Adine Paula: Eu acredito muito que as vezes nesses períodos de crise em que nos sentimos mais conturbados, essa sensação de: “O que eu faço? Pra onde eu vou?”, é onde entra para te ajudar, e falar: “Tem um passo a passo para você seguir. Tem uma forma de trabalhar. Confia no processo. Confia nessa estruturação, que o resultado vem.”.
Diulia Almada: E aí pessoal, tudo bem? Nós estamos aqui, hoje, em mais um episódio dos agilistas e… hoje eu não estou com o Pedro, estou com o Vinição.. e aí, Vinição, tudo bem?
Vinicius: Eaí. Tudo bem? Tudo bem, pessoal? Vamos lá.
Diulia Almada: E nós também não estamos sozinhos. O tema de hoje é muito importante, a gente já vem tratando de diversas formas dentro dos agilistas. Já trabalhamos, inclusive, no recorte que tivemos recente de ENZIMAS com relação a geração de valor pela mitigação de risco. Também tratamos sobre esse tema no episódio #195 do Produto Certo e no #213 sobre Tendências na Área de Produto, mas é um tema que está muito relevante, então, vamos conversar com a ajuda de uma convidada muito especial, porque entendemos que quem vive a realidade do agilismo sabe que a adaptação é parte da rotina, é uma coisa que já esperamos que precisa-se fazer com alguma frequência, mas em momentos de crise é natural que as empresas mais tradicionais queiram cair em um lugar mais seguro, onde estão mais acostumados, e com isso pode-se gerar a falsa sensação de segurança quando voltamos para o escopo. Vamos conversar um pouquinho sobre quais os riscos desse tipo de prática e além disso sobre como que o agilismo pode se adaptar para esses momentos mais focados em apostas mais assertivas e como os ritos são partes fundamentais dessa aplicação, já que são construídos com os princípios do manifesto ágil. Por isso… já comentamos sobre a necessidade de adaptação e queremos falar como que a realidade em que estamos vivendo pode conversar com o agilismo e como que encontramos um denominador comum que faça que sentido para podermos trabalhar de maneira adequada para esse momento. Nossa convidada especial que ajudará muito nessa tarefa é a Adine Paula. Adine, se apresenta pra gente, conta um pouquinho da sua trajetória, das suas experiências.
Adine Paula: Oi, para vocês. Obrigada pelo convite. Obrigada a Julia, o Vinicius. Meu nome é Adine, sou engenheira mecatrônica de formação, tenho um (inint) [00:02:53] em gestão de projetos, negócios digitais e gosto muito de renovar, conhecer, estudar e de conhecer novas práticas para irmos implementando na nossa bagagem de ferramentas para conseguirmos aplicar. Essa bagagem de ferramentas é o que pode nos ajudar a passar por esses processos de uma forma mais tranquila, ter um pouco mais de segurança, falaremos um pouco mais sobre isso durante esse episódio. Hoje eu estou como coordenadora de projetos em ouvidoria continua fazendo gestão de atendimento, então, a minha experiência é voltada a atendimento ao cliente, relacionamento com o cliente, projetos desse porte. É onde as coisas acontecem, em uma velocidade muito grande, porque é o ponto de contato das empresas com o cliente. Onde tem a interface daquilo que as empresas… que o produto se propõe… com o mercado final, então, tudo é muito rápido, veloz, tudo é muito para ontem. Mesmo que não estejamos em crise, vivemos numa crise. A gente precisa se organizar para conseguir priorizar, trabalhar, pensar no longo prazo, porque cada cliente tem um problema muito relevante e se torna uma crise dependendo do ponto de vista, então, precisamos dessa estruturação. Já trabalhei voltado mais para produtos digitais, em soluções de T.I, mas hoje estou atuando com projetos em experiência do cliente.
Diulia Almada: Legal demais. Não tem como eu fazer outra pergunta para começar esse papo do que já começar perguntando qual é a sua visão sobre o momento em que o mercado atual está? Você comentou sobre o seu constante olhar para as situações para evitar crise, manter o relacionamento saudável com o cliente, você tem visto alguma mudança no comportamento do mercado com mais cobrança de resultado?
