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os agilistas

#229 – Benchmarking e ideação, com Bruna Fonseca

#229 – Benchmarking e ideação, com Bruna Fonseca

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Bruna Fonseca: Então quando a gente fala de benchmarking Pedro, você citou em quais etapas do discovery, diria que ela seria a primeira. Logo de cara a gente veio com uma ideia, uma funcionalidade, vamos entender, vamos pesquisar mercado, vamos pesquisar como isso está acontecendo, mas o benchmarking é vivo.

Pedro Rangel: Fala galera, esse é mais um episódio de Os Agilistas, é nossa comunidade formada por pessoas que vivem e acreditam no agilismo. Eu sou Pedro Rangel, e hoje a gente vai conversar sobre um artifício extremamente valioso na ideação de produtos digitais, que é o benchmarking como aliado nos processos de discovery, ideação de produtos digitais. Eu trouxe aqui hoje uma notável convidada, ela não é apenas uma agilista de carteirinha, mas professora apaixonada, uma palestrante cativante, especialista no campo de eficiência digital e vai trazer para gente uma perspectiva única para nossa discussão, com certeza algumas dicas muito valiosas a respeito do tema. Então seja muito bem-vinda, Bruna Fonseca. Tudo bem Bruna?

Bruna Fonseca: Tudo bem gente, como vocês estão? Que prazer enorme estar aqui com vocês. Tudo começou de uma forma muito despretensiosa esse contato, e estar aqui hoje gravando esse podcast é uma enorme honra para mim. Estou super empolgada para esse episódio.

Pedro Rangel: Legal Bruna, bem-vinda demais. Vamos aproveitar apara contar para a galera quem é você, sua história, um pouquinho do seu background, onde você já esteve, fale para gente um pouquinho sobre você.

Bruna Fonseca: Legal pessoal. Isso é bem bacana Pedro, porque, a gente sabe que o mercado está nessa mudança, tem muita gente falando assim: mas eu não vim de projetos, como que eu entro nesse mercado? Então fica aí minha história que eu também não era da agilidade, desse mundo de projetos. A minha formação é como designer gráfica, então trabalhei muito tempo nisso, e a coisa foi caminhando. Atuei primeiro como desenvolvedora, web designer, depois atuei com marketing digital propriamente dito, então eu atuava com estratégias de marketing digital, mas sempre com aquela coisinha de produto batendo na porta sabe?

Pedro Rangel: Sei como que é.

Bruna Fonseca: Um site de campanha, um aplicativo. Eu falo que sou da época do ápice, vou revelar minha idade aqui. E aí foi indo, até o memento que uma gestora minha falou: eu te vejo muito como uma PO. Isso foi em meados de 2014, e eu falei: PO? O que é isso? Google. E foi quando eu me deparei pela primeira vez com agilidade, com esses  termos e eu fui estudar e comecei a mergulhar nisso e desde então eu atuo como PO, atualmente eu estou como PM e totalmente imersa em produtos digitais e também na agilidade, especialista em Scrum. E como você falou também, tem a questão da educação, em 2016 eu ministrei minha primeira aula em um curso de MBA, depois de ter terminado aminha pós, e foi horrível. Eu disse: nunca mais piso em uma sala de aula. Foi um show de horror.

Pedro Rangel: A primeira normalmente deve ser mesmo traumatizante, não é?

Bruna Fonseca: Foi muito ruim, quando cheguei em casa eu chorava de desespero, mas eu tinha um compromisso, eu tinha que entregar aquela disciplina então, eu falo que me virei nos 30 e eu honrei meu compromisso com aquela turma. E surgiram outros convites a partir dali, eu vou encarar, eu vou melhorar. E no final das contas acabou se tornando a minha grande paixão. Hoje eu falo que eu sou agilista, produteira, mas a grande paixão, sabe aquilo que você se descobre, é como professora. Então, desde 2016 eu nunca mais parei e minha grande paixão é ministrar aulas em instituições de ensino.

Pedro Rangel: Que legal. Compartilhando um pouco da sua experiência, isso é ótimo. Então você já navegou bastante no espectro do agilismo, de produtos digitais, já exerceu diferentes papéis. Hoje você diria que sua maior inclinação ainda é mais com a parte mais produto da coisa do que engenharia ou operação?

Bruna Fonseca: Eu estou muito, muito dentro tanto da operação quanto da questão da ideação do produto, então eu transito muito do discovery até o delivery. Eu sou meio contra essa questão de separar: o PM é estratégico, ou o PO é prático, ou eu sou produteiro ou eu sou agilista, ou eu só falo de agilidade e frameworks ou métodos, ou eu só falo produto. Você tem que conseguir transitar e entender que as coisas estão juntas. A gente tem todo esse apoio da agilidade dos frameworks para fazer o desenvolvimento ágil de projetos para produtos digitais, para softwares, não somente, obviamente, quando a gente fala de produtos e serviços hoje, apoiados pela agilidade, mas quando a gente fala de desenvolvimento de software a gente precisa entender de produto apoiado pela agilidade, então não dá para ficar em uma caixinha isolada.

Pedro Rangel: Concordo 110% com você. A gente tem que ser um pouquinho mais multidisciplinar hoje, conseguir navegar dentro das várias áreas e da gestão de produtos que elas vão se (inint) [00:06:01] com a outra. Você tem alguns outros projetos também, não é Bruna? Um livro, um curso, além da sua newsletter, que hoje a gente vai falar de um conteúdo mais específico de uma das suas newsletters, eu já acompanhei faz um tempinho, super legal. Conta pra gente um pouquinho também sobre o que é seu livro, como que está o seu curso e seus outros projetos.

Bruna Fonseca: Pois é, tem gente que pergunta: Bruna como você dá conta de tudo? Eu atendo um cliente, sou PM em tempo integral com esse cliente. Além disso eu tenho esse projeto pessoal, que lançou em 2021, no meio da pandemia, comecei esse projeto de artigos, de conteúdos digitais, da gravação de um curso voltado para Scrum, para iniciantes pra quem está querendo entender de verdade de forma prática como aplico o Scrum, esse curso tem cinco horas de gravação. No blog já são 184 artigos em profundidade sobre produtos e agilidade, são mais de mil horas-aula ministradas, são mais de mil alunos já treinados, então tem alguns números que eu já me orgulho, sendo que eu comecei em 2021 esse projeto, então é muito legal.

Pedro Rangel: Caramba. Seu dia tem 30 horas então, né?

Bruna Fonseca: Tem, porque além disso eu sou esposa, sou mãe de uma princesa de seis anos, tenho três cachorros, então tem que ter 30 horas para dar conta de tudo. E no ano passado eu senti a necessidade, a partir de feedbacks, que é isso que a gente faz, ouvir os feedbacks, de que as pessoas faziam os cursos, meu ou qualquer outro do mercado, ou entravam a partir de uma vaga, transição de carreira, e elas ficavam muito perdidas em relação aos termos, é muito termo: PO, SM, (inint) [00:08:07], Deploy…

Pedro Rangel: Não passa um dia sem ter termos novos. As siglas vão bombando.

Bruna Fonseca: Exato, e ai faltava algo como: e ai, o que significa? Eu caí nesse mundo e agora? Então eu criei meu livro, eu falo que é um guia, é mais do que um livro de leitura, é um guia, que é o “Scrum de A a Z” está disponível na Amazon, quem tem o Kindle Unlimited ele é gratuito. E ele é Scrum de A a Z, porque ele é um guia com os termos que a gente utiliza no Srcrum no dia a dia, e a grande maioria além  de ter uma definição curtinha do que significa aquele termo, ele tem o link para um artigo do meu blog em profundidade, onde você pode se aprofundar naquele tema. Por exemplo, pegando o gancho de hoje, benchmarking, então explica o que é benchmarking e tem o link para o artigo do benchmarking.

Pedro Rangel: Que legal, é um guia super prático, não é?

Bruna Fonseca: É um guia super prático, eu falo que é um guia de bolso para você estudar. E uma última novidade que eu acho que você ainda não sabe, Pedro.

Pedro Rangel: Vamos lá, me surpreenda.

Bruna Fonseca: Sim, sempre. O curso do Scrum que hoje está lá disponível, cinco horas de gravação, ele é de 2021 essa gravação. E eu já fiz a regravação em estúdio do novo curso, da versão 2.0 desse curso, em breve ele vai ao ar. Ele está no processo de edição já, de finalização dessa regravação, então quem já comprou esse curso em algum momento ou que adquirir nesse período o curso, quando eu fizer o update vai ter acesso 100% gratuito à versão 2.0, com cases atualizados, à nova versão.

Pedro Rangel: Olha isso, super legal. Bruna, a primeira coisa: parabéns, por tudo que você já fez, uma trajetória muito bonita, muitas conquistas, muitos projetos, e assim, um pouco off topic mas é coisa que nosso público gosta muito de ouvir, conta pra gente como que você equilibra tudo isso: especialista em produtos digitais, consultora, professora, mãe dedicada, mais esses projetos à parte. Quais estratégias você usa para gerenciar tudo isso, para priorizar o que você tem que fazer, vamos dar algumas dicas para a galera.

Bruna Fonseca: Claro, com o maior prazer gente. Depois que eu descobri a agilidade na minha vida, eu não uso agilidade só para os meus projetos de desenvolvimento de software, eu uso agilidade e os conceitos para a minha vida. Eu brinco que eu tenho um Trello para tudo, eu tenho um Trello para as coisas da casa, eu tenho um Trello para os meus projetos, para conseguir equilibrar, eu tenho um Trello para os projetos de vida, sabe a listinha de ano novo que a gente faz? Então o meu backlog são os meus projetos que eu quero alcançar de cinco a dez anos. Os meus To do’s é o que eu quero executar em 2023. Os meus Does é o do mês, e os dones é o que vai concluir. Eu levo isso para a minha vida, eu levo agilidade de fato para a vida, e a priorização. Se a gente faz priorização de backlog para desenvolvimento de software, mas a gente também precisa priorizar a nossa vida dentro dos projetos, dentro de um dia de trabalho. Eu brinco que os coachs que falam sobre gestão de tempo tinham que estudar priorização de backlog. Porque é gestão de tempo, a priorização das nossas atividades, a gente entender, quebrar elas em tarefas menores, isso a gente consegue levar para a vida. Então hoje eu priorizo os meus projetos, organizo os meus projetos com To do, do, e done, com Trello, é Trello para tudo. No ano passado, Pedro, eu realizei um grande sonho da minha vida. Eu casei, queria casar com meu marido, a gente estava juntos a nove anos já, eu falei: quero casar, entrar de branco na igreja, aquela coisa de mulher.

Pedro Rangel: Que legal, parabéns também, por mais essa.

Bruna Fonseca: Mais essa. E pra gente que não tem dinheiro na conta sobrando, o projeto casamento levou três anos, do dia em que eu decidi até o dia do evento. E vocês querem um projeto maior do que casamento, gente, é projeto né? E eu fiz ele todinho no To do, do, done, no backlog, na priorização. Então assim, dá para casar sem vestido de noiva? Dá, em últimos casos a gente vai na Renner e compra um vestidinho branco, e está tudo bem. Então eu fui priorizando, qual que era a minha prioridade para conseguir casar: o espaço, o buffet, ter a música, o lugar da decoração. Então aquilo ali era a minha prioridade um. Qual é a minha prioridade dois? Poderia estar com um vestidinho da Renner, mas eu tinha que registrar esse momento, porque era meu sonho, então era foto e vídeo. E aí eu fui fazendo isso, fui pagando e priorizando, colocando para o doing, e foi de fato um evento do jeito que eu sempre sonhei, porque eu apliquei. Devo isso a agilidade, porque isso era meu maior sonho.

