bastante.  

DIULIA: Bom demais.  

PEDRO: Obrigado, gente. E lembrando que quem gostou, curtiu, seguir os Agilistas no Instagram, avaliar a gente nas plataformas, para ajudar a gente a atingir mais gente aí também, certo? Obrigado, Gabriel. Valeu, Diulia.  

DIULIA: Valeu demais gente, até. 

PEDRO: Parece que é difícil convencer quando a gente tem que construir uma solução digital, mas convencer que não tem que construir também é muito difícil, cara.   DIULIA: Bom dia, boa tarde, boa noite, galera, tudo bem? Aqui de volta e comigo, como sempre, Pedro também está aqui. E aí, Pedro, joia?   PEDRO: Olá, pessoal, tudo joia? Prazer estar aqui de novo, Diulia.   DIULIA: Então, hoje é um tema que pode até assustar um pouquinho as pessoas que nos acompanham há muito tempo, porque sabem que os Agilistas é feito pela dti, que é uma empresa que é focada na construção de soluções de software, em soluções digitais. Só que a gente aqui precisa conversar também sobre diversos tipos de problema. E aí o que acontece? A gente entende que quando um cliente chega para a gente, pode ser que nem sempre vá casar com uma solução digital. Ao mesmo tempo, a gente entende que desatrelar 100%, muitas das vezes é difícil porque a nossa vida mudou muito a partir do momento em que a tecnologia entrou e entrou assim criando um espaço para poder ficar que era definitivo. Então, desde os smartphones, as mídias sociais, aprendizado de máquinas, soluções digitais que a gente entra em contato todos os dias, elas foram se tornando onipresentes na nossa vida, hoje é muito difícil desassociar. Isso faz, naturalmente, com que às vezes a gente fique enviesado de querer pegar qualquer problema e criar uma ferramenta para poder solucionar aquele problema. Então, hoje a gente vai conversar sobre os casos em que às vezes a gente até acha que esse seria o caminho, mas no meio desse percurso a gente descobre que não era a melhor opção ou que teria mais trabalho a ser feito além da solução digital. E aí para poder falar sobre isso, a gente trouxe aqui o Gabriel, que tem apenas 18 mil anos de dti.  GABRIEL: Mais ou menos isso. E aí, pessoal, meu nome é Gabriel, sou designer aqui na dti há mais de cinco anos, tenho mais de oito clientes atuando aí, então tenho uma estradinha boa nessa empresa aqui, curto bastante.   DIULIA: Já atuou em muitos produtos de discovery, não é?  GABRIEL: Nossa, muitos processos de discovery, e é igual a Julia está falando, o cliente sempre chega querendo um produto digital, a gente chega e diz: “sério, é isso mesmo que você quer?”. E a gente tem todo um processo ali para descobrir realmente o que o cliente está precisando.   PEDRO: É isso aí, bem vindo, Gabriel. E o papo de hoje é esse, como a Julia comentou, embora a gente saiba que a tecnologia empenhou um papel super driver de inovação em diversas áreas, a gente sabe que também pode vir de novos processos, novas abordagens que não necessariamente vão ser a solução digital. Então, começando pelo problema, ou melhor, é sempre o problema que chega para a gente?   GABRIEL: Então, quando eles trazem uma visão ali, e começa bem desse diálogo ali: “o que vocês querem, qual que é o procedimento que vocês estão buscando aqui com a empresa?”. Porque eles falam: “ah, dti, a gente trabalha com produtos digitais, visões, esses processos assim”. Então eles já querem um aplicativo, já chegam aqui: “eu quero um aplicativo porque eu acho que eu tenho um problema X”. Então a gente tenta desde o começo falar assim: “olha, a gente entende que vocês são especialistas no que vocês estão trazendo e a gente é especialista no processo digital. Então vamos tentar casar um pouco dos dois porque existe um processo todo a ser feito antes da gente começar a pensar em construir alguma coisa”. Então desde o momento comercial que a gente está conversando com o cliente, a gente traz essa visão, a gente tenta deixar bem claro isso e explicar ao máximo possível: “olha, essas primeiras semanas, esses primeiros contatos, eles são todos de uma validação do que vocês estão falando, que vocês estão conversando há anos, meses, e a gente está começando agora a ter esse relacionamento. Então, primeiro vamos entender o que vocês estão fazendo, quais são as suas dificuldades, para depois a gente chegar em uma conclusão, em conjunto, do que é realmente necessário ser feito”. Então, a gente sempre tem esse diálogo inicial, preparação, e a gente começa realmente um discovery ali para chegar numa solução em conjunto.   