Adine Paula: Passamos pela reflexão, porque acho que tem algumas questões que são cíclicas. Tem um crescimento, as vezes uma expansão do mercado, depois ele vai retroagindo. O que vimos e estamos considerando como crise, que tem acontecido muito em startup, são reduções de quadro e essa volta que você comentou no início do episódio, a volta para os processos tradicionais. Mas a cobrança pelo resultado sempre existirá, então, a depender das empresas, algumas são maiores, líderes de mercado e vem mais consolidada, terão uma cobrança talvez menor, um prazo maior para implementação dos projetos, um desenvolvimento do processo um pouco diferente. Quando trabalhamos em uma empresa que tem acionista, que temos mais contato… a própria startup tem uma velocidade maior, as vezes estamos mais habituados a demonstrar resultados…, mas olhando o mercado, essas entradas que estamos tendo de novas empresas… hoje eu trabalho em uma empresa de benefício de Rh… então, hoje está abrindo-se mais para startup’s, para elas entrarem, trazerem novos produtos, novas soluções para o cliente, então, traz um certo receio, o que será de inovador que teremos? O que conseguiremos agregar com essas novas entradas? O que os bancos passaram provavelmente. Tiveram os novos bancos digitais, uma nova leva de fintech, dá uma instabilidade, uma remexida no mercado; fazemos uma expansão, depois tem uma certa contração também dos bancos digitais. Então, vamos acompanhando ciclicamente, o mercado vai reajustando… quando eu trabalhava em empresa de relacionamento com o cliente, falávamos isso. Tínhamos operações de expansão, mas que nos próximos meses iam naturalmente reduzindo, era um processo natural. Essas pessoas seriam realocadas de outras formas ou íamos agregar novos escopos para elas, porque uma coisa em que eu acredito muito também é na agilidade, o compartilhamento de conhecimento, o quanto conseguimos agregar e navegar por várias disciplinas dentro da agilidade, desses conceitos ou dentro das empresas que são ágeis por elas serem mais horizontais, também conseguimos ir realocando-se mais facilmente. Por exemplo, sai um operador de uma operação técnica de call center, ele consegue crescer por uma curadoria de um bot, assistente virtual, víamos muito esses movimentos, porque as empresas são mais horizontais, a informação navega com maior possibilidade. Acho que o mercado tem mudado sim, mas é uma questão natural, cada hora um setor estará mais em vista. Estamos falando muito de fintech que agora passa por uma questão de benefício, e eu fico pensando qual será a próxima categoria que terá esse boom de novas empresas entrantes, depois trará a redução, estabilizará, todo mundo falará: “Nossa, estamos em crise, mas logo terá uma realocação para um novo mercado, para uma nova abertura, para um novo aquecimento.”. Eu encaro como um ciclo, que vem e que vai, e vamos nos realocando, quanto profissional, quanto a ideia, vai aprendendo nesses momentos.
Vinicius: Adine, é legal essa visão que você trouxe de ciclo, esses momentos onde tem oba a oba, vamos falar assim, e você chegou a comentar também que existe uma certa cobrança por resultados independente de qual momento que estamos vivendo. Você nota algum tipo de cobrança mais específica, além disso? Por exemplo, uma cobrança por produtividade?
Adine Paula: Tem bastante essa cobrança. As minhas primeiras experiências foram em empresas com acionistas, então, eu já vinha com esse viés, tenho ele muito forte. Precisamos trabalhar, e quando se fala em experiência do cliente precisamos trabalhar na redução do esforço, esforço mínimo para o cliente e para o operacional. Tem esse movimento agora de pensar em forma mais eficiente de fazer, mas também atribuo muito ao pós pandemia, porque na pandemia todo mundo trabalhou muito, teve a virada do home office, ficaram em casa trabalhando várias horas, mas isso também não era sustentável. Talvez se acostumaram com um patamar de entregas naquele período das pessoas que estavam dedicadas, vivendo o trabalho muito tempo, que aquilo não se tornará sustentável, mas a gente precisa entregar mais eficiente. Então, como que faremos isso? Teve o crescimento das pessoas também… nesse período passamos aqueles booms de tecnologia, precisávamos nos adequar… então, cresce pessoas, a conta não fechou. Quando fechamos o ano 20: “Áh, mas tá tudo bem a conta não ter fechado tanto, porque estávamos na pandemia.”, 21: “Áh, mas tá tudo bem, porque ainda estamos sofrendo o impacto do ano anterior em relação a pandemia.”, quando fecha 22 que é a retomada do mercado e que vemos fisicamente, as pessoas se movimentando mais, as empresas mais cheias e pronto, acabou, a pandemia finalizou, precisamos retomar os números, precisamos crescer e pagar a conta daquilo que não conseguimos, do que descolamos. Acredito que o mercado agora tenha pressionado mais para o resultado. Vemos sim, essa movimentação, e aí, é pensar em eficiência financeira… não trabalho diretamente com produtos digitais, mas na questão do relacionamento com o cliente… como que podemos trazer tecnologia, embarcar tecnologia, para trazer aquilo com mais eficiência. A gente não precise passar todos os processos ou várias etapas de processos, trazer um pensamento mais limpo, e experiência mais automatizada para o cliente, mais fácil, ágil, para que que seja mais facilitado nesse ponto de contato. A pressão está existindo, não é algo que está tranquilo, acomodou-se o mercado, mas teremos que apresentar resultados e é o momento de darmos visibilidade de resultado para as empresas.