Pedro Rangel: Eu acho que são skills que os agilistas ganham que não tem jeito. A gente não limita só no mundo profissional, a gente acaba levando para os projetos pessoais também. Isso é muito legal. Eu concordo 110% com o que você falou. Acho que a habilidade do século, principalmente agora a gente falando em mais eficiência para todo mundo tendo que fazer um pouquinho mais com um pouquinho menos de recurso, no momento que é um pouco mais escasso, você saber sintetizar um problema e priorizar o que precisa ser feito a partir de um objetivo, eu acho que essa é a habilidade do século. Para a gente realmente ser produtivo naquilo que a gente quer, estou 100% em linha, Bruna, acho que é isso aí mesmo.

Bruna Fonseca: Maravilha Pedro. E eu acompanho muito a movimentação do LinkedIn, e tem algumas pessoas que vão um pouco contra o mindset, mas é uma coisa que se torna tão natural quando você começa a trabalhar com agilidade que é isso, você começa a priorizar se você precisa lavar ou passar roupa no dia a dia da sua casa, os seus To do’s. É natural, eu brinco que é igual a dirigir, quando você está aprendendo a dirigir você pensa para executar, você tem que saber o que é cada coisa, o que cada coisa faz, você desprende de muita atenção para pensar os movimentos que você vai fazer. Depois que você aprende, fica algo natural, você entra no carro e sai, você nem pensa o que você vai fazer, você vai, já sebe, é muito natural, eu acho que depois vira algo que você  executa simplesmente porque seu mindset está direcionado para isso.

Pedro Rangel: É isso, é como se a gente se treinasse, nesse jeito de fazer as coisas. Legal Bruna, obrigado por compartilhar as dicas, espero que nossos ouvintes apliquem um pouco disso também. E entrando um pouquinho já no tema específico da nossa conversa aqui hoje, o papo é super legal, mas eu acho que existe uma curiosidade específica que motivou nosso quadro aqui. No mês de março, se eu não me engano, você publicou uma edição da sua newsletter que chamou muito a atenção da gente aqui, em que o título era “Não idealize o produto sem antes fazer o benchmarking”, dentre os vários conteúdos que você já postou e que a gente gosta muito, são super chamativos, mas esse foi um tema especial para a gente, porque aqui na DTI, que é a casa dos agilistas, a gente fala muito sobre esse artifício, principalmente como ponto de partida que é um dos cenários que a gente tem restrição de pesquisa ou de fazer o contato direto com os usuários dos produtos ou com o cliente final, às vezes a gente tem projetos em cenários um pouco mais conservadores, um pouco mais de dificuldade de acesso, então a gente explora o benchmarking principalmente nessas situações. Tenho certeza que não é só ai que ele é útil, e eu tenho certeza que ele ajuda em diversas etapas no processo de concepção do produto, mas acho que é um tema super legal da gente explorar um pouquinho mais, e nosso público vai gostar bastante. Então começando pelo começo, renderize pra gente um pouquinho do que é o benchmarking, por que ele é importante, o que você considera legal trazer sobre esse artifício, que você abordou de maneira super legal nessa edição da sua newsletter.

Bruna Fonseca: Legal, Pedro. Acho que tudo nasce de uma ideia, de uma hipótese, aquele momento que a luz acende. E a gente nesse papel na frente do produto, seja como PM ou como PO, a gente recebe muita demanda dos nossos clientes internos ou externos. E, se a gente tivesse tal funcionalidade seria incrível. A gente precisa entender como o mercado está respondendo a isso, então acho que a pesquisa é o primeiro momento. Quem já faz, como já faz, de que jeito faz, desde quando faz. Tem um monte de pergunta que a gente precisa entender no benchmarking até antes de partir para uma ideação, pra gente, primeiro entender até como a gente consegue entrar com um diferencial em relação ao que o mercado já pratica, porque se não o que a gente tá fazendo, a gente não está idealizando nada, a gente não está atendendo uma necessidade ou desejo de um cliente, a gente está fazendo copia e cola. Alguém teve uma ideia mirabolante  agente foi lá e lançou sem entender o cenário, o mercado…

Pedro Rangel: E aí a sua ideia já pode nascer condenada, se você não faz essa pesquisa antes.

Bruna Fonseca: Exato, exatamente, é um processo de validação. Tem o conceito do Dual track, então vamos fazer essa parte do discovery antes de sair desenvolvendo, calma, vamos antecipar as coisas. E aí fazer o benchmarking é muito importante para a gente já ter algumas respostas, eu falo que o benchmark e isso, ele traz um cenário para a gente, ele fala como que o mercado hoje, está respondendo a essa ideia ou a essa funcionalidade. Então quando a gente fala de benchmarking Pedro, você citou quais etapas do discovery, diria que ela seria primeira. Logo de cara a gente veio com uma ideia, com uma funcionalidade, vamos entender, vamos pesquisar mercado, vamos pesquisar como isso está acontecendo, mas o benchmark é vivo, então eu não fiz e guardei na gaveta, esquece isso. Vai acompanhando porque, vamos ao exemplo das contas digitais, independente de qual seja. Toda vez que você entra na sua conta, tem uma funcionalidade nova ali, se você fizer uma pesquisa de benchmarking agora,  e só pegar ela quatro meses depois meu amigo, você está com um negócio ultrapassado já. Então é um negócio vivo. Eu vou falar um pouquinho, vou pegando os ganchos na nossa conversa, mas eu quero explicar formas de fazer benchmarking para os ouvintes do Agilistas. Acho que o grande conceito é: ter um cenário, a gente tem que manter ela viva para ter respostas o tempo todo para não ficar algo obsoleto, para esse primeiro start é isso.

Pedro Rangel: É super importante para desenhar o contexto que você vai inserir o seu produto, a sua ideia. Como a gente já falou, para que ela não nasça já morrendo de inanição.

Bruna Fonseca: Exato. E é muito importante que a gente pense também, quando a gente tá falando desse processo inicial do discovery, que a gente não faça só a pesquisa de concorrência direta, que a gente utilize a pesquisa análoga também. O que significa isso: imagina que eu estou criando um produto digital para babás, cuidadoras de crianças, ok? Eu vou pesquisar os concorrentes do mercado, eu vou olhar o Sitly, que é o principal aplicativo hoje de babás que tem, então eu vou entender tudo que esse aplicativo tem, se precisar eu vou pagar, uma continha para entender as funcionalidades, experimentar como usuário, exatamente. Mas, eu também tenho que olhar o Dog Hero, mas o Dog Hero é de cachorro, ok. Mas ele entrega o mesmo serviço e pode ter funcionalidades ali que vão me dar insigths incríveis para o meu produto, então eu tenho que olhar essa questão análoga também, não ficar só preso naquilo que meus concorrentes diretos fazem, mas os concorrentes indiretos também. A gente chama isso de pesquisa análoga.

Pedro Rangel: Alternativas que possam ter uma jornada em comum com aquela  que eu estou desenhando, ou um pedaço dela de repente.

Bruna Fonseca: Perfeito. Um outro exemplo para ficar bem claro: um produto de educação em matemática, para crianças e pré-adolescentes, eu vou olhar também o Duolongo, não é de matemática, mas ele ensina crianças e adolescentes através de gameficação e pode entrar muitos insights.

Pedro Rangel: Tem o princípio educativo e tem o princípio da gameficação, então pode parcialmente me ajudar a resolver a dúvida que eu estou tratando aqui também.

Bruna Fonseca: Exatamente, e aí Pedro, antes da gente entrar em como fazer, para deixar um suspense, eu gostaria de contar aqui alguns cases de o quanto é importante fazer, e o quanto é terrível não fazer o benchmarking. Então eu separei dois casesinhos para trazer aqui para a galera.

Pedro Rangel: Que ótimo, compartilhe com a gente.

Bruna Fonseca: De produtos que não fizeram e tiveram um final não tão feliz assim.

Pedro Rangel: Eu gosto demais dessa abordagem do risco de não fazer, mais do que o benefício de fazer, eu acho que isso ajuda muitos entenderem isso. Mas legal, conta aí pra gente.

Bruna Fonseca: Perfeito. Eu trouxe dois. Um eu não trabalhei diretamente com ele, eu não estive diretamente ligada, mas bombou no Twitter, foi durante a pandemia, foi trend topics do Twitter, que foi o Pink Gloves, já ouviu falar Pedro?

Pedro Rangel: Não, não ouvi falar. Conta pra gente o que é.

Bruna Fonseca: O Pink Gloves é uma luva pink, de um material considerado, estudado, depois foi considerado como poluente, então ele não é amigo do meio ambiente, essa luva pink, descartável, criada ali, ela foi apresentada no Shark Tank da Alemanha. Então foi uma dupla que levou isso no programa da Alemanha, como descarte discreto de absorventes íntimos femininos. E sem nenhuma apologia feminista, nós estamos falando de um produto. Mas ele foi considerado na época como sexista, poluente e desnecessário. Na época os jurados, um deles investiu no Pink Gloves, ele deu dinheiro.

Pedro Rangel: No programa do Shark Thank, o produto foi passando como uma boa?

Bruna Fonseca: Passou, exato, exato. Ele passou como uma ideia boa.

Pedro Rangel: Mas o fracasso veio logo na sequência.

Bruna Fonseca: O programa foi ao ar e o tred topics do Twitter descascando o produto, veio logo na sequência. Porque, tinham muitos comentários assim: a gente não precisa disso. Hoje a gente tem a Pants, que é a calcinha lavável, absorvente, nós temos o coletor menstrual, que também é reutilizável, e falando de descarte, temos o papel higiênico. Então é desnecessário, a gente não quer isso. E o pink não é discreto, pensa uma luva pink em um cestinho de lixo. E qual que é a lição aprendida: será que essa dupla fez pesquisa? Entendeu que existia Pants, será que ela foi entender a Pants, será que ela foi entender o coletor menstrual? Será que ela foi entender como que é o descarte de um absorvente?

Pedro Rangel: Parece que não conversou com nenhuma mulher, com nenhum possível usuário.

Bruna Fonseca: É, exatamente, não entendeu nem o que existia já no mercado. Parece que foi uma ideia assim: vou tomar banho e surgiu a ideia do pink gloves, vamos fazer. E teve uma repercussão muito negativa. Então olha só o risco da gente não fazer uma pesquisa, a gente acha que está arrasando e na verdade a gente está dando um grande tiro no pé. E um outro case, neste aqui eu já estive muito próxima desse case, meu marido participou ativamente desse case na época da pandemia, ele trabalhava em uma empresa de benefícios de saúde para RH’s. Enfim, era muito focado em farmácia, nesse sentido e veio a pandemia, isola todo mundo, aquela coisa, que nós vivemos e sobrevivemos. E de repente veio um top-down, os famosos top-downs, quem trabalha com produtos sabe o que é isso, com certeza já viveu ou vai viver.

Pedro Rangel: Sempre tem, faz parte do processo também, exatamente.

Bruna Fonseca: E aí veio assim: vamos lançar um produto de saúde mental, é a oportunidade de ouro que a gente tem. Legal, vamos. O pessoal de produtos citou: vamos entrar em laboratório em imersão, vamos iniciar as pesquisar. Não, não dá tempo, a gente precisa arrasar agora, a gente não pode perder o timing.

Pedro Rangel: Já começou com uma data forte, não é?

Bruna Fonseca: Exato, exato. Não temos tempo para pesquisa. E aí, por fim, não tinha tempo, não tinha recurso, não tinha uma grande verba de investimento também, e ai por fim o que saiu ao ar foi um chat, que falava com um assistente virtual, uma psicóloga virtual que não tinha inteligência artificial, porque não tinha verba nem recurso para isso.