PEDRO: É importante navegar no espaço do problema primeiro antes de já chegar navegando no espaço da solução, não é?   GABRIEL: Conversar bastante com o cliente, conversar as áreas envolvidas, às vezes não é só um pedaço ali, às vezes eles acham que está dentro de uma área muito específica aqui em que a gente tem que atuar e a gente descobre que o problema está ou antes ou depois, a Diulia aqui do design do serviço sabe bem como que isso funciona, então a gente consegue aplicar bastante da metodologia dentro do nosso dia a dia.   DIULIA: Pois é, às vezes acontece, inclusive, igual você estava comentando, de o cliente chegar, aí primeiro tem essa visão realmente de que é uma solução digital. E aí depois, além de ser uma solução digital, já tem a área que é impactada, já tem mais ou menos um recorte de como que seria a solução para poder sanar aquela dor. E é muito fácil da gente entender por que que eles têm tanta urgência e já tem essa visão, porque quando a gente machuca, por exemplo, a gente quer que pare de doer, então se vai passar um mertiolate, se queimou e vai passar uma água, o que for, a gente quer minimizar aquele sintoma. Então o cliente quer a mesma coisa, quer resolver o mais rápido possível, que às vezes está perdendo dinheiro, às vezes está perdendo até pessoas ali que não conseguem permanecer naquela área, está tendo muita curva de aprendizado, enfim, podem ter diversos tipos de dores para além do incômodo de olhar e falar: “nossa, esse processo está estranho”. Mas podem ter dores que são muito reais, que dão um impacto muito grande no negócio. E aí, até puxando para esse lado, o que acontece quando o cliente chega para a gente, fala dessas dores e a gente, no meio do caminho, identifica que não era nesse ponto que eles imaginavam inicialmente que é o que a gente precisa atuar, ou que não é dessa maneira, com uma solução digital, que a gente vai conseguir solucionar para eles?   GABRIEL: Acho que a questão aí é alinhamento de expectativa, acho que é a principal coisa que a gente tem que fazer quando chega nesse momento ali com o cliente, porque eles vieram com uma expectativa sempre de: “queremos um processo digital”. Então a gente tem que se bem alinhar assim: “olha, a gente entende que existe esse processo, a gente pode de certa maneira atuar em cima disso, mas talvez o problema está em outro lugar”. E é igual você falou, a gente pode até estancar o ferimento ali, mas a dor ela vai continuar acontecendo. Então se a gente não identificar o ponto, a dor vai voltar e ela vai voltar de outra maneira, ela pode voltar mais forte. Então a gente tem que saber identificar e apresentar o melhor possível para o cliente o porquê que a gente está sugerindo daquela maneira. Então às vezes esse alinhamento de expectativa a gente tem que colocar em uma posição e falar assim: “olha, diante de toda essa análise, diante de toda a conversa que a gente fez, nossa opinião como profissionais da área, como direcionadores desse processo de transformação digital é, às vezes, não ir para o processo de transformação digital”. Muitas vezes a gente pega nesses discoveries que é uma falta de comunicação que está acontecendo. Um sistema não vai resolver um problema de comunicação. O sistema só solidifica um processo já existente. Então, se o processo está quebrado, o sistema também vai ficar quebrado. Então, a gente tem que resolver muito mais como que vai ter essa solução, conversar com o cliente, tentar ajustar isso, fazendo um remapeamento de fluxo, fazendo os nossos MVPs ali, melhorias de comunicação de certas maneiras, deixar mais claro papéis, responsabilidades, para depois então, se for necessário, atuar dentro de algum sistema. Às vezes pode ser até um sistema de prateleira, a gente tem que entender o que é realmente mais interessante. A gente tem também clientes de longa data que a gente faz esses processos e no final das contas fala assim: “olha, tem algum tema aqui que a gente já construiu aqui com vocês mesmo que a gente pode aproveitar, porque a gente já não faz isso?”