Diulia Almada: Adine, você comentou sobre essa adaptação do mercado sobre essa nova visão que precisaremos ter constantemente, até pela regulação, e aí, vou puxar a sardinha para o meu lado aqui, tudo que envolve design eu sou um pouco tendenciosa, mas como que você o design thinking auxiliando nesse trabalho para poder entender os problemas? Você acredita que é um bom caminho? Teriam outros caminhos?
Adine Paula: Eu sou super partidária também do design thinking, mas eu acredito nele muito como modelo de estrutura de raciocínio, porque nesses períodos de crise, em que nos sentimos mais conturbados, essa sensação de: “O que eu faço? Para onde eu vou?”, é onde design thinking, entra para te ajudar a falar: “Tem um passo a passo para você seguir. Tem uma forma de trabalhar. Confia no processo. Confia nessa estruturação, que o resultado vem.”, então, quando falamos, por exemplo, a primeira etapa, vimos muito quando vai se apresentar um projeto, uma nova ideia que surge, sempre volto com a pergunta: “Mas o que você tá resolvendo com isso?”, porque as vezes pensamos muito em soluções mirabolantes, maravilhosas, mas que elas estão descoladas da realidade. Quando falamos da primeira etapa, que iremos mapear, precisa definir muito bem a dor e priorizar qual dor vai tratar, qual problema estamos tratando? Estamos falando de uma situação em uma empresa que precisamos trazer eficiência, apontar produtividade, mas sobre qual problema que estamos sendo improdutivo? Em o que estamos gastando tempo? O que estamos fazendo com que o nosso cliente gaste tempo naquele produto, naquele relacionamento, naquele ponto de contato? O que está onerando? Me explica. Me fala. Me traz números, dados e fatos que é o jargão. Mas o que realmente temos de problema? Quanto esse problema é relevante? E incrementamos ferramentas também para isso. O design thiking, além de uma ferramenta também é a estrutura do raciocínio, é o que a gente vai fazer, como iremos conduzir, é a: “Calma. Tem um passo a passo para ser seguido nesse momento que achamos que está tudo conturbado.”, a gente pode levar para a vida, começar a pensar em soluções: “Áh, eu preciso fazer tal coisa.”, mas porque você precisa fazer tal coisa nesse momento da sua vida? Porque eu tenho esse problema a ser resolvido… até pra desenvolvimento pessoal de carreira: “Quais são as minhas oportunidades?”, “Áh, eu preciso ter uma comunicação mais assertiva.”, por quê? Você tá tendo um problema com a comunicação? Quais pontos da sua comunicação precisam ser trabalhados? Nessas etapas, naquele primeiro diamante, na primeira etapa, a gente conhecendo bem a dor conseguimos partir para uma solução. Eu acredito muito nesse formato de trabalho, estruturarmos o caos. Eu gosto do caos, porque o caos traz para a gente o que está acontecendo. Se virmos tudo rosa, um mundo colorido, unicórnios, não sabemos exatamente o que está por trás, precisamos ir aprofundando, revirar em algum momento. Quando está tudo bem, aquela sensação de tranquilidade, precisamos dar um revirada pra: “Não. Não está tudo bem.”, até surgir inovações. Se tivermos um mercado muito estável, seguimentos estáveis, a inovação talvez não surja com tanta facilidade. Então, vamos dar uma revirada, vamos tentar entender onde estão as oportunidades. Vamos provocar o caos e depois vir com pensamento estruturado, entender onde estão as oportunidades para acompanharmos e desenhar melhor solução dentro desse processo. E falando de projetos também, seguir essas etapas dentro dos projetos ágeis também, conduzindo, orientando as pessoas envolvidas dentro dessa estrutura de raciocínio para conseguirmos a melhor entrega para o cliente ou para as áreas clientes.
Diulia Almada: Incrível. Inclusive, se jogamos no google, design thinking pra poder pesquisar de maneira mais ampla, uma das imagens que aparecerá é justamente a imagem de um emaranhado, muito bagunçado, caótico, e ele ir se desenrolando. Esse aprendizado, essa organização do pensamento que o design thinking, nos ajuda a conquistar, conseguir atingir. Ainda mais, porque normalmente estamos falando de informações que não estão na cabeça apenas de uma pessoa, mas de um grupo de pessoas, cada um tem uma percepção, todas de alguma maneira sentem aquele problema, identificam com problema legitimo, mas cada um é enfrentado de uma forma, cada uma pode contribuir de uma forma, e aí, o design thinking ajuda bastante.