Pedro Rangel: Então super impessoal, provavelmente só respostas mecânicas.

Bruna Fonseca: É, era mecânica. Eles até trouxeram uma questão de humanização no tom de linguagem, mas a gente estava falando de um grande banco de dados, de perguntas e respostas, que esse bot ia respondendo, sem uma inteligência por trás e enfim, lançou, foi o primeiro, lançou no tempo recorde. Mas logo depois, vieram produtos de saúde mental muito mais preparados, inteligentes, pensados, e eu diria que com pesquisa. Porque até quando isso foi lançado, já existiam outras coisas no mercado que não deu tempo de pesquisar para trazer alguns insights, e resumindo, já não está mais no ar, se é isso que vocês querem saber. Não foi pra frente. Morreu, as pessoas não compraram a proposta, a solução. Poucos testes que alguns clientes toparam fazer, os funcionários que era a ponta, o cliente final mesmo não engajou, não foi pra frente. Então, desenvolver esse piloto sem pesquisa, custou dinheiro. Foi o primeiro, foi tempo recorde, mas custou dinheiro, custou tempo.

Pedro Rangel: O barato saiu super caro.

Bruna Fonseca: O barato saiu super caro. Não temos tempo para pesquisa, talvez se tivesse tido o tempo para a pesquisa antes, talvez não tivesse morrido. Talvez não tivesse nem lançado, entendia que o mercado estava saturado, já tinha coisa, não teria tempo hábil, a gente teria muita resposta.

Pedro Rangel: Evitava o desperdício, pelo menos.

Bruna Fonseca: Evitaria o desperdício. Quando a gente fala de agilidade, quando a gente fala de Lean, a gente tem que eliminar desperdício. Foi um grande aprendizado, e eu vendo, não estava diretamente, foi meu marido que contava todo dia isso, e eu ficava me corroendo. Meu Deus. Mas enfim.

Pedro Rangel: A gente ainda vê acontecendo bastante né Bruna, mas é isso aí, temos que se espelhar nos exemplos que deram errado também, é importante para a gente não cometer esses mesmos erros. Você deu pra gente dois cases que falharam em usar a pesquisa, mas tem alguma iniciativa que você conheça ou que você esteja particularmente orgulhosa em que o benchmarking foi importante, que provou o contrário, é super importante fazer.

Bruna Fonseca: Sim, com certeza, e Pedro é importante agora que eu vou puxar um pouquinho para fora de desenvolvimento de software, porque a gente sabe que agilidade transcende isso. Então eu vou trazer o exemplo de um produto, e a gente pode aplicar benchmarking para produtos digitais, produtos físicos, híbridos, e até serviços, então é muito importante.

Pedro Rangel: A gente fez até um episódio recente aqui, Bruna, que chama “A solução é sempre digital?” porque a gente tem super esse lado e na verdade uma das entregadas da pesquisa vai ser dizer isso pra gente também. Às vezes é uma melhoria de processo, às vezes é uma outra forma de organizar, enfim, nem sempre vai ser um pedaço sólido que vai resolver o problema, mas é isso aí.

Bruna Fonseca: Exatamente. E aí durante cinco anos da minha vida, eu coordenei curso de pós-graduação, fui a coordenadora de um curso. E quando fui chamada para esse desafio de criar um curso de agilidade, um MBA, que foi um diferencial de mercado, a grade de um curso de MBA é um produto, e aí eu falei: preciso fazer um benchmarking para entender, então eu mapeei, e ai eu já vou começar a contar pra vocês como fazer o benchmarking, já vou pegar o gancho e falar tudo junto.

Pedro Rangel: Ótimo, perfeito.

Bruna Fonseca: Quando a gente fala de pesquisa, a primeira coisa que quem não gosta, já torce o nariz, por que pesquisa aquário, pesquisa, quanto, páginas e páginas, e páginas, aquele negócio denso, que às vezes só fica na mão e na mesa de quem executou e muitas vezes os decisores, que são os stakeholders, não tem tempo de olhar páginas e páginas e páginas de pesquisa para tomar uma decisão. Então, tem uma forma de fazer benchmarking, que é essa que eu vou trazer para esse episódio, que é muito simples, muito visual e dá muita resposta, que foi justamente a que eu usei para esse curso. Tabela, manja tabela? Inclusive pessoal, quem está ouvindo aqui o podcast, eu vou liberar o link do Miro com  esse template, com o modelinho já feito para vocês acessarem e duplicarem para vocês esse modelo de fazer benchmarking.

Pedro Rangel: Que ótimo, a gente coloca o link aí na descrição do episódio, para o pessoal curtir o template.

Bruna Fonseca: É uma grande tabela, não tem muito segredo, é uma grande tabela onde na primeira coluna das linhas eu vou trazer os players que eu quero pesquisar, então eu vou trazer tanto os meus diretos, quanto os meus análogos para fazer essa pesquisa. Nessa época eu elenquei as faculdades que já tinham esse curso, fiz primeiro essa pesquisar para pesquisar quais entregavam. Quais que entregavam com uma abordagem, mas não era direta, mas tinha uma pegada. Pontuei os players. E eu tenho as colunas agora. O que eu trago nessa coluna? Tudo o que eu quero saber sobre esses cursos nos meus concorrentes. Então eu quero saber: o nome, como que ele vende esse curso? Ele vende como produtos ágeis, business agility, qual o nome que ele dá. Qual que é a duração desse curso? É 360 horas, é 432 horas, qual que é a carga horária. Qual que é a duração? Dura 24 meses, 18 meses, 12 meses. Qual que é a oferta? É de terça e quinta, é de sábado. Como que você oferta esse curso?

Pedro Rangel: Remoto, presencial, híbrido.

Bruna Fonseca: Remoto, presencial, exatamente. Tem nome famoso do mercado dando aula? Tem professor fera ali? Então eu mapeio o que eu quero saber, o que que é importante, dentro disso. E aí a construção do quadro, eu posso tanto ir enchendo de post it’s com informações nos quadrinhos, como também posso trabalhar ícones, é muito legal a parte de ícones, eu elenco três ícones que é um X, um alertinha e um check verdinho. Um X vermelho, um check verde, e um amarelinho de alerta.

Pedro Rangel: Parece um pouco com o marco de experiência que a gente coloca, uma carinha sorrindo, uma carinha triste ou a carinha preocupado, que já desperta um pouco da emoção atrelada aquele atributo da pesquisa.

Bruna Fonseca: Aliás é muito bem-vindo Pedro, se ao invés do X e do check quiser colocar uma carinha triste ou uma carinha feliz, quanto mais visual você deixar esse painel de pesquisa melhor vai ser. Então eu misturo tanto informações por escrito nos post it’s quanto também com os ícones. Então eu vou olhar lá: eu quero saber se tem abordagens de kanban, por exemplo. Falando dessa construção do quadro a gente pode ir juntando tanto a parte escrita com os post’it’s quanto essa representação visual através desses ícones, desses emojis. Imagina que em uma das minhas colunas eu quero saber se esse curso tem uma abordagem do método kanban, eu vou pesquisar em cada um dos players. Se tem: carinha feliz. Se não tem: carinha triste. Eu quero saber se esse curso exige uma entrevista com o aluno que vai ingressar no curso, sim ou não. É xizinho ou checkzinho. Eu vou construindo e no final das contas eu vou ter um quadrão com verdes e vermelhos, ou carinhas felizes e tristes e informações ali cheio de post it’s colados. Quando eu termino esse quadro eu eu paro e olho cinco minutos para ele, eu consigo ter um monte de conclusões.

Pedro Rangel: Mais insights vão surgir dai, não é?

Bruna Fonseca: Eu, e consequentemente os decisores que também não têm muito tempo, está com um quadro de pesquisa visual na cara dele, estampado ali. E eu falo que é um insight muito importante para que a gente crie um diferencial, porque eu olho para esse quadro e falo: então, a maior carga horária hoje no mercado é 360 horas, então se eu entregar 380 eu já entrego um diferencial de mercado. Todos os cursos que falam de agilidade, nenhum deles aborda produto, por exemplo, são exemplos hipotéticos. Eu percebo que ninguém aborda discovery, se eu colocar uma disciplina de discovery eu posso virar e falar para o meu comercial: pode vender como o curso mais completo, o único que tem discovery no mercado. Eu consigo enxergar claramente um diferencial, e só finalizando, Pedro, nesse curso de MBA deu certo, funcionou, o meu primeiro cliente que é o comercial comprou tudo que eu mandei para ele, a pesquisa, construção de grade, foi tudo muito embasado com fatos e dados, e o curso foi um sucesso. A primeira turma lotamos com 25 alunos, foi realmente incrível.

Pedro Rangel: Que legal, um projeto que deu super certo, Bruna. Extrapolando um pouquinho para o espaço das soluções digitais, o resultado da pesquisa desse benchmarking pode inclusive ajudar a pesquisar o make or buy, por exemplo, se você tem um problema a ser resolvido dentro da sua empresa, dentro da sua organização, esse quadro pode te dar inclusive uma visão assim: não faz sentido, já tem muitas pessoas, já existem muitas abordagens que estão endereçando esse problema que eu estou tentando resolver e não faz sentido eu criar uma solução do zero. Pode ser uma possível saída também.

Bruna Fonseca: De não reinventar a roda. Às vezes faz mais sentido uma parceria, um plug and play do que fazer um desenvolvimento do zero. De verdade, dá muitos insights. E tem sempre uma dúvida muito comum: eu tenho que fazer discovery para tudo?

Pedro Rangel: Ótima pergunta.

Bruna Fonseca: Uma funcionalidade nova. Vamos pensar que é uma funcionalidade de notificação, dentro de um produto que já existe. Eu preciso parar uma semana para fazer discovery de uma notificação no meu produto? Talvez uma pesquisa de benchmarking de como são as notificações dos principais concorrentes e análogos, como que ela funciona, como que ela notifica, se ela dá alerta, se ela dá popup, se lá tem push. Em uma pesquisa dessa talvez já te dê resposta, você não precisa parar uma semana para fazer discovery de uma funcionalidade. Mas o benchmarking é algo muito mais simples e que vai te dar muitas respostas.

Pedro Rangel: Verdade, com essa pesquisa você já pode, de repente, conseguir as respostas suficientes para reduzir um risco. Que é de fato a proposta de se fazer um discovery.

Bruna Fonseca: Exatamente. E depois que você implementa em um conceito de protótipo ainda, com base nas respostas da pesquisa, valide com o usuário antes de desenvolver, essa é a dica de ouro também.

Pedro Rangel: Dica de ouro, perfeito, concordo é isso aí. E até, como a gente mencionou o discovery aqui Bruna, quando eu abri a conversa lá no início eu fui logo me referindo ao benchmarking com um olhar do dicovery, então só para situar um pouquinho a galera, o relacionamento entre os dois: um é parte do outro, ou em que momento que se encaixa melhor, acho que você já comentou um pouquinho disso, mas só pra gente, de repente, fechar com esse insight.

Bruna Fonseca: A minha principal colocação é não iniciar um discovery sem o benchmarking, depois manter ele vivo mesmo, Pedro. Tudo surge de uma ideia, a gente recebe ideias o tempo todo, sugestão, enfim o nome que vocês quiserem dar, mas as demandas vêm chegando por todos os lados, então assim, pesquisa antes, pesquisa o que está rolando, pesquisa o que está fazendo, pesquisa as tendências de mercado e ai sim você parte de fato para uma construção, para uma prototipação, para uma validação disso. Porque é isso, com a pesquisa, com o benchmarking você pode virar e falar: não, não vai para frente, eu não vou investir tempo, recurso e dinheiro nessa ideia. Porque o mercado está saturado, porque a gente não tem resposta. Uma dica que eu sempre falo no bechmarking também, que a gente faz em apoio, isso é bem legal também Pedro. É o desk research, o que que é o desk research? Desk research é um quadro em branco, é isso, é você colocar um quadrado dentro do seu Miro em branco, e você ir colocando print de tudo que você vê durante essa pesquisa, algumas pessoas chamam de parking lot também.