. Então existem esses cenários também.   PEDRO: É muito interessante isso que você falou, Gabriel, porque existe o que a gente começou falando, que é o apego na ideia de que é uma solução digital que vai resolver. E tem os cenários em que a dor ou o problema já vem com o apego em uma solução digital específica já existente, ou uma ferramenta que eles já usam, ou que foi concebida para resolver aquele problema, mas ninguém parou para pensar que, na verdade, ela não está resolvendo porque não é ela mesmo que iria resolver, ou que, na verdade, não é o…   GABRIEL: A quantidade de sistema no Excel que a gente vê aqui, que a gente tem que falar: “às vezes pode ser, pode não ser a solução, a gente tem que dosar bem”.   PEDRO: Eu mesmo já passei por uma situação, não tem vergonha de dizer, no meu período de scrum master, já faz alguns anos, então eu posso contar, que eu trabalhei em um time na época como squad leader e a gente trabalhou por diversos meses, diversas sprints, consolidando alguns meses em um produto que mais à frente a gente foi descobrir que ninguém queria. Então assim, tivemos com certeza uma falha na concepção ali inicial, mas é um exemplo muito clássico da dificuldade do desapego, porque parece que é difícil convencer quando a gente tem que construir uma solução digital, mas convencer que não tem que construir também é muito difícil. Nossa, é um momento constrangedor, porque tinha muita gente apostando naquilo, as pessoas que idealizaram aquele produto, elas tinham que ser convencidas, então não foi um momento fácil, a gente acabou pivotando completamente, depois dessa constatação, antes tarde do que mais tarde.   DIULIA: É uma ótima frase.   GABRIEL: O objetivo do MVP é justamente isso, testar uma hipótese.   PEDRO: O produto acabou sendo completamente desativado, infelizmente, parte do time foi desmobilizado, então saiu mais barato para todo mundo. Inclusive, como qualquer produto digital, ele tem custo para se manter, então tudo isso foi barateado. Então, assim, o desapego não foi fácil, é uma mensagem difícil de passar, principalmente para quem idealizou, como eu falei. Mas começar dizendo que existe uma forma mais barata de resolver o problema, como era o caso, porque a gente descobriu que na verdade o que estava dentro daquele produto era um portal totalmente novo sendo construído, na verdade já existia um outro produto dentro da empresa que se a gente desse uma ajeitada nas informações já estava resolvendo o problema do usuário, sabe? Então, assim, é esse o olhar mais amplo que às vezes falta, não é, Gabriel?   DIULIA: Tem um episódio, inclusive, que a gente gravou ano passado, que é o 208, que é sobre a falácia do custo irrecuperável, que é justamente isso, assim, você brincou do antes tarde do que mais tarde, que é de conseguir lidar com esse apego de: “caramba, já conversei com o stakeholder, já conversei com o meu líder, já vendi para os acionistas que aquela solução era isso mesmo e o pessoal está botando dinheiro. Agora eu vou calçar minha cara para poder chegar e falar que na verdade não?”. As pessoas para além do aceitar no coração, tem o aceitar que vai precisar de fazer vários alinhamentos, justificar e inclusive ter essa visão de que vai economizar lá na frente, assim, também é muito importante que é uma forma de pelo menos acalentar o coração, de que nem tudo foi perdido.   