Adine Paula: Essa analogia foi bem legal, porque as vezes vamos aplicar e vemos algumas aplicações que vai muito no superficial, e precisamos ir puxando o fio. O que está do caótico, aqui? Um exemplo, tivemos um processo aqui que estávamos falando de queda de ligação: “Áh, o cliente liga na central e não consegue falar.”, na primeira já falamos: “Queda de ligação é um problema, avaliar com a Telecom o que está acontecendo.”, mas se não puxarmos o fio, não entendermos se tem algo comportamental, qual que é a cultura ali da operação que tá sendo trabalhada? Se aquele operador… quais foram as ligações? Tem um período específico? Se aquele operador foi treinado. Então, precisamos fazer perguntas para puxar o fio, porque senão a gente vai falar: “Não. Beleza. A gente tem um problema, vamos falar com a telecom.”, passa-se uma semana da gente resolvendo o problema que não existe. “Áh, mas o problema era esse.”, existia o problema, mas não puxamos o fio adequadamente. Nosso papel aqui na hora de conduzir e estruturar o caos também é: fazer as perguntas certas. Hoje, eu trabalho com um time, quando eles vêm: “Áh, mas a pessoa não está se abrindo tanto. Não está falando tanto sobre o processo dela.”, volta, porque você não está fazendo as perguntas corretas. Precisamos fazer as perguntas corretas para ir aprofundando, esse é o primeiro passo.
Diulia Almada: Incrível.
Vinicius: Aproveitar e fazer um gancho, Adine, você tinha comentado na minha pergunta anterior que o pessoal foi tendo uma certa tolerância, que é normal, em relação as grandes mudanças que tiveram ao longo da pandemia e o resultado não estavam vindo, mas a partir de 2022 a coisa ficou um mais difícil de dar sequência nessa espera para os resultados virem. Eu não sei se você sabe, por causa da área que está atuando agora, mas vocês chegam a usar design thinking para poder selecionar muito bem o que vem depois dessa época, que é agora, já que existe uma cobrança maior por resultado, imagino que exista também um certo estrangulamento de orçamentação para se adequar a essa nova realidade de ter mais resultados, vocês usam algum tipo de técnica design thinking pra fazer certa engenharia de valor para saber quais são as iniciativas que realmente farão? Se você puder falar um pouco sobre isso.
Adine Paula: Temos sim. Hoje, na nossa área usamos o passo a passo na nossa daily, então, tem um pipeline de projetos e acompanhamos dentro do mapeamento de ação… adaptamos um pouco os nomes… e isso é muito tranquilo de fazer. A metodologia, a teoria está lá, mas se pegarmos e querermos pôr em todas as realidades a mesma forma, ela não será aderente e ficaremos fazendo metodologia pra quem entende de método. Fica aquela metaconversa, só pra quem entende. Então, adaptamos alguns nomes, mapeamento de ação, estudo de viabilidade, que é quando o projeto passa pela avaliação de custo, e aí, entra a questão da priorização. Como estamos trabalhando muito forte com eficiência, avaliamos qual projeto trará mais ganho, para nos dedicarmos, priorizarmos aquela ideia. Tem a validação, que fazemos um rito de validação para o engajamento do time, que é super importante nesse momento. Tem pessoas que são focadas em resultados, outras são mais criativas, gosto do resultado: “Olha o que eu consegui.”, e tem várias pessoas nesse perfil, então, nós montamos um rito para essas pessoas também se sentirem parte, que é outro ponto fundamental, as pessoas precisam ter o senso de pertencimento da solução, de todo esse processo, tem esse rito para criar esse senso de pertencimento. Depois passamos para implementação e acompanhamento. Então, tem esse pipeline de projeto, acompanhamos, e temos os pontos focais, eu vou com a parte de projeto, eu tenho um ponto focal que ajuda no financeiro, para acompanharmos o time a ir estruturando as ideias, dentro da metodologia, e avaliando financeiramente qual que será o priorizado. Quando percebemos que tem o projeto a ser priorizado que vai trazer maior eficiência, damos uma ajuda maior, apoiamos mais, vamos com mais força a pedir as partes interessadas, o que precisa ser feito, tem uma mobilização maior. Vamos com essa estrutura de raciocínio para conseguir priorizar as ideias que saem e provocar novas ideias. Estruturamos um programa, demos um nome para ele, temos um programa para todos esses projetos que fazemos acompanhamento de eficiência e instigou o time a está trazendo essas ideias. Cada um tem a sua meta de resultado financeiro, mas vai além da meta, vai pela visibilidade também, porque é como se vende… eu não gosto muito dessas expressões, mas a gente precisa vender em alguns momentos. O que faria um time pensar em eficiência? Uma visibilidade que ele teria? “Olha, você está entregando esse resultado para a empresa, partiu da sua ideia. Olha que legal.”, então, isso ajuda a engajar também. Fazemos rodadas de resultados para eles se apresentarem para a equipe toda, apresentar o resultado que eles estão trazendo. “Olha que ideia simples e eficiente, que ajudou na jornada. Olha o indicador.”, então, é trazer o engajamento, pontos de visibilidade, o que você vai crescer também, além da empresa. O que cada pessoa vai ter de desenvolvimento próprio dentro desse processo?