Pedro Rangel: Idea parking lot, eu já ouvi esse termo também.

Bruna Fonseca: No final das contas é a mesma coisa, é um desk research, onde você vai colocando os prints e tudo que você vai vendo. Isso também é muito rico. Então por exemplo, se eu estou falando de uma pesquisar  de aplicativos, pelo amor de Deus, entra lá nos seus concorrentes, na página tanto da Apple Store quanto da Google Play, pega o comentário dos usuários do seu concorrente, entende o que as pessoas estão falando de um produto que já existe, vai no Reclame Aqui, entende o que seus usuários falam de determinada funcionalidade, de determinado produto. Isso também vai te dar muito insight. Cola lá no desk research, cola print da tela do seu usuário. Eu comentei naquela hora das babás, se precisar assine, experimente como usuário, vai tirando print, colocando nesse desk research, isso vai te dar insight até para quais colunas eu preciso acrescentar, e nesse quadro o recado é: não tenha medo de quantas linhas, ou quantas colunas vai ter. Coloque aquilo que for importante para você obtenha respostas

Pedro Rangel: É isso aí. Legal demais. Bruna, adorei os cases, os exemplos, as dicas, muito valiosos, muito ricos. Mas como eu falei no início, eu acho que você já navegou em várias etapas em questão de produtos digitais, do agilismo, em produtos no geral. Então eu queria fazer um (inint) [00:42:56] agora, pra gente aproveitar um pouquinho dessa sua experiência e falar de uma forma um pouco mais ampla também, para a galera que está ouvindo a gente, esse é um ano cheio de desafios, desafios um pouco diferentes do período pré-pandêmico e até durante a pandemia mesmo, a gente ainda está no pós. Então queria só cutucar um pouco seu cérebro para a gente falar um pouco de novas tendências, o que você vê surgindo na área de gerenciamento produtos digitais, de metodologias, enfim, o que você acha interessante compartilhar, que você crê que vai moldar o futuro do trabalho ágil.

Bruna Fonseca: É a pergunta para alugar aquele triplex na cabeça.

Pedro Rangel: Essa é, nem tem tempo suficiente para falar, isso em um episódio só. mas é isso aí, qualquer coisa você volta e a gente fala mais sobre isso.

Bruna Fonseca: Eu vou colocar o que eu tenho acompanhado de mercado, tá Pedro. E um pouco da minha percepção, do meu entendimento que não é uma verdade, mas é a minha percepção. Eu acredito que a agilidade não vai morrer, mas alguns profissionais que não estiverem preparados para isso, sim. Tivemos um monte de layoffs, tivemos pessoas extremamente capacitadas, teve um bum de mercado, a coisa vai assentar, vai voltar  em uma horizontal. Vai ter espaço, mas vai ter espaço para quem é bom, para quem se capacitar para isso, eu como professora não tenho como não dizer aqui, não parem de estudar, não parem. Se você é agilista, vai entender de produto, você é produteiro, vai entender de agilidade, você é os dois, vai entender de comunicação. Quem trabalha com produtos digitais precisa saber se comunicar muito bem, precisa conseguir ter a argumentação. Já entende de argumentação, de comunicação, de negociação, vai para dados. A gente tem que fazer nossas bases baseadas em fatos e dados. Vai estudar um pouquinho de data, data drive. Então, não pare de estudar, o mercado está aí, não vai morrer a agilidade, mas as vagas vão ser para quem estiver preparados para elas. Eu acho que isso é uma tendência de você cada vez mais ser cross. Eu, hoje, eu me intitulo mais produteira do que agilista, mas eu tenho total conhecimento de agilidade, consigo falar a mesma lingua com os agilistas. É um pouco disso, você vai ter a sua especialização, mas você consegue estar nesse universo de forma ampla, transitar em todas as skills que isso pede. E uma coisa que eu tenho lido muito, estudado muito, é o Product Ops. Esses dias eu vi um podcast do… Eu não vou falar porque estou com medo de errar a marca, mas foi de um banco, de uma conta digital. Me perdoe, se vocês chegarem a ver esse podcast, falhou a memória mesmo. Mas eu vi um podcast que eles já estão com uma square testando Product Ops. Então já está sendo uma realidade de mercado.

Pedro Rangel: E é um conceito que está ganhando muita força mesmo, de fato.

Bruna Fonseca: Muita força. Então eu vejo como tendência, como futuro o profissional de Product Ops. É justamente esse profissional que transita entre o mercado businnes, o negócio, toda essa cultura de produto e também com a questão da agilidade. Consegue ligar isso a esse profissional de Product Ops hoje. Consegue falar de tecnologia, consegue transitar entre o time, entender toda a parte de negócio, de usuário e também com a cultura de produto. Então eu acho que isso está muito forte.

Pedro Rangel: Tem as habilidades de um PM, mas também tem as habilidades de um agilista, super navega. Eu concordo com você, Bruna. Eu tenho sentido esse movimento de que parece que durante a pandemia, em um momento de mais abundância, surgiu muita especialização. E muitas siglas, PNA, PNT, PM. Os designers começaram a ter muitas ramificações que estavam direcionando para uma especialização muito forte. E eu tenho essa sensação agora de que no momento, pelo menos em um certo nível, a gente precisa ter uma amplitude um pouco maior, ser um pouco mais generalista, conseguir navegar nas diferentes disciplinas, isso realmente diferencia as pessoas nesse cenário novo.

Bruna Fonseca: E é isso. É responder às mudanças, inclusive do mercado de trabalho. Eu cheguei a trabalhar em meados de 2018 com UX e um UI, então eu tinha uma pessoa que desenhava experiência e uma pessoas que desenhava a interface. Hoje, você não consegue.

Pedro Rangel: Hoje está super raro, não está acontecendo muito.

Bruna Fonseca: É raro. E é isso, um profissional que hoje domina UX e UI. E a mesma coisa vem nesse movimento de agilistas e produteiros, com esse conceito do product Ops.

Pedro Rangel: Que no passado parecia que não se misturava de jeito nenhum, traça hoje um conceito que faz justamente a junção.

Bruna Fonseca: É, exatamente. Eu fui no evento do Agile Trends, foi incrível, muitos aprendizados, pessoas gigantes lá. Mas eu senti muita falta de ter mais produto. O cor do evento era agilidade mesmo, atingiu a proposta, mas cada vez mais acho que a gente vai precisar unir as duas coisas. Falar de uma coisa sem excluir a outra, então é bem nesse ponto. E para finalizar já estou trabalhando nos bastidores, com uma instituição de ensino muito, muito renomada para já lançar no mercado algo voltado a product shops. Está no forninho, eu não posso abrir mais nenhum detalhe além de que a gente está trabalhando isso. Mas eu prometo que eu conto pra vocês assim que sair do forninho.

Pedro Rangel: Com certeza, quando sair a gente te traz de volta, a gente trás você nos nossos conteúdos, a gente tem super afinidade, a gente tem a newsletter com os agilistas, tem a newsletter Scrum e produtos digitais da Bruna. E Bruna, você pode encaminhar para o finalzinho então? Tem alguma dica que você gostaria de compartilhar, ou algum conselho para quem está começando a carreira em produtos digitais, em questão de habilidades eu acho que você já falou um pouquinho, a gente já falou sobre ser mais generalista, mas enfim, algum conselho só pra gente fechar com chave de ouro as dicas da bruna para o pessoal.

Bruna Fonseca: Sim, a minha principal dica é nunca pare de estudar, estude e procure cursos práticos. A gente  sabe que as certificações são extremamente importantes, que abrem portas, mas não fique preso somente a cursos de certificação. Eu falo que o curso de certificação é um pouco igual ao curso da OAB, você se prepara para uma prova. Então procurem cursos práticos também que vão falar de vivência, que vão falar de dia a dia. É aquela união, o equilíbrio entre o que é prático com o que é teórico. Então estudem, procurem cursos práticos, não parem de se especializar, de ampliar as frentes de estudos de vocês. E vendendo o jabá de novo, Pedro, quem está no processo de transição de carreira e quer um curso prático para entender o que é o Scrum, o meu curso é realmente incrível e vai ter atualização agora e vai ser na faixa, então se quiser adquirir agora e já estudar com o curso que está no ar, a hora que chegar o novo, a versão 2.0 super atualizada ,vai ficar na faixa.

Pedro Rangel: Que legal Bruna. Muito obrigado pela dica, eu gostei demais do nosso papo, acho que você deu alguns insights incríveis, trouxe dicas, exemplos, cases. Com certeza nosso público vai curtir demais. E galera se quiser conversar com a gente, mandar dúvida, comentários, sugestão, pode mandar para @osagilistas no Instagram ou no LinkedIn que a gente posta as respostas da Bruna também nos nossos canais. A gente vai atrás dela, a gente pergunta. Não esqueçam de avaliar o nosso programa também nas plataformas de streaming. E se quiserem conhecer um pouco mais do trabalho da bruna a gente vai disponibilizar os links, mas eu vou falar aqui também, Bruna você completa se eu estiver esquecendo de alguma coisa. Como vocês viram ela tem muitos projetos. Então tem o site www.brunafonseca.pro.br e de lá também a gente consegue ir para os demais links. Tem a newsletter também no LinkedIn: Scrum e produtos digitais. O livro ” Scrum de A a Z” que ela já mencionou para a gente no início, está disponível na amazon. O LinkedIn da Bruna, a gente vai deixar disponível no link também, mas é o linkedin.com/btfonseca. E até mais Bruna. Citei todos?

Bruna Fonseca: E o Instagram, tem o Instagram também @brunafonseca.pro.

Pedro Rangel: Fechado, beleza. E obviamente podem interagir com a bruna, ela está super aberta e agora faz parte da nossa comunidade também, dos agilistas. Então com certeza a gente te chama de volta no futuro Bruna. Muito obrigado.

Bruna Fonseca: Eu que tenho que agradecer Pedro, faço das suas palavras as minhas, estou sempre aberta em todos os canais, pessoal que tiver com dificuldade no dia a dia, ficou alguma dúvida aqui na explicação, pode mandar mensagem no LinkedIn, no Instagram, eu respondo todas, às vezes não na hora nessa loucura de um monte de projetos, mas eu  respondo todas pessoalmente. Então pessoal, é isso, Pedro, agilistas, muito obrigada pela oportunidade, por essa porta que se abriu e para encerrar aqui vou deixar uma mensagem para todo mundo Pedro, que não tem a ver com agilidade, com produto, mas tem a ver com vida.

Pedro Rangel: Vamos lá.

Bruna Fonseca: Corram a trás dos sonhos de vocês. Às vezes a gente precisa de um pouco de cara de pau, às vezes a gente precisa correr atrás de tudo que a gente quer, com os agilistas foi um pouco assim, eu falei: quero participar, quero falar de alguma coisa. Vem cá me conhece, olha o que estou fazendo. Então é importante que a gente coloque em prática e corra atrás das coisas que a gente acredita, das coisas que a gente quer. Então é isso. Arrisque, o não a gente já tem na nessa vida.

Pedro Rangel: É isso legal demais, obrigado por mais esse insight Bruna. É isso pessoal, muito obrigado por ter aceitado nosso convite e até a próxima.