GABRIEL: É mais ou menos isso. Isso me lembrou aí também de algo recente aí que a gente fez com um cliente, fez um discovery que era assim: “olha, a gente tem cinco soluções dentro de um processo e a gente quer saber, a gente faz, usa uma, usa cinco, vai construir uma nova, o que a gente tem que fazer?”. E o todo o processo do discovery com a gente foi nesse sentido. Como que está o processo, onde que a gente pode reduzir esse custo, onde que a gente pode otimizar não usando tantos sistemas, avaliar, a gente fez todo um benchmarking dos sistemas que já usaram, entender o que realmente precisava ali. E no final das contas a gente conseguiu usar um produto de prateleira que eles já estavam acostumados, já tinham experiência no uso, precisava de alguns ajustes, sim, mas nada assim drástico. E a outra metade foi ajuste de processo, que era assim: “ah, a gente não tem uma comunicação tão efetiva porque a gente faz tudo de última hora, porque não tem um alinhamento. Então se a gente tivesse esse alinhamento aqui, a gente conseguiria fazer isso melhor?”. Consegue. Então assim, foi uma semana e mais algumas outras de entrevistas ali, para chegar numa conclusão que era: se eu tiver uma reunião ali a cada dois meses, um mês, eu consigo resolver meu problema que está atrapalhando semanas do nosso planejamento, sabe? Então isso já é uma economia, já é uma otimização de processo e eles não tiveram que gastar nada com o desenvolvimento de sistemas.   PEDRO: E hoje os times tem essa capacidade, a gente não tem times formados completamente só de engenheiros ou pessoas de operação. Os times de produtos hoje eles têm que ter a capacidade de olhar para o problema de uma forma ampla e navegar nesses fatores que você comentou também. Quem são as pessoas que você diria que se envolvem, que tem que estar abertas aí olhando para esses pontos?   GABRIEL: Eu acho que a gente, parando para pensar assim num time multidisciplinar, é muito do que a gente fala, o produto certo. E a gente, principalmente essa área de design, de produto ali, que está muito envolvida com a visão estratégica do negócio, são as pessoas que vão dar a cara a tapa lá para o cliente para entender para entender o que está acontecendo, conversar com o cliente, os usuários do sistema, entender o que eles estão passando ali, entender toda a visão, qual é a estratégia da empresa, absorver e traduzir esse conhecimento. E também, obviamente, você tem a participação de todo o time, as pessoas geralmente são as principais. Você também tem o apoio de alguém da parte técnica para entender viabilidade daquilo, a parte lá de operação para também entender o custo daquilo, qual vai ser o volume de desenvolvimento. Então você tem certas interações ali, mas principalmente a parte de design do produto ali para garantir que a visão estratégica está alinhada com a visão de criação de um produto é realmente o essencial nesse momento, sabe? E é quem vai buscar a briga lá para falar assim: “oh, deu errado aqui, vamos ter que dar um rollback do processo, porque não deu certo não”. São as pessoas ali no front que a gente fala.   PEDRO: E se sentir o cheiro do risco, não tem medo de dizer.   GABRIEL: É, a gente tem que ser bem transparente com o cliente, acho que isso é uma coisa que a dti prega bastante. A gente falar assim: “olha, a gente precisa arrumar alguma coisa no código, a gente criou essa feature aqui, ela não deu certo, a gente vai tirar ela”. Então a gente tem que ser bem transparente, que o cliente ele também precisa disso, para ele saber: “olha, a gente pode confiar na empresa, pode confiar no time que a gente está construindo ali”. Para mostrar que a gente está no mesmo lado, um time só, não é um relacionamento unilateral aqui.   PEDRO: Sim, já ouvi da boca do próprio cliente até, assim, a pessoa fala assim: “putz, como que eu vou contar para o meu chefe agora que a gente investiu em uma parada que não vai para frente, não tem valor, sabe?”. Eu falei, cara, você tem que contar é pior do que ele continuar investindo.   