Vinicius: Você dá oportunidade para o pessoal participar dos louros, do que dá certo.
Adine Paula: É. Porque senão a decisão também vai contra o ágil. Porque senão a decisão e a estratégia ficam muito aqui em cima, e as pessoas que estão aqui não se sentem pertencentes a esse momento da empresa. Fica uma questão muito… o orçamento é discutido aqui em cima… não, o orçamento está sendo discutido aqui embaixo, todo mundo está conhecendo, sabe o que está acontecendo e sabe onde pode gerar eficiência. Vamos pensar, discutir junto, trazer co-criação, vamos trazer os grupos focais, ouvir quem está na ponta atendendo o cliente. Será que não dá para fazermos diferente? O que alguma outra operação está utilizando, não conseguimos trazer para cá? E aí, tem esse estímulo da criatividade que o design thinking apoia, o conhecer, o entender, o estar ali, que é o pensamento lean, o estar no chão de fábrica para saber o que está acontecendo para conseguirmos pensar na solução. Eu acho que vai nesse momento também.
Diulia Almada: É muito interessante esse trabalho que você comentou, porque permite que reflitamos sobre as dores que aparecem. Você comentou sobre o risco de identificar um problema e a sair correndo para: “Beleza. Então, é isso que vai fazer. É isso que vai desencadear.”, e no final das contas nós percebamos que gastamos energia numa tratativa que não faz sentido, que não iria ser a melhor abordagem ou não envolvemos todas as pessoas que precisavam ser envolvidas; permite que não saiamos construindo soluções que não verdade não sabemos se são as melhores soluções, mas permitem que reflitamos e entendamos; abaixe um pouco a ansiedade de já solucionar, para poder buscar os caminhos que fazem mais sentido. Voltando para o agilismo, falamos muito aqui no agilistas sobre os ritos ágeis, como é a organização das atividades no dia a dia, no time, eu queria que conversássemos um pouquinho sobre quais os principais ritos e como eles ajudam na rotina do time, seja para organização, melhoria continua? Citamos muito rito, mas não necessariamente abordamos os que existem, então, acho que é bom darmos esse passo para trás e conversar um pouquinho sobre isso.
Adine Paula: Temos… de time, temos daily acho super importante. Em alguns temos reviews, retros e planners e o que eu pego muito é o conceito, a daily, pra mim é super importante. Estávamos rediscutindo, porque temos que discutir os ritos, se estão sendo funcionais e se estamos conseguindo o objetivo. Qual é o objetivo? Nos falarmos. Parar todo mundo, se falar, saber o que está acontecendo, porque senão fica cada um preso na sua caixinha. E aí, submergirmos nos próprios problemas, tem que ter a visão holística quanto empresa, quanto a gerência, a estrutura em que você está é um pouco maior e depois descer para o seu nível. Entender o que está acontecendo lateralmente e como pode te afetar, e a daily tem esse movimento, essa participação. Entender o que está acontecendo para conseguirmos comunicar, pensar em outras possibilidades, para sermos eficientes naquele dia. Tem a daily dos projetos, as vezes um projeto muito específico fazemos aquele rito, mas o objetivo é as pessoas se falarem. AS vezes eu fico assim: “Áh, mas a pessoa entrou e não falou tanto.”, aquilo está acontecendo, a pessoa guardou e ela vai falar em um fórum apartado. Gente, a daily é para isso, para vocês se falarem. Quando falamos lá no início, você citou o manifesto ágil, para mim o manifesto ágil é um direcionamento de comportamento. Quando priorizamos pessoas além de processos, não falamos que o processo não é tão importante, é porque precisamos trabalhar com as pessoas, precisamos ter a transparência no lidar, maturidade do ouvir. E aí, o que acontece na daily, eu preciso expor, se eu tiver um problema que está me impactando ou ao funcionamento, eu preciso de uma entrega que não está acontecendo, ou eu tenho algum bloqueio, eu preciso expor. A exposição tem que ter bem recebida, porque é para a entrega do projeto, do resultado, temos que percorrer esse caminho. Quando falamos dos reviews das retros, fazemos, mas volta para o conceito, vamos fechar um ciclo, fecho aquela sprint, fechou aquela interação, o tempo que definimos, o que aconteceu de bom e de ruim? O que temos enquanto time que podemos melhorar? Fora dos projetos, eu tenho um time e aplico esses ritos também, então, fechando o mês de junho já estava planejando de fazer um balanço com elas de seis meses para depois, em julho, falarmos de um planejamento da reta dos próximos seis meses. O conceito da agilidade entra na própria gestão para podermos conseguir fechar os ciclos, que é o importante, que é o conceito, falar foi bom, não foi, o que bloqueou, não bloqueou, o que poderíamos ter feito de melhor, ter sido mais eficiente, o que está pegando para vocês? E o planejamento, o que vamos fazer daqui para frente? Qual é o nosso objetivo dentro desse projeto, dessa estratégia da companhia que cascateia aqui para nós, como que podemos trabalhar? Precisamos parar e pensar, porque é nesse momento que casa o período da crise, do conturbado. Se não tivesse: para pensar; vê o que não foi bom e o que foi, parar para pensar em que faremos nos próximos passos, não iremos só apagar incêndio, que é aquela sensação que muita gente e que várias vezes acontecem dentro das empresas. Precisamos parar pensar nesses momentos, ter a estruturação do raciocínio, agregar ferramentas, e os ritos ágeis colaboram nesse dia a dia, nesse: “Calma. Vamos entender o que aconteceu. Vamos puxar o fio, desenrolar e vamos jogar para frente o fio para construir novas pontes, laços e entregar o resultado final para trazer eficiência.”