Bruna Fonseca: Até gente. Tchau, tchau.

Bruna Fonseca: Então quando a gente fala de benchmarking Pedro, você citou em quais etapas do discovery, diria que ela seria a primeira. Logo de cara a gente veio com uma ideia, uma funcionalidade, vamos entender, vamos pesquisar mercado, vamos pesquisar como isso está acontecendo, mas o benchmarking é vivo. Pedro Rangel: Fala galera, esse é mais um episódio de Os Agilistas, é nossa comunidade formada por pessoas que vivem e acreditam no agilismo. Eu sou Pedro Rangel, e hoje a gente vai conversar sobre um artifício extremamente valioso na ideação de produtos digitais, que é o benchmarking como aliado nos processos de discovery, ideação de produtos digitais. Eu trouxe aqui hoje uma notável convidada, ela não é apenas uma agilista de carteirinha, mas professora apaixonada, uma palestrante cativante, especialista no campo de eficiência digital e vai trazer para gente uma perspectiva única para nossa discussão, com certeza algumas dicas muito valiosas a respeito do tema. Então seja muito bem-vinda, Bruna Fonseca. Tudo bem Bruna? Bruna Fonseca: Tudo bem gente, como vocês estão? Que prazer enorme estar aqui com vocês. Tudo começou de uma forma muito despretensiosa esse contato, e estar aqui hoje gravando esse podcast é uma enorme honra para mim. Estou super empolgada para esse episódio. Pedro Rangel: Legal Bruna, bem-vinda demais. Vamos aproveitar apara contar para a galera quem é você, sua história, um pouquinho do seu background, onde você já esteve, fale para gente um pouquinho sobre você. Bruna Fonseca: Legal pessoal. Isso é bem bacana Pedro, porque, a gente sabe que o mercado está nessa mudança, tem muita gente falando assim: mas eu não vim de projetos, como que eu entro nesse mercado? Então fica aí minha história que eu também não era da agilidade, desse mundo de projetos. A minha formação é como designer gráfica, então trabalhei muito tempo nisso, e a coisa foi caminhando. Atuei primeiro como desenvolvedora, web designer, depois atuei com marketing digital propriamente dito, então eu atuava com estratégias de marketing digital, mas sempre com aquela coisinha de produto batendo na porta sabe? Pedro Rangel: Sei como que é. Bruna Fonseca: Um site de campanha, um aplicativo. Eu falo que sou da época do ápice, vou revelar minha idade aqui. E aí foi indo, até o memento que uma gestora minha falou: eu te vejo muito como uma PO. Isso foi em meados de 2014, e eu falei: PO? O que é isso? Google. E foi quando eu me deparei pela primeira vez com agilidade, com esses  termos e eu fui estudar e comecei a mergulhar nisso e desde então eu atuo como PO, atualmente eu estou como PM e totalmente imersa em produtos digitais e também na agilidade, especialista em Scrum. E como você falou também, tem a questão da educação, em 2016 eu ministrei minha primeira aula em um curso de MBA, depois de ter terminado aminha pós, e foi horrível. Eu disse: nunca mais piso em uma sala de aula. Foi um show de horror. Pedro Rangel: A primeira normalmente deve ser mesmo traumatizante, não é? Bruna Fonseca: Foi muito ruim, quando cheguei em casa eu chorava de desespero, mas eu tinha um compromisso, eu tinha que entregar aquela disciplina então, eu falo que me virei nos 30 e eu honrei meu compromisso com aquela turma. E surgiram outros convites a partir dali, eu vou encarar, eu vou melhorar. E no final das contas acabou se tornando a minha grande paixão. Hoje eu falo que eu sou agilista, produteira, mas a grande paixão, sabe aquilo que você se descobre, é como professora. Então, desde 2016 eu nunca mais parei e minha grande paixão é ministrar aulas em instituições de ensino. Pedro Rangel: Que legal. Compartilhando um pouco da sua experiência, isso é ótimo. Então você já navegou bastante no espectro do agilismo, de produtos digitais, já exerceu diferentes papéis. Hoje você diria que sua maior inclinação ainda é mais com a parte mais produto da coisa do que engenharia ou operação? Bruna Fonseca: Eu estou muito, muito dentro tanto da operação quanto da questão da ideação do produto, então eu transito muito do discovery até o delivery. Eu sou meio contra essa questão de separar: o PM é estratégico, ou o PO é prático, ou eu sou produteiro ou eu sou agilista, ou eu só falo de agilidade e frameworks ou métodos, ou eu só falo produto. Você tem que conseguir transitar e entender que as coisas estão juntas. A gente tem todo esse apoio da agilidade dos frameworks para fazer o desenvolvimento ágil de projetos para produtos digitais, para softwares, não somente, obviamente, quando a gente fala de produtos e serviços hoje, apoiados pela agilidade, mas quando a gente fala de desenvolvimento de software a gente precisa entender de produto apoiado pela agilidade, então não dá para ficar em uma caixinha isolada. Pedro Rangel: Concordo 110% com você. A gente tem que ser um pouquinho mais multidisciplinar hoje, conseguir navegar dentro das várias áreas e da gestão de produtos que elas vão se (inint) [00:06:01] com a outra. Você tem alguns outros projetos também, não é Bruna? Um livro, um curso, além da sua newsletter, que hoje a gente vai falar de um conteúdo mais específico de uma das suas newsletters, eu já acompanhei faz um tempinho, super legal. Conta pra gente um pouquinho também sobre o que é seu livro, como que está o seu curso e seus outros projetos. Bruna Fonseca: Pois é, tem gente que pergunta: Bruna como você dá conta de tudo? Eu atendo um cliente, sou PM em tempo integral com esse cliente. Além disso eu tenho esse projeto pessoal, que lançou em 2021, no meio da pandemia, comecei esse projeto de artigos, de conteúdos digitais, da gravação de um curso voltado para Scrum, para iniciantes pra quem está querendo entender de verdade de forma prática como aplico o Scrum, esse curso tem cinco horas de gravação. No blog já são 184 artigos em profundidade sobre produtos e agilidade, são mais de mil horas-aula ministradas, são mais de mil alunos já treinados, então tem alguns números que eu já me orgulho, sendo que eu comecei em 2021 esse projeto, então é muito legal. Pedro Rangel: Caramba. Seu dia tem 30 horas então, né? Bruna Fonseca: Tem, porque além disso eu sou esposa, sou mãe de uma princesa de seis anos, tenho três cachorros, então tem que ter 30 horas para dar conta de tudo. E no ano passado eu senti a necessidade, a partir de feedbacks, que é isso que a gente faz, ouvir os feedbacks, de que as pessoas faziam os cursos, meu ou qualquer outro do mercado, ou entravam a partir de uma vaga, transição de carreira, e elas ficavam muito perdidas em relação aos termos, é muito termo: PO, SM, (inint) [00:08:07], Deploy… Pedro Rangel: Não passa um dia sem ter termos novos. As siglas vão bombando. Bruna Fonseca: Exato, e ai faltava algo como: e ai, o que significa? Eu caí nesse mundo e agora? Então eu criei meu livro, eu falo que é um guia, é mais do que um livro de leitura, é um guia, que é o “Scrum de A a Z” está disponível na Amazon, quem tem o Kindle Unlimited ele é gratuito. E ele é Scrum de A a Z, porque ele é um guia com os termos que a gente utiliza no Srcrum no dia a dia, e a grande maioria além  de ter uma definição curtinha do que significa aquele termo, ele tem o link para um artigo do meu blog em profundidade, onde você pode se aprofundar naquele tema. Por exemplo, pegando o gancho de hoje, benchmarking, então explica o que é benchmarking e tem o link para o artigo do benchmarking. Pedro Rangel: Que legal, é um guia super prático, não é? Bruna Fonseca: É um guia super prático, eu falo que é um guia de bolso para você estudar. E uma última novidade que eu acho que você ainda não sabe, Pedro. Pedro Rangel: Vamos lá, me surpreenda. Bruna Fonseca: Sim, sempre. O curso do Scrum que hoje está lá disponível, cinco horas de gravação, ele é de 2021 essa gravação. E eu já fiz a regravação em estúdio do novo curso, da versão 2.0 desse curso, em breve ele vai ao ar. Ele está no processo de edição já, de finalização dessa regravação, então quem já comprou esse curso em algum momento ou que adquirir nesse período o curso, quando eu fizer o update vai ter acesso 100% gratuito à versão 2.0, com cases atualizados, à nova versão. Pedro Rangel: Olha isso, super legal. Bruna, a primeira coisa: parabéns, por tudo que você já fez, uma trajetória muito bonita, muitas conquistas, muitos projetos, e assim, um pouco off topic mas é coisa que nosso público gosta muito de ouvir, conta pra gente como que você equilibra tudo isso: especialista em produtos digitais, consultora, professora, mãe dedicada, mais esses projetos à parte. Quais estratégias você usa para gerenciar tudo isso, para priorizar o que você tem que fazer, vamos dar algumas dicas para a galera. Bruna Fonseca: Claro, com o maior prazer gente. Depois que eu descobri a agilidade na minha vida, eu não uso agilidade só para os meus projetos de desenvolvimento de software, eu uso agilidade e os conceitos para a minha vida. Eu brinco que eu tenho um Trello para tudo, eu tenho um Trello para as coisas da casa, eu tenho um Trello para os meus projetos, para conseguir equilibrar, eu tenho um Trello para os projetos de vida, sabe a listinha de ano novo que a gente faz? Então o meu backlog são os meus projetos que eu quero alcançar de cinco a dez anos. Os meus To do’s é o que eu quero executar em 2023. Os meus Does é o do mês, e os dones é o que vai concluir. Eu levo isso para a minha vida, eu levo agilidade de fato para a vida, e a priorização. Se a gente faz priorização de backlog para desenvolvimento de software, mas a gente também precisa priorizar a nossa vida dentro dos projetos, dentro de um dia de trabalho. Eu brinco que os coachs que falam sobre gestão de tempo tinham que estudar priorização de backlog. Porque é gestão de tempo, a priorização das nossas atividades, a gente entender, quebrar elas em tarefas menores, isso a gente consegue levar para a vida. Então hoje eu priorizo os meus projetos, organizo os meus projetos com To do, do, e done, com Trello, é Trello para tudo. No ano passado, Pedro, eu realizei um grande sonho da minha vida. Eu casei, queria casar com meu marido, a gente estava juntos a nove anos já, eu falei: quero casar, entrar de branco na igreja, aquela coisa de mulher. Pedro Rangel: Que legal, parabéns também, por mais essa. Bruna Fonseca: Mais essa. E pra gente que não tem dinheiro na conta sobrando, o projeto casamento levou três anos, do dia em que eu decidi até o dia do evento. E vocês querem um projeto maior do que casamento, gente, é projeto né? E eu fiz ele todinho no To do, do, done, no backlog, na priorização. Então assim, dá para casar sem vestido de noiva? Dá, em últimos casos a gente vai na Renner e compra um vestidinho branco, e está tudo bem. Então eu fui priorizando, qual que era a minha prioridade para conseguir casar: o espaço, o buffet, ter a música, o lugar da decoração. Então aquilo ali era a minha prioridade um. Qual é a minha prioridade dois? Poderia estar com um vestidinho da Renner, mas eu tinha que registrar esse momento, porque era meu sonho, então era foto e vídeo. E aí eu fui fazendo isso, fui pagando e priorizando, colocando para o doing, e foi de fato um evento do jeito que eu sempre sonhei, porque eu apliquei. Devo isso a agilidade, porque isso era meu maior sonho. Pedro Rangel: Eu acho que são skills que os agilistas ganham que não tem jeito. A gente não limita só no mundo profissional, a gente acaba levando para os projetos pessoais também. Isso é muito legal. Eu concordo 110% com o que você