GABRIEL: Ficar escondendo isso aqui não adianta nada.   DIULIA: Pois é, até me lembrou de um discovery que a gente fez, o processo foi até bem legal, desde o começo o cliente identificava que precisava de um mapeamento. Então eles não tinham uma visão clara sobre uma solução digital específica, nem nada do tipo, nem de adaptação de ferramenta deles. E a gente fez o mapeamento de uma série de subáreas, que compunham uma área, e foi muito legal porque no final a gente foi dividindo numa lógica de priorização entre o que era quick win, o que era estratégico, mas era complexo de fazer e eles criaram toda uma inteligência do lado deles para poder ir concluindo essas ações com muito mais visibilidade do que fazia sentido puxar a cada momento. Não saiu nenhuma solução digital para a gente poder trabalhar de imediato, pelo menos eles entenderam que naquele momento eles precisavam focar nos ajustes de processo mesmo e foi interessante como a gente mapeou praticamente todas as subáreas que compunham aquela área, a gente escutou inclusive pessoas que já estavam na empresa há 10 anos virarem para a gente falando: “é a primeira vez que alguém me pergunta sobre como é que eu atuo, é a primeira vez que alguém me pergunta sobre o meu processo”. E a pessoa se sentiu assim visível em relação à empresa. Então é interessante que a gente olhe para esses processos de descoberta, o Product Discovery, discovery de maneira mais ampla, como uma oportunidade de realmente entendimento sobre o contexto com essa possibilidade de, assim, não é porque a gente conversou ali inicialmente, comercialmente, que a gente precisa levar para uma solução digital. O negócio que você comentou, a DTI é muito transparente nesse sentido, a gente quer se posicionar sempre como parceiro do cliente. E aí, como parceiro, a gente não quer dinheiro a qualquer custo, a gente quer fazer soluções que realmente façam sentido, que gerem valor. E para isso, esse senso crítico é essencial. E aí, assim, normalmente, quando a gente olha para um cenário igual ao que a gente vem comentando. O cliente chegou, trouxe demanda, a gente vai conversando, vai alinhando. O que é preciso, o que é importante ter em mente na hora de trabalhar para essa busca na solução para um problema? O que normalmente são perguntas que são feitas ou momentos de reflexão que precisam acontecer? Você comentou também de alinhamento de expectativa.   GABRIEL: Quando a gente está discutindo ali com o cliente, trazendo esses tópicos, a gente sempre faz primeiro uma visão geral, do que está acontecendo, do que é o problema e a gente entra nesse processo, igual você comentou, Diulia, de conversar com as pessoas, entender, dar visibilidade para elas. E com as ferramentas de design, a gente consegue criar uma visão de quais que são realmente as dores daquilo. E a gente trabalha ali em qual que é o nosso foco em cima dessas dores, muito mais do que necessariamente atuar em ferramentas, já partir para a parte de solução. Então a gente trabalha muito mais com o que a gente está precisando fazer, o que está alinhado com a expectativa da empresa e a gente vai ligando nesse processo de um discovery para a visão de solução ali no final. E aí, igual você comentou, é bem divertido esse processo porque tem gente que fala assim: “ah, eu faço isso há 50 anos”. Aí chega alguém na área legal: “mas não pode fazer isso”. E aí a gente fica: “não, mas eu estou sabendo disso agora e aí tal”. Então assim, é bem divertido quando é um discovery assim, onde você pega pessoas, cada uma de uma área ali da empresa, cada uma de um setor em específico, e aí coloca todo mundo numa área, numa sala ali, e pede e fala assim: “o que vocês fazem?”