Diulia Almada: Maravilha. Acho que isso é muito legal na sua fala sobre a efetividade real, não é só executar o rito, não é só pegar e fazer uma reunião, colocar o nome da reunião como daily, como retro, como review, e por si só você explicando para o time vai super rolar e pronto, acabou. É mais complexo do que isso, envolve o engajamento das pessoas, entendimento sobre a importância daquele momento. Evoluindo um pouco no papo, com relação a essa abordagem de uma maneira mais eficaz, que tipo de desafio que você enxerga que tem sido encontrado pelos times ágeis durante esse momento que estamos vivendo e como que esses ritos têm ajudado? Como que na rotina temos conseguido superar os problemas ou desafios que aparecem utilizando essa estrutura que já existe?
Adine Paula: Eu acho que tem alguns momentos que podem contribuir pelo o que vem acontecendo. Está se falando de eficiência e tem essa acomodação do mercado, em alguns momentos as empresas vão se enxugar, e se não tivermos um processo muito bem definido de como é feito e as pessoas muito bem alocadas nas squads, pode virar gargalo em algumas equipes. Por exemplo, eu sou dependente de uma equipe para conduzir um processo, mas ela não está dedica naquele squad, naquele time, e pode ter que se priorizar, e aí, nos perdemos um pouco no ágil, porque eu preciso escalar, demonstrar o porquê aquilo é importante. Além do rito, o processo precisa estar muito bem definido, para a autonomia que a ágil prega conseguir ser de fato executada. Então, qual que é o processo? É seguir em qual formato? Quando a pessoa poderá fazer essa tratativa? O que vemos muito e acompanha no mercado, as questões relacionais, o jeitinho da cultura brasileira que as vezes acontece e precisamos ir pedindo: “Você pode ver isso?”, e aquela informação está com a pessoa, mas quando temos os processos definidos, que a gestão acontece por processo, conseguimos a aplicação do ágil de uma forma mais facilitada, sem atropelamentos. O que o rito ajuda? Para entender o que o problema está. Onde está o bloqueio? É questão de priorização? Se for do seu time que já tem uma autonomia, porque ele não está conseguindo trabalhar? A equipe ficou enxuta? Então, vamos decidir aquilo que é importante, vamos partir para a definição, colocar no pipeline de projeto qual que puxa, qual a utilidade dentro do projeto que precisa ser entregue para entregar valor para o cliente. Para também, toda a expectativa das partes interessadas se acalmarem, tem esse papel importante. “Áh, o projeto já está rodando a um mês, dois meses, três meses, vamos fazer uma entrega de valor.”, todo mundo falando: “Nossa. Olha, que legal.”, ganhamos um prazo para seguir com as outras entregas também. Os ritos são importantes para irmos colocando essa priorização e entendendo o que está acontecendo em relação ao time, para se priorizar as pessoas. Os processos precisam estar bem estruturados para que as pessoas consigam trabalhar, se desenvolverem, fazer as atividades dela com autonomia que elas precisam. Então, se eu estou com algum gap, oportunidade com alguma pessoa, qual é o processo que ela está trabalhando? Como que ela vem atuando? Como posso redesenhar isso? Como a empresa pode entender isso, para quebrar esses bloqueios? Então, para mim é muito nesse sentido, o rito precisa acontecer para entendermos como melhor trabalhar para as pessoas conseguirem ter cada vez mais autonomia para conseguirem decidir. O ponto de maturidade é quando todo mundo tem ciência do cenário, que não precisa de um direcionamento. Eu já sei o que preciso priorizar, o que tenho que fazer no meu dia, e sei qual a entrega de valor que preciso fazer para aquele cliente ou aquele stakeholder importante do projeto, para conseguirmos trabalhar e ir apresentando eficiência.