falou. Acho que a habilidade do século, principalmente agora a gente falando em mais eficiência para todo mundo tendo que fazer um pouquinho mais com um pouquinho menos de recurso, no momento que é um pouco mais escasso, você saber sintetizar um problema e priorizar o que precisa ser feito a partir de um objetivo, eu acho que essa é a habilidade do século. Para a gente realmente ser produtivo naquilo que a gente quer, estou 100% em linha, Bruna, acho que é isso aí mesmo. Bruna Fonseca: Maravilha Pedro. E eu acompanho muito a movimentação do LinkedIn, e tem algumas pessoas que vão um pouco contra o mindset, mas é uma coisa que se torna tão natural quando você começa a trabalhar com agilidade que é isso, você começa a priorizar se você precisa lavar ou passar roupa no dia a dia da sua casa, os seus To do’s. É natural, eu brinco que é igual a dirigir, quando você está aprendendo a dirigir você pensa para executar, você tem que saber o que é cada coisa, o que cada coisa faz, você desprende de muita atenção para pensar os movimentos que você vai fazer. Depois que você aprende, fica algo natural, você entra no carro e sai, você nem pensa o que você vai fazer, você vai, já sebe, é muito natural, eu acho que depois vira algo que você  executa simplesmente porque seu mindset está direcionado para isso. Pedro Rangel: É isso, é como se a gente se treinasse, nesse jeito de fazer as coisas. Legal Bruna, obrigado por compartilhar as dicas, espero que nossos ouvintes apliquem um pouco disso também. E entrando um pouquinho já no tema específico da nossa conversa aqui hoje, o papo é super legal, mas eu acho que existe uma curiosidade específica que motivou nosso quadro aqui. No mês de março, se eu não me engano, você publicou uma edição da sua newsletter que chamou muito a atenção da gente aqui, em que o título era “Não idealize o produto sem antes fazer o benchmarking”, dentre os vários conteúdos que você já postou e que a gente gosta muito, são super chamativos, mas esse foi um tema especial para a gente, porque aqui na DTI, que é a casa dos agilistas, a gente fala muito sobre esse artifício, principalmente como ponto de partida que é um dos cenários que a gente tem restrição de pesquisa ou de fazer o contato direto com os usuários dos produtos ou com o cliente final, às vezes a gente tem projetos em cenários um pouco mais conservadores, um pouco mais de dificuldade de acesso, então a gente explora o benchmarking principalmente nessas situações. Tenho certeza que não é só ai que ele é útil, e eu tenho certeza que ele ajuda em diversas etapas no processo de concepção do produto, mas acho que é um tema super legal da gente explorar um pouquinho mais, e nosso público vai gostar bastante. Então começando pelo começo, renderize pra gente um pouquinho do que é o benchmarking, por que ele é importante, o que você considera legal trazer sobre esse artifício, que você abordou de maneira super legal nessa edição da sua newsletter. Bruna Fonseca: Legal, Pedro. Acho que tudo nasce de uma ideia, de uma hipótese, aquele momento que a luz acende. E a gente nesse papel na frente do produto, seja como PM ou como PO, a gente recebe muita demanda dos nossos clientes internos ou externos. E, se a gente tivesse tal funcionalidade seria incrível. A gente precisa entender como o mercado está respondendo a isso, então acho que a pesquisa é o primeiro momento. Quem já faz, como já faz, de que jeito faz, desde quando faz. Tem um monte de pergunta que a gente precisa entender no benchmarking até antes de partir para uma ideação, pra gente, primeiro entender até como a gente consegue entrar com um diferencial em relação ao que o mercado já pratica, porque se não o que a gente tá fazendo, a gente não está idealizando nada, a gente não está atendendo uma necessidade ou desejo de um cliente, a gente está fazendo copia e cola. Alguém teve uma ideia mirabolante  agente foi lá e lançou sem entender o cenário, o mercado… Pedro Rangel: E aí a sua ideia já pode nascer condenada, se você não faz essa pesquisa antes. Bruna Fonseca: Exato, exatamente, é um processo de validação. Tem o conceito do Dual track, então vamos fazer essa parte do discovery antes de sair desenvolvendo, calma, vamos antecipar as coisas. E aí fazer o benchmarking é muito importante para a gente já ter algumas respostas, eu falo que o benchmark e isso, ele traz um cenário para a gente, ele fala como que o mercado hoje, está respondendo a essa ideia ou a essa funcionalidade. Então quando a gente fala de benchmarking Pedro, você citou quais etapas do discovery, diria que ela seria primeira. Logo de cara a gente veio com uma ideia, com uma funcionalidade, vamos entender, vamos pesquisar mercado, vamos pesquisar como isso está acontecendo, mas o benchmark é vivo, então eu não fiz e guardei na gaveta, esquece isso. Vai acompanhando porque, vamos ao exemplo das contas digitais, independente de qual seja. Toda vez que você entra na sua conta, tem uma funcionalidade nova ali, se você fizer uma pesquisa de benchmarking agora,  e só pegar ela quatro meses depois meu amigo, você está com um negócio ultrapassado já. Então é um negócio vivo. Eu vou falar um pouquinho, vou pegando os ganchos na nossa conversa, mas eu quero explicar formas de fazer benchmarking para os ouvintes do Agilistas. Acho que o grande conceito é: ter um cenário, a gente tem que manter ela viva para ter respostas o tempo todo para não ficar algo obsoleto, para esse primeiro start é isso. Pedro Rangel: É super importante para desenhar o contexto que você vai inserir o seu produto, a sua ideia. Como a gente já falou, para que ela não nasça já morrendo de inanição. Bruna Fonseca: Exato. E é muito importante que a gente pense também, quando a gente tá falando desse processo inicial do discovery, que a gente não faça só a pesquisa de concorrência direta, que a gente utilize a pesquisa análoga também. O que significa isso: imagina que eu estou criando um produto digital para babás, cuidadoras de crianças, ok? Eu vou pesquisar os concorrentes do mercado, eu vou olhar o Sitly, que é o principal aplicativo hoje de babás que tem, então eu vou entender tudo que esse aplicativo tem, se precisar eu vou pagar, uma continha para entender as funcionalidades, experimentar como usuário, exatamente. Mas, eu também tenho que olhar o Dog Hero, mas o Dog Hero é de cachorro, ok. Mas ele entrega o mesmo serviço e pode ter funcionalidades ali que vão me dar insigths incríveis para o meu produto, então eu tenho que olhar essa questão análoga também, não ficar só preso naquilo que meus concorrentes diretos fazem, mas os concorrentes indiretos também. A gente chama isso de pesquisa análoga. Pedro Rangel: Alternativas que possam ter uma jornada em comum com aquela  que eu estou desenhando, ou um pedaço dela de repente. Bruna Fonseca: Perfeito. Um outro exemplo para ficar bem claro: um produto de educação em matemática, para crianças e pré-adolescentes, eu vou olhar também o Duolongo, não é de matemática, mas ele ensina crianças e adolescentes através de gameficação e pode entrar muitos insights. Pedro Rangel: Tem o princípio educativo e tem o princípio da gameficação, então pode parcialmente me ajudar a resolver a dúvida que eu estou tratando aqui também. Bruna Fonseca: Exatamente, e aí Pedro, antes da gente entrar em como fazer, para deixar um suspense, eu gostaria de contar aqui alguns cases de o quanto é importante fazer, e o quanto é terrível não fazer o benchmarking. Então eu separei dois casesinhos para trazer aqui para a galera. Pedro Rangel: Que ótimo, compartilhe com a gente. Bruna Fonseca: De produtos que não fizeram e tiveram um final não tão feliz assim. Pedro Rangel: Eu gosto demais dessa abordagem do risco de não fazer, mais do que o benefício de fazer, eu acho que isso ajuda muitos entenderem isso. Mas legal, conta aí pra gente. Bruna Fonseca: Perfeito. Eu trouxe dois. Um eu não trabalhei diretamente com ele, eu não estive diretamente ligada, mas bombou no Twitter, foi durante a pandemia, foi trend topics do Twitter, que foi o Pink Gloves, já ouviu falar Pedro? Pedro Rangel: Não, não ouvi falar. Conta pra gente o que é. Bruna Fonseca: O Pink Gloves é uma luva pink, de um material considerado, estudado, depois foi considerado como poluente, então ele não é amigo do meio ambiente, essa luva pink, descartável, criada ali, ela foi apresentada no Shark Tank da Alemanha. Então foi uma dupla que levou isso no programa da Alemanha, como descarte discreto de absorventes íntimos femininos. E sem nenhuma apologia feminista, nós estamos falando de um produto. Mas ele foi considerado na época como sexista, poluente e desnecessário. Na época os jurados, um deles investiu no Pink Gloves, ele deu dinheiro. Pedro Rangel: No programa do Shark Thank, o produto foi passando como uma boa? Bruna Fonseca: Passou, exato, exato. Ele passou como uma ideia boa. Pedro Rangel: Mas o fracasso veio logo na sequência. Bruna Fonseca: O programa foi ao ar e o tred topics do Twitter descascando o produto, veio logo na sequência. Porque, tinham muitos comentários assim: a gente não precisa disso. Hoje a gente tem a Pants, que é a calcinha lavável, absorvente, nós temos o coletor menstrual, que também é reutilizável, e falando de descarte, temos o papel higiênico. Então é desnecessário, a gente não quer isso. E o pink não é discreto, pensa uma luva pink em um cestinho de lixo. E qual que é a lição aprendida: será que essa dupla fez pesquisa? Entendeu que existia Pants, será que ela foi entender a Pants, será que ela foi entender o coletor menstrual? Será que ela foi entender como que é o descarte de um absorvente? Pedro Rangel: Parece que não conversou com nenhuma mulher, com nenhum possível usuário. Bruna Fonseca: É, exatamente, não entendeu nem o que existia já no mercado. Parece que foi uma ideia assim: vou tomar banho e surgiu a ideia do pink gloves, vamos fazer. E teve uma repercussão muito negativa. Então olha só o risco da gente não fazer uma pesquisa, a gente acha que está arrasando e na verdade a gente está dando um grande tiro no pé. E um outro case, neste aqui eu já estive muito próxima desse case, meu marido participou ativamente desse case na época da pandemia, ele trabalhava em uma empresa de benefícios de saúde para RH’s. Enfim, era muito focado em farmácia, nesse sentido e veio a pandemia, isola todo mundo, aquela coisa, que nós vivemos e sobrevivemos. E de repente veio um top-down, os famosos top-downs, quem trabalha com produtos sabe o que é isso, com certeza já viveu ou vai viver. Pedro Rangel: Sempre tem, faz parte do processo também, exatamente. Bruna Fonseca: E aí veio assim: vamos lançar um produto de saúde mental, é a oportunidade de ouro que a gente tem. Legal, vamos. O pessoal de produtos citou: vamos entrar em laboratório em imersão, vamos iniciar as pesquisar. Não, não dá tempo, a gente precisa arrasar agora, a gente não pode perder o timing. Pedro Rangel: Já começou com uma data forte, não é? Bruna Fonseca: Exato, exato. Não temos tempo para pesquisa. E aí, por fim, não tinha tempo, não tinha recurso, não tinha uma grande verba de investimento também, e ai por fim o que saiu ao ar foi um chat, que falava com um assistente virtual, uma psicóloga virtual que não tinha inteligência artificial, porque não tinha verba nem recurso para isso. Pedro Rangel: Então super impessoal, provavelmente só respostas mecânicas. Bruna Fonseca: É, era mecânica. Eles até trouxeram uma questão de humanização no tom de linguagem, mas a gente estava