. E eles começam a explicar cada processo, eles começam a criar essa lógica ali, e eles começam a perceber onde que está o ponto realmente de dor, por que para uma pessoa dói de uma maneira específica e para outra aquilo na verdade é a solução. Então; “ah, eu estou fazendo esse processo aqui porque eu tenho uma dificuldade de liberar um item na linha de produção”. E aí na verdade isso está mascarando uma série de problemas que poderiam ser resolvidos de uma maneira talvez um pouco mais simples, se fosse comunicado, se fosse alinhado de alguma maneira. Então, fazendo essas jornadas que a gente chama aqui, esses alinhamentos de dores, expectativas, entrevistas, todo um trabalho ali, para a gente chegar no famoso design sprint, na semana ali que a gente está conversando, a gente passou no mínimo ali um, dois meses imerso realmente no cliente, coletando essas informações, entendendo cada etapa, documentando tudo isso, para só então a gente falar assim: “beleza, agora a gente pode pensar em solução”.   PEDRO: Você já passou por alguma situação de talvez o cliente ou… quando eu falo cliente é até muito importante a gente delimitar, nós não estamos falando, nem sendo nós estamos falando do cliente como um todo, é às vezes alguma área, algum demandante, uma pessoa mais na característica de usuário final, que está realmente demandando. Muitas vezes até chegando diretamente para a gente. E aí quando eu falo a gente, nós em parceria com a tecnologia do cliente, muitas vezes. Eu já passei por algumas situações assim, e eu queria saber se você já passou também desse cliente, esse demandante, não querer compartilhar qual que é a dor, qual que é o problema.   GABRIEL: Ah, várias vezes. Algumas pessoas têm uma restrição, acham que a gente está lá para investigar por algum motivo. Então a gente tem que criar um laço de confiança muitas vezes com quem vai usar o sistema. Então isso é importante para eles falarem de tudo o que eles precisam, falarem das dores, porque dependendo de como funciona, toda a questão de hierarquias, como que cada cliente atua, você tem que entender um pouco dessa dinâmica, porque isso vai impactar na hora que as pessoas forem falar. Então a gente sempre tenta criar uma visão: “olha, a gente não está aqui para te julgar, a gente não está aqui para falar, mostrar pro seu chefe o que está acontecendo. Nosso objetivo aqui é entender o máximo possível do processo e tentar fazer com que a sua vida seja mais fácil, não é só melhor otimizar o processo da empresa. Não, a gente quer otimizar o processo de todos os envolvidos”. Então, às vezes, as pessoas ficam com receio de falar, só depois de, sei lá, um mês ali, às vezes, que as pessoas dizem: “nossa, ganhei confiança suficiente para contar que existe um problema X”.   PEDRO: E aí a gente tem que ter uma perseverança para vencer um pouco essas barreiras.   DIULIA: E construir na confiança. Isso é um negócio muito importante dentro do processo, porque uma coisa é a gente pensando do ponto de vista de quem está indo investigar, quem está indo correr atrás, a gente sabe o que a gente está buscando, mas para algumas empresas e aí até com uma visão um pouco mais tradicional ou que nunca tiveram processos mais voltados para design thinking, abordagens ágeis, de repente chegam umas pessoas que você nunca viu para poder entender o que você faz com detalhe.   GABRIEL: Com crachá, parece que é o chefe escondido.   DIULIA: E aí, uma coisa que eu sempre gosto de comentar com as pessoas no início, principalmente a partir do momento que virou um processo mais remoto, hoje em dia a gente está fazendo alguns remotos, alguns presenciais, alguns híbridos pela natureza do cenário mesmo, que permite esse tipo de flexibilidade, mas quando a gente começou a fazer processos mais remotos, por mais que você esteja olhando na câmera, você não está olhando no olho na pessoa. Você não chegou, não entendeu quem é aquela pessoa de um nível mais aprofundado, o espaço, exatamente. Então eu sempre gostava de comentar assim: “olha, de forma alguma aí para poder avaliar o seu trabalho, para poder criticar o seu trabalho”. Porque normalmente as pessoas ali dentro das áreas, elas estão fazendo o melhor que elas podem com os recursos que elas têm no melhor tempo que elas podem. Então algumas ficam bem assim, de mineiro para mineiro, as pessoas ficam cabreiras.   