Diulia Almada: Maravilhoso, porque não precisamos ficar pensando o tempo todo qual é o próximo passo. Isso já tem uma carga mental muito grande para o time, precisar ficar sempre recalculando a rota. Bom, pessoal, o papo foi incrível. Nós tínhamos mais perguntas, mas lógico que se deixar íamos conversando iria ter facilmente dois episódios. Queria perguntar por último para ir encaminhando para o encerramento, o que fica de conclusão? O que vocês veem sobre o encaixe da metodologia ágil nesse momento em que estamos? Vocês têm algum conselho?
Adine Paula: De uma forma geral não podemos abandonar o ágil nesse momento, precisamos confiar no processo, no raciocínio, na estrutura e naquilo que se prega. Quando passamos por um período de instabilidade ou conturbado, seja pessoal ou profissionalmente, buscamos retornar ao nosso conforto, para aquilo que já conhecemos, e atuar da forma que já conhecemos. O conselho é, fazer o movimento contrário, então, quando estávamos rediscutindo as questões, por exemplo, da daily eu falei: “O meu momento agora é de reinventar.”, já trabalhei nesse formato até agora, eu preciso reinventar e direcionar de uma forma diferente. Precisamos passar por esse movimento, reinventar, então, não volta para o conforto daqueles processos ou forma de trabalhar que já conhecíamos. Vamos arriscar, porque senão gerara os mesmos resultados que já conhecemos. Precisamos extrapolar até para gerar inovação. Porque o mercado tem se remexido, porque tem muitas empresas fazendo diferente, então, vamos sair da zona de conforto, reinventar, acreditar que o processo existe e ele é feito por pessoas. Como vou trazer as pessoas com autonomia para executarem bem esses processos? Que é o que prega o ágil. Tento viver o máximo possível dos princípios no sentido de comunicação, transparência, autonomia, porque é quando as pessoas ficam também mais felizes, produtivas, e aí, eu consigo trazer eficiência para o time e para empresa. O conselho é esse, reinventar, acreditar no processo e principalmente não a metodologia pela metodologia, mas pelo conceito, essência, para as pessoas conseguirem trabalhar bem e trazer a eficiência que sempre será necessária para empresa que em que se está trabalhando.
Vinicius: O que eu ia falar é muito parecido, nesses momentos a natureza do problema não mudou, somente para os produtos digitais ou produtos que tem uma natureza bem complexa em relação ao comportamento que os usuários terão com ele. Então, não é algo que dá para se planejar tão bem como irá funcionar e quais resultados terão no mercado de fato, ou seja, a natureza é a mesma, não mudou porque o contexto mudou, o que mudou é que talvez tenha menos dinheiro na mesa, então, você precisa se adequar… por isso que eu fiz a pergunta sobre ter bons métodos de seleção dos projetos que serão iniciados e que seguirão no pipeline de projetos… já que a natureza do problema não mudou, o método, os princípios continuam se aplicando. Um único ponto que eu acho que é de atenção, vai existir uma cobrança maior, é esperado que existirão mais pessoas querendo controlar coisas, querendo saber, então, é importante trabalhar bastante a transparência, gestão a vista, para que você tenha formas bem simples de comunicação a todo instante para que não exista desconfiança em relação ao que o time está fazendo.
Diulia Almada: Perfeito. Com esse fechamento as pessoas já terão atividade para o mês todo para refletir, pensar se estão seguindo essa linha de raciocínio, como está sendo o impacto dentro das organizações que atuam. Queria agradecer demais a Adine pela sua participação, por ter aceitado estar conosco. Quem nos acompanha fiquem à vontade para mandar mensagem através do @osagilistas, para mandar e-mail nos agilistas@dtidigital.com.br e para interagir, porque só conseguimos seguir relevantes, trazer temas interessantes, convidados, a partir dos feedback e do que vamos captando do que vem acontecendo e do que precisa ser trabalhado e conversado. Muito obrigada, Adine, foi ótimo.
Adine Paula: Obrigada, vocês, pelo convite. Fico a disposição.
Vinicius: Queria agradecer também a Adine. Um dia que estiver aqui em BH, vem aqui conhecer o escritório da DTI, que é a empresa que está por trás dos agilistas, que a gente tem um escritório bem grande aqui, vem comer um pão de queijo, tomar um cafezinho com a gente.
Adine Paula: Eu vou comer o pão o queijo. Eu estou no interior de São Paula, mas eu sou de uma cidade do interior de Goiás.