falando de um grande banco de dados, de perguntas e respostas, que esse bot ia respondendo, sem uma inteligência por trás e enfim, lançou, foi o primeiro, lançou no tempo recorde. Mas logo depois, vieram produtos de saúde mental muito mais preparados, inteligentes, pensados, e eu diria que com pesquisa. Porque até quando isso foi lançado, já existiam outras coisas no mercado que não deu tempo de pesquisar para trazer alguns insights, e resumindo, já não está mais no ar, se é isso que vocês querem saber. Não foi pra frente. Morreu, as pessoas não compraram a proposta, a solução. Poucos testes que alguns clientes toparam fazer, os funcionários que era a ponta, o cliente final mesmo não engajou, não foi pra frente. Então, desenvolver esse piloto sem pesquisa, custou dinheiro. Foi o primeiro, foi tempo recorde, mas custou dinheiro, custou tempo. Pedro Rangel: O barato saiu super caro. Bruna Fonseca: O barato saiu super caro. Não temos tempo para pesquisa, talvez se tivesse tido o tempo para a pesquisa antes, talvez não tivesse morrido. Talvez não tivesse nem lançado, entendia que o mercado estava saturado, já tinha coisa, não teria tempo hábil, a gente teria muita resposta. Pedro Rangel: Evitava o desperdício, pelo menos. Bruna Fonseca: Evitaria o desperdício. Quando a gente fala de agilidade, quando a gente fala de Lean, a gente tem que eliminar desperdício. Foi um grande aprendizado, e eu vendo, não estava diretamente, foi meu marido que contava todo dia isso, e eu ficava me corroendo. Meu Deus. Mas enfim. Pedro Rangel: A gente ainda vê acontecendo bastante né Bruna, mas é isso aí, temos que se espelhar nos exemplos que deram errado também, é importante para a gente não cometer esses mesmos erros. Você deu pra gente dois cases que falharam em usar a pesquisa, mas tem alguma iniciativa que você conheça ou que você esteja particularmente orgulhosa em que o benchmarking foi importante, que provou o contrário, é super importante fazer. Bruna Fonseca: Sim, com certeza, e Pedro é importante agora que eu vou puxar um pouquinho para fora de desenvolvimento de software, porque a gente sabe que agilidade transcende isso. Então eu vou trazer o exemplo de um produto, e a gente pode aplicar benchmarking para produtos digitais, produtos físicos, híbridos, e até serviços, então é muito importante. Pedro Rangel: A gente fez até um episódio recente aqui, Bruna, que chama “A solução é sempre digital?” porque a gente tem super esse lado e na verdade uma das entregadas da pesquisa vai ser dizer isso pra gente também. Às vezes é uma melhoria de processo, às vezes é uma outra forma de organizar, enfim, nem sempre vai ser um pedaço sólido que vai resolver o problema, mas é isso aí. Bruna Fonseca: Exatamente. E aí durante cinco anos da minha vida, eu coordenei curso de pós-graduação, fui a coordenadora de um curso. E quando fui chamada para esse desafio de criar um curso de agilidade, um MBA, que foi um diferencial de mercado, a grade de um curso de MBA é um produto, e aí eu falei: preciso fazer um benchmarking para entender, então eu mapeei, e ai eu já vou começar a contar pra vocês como fazer o benchmarking, já vou pegar o gancho e falar tudo junto. Pedro Rangel: Ótimo, perfeito. Bruna Fonseca: Quando a gente fala de pesquisa, a primeira coisa que quem não gosta, já torce o nariz, por que pesquisa aquário, pesquisa, quanto, páginas e páginas, e páginas, aquele negócio denso, que às vezes só fica na mão e na mesa de quem executou e muitas vezes os decisores, que são os stakeholders, não tem tempo de olhar páginas e páginas e páginas de pesquisa para tomar uma decisão. Então, tem uma forma de fazer benchmarking, que é essa que eu vou trazer para esse episódio, que é muito simples, muito visual e dá muita resposta, que foi justamente a que eu usei para esse curso. Tabela, manja tabela? Inclusive pessoal, quem está ouvindo aqui o podcast, eu vou liberar o link do Miro com  esse template, com o modelinho já feito para vocês acessarem e duplicarem para vocês esse modelo de fazer benchmarking. Pedro Rangel: Que ótimo, a gente coloca o link aí na descrição do episódio, para o pessoal curtir o template. Bruna Fonseca: É uma grande tabela, não tem muito segredo, é uma grande tabela onde na primeira coluna das linhas eu vou trazer os players que eu quero pesquisar, então eu vou trazer tanto os meus diretos, quanto os meus análogos para fazer essa pesquisa. Nessa época eu elenquei as faculdades que já tinham esse curso, fiz primeiro essa pesquisar para pesquisar quais entregavam. Quais que entregavam com uma abordagem, mas não era direta, mas tinha uma pegada. Pontuei os players. E eu tenho as colunas agora. O que eu trago nessa coluna? Tudo o que eu quero saber sobre esses cursos nos meus concorrentes. Então eu quero saber: o nome, como que ele vende esse curso? Ele vende como produtos ágeis, business agility, qual o nome que ele dá. Qual que é a duração desse curso? É 360 horas, é 432 horas, qual que é a carga horária. Qual que é a duração? Dura 24 meses, 18 meses, 12 meses. Qual que é a oferta? É de terça e quinta, é de sábado. Como que você oferta esse curso? Pedro Rangel: Remoto, presencial, híbrido. Bruna Fonseca: Remoto, presencial, exatamente. Tem nome famoso do mercado dando aula? Tem professor fera ali? Então eu mapeio o que eu quero saber, o que que é importante, dentro disso. E aí a construção do quadro, eu posso tanto ir enchendo de post it’s com informações nos quadrinhos, como também posso trabalhar ícones, é muito legal a parte de ícones, eu elenco três ícones que é um X, um alertinha e um check verdinho. Um X vermelho, um check verde, e um amarelinho de alerta. Pedro Rangel: Parece um pouco com o marco de experiência que a gente coloca, uma carinha sorrindo, uma carinha triste ou a carinha preocupado, que já desperta um pouco da emoção atrelada aquele atributo da pesquisa. Bruna Fonseca: Aliás é muito bem-vindo Pedro, se ao invés do X e do check quiser colocar uma carinha triste ou uma carinha feliz, quanto mais visual você deixar esse painel de pesquisa melhor vai ser. Então eu misturo tanto informações por escrito nos post it’s quanto também com os ícones. Então eu vou olhar lá: eu quero saber se tem abordagens de kanban, por exemplo. Falando dessa construção do quadro a gente pode ir juntando tanto a parte escrita com os post’it’s quanto essa representação visual através desses ícones, desses emojis. Imagina que em uma das minhas colunas eu quero saber se esse curso tem uma abordagem do método kanban, eu vou pesquisar em cada um dos players. Se tem: carinha feliz. Se não tem: carinha triste. Eu quero saber se esse curso exige uma entrevista com o aluno que vai ingressar no curso, sim ou não. É xizinho ou checkzinho. Eu vou construindo e no final das contas eu vou ter um quadrão com verdes e vermelhos, ou carinhas felizes e tristes e informações ali cheio de post it’s colados. Quando eu termino esse quadro eu eu paro e olho cinco minutos para ele, eu consigo ter um monte de conclusões. Pedro Rangel: Mais insights vão surgir dai, não é? Bruna Fonseca: Eu, e consequentemente os decisores que também não têm muito tempo, está com um quadro de pesquisa visual na cara dele, estampado ali. E eu falo que é um insight muito importante para que a gente crie um diferencial, porque eu olho para esse quadro e falo: então, a maior carga horária hoje no mercado é 360 horas, então se eu entregar 380 eu já entrego um diferencial de mercado. Todos os cursos que falam de agilidade, nenhum deles aborda produto, por exemplo, são exemplos hipotéticos. Eu percebo que ninguém aborda discovery, se eu colocar uma disciplina de discovery eu posso virar e falar para o meu comercial: pode vender como o curso mais completo, o único que tem discovery no mercado. Eu consigo enxergar claramente um diferencial, e só finalizando, Pedro, nesse curso de MBA deu certo, funcionou, o meu primeiro cliente que é o comercial comprou tudo que eu mandei para ele, a pesquisa, construção de grade, foi tudo muito embasado com fatos e dados, e o curso foi um sucesso. A primeira turma lotamos com 25 alunos, foi realmente incrível. Pedro Rangel: Que legal, um projeto que deu super certo, Bruna. Extrapolando um pouquinho para o espaço das soluções digitais, o resultado da pesquisa desse benchmarking pode inclusive ajudar a pesquisar o make or buy, por exemplo, se você tem um problema a ser resolvido dentro da sua empresa, dentro da sua organização, esse quadro pode te dar inclusive uma visão assim: não faz sentido, já tem muitas pessoas, já existem muitas abordagens que estão endereçando esse problema que eu estou tentando resolver e não faz sentido eu criar uma solução do zero. Pode ser uma possível saída também. Bruna Fonseca: De não reinventar a roda. Às vezes faz mais sentido uma parceria, um plug and play do que fazer um desenvolvimento do zero. De verdade, dá muitos insights. E tem sempre uma dúvida muito comum: eu tenho que fazer discovery para tudo? Pedro Rangel: Ótima pergunta. Bruna Fonseca: Uma funcionalidade nova. Vamos pensar que é uma funcionalidade de notificação, dentro de um produto que já existe. Eu preciso parar uma semana para fazer discovery de uma notificação no meu produto? Talvez uma pesquisa de benchmarking de como são as notificações dos principais concorrentes e análogos, como que ela funciona, como que ela notifica, se ela dá alerta, se ela dá popup, se lá tem push. Em uma pesquisa dessa talvez já te dê resposta, você não precisa parar uma semana para fazer discovery de uma funcionalidade. Mas o benchmarking é algo muito mais simples e que vai te dar muitas respostas. Pedro Rangel: Verdade, com essa pesquisa você já pode, de repente, conseguir as respostas suficientes para reduzir um risco. Que é de fato a proposta de se fazer um discovery. Bruna Fonseca: Exatamente. E depois que você implementa em um conceito de protótipo ainda, com base nas respostas da pesquisa, valide com o usuário antes de desenvolver, essa é a dica de ouro também. Pedro Rangel: Dica de ouro, perfeito, concordo é isso aí. E até, como a gente mencionou o discovery aqui Bruna, quando eu abri a conversa lá no início eu fui logo me referindo ao benchmarking com um olhar do dicovery, então só para situar um pouquinho a galera, o relacionamento entre os dois: um é parte do outro, ou em que momento que se encaixa melhor, acho que você já comentou um pouquinho disso, mas só pra gente, de repente, fechar com esse insight. Bruna Fonseca: A minha principal colocação é não iniciar um discovery sem o benchmarking, depois manter ele vivo mesmo, Pedro. Tudo surge de uma ideia, a gente recebe ideias o tempo todo, sugestão, enfim o nome que vocês quiserem dar, mas as demandas vêm chegando por todos os lados, então assim, pesquisa antes, pesquisa o que está rolando, pesquisa o que está fazendo, pesquisa as tendências de mercado e ai sim você parte de fato para uma construção, para uma prototipação, para uma validação disso. Porque é isso, com a pesquisa, com o benchmarking você pode virar e falar: não, não vai para frente, eu não vou investir tempo, recurso e dinheiro nessa ideia. Porque o mercado está saturado, porque a gente não tem resposta. Uma dica que eu sempre falo no bechmarking também, que a gente faz em apoio, isso é bem legal também Pedro. É o desk research, o que que é o desk research? Desk research é um quadro em branco, é isso, é você colocar um quadrado dentro do seu Miro em branco, e você ir colocando print de tudo que você vê durante essa