PEDRO: Tem que ter um pitch muito bom para chegar a fazer uma entrevista aprofundada com algumas pessoas.   DIULIA: E uma coisa que é legal, até traçar o paralelo, porque você comentou de juntar pessoas para poder entender, o que para um é um ponto de solução, para outro pode estar gerando gargalo, é uma enorme diferença entre a pesquisa atitudinal e a comportamental, porque se você vai fazer uma pesquisa atitudinal, que é uma pesquisa baseada basicamente no que as pessoas falam, o que elas fazem, ela vai te contar ali passo a passo.   GABRIEL: Mínimos detalhes, como foi o treinamento, é aquilo ali, na ponta da língua.   DIULIA: Ela vai tentar colocar em ordem cronológica de como as ações funcionam. A gente sabe que a vida é mais orgânica, então normalmente o que acontece é a pessoa começar uma ação, aí ela lembra de um outro negócio, aí começa a puxar e o fulano chama, aí ela já vai olhar o outro negócio, aí abre uma outra aba. Então a gente sabe que o negócio é mais confuso, e quando a gente tem pessoas com visões diferentes colocadas no mesmo ambiente, a realidade consegue chegar um pouco mais ajustada porque a conta tem que fechar. O quebra-cabeça tem que encaixar ali as peças. Então é bem legal esse processo. Acho que os dois processos se complementam, não tem um que é melhor do que o outro, mas precisam se complementar para poder a gente ter consistência.   GABRIEL: Não só nisso, mas também fazendo sombras, você consegue ver igual o comenta-man, o ambiente que a pessoa está, como que ela está reagindo às coisas. Teve uma vez que a gente estava fazendo um sistema e a gente foi fazer uma sombra, e aí: “não, que no sistema tem isso, que tem essa informação”. Aí o pessoal: “não, é muito difícil. Aqui eu tenho uma colinha de papel, que eu anoto todas as coisas que eram para estar no sistema, e aí toda vez que muda eu corto aqui, eu escrevo de novo”. Aí eu falei: “ah, entendi, como funciona”.   DIULIA: Tem tudo no sistema. Só explica para o pessoal o que que é sombra, porque é um negócio meio assim: “ah, porque a gente fez sombra”. Fica ali tampando o sol em cima da cabeça.   PEDRO: É papo de designer.   GABRIEL: É o costume. Mas sombra é um processo onde a gente acompanha as pessoas no dia a dia, geralmente o usuário final, para ver todos os processos, a gente chama de sombra porque realmente a gente fica como uma sombra ali, acompanhando, a gente tenta interferir o menos possível dentro do dia a dia da pessoa, mas anotando, entendendo os trejeitos, perguntando algumas coisas ali do processo durante o dia, que aí a gente consegue depois consolidar um processo e trazer essas informações ali para o discovery ou na parte de criação.   PEDRO: E é isso aí que capacita a gente a achar formas de resolver o problema que muitas vezes podem não ser só a solução digital, porque a gente está ali olhando para tudo.   DIULIA: E de uma maneira menos enviesada, porque como a gente é novo no contexto, a gente às vezes começa a conseguir enxergar as coisas de maneira menos aglutinada do que aquelas pessoas que estão vendo há anos aquele processo sendo daquele jeito.  PEDRO: Eu tento usar isso muito como argumento também nesse pitch para vencer a barreira das pessoas, porque não tão raro também eu escuto alguma coisa como: “cara, eu já expliquei umas quatro vezes”. Quando eu estou te perguntando qual que é a dor, qual que é o problema: “eu já te falei, eu já te falei”. “Fala mais uma, por favor, porque eu vou tentar encontrar a maneira mais barata de resolver esse problema, entendeu? Mas para isso você vai ter que contar para mim qual que é o problema, mais uma vez, por favor”.   