pesquisa, algumas pessoas chamam de parking lot também. Pedro Rangel: Idea parking lot, eu já ouvi esse termo também. Bruna Fonseca: No final das contas é a mesma coisa, é um desk research, onde você vai colocando os prints e tudo que você vai vendo. Isso também é muito rico. Então por exemplo, se eu estou falando de uma pesquisar  de aplicativos, pelo amor de Deus, entra lá nos seus concorrentes, na página tanto da Apple Store quanto da Google Play, pega o comentário dos usuários do seu concorrente, entende o que as pessoas estão falando de um produto que já existe, vai no Reclame Aqui, entende o que seus usuários falam de determinada funcionalidade, de determinado produto. Isso também vai te dar muito insight. Cola lá no desk research, cola print da tela do seu usuário. Eu comentei naquela hora das babás, se precisar assine, experimente como usuário, vai tirando print, colocando nesse desk research, isso vai te dar insight até para quais colunas eu preciso acrescentar, e nesse quadro o recado é: não tenha medo de quantas linhas, ou quantas colunas vai ter. Coloque aquilo que for importante para você obtenha respostas Pedro Rangel: É isso aí. Legal demais. Bruna, adorei os cases, os exemplos, as dicas, muito valiosos, muito ricos. Mas como eu falei no início, eu acho que você já navegou em várias etapas em questão de produtos digitais, do agilismo, em produtos no geral. Então eu queria fazer um (inint) [00:42:56] agora, pra gente aproveitar um pouquinho dessa sua experiência e falar de uma forma um pouco mais ampla também, para a galera que está ouvindo a gente, esse é um ano cheio de desafios, desafios um pouco diferentes do período pré-pandêmico e até durante a pandemia mesmo, a gente ainda está no pós. Então queria só cutucar um pouco seu cérebro para a gente falar um pouco de novas tendências, o que você vê surgindo na área de gerenciamento produtos digitais, de metodologias, enfim, o que você acha interessante compartilhar, que você crê que vai moldar o futuro do trabalho ágil. Bruna Fonseca: É a pergunta para alugar aquele triplex na cabeça. Pedro Rangel: Essa é, nem tem tempo suficiente para falar, isso em um episódio só. mas é isso aí, qualquer coisa você volta e a gente fala mais sobre isso. Bruna Fonseca: Eu vou colocar o que eu tenho acompanhado de mercado, tá Pedro. E um pouco da minha percepção, do meu entendimento que não é uma verdade, mas é a minha percepção. Eu acredito que a agilidade não vai morrer, mas alguns profissionais que não estiverem preparados para isso, sim. Tivemos um monte de layoffs, tivemos pessoas extremamente capacitadas, teve um bum de mercado, a coisa vai assentar, vai voltar  em uma horizontal. Vai ter espaço, mas vai ter espaço para quem é bom, para quem se capacitar para isso, eu como professora não tenho como não dizer aqui, não parem de estudar, não parem. Se você é agilista, vai entender de produto, você é produteiro, vai entender de agilidade, você é os dois, vai entender de comunicação. Quem trabalha com produtos digitais precisa saber se comunicar muito bem, precisa conseguir ter a argumentação. Já entende de argumentação, de comunicação, de negociação, vai para dados. A gente tem que fazer nossas bases baseadas em fatos e dados. Vai estudar um pouquinho de data, data drive. Então, não pare de estudar, o mercado está aí, não vai morrer a agilidade, mas as vagas vão ser para quem estiver preparados para elas. Eu acho que isso é uma tendência de você cada vez mais ser cross. Eu, hoje, eu me intitulo mais produteira do que agilista, mas eu tenho total conhecimento de agilidade, consigo falar a mesma lingua com os agilistas. É um pouco disso, você vai ter a sua especialização, mas você consegue estar nesse universo de forma ampla, transitar em todas as skills que isso pede. E uma coisa que eu tenho lido muito, estudado muito, é o Product Ops. Esses dias eu vi um podcast do… Eu não vou falar porque estou com medo de errar a marca, mas foi de um banco, de uma conta digital. Me perdoe, se vocês chegarem a ver esse podcast, falhou a memória mesmo. Mas eu vi um podcast que eles já estão com uma square testando Product Ops. Então já está sendo uma realidade de mercado. Pedro Rangel: E é um conceito que está ganhando muita força mesmo, de fato. Bruna Fonseca: Muita força. Então eu vejo como tendência, como futuro o profissional de Product Ops. É justamente esse profissional que transita entre o mercado businnes, o negócio, toda essa cultura de produto e também com a questão da agilidade. Consegue ligar isso a esse profissional de Product Ops hoje. Consegue falar de tecnologia, consegue transitar entre o time, entender toda a parte de negócio, de usuário e também com a cultura de produto. Então eu acho que isso está muito forte. Pedro Rangel: Tem as habilidades de um PM, mas também tem as habilidades de um agilista, super navega. Eu concordo com você, Bruna. Eu tenho sentido esse movimento de que parece que durante a pandemia, em um momento de mais abundância, surgiu muita especialização. E muitas siglas, PNA, PNT, PM. Os designers começaram a ter muitas ramificações que estavam direcionando para uma especialização muito forte. E eu tenho essa sensação agora de que no momento, pelo menos em um certo nível, a gente precisa ter uma amplitude um pouco maior, ser um pouco mais generalista, conseguir navegar nas diferentes disciplinas, isso realmente diferencia as pessoas nesse cenário novo. Bruna Fonseca: E é isso. É responder às mudanças, inclusive do mercado de trabalho. Eu cheguei a trabalhar em meados de 2018 com UX e um UI, então eu tinha uma pessoa que desenhava experiência e uma pessoas que desenhava a interface. Hoje, você não consegue. Pedro Rangel: Hoje está super raro, não está acontecendo muito. Bruna Fonseca: É raro. E é isso, um profissional que hoje domina UX e UI. E a mesma coisa vem nesse movimento de agilistas e produteiros, com esse conceito do product Ops. Pedro Rangel: Que no passado parecia que não se misturava de jeito nenhum, traça hoje um conceito que faz justamente a junção. Bruna Fonseca: É, exatamente. Eu fui no evento do Agile Trends, foi incrível, muitos aprendizados, pessoas gigantes lá. Mas eu senti muita falta de ter mais produto. O cor do evento era agilidade mesmo, atingiu a proposta, mas cada vez mais acho que a gente vai precisar unir as duas coisas. Falar de uma coisa sem excluir a outra, então é bem nesse ponto. E para finalizar já estou trabalhando nos bastidores, com uma instituição de ensino muito, muito renomada para já lançar no mercado algo voltado a product shops. Está no forninho, eu não posso abrir mais nenhum detalhe além de que a gente está trabalhando isso. Mas eu prometo que eu conto pra vocês assim que sair do forninho. Pedro Rangel: Com certeza, quando sair a gente te traz de volta, a gente trás você nos nossos conteúdos, a gente tem super afinidade, a gente tem a newsletter com os agilistas, tem a newsletter Scrum e produtos digitais da Bruna. E Bruna, você pode encaminhar para o finalzinho então? Tem alguma dica que você gostaria de compartilhar, ou algum conselho para quem está começando a carreira em produtos digitais, em questão de habilidades eu acho que você já falou um pouquinho, a gente já falou sobre ser mais generalista, mas enfim, algum conselho só pra gente fechar com chave de ouro as dicas da bruna para o pessoal. Bruna Fonseca: Sim, a minha principal dica é nunca pare de estudar, estude e procure cursos práticos. A gente  sabe que as certificações são extremamente importantes, que abrem portas, mas não fique preso somente a cursos de certificação. Eu falo que o curso de certificação é um pouco igual ao curso da OAB, você se prepara para uma prova. Então procurem cursos práticos também que vão falar de vivência, que vão falar de dia a dia. É aquela união, o equilíbrio entre o que é prático com o que é teórico. Então estudem, procurem cursos práticos, não parem de se especializar, de ampliar as frentes de estudos de vocês. E vendendo o jabá de novo, Pedro, quem está no processo de transição de carreira e quer um curso prático para entender o que é o Scrum, o meu curso é realmente incrível e vai ter atualização agora e vai ser na faixa, então se quiser adquirir agora e já estudar com o curso que está no ar, a hora que chegar o novo, a versão 2.0 super atualizada ,vai ficar na faixa. Pedro Rangel: Que legal Bruna. Muito obrigado pela dica, eu gostei demais do nosso papo, acho que você deu alguns insights incríveis, trouxe dicas, exemplos, cases. Com certeza nosso público vai curtir demais. E galera se quiser conversar com a gente, mandar dúvida, comentários, sugestão, pode mandar para @osagilistas no Instagram ou no LinkedIn que a gente posta as respostas da Bruna também nos nossos canais. A gente vai atrás dela, a gente pergunta. Não esqueçam de avaliar o nosso programa também nas plataformas de streaming. E se quiserem conhecer um pouco mais do trabalho da bruna a gente vai disponibilizar os links, mas eu vou falar aqui também, Bruna você completa se eu estiver esquecendo de alguma coisa. Como vocês viram ela tem muitos projetos. Então tem o site www.brunafonseca.pro.br e de lá também a gente consegue ir para os demais links. Tem a newsletter também no LinkedIn: Scrum e produtos digitais. O livro ” Scrum de A a Z” que ela já mencionou para a gente no início, está disponível na amazon. O LinkedIn da Bruna, a gente vai deixar disponível no link também, mas é o linkedin.com/btfonseca. E até mais Bruna. Citei todos? Bruna Fonseca: E o Instagram, tem o Instagram também @brunafonseca.pro. Pedro Rangel: Fechado, beleza. E obviamente podem interagir com a bruna, ela está super aberta e agora faz parte da nossa comunidade também, dos agilistas. Então com certeza a gente te chama de volta no futuro Bruna. Muito obrigado. Bruna Fonseca: Eu que tenho que agradecer Pedro, faço das suas palavras as minhas, estou sempre aberta em todos os canais, pessoal que tiver com dificuldade no dia a dia, ficou alguma dúvida aqui na explicação, pode mandar mensagem no LinkedIn, no Instagram, eu respondo todas, às vezes não na hora nessa loucura de um monte de projetos, mas eu  respondo todas pessoalmente. Então pessoal, é isso, Pedro, agilistas, muito obrigada pela oportunidade, por essa porta que se abriu e para encerrar aqui vou deixar uma mensagem para todo mundo Pedro, que não tem a ver com agilidade, com produto, mas tem a ver com vida. Pedro Rangel: Vamos lá. Bruna Fonseca: Corram a trás dos sonhos de vocês. Às vezes a gente precisa de um pouco de cara de pau, às vezes a gente precisa correr atrás de tudo que a gente quer, com os agilistas foi um pouco assim, eu falei: quero participar, quero falar de alguma coisa. Vem cá me conhece, olha o que estou fazendo. Então é importante que a gente coloque em prática e corra atrás das coisas que a gente acredita, das coisas que a gente quer. Então é isso. Arrisque, o não a gente já tem na nessa vida. Pedro Rangel: É isso legal demais, obrigado por mais esse insight Bruna. É isso pessoal, muito obrigado por ter aceitado nosso convite e até a próxima. Bruna Fonseca: Até gente. Tchau, tchau.

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Como fazer um bom benchmarking para a criação de produtos? Nesse episódio, Bruna Fonseca, professora, facilitadora e product manager explica a importância desse processo e o que pode acontecer caso não seja conduzido adequadamente. Bateu a curiosidade? Então dá o play! 

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