GABRIEL: A vantagem disso é que você fala assim: “cara, eu não conheço o processo, me explica aí, passa o passo a passo, vai lá, com calma”. E aí você quebra ali, e eu acho que é interessante porque as pessoas gostam de falar o que elas fazem. Então, esse ar de estou sendo ouvida, isso é bem legal porque quando você puxa isso, pergunta lá mais uma vez o que ela está fazendo, você vê na pessoa quando ela tem interesse ali, ela começa a detalhar, especificar bastante as coisas. Então isso para a gente é muito rico.   DIULIA: Eu não sei para vocês, mas assim, eu sou uma pessoa muito curiosa. Então quando tem um novo contexto assim, e aí vai fazer esse processo de imersão, antigamente eu fazia mais, hoje eu faço bem raramente. Mas quando vai fazer esse processo de imersão e ir descobrindo como é que as coisas funcionam por trás…   GABRIEL: Parece aquele filme, você coloca uma corda ligando com a outra, com ele assim, aí tem um quadro e tal.   PEDRO: Aí de repente vem uma luz, aí você fala: “nossa, cara, essa informação mata tudo”.   GABRIEL: Você bate assim no quadro.   PEDRO: E que takeaways a gente pode tirar de hoje então, gente? Quais são as possíveis principais lições aí, Gabriel?   GABRIEL: Eu acho que a primeira coisa é: não assuma que a solução é a mesma que você vai chegar aqui. Acho que nenhum processo é uma via de mão única. Então existem várias maneiras de resolver o mesmo problema. Então a gente tem que realmente aprofundar o máximo possível, entender, tomar decisões com as informações que a gente tem e seguir em frente. Acho que dentro desse mundo ágil aí a gente tem que entender que a gente vai errar várias vezes, mas a gente tem que saber qual é a maneira mais segura de errar, qual é a maneira de direcionamento que a gente consegue ter ali e caminhar para frente sempre. Acho que isso é bem importante.   PEDRO: Isso. Embora as soluções digitais pareçam lindas, poderosas, elas nem sempre são a melhor ou a mais recomendada saída para um determinado problema.   DIULIA: É, acho que é muito importante essa chegada com o coração aberto, assim, para esses processos de imersão. E a gente fala muito sempre sobre não se apaixonar pela solução.   GABRIEL: A primeira coisa que o pessoal fala é solução. Não, vamos primeiro no problema, a solução é consequência disso.   DIULIA: Exatamente.   PEDRO: Legal, gente.   DIULIA: Temos um belo episódio, não é?   PEDRO: Sim, mais um.   DIULIA: Esse é bem reflexivo, assim, de: “o que estamos fazendo, estamos percorrendo o caminho, faz sentido?”.   GABRIEL: A imagem do John Travolta ali.   PEDRO: Sim, a galera não está vendo, mas está rolando um pôr do sol ao mesmo tempo, está demais isso aqui.   DIULIA: É, está muito poético.   GABRIEL: É, o episódio na praia hoje, é edição especial.   PEDRO: Ah, que é isso, muito bom. Poderia. Gabriel, obrigado por compartilhar as experiências aí com a gente. Seja bem-vindo sempre que quiser voltar aos Agilistas.   GABRIEL: Só chamar.   DIULIA: Pois é, e assim, experiência não é uma coisa que falta. Tantas vivências aí, tantas vidas dentro da dti.   GABRIEL: Cinco anos que parecem vários, bem mais.   DIULIA: A gente vai multiplicando, quando a pessoa entra na dti, normalmente ela fala: “nossa, fiz um mês de dti, mas parece tanto tempo”. E aí quando vai completando os anos, a gente vai continuando a multiplicar, parece que faz vidas que a pessoa está ali, no sentido de que o aprendizado é muito contínuo mesmo. É bem intenso o processo.   GABRIEL: Muitos cenários ali que a gente tem que se adaptar bastante.   DIULIA: Bom demais.   PEDRO: Obrigado, gente. E lembrando que quem gostou, curtiu, seguir os Agilistas no Instagram, avaliar a gente nas plataformas, para ajudar a gente a atingir mais gente aí também, certo? Obrigado, Gabriel. Valeu, Diulia.   DIULIA: Valeu demais gente, até. 

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Será que todos os problemas atuais se resolvem com código? No episódio de hoje, conversamos com Gabriel Tavares, Designer na dti para falar sobre como podemos encontrar novas maneiras de melhorar os resultados usando ou não tecnologia digital. Bateu a curiosidade? Então dá o play!


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