Diulia Almada: Que legal. Bom demais. Então, estando por aqui venha nos visitar, outros convites com certeza virão para podermos conversar sobre outros temas também. Foi muito bom gente, muito obrigada, valeu demais Vinição.
Vinicius: Valeu pessoal, valeu Djulia. Até mais. Tchau.
Diulia Almada: Até mais.
Adine Paula: Até mais. Tchau, tchau.
Adine Paula: Eu acredito muito que as vezes nesses períodos de crise em que nos sentimos mais conturbados, essa sensação de: “O que eu faço? Pra onde eu vou?”, é onde entra para te ajudar, e falar: “Tem um passo a passo para você seguir. Tem uma forma de trabalhar. Confia no processo. Confia nessa estruturação, que o resultado vem.”.
Diulia Almada: E aí pessoal, tudo bem? Nós estamos aqui, hoje, em mais um episódio dos agilistas e… hoje eu não estou com o Pedro, estou com o Vinição.. e aí, Vinição, tudo bem?
Vinicius: Eaí. Tudo bem? Tudo bem, pessoal? Vamos lá.
Diulia Almada: E nós também não estamos sozinhos. O tema de hoje é muito importante, a gente já vem tratando de diversas formas dentro dos agilistas. Já trabalhamos, inclusive, no recorte que tivemos recente de ENZIMAS com relação a geração de valor pela mitigação de risco. Também tratamos sobre esse tema no episódio #195 do Produto Certo e no #213 sobre Tendências na Área de Produto, mas é um tema que está muito relevante, então, vamos conversar com a ajuda de uma convidada muito especial, porque entendemos que quem vive a realidade do agilismo sabe que a adaptação é parte da rotina, é uma coisa que já esperamos que precisa-se fazer com alguma frequência, mas em momentos de crise é natural que as empresas mais tradicionais queiram cair em um lugar mais seguro, onde estão mais acostumados, e com isso pode-se gerar a falsa sensação de segurança quando voltamos para o escopo. Vamos conversar um pouquinho sobre quais os riscos desse tipo de prática e além disso sobre como que o agilismo pode se adaptar para esses momentos mais focados em apostas mais assertivas e como os ritos são partes fundamentais dessa aplicação, já que são construídos com os princípios do manifesto ágil. Por isso… já comentamos sobre a necessidade de adaptação e queremos falar como que a realidade em que estamos vivendo pode conversar com o agilismo e como que encontramos um denominador comum que faça que sentido para podermos trabalhar de maneira adequada para esse momento. Nossa convidada especial que ajudará muito nessa tarefa é a Adine Paula. Adine, se apresenta pra gente, conta um pouquinho da sua trajetória, das suas experiências.
Adine Paula: Oi, para vocês. Obrigada pelo convite. Obrigada a Julia, o Vinicius. Meu nome é Adine, sou engenheira mecatrônica de formação, tenho um (inint) [00:02:53] em gestão de projetos, negócios digitais e gosto muito de renovar, conhecer, estudar e de conhecer novas práticas para irmos implementando na nossa bagagem de ferramentas para conseguirmos aplicar. Essa bagagem de ferramentas é o que pode nos ajudar a passar por esses processos de uma forma mais tranquila, ter um pouco mais de segurança, falaremos um pouco mais sobre isso durante esse episódio. Hoje eu estou como coordenadora de projetos em ouvidoria continua fazendo gestão de atendimento, então, a minha experiência é voltada a atendimento ao cliente, relacionamento com o cliente, projetos desse porte. É onde as coisas acontecem, em uma velocidade muito grande, porque é o ponto de contato das empresas com o cliente. Onde tem a interface daquilo que as empresas… que o produto se propõe… com o mercado final, então, tudo é muito rápido, veloz, tudo é muito para ontem. Mesmo que não estejamos em crise, vivemos numa crise. A gente precisa se organizar para conseguir priorizar, trabalhar, pensar no longo prazo, porque cada cliente tem um problema muito relevante e se torna uma crise dependendo do ponto de vista, então, precisamos dessa estruturação. Já trabalhei voltado mais para produtos digitais, em soluções de T.I, mas hoje estou atuando com projetos em experiência do cliente.
Diulia Almada: Legal demais. Não tem como eu fazer outra pergunta para começar esse papo do que já começar perguntando qual é a sua visão sobre o momento em que o mercado atual está? Você comentou sobre o seu constante olhar para as situações para evitar crise, manter o relacionamento saudável com o cliente, você tem visto alguma mudança no comportamento do mercado com mais cobrança de resultado?
Adine Paula: Passamos pela reflexão, porque acho que tem algumas questões que são cíclicas. Tem um crescimento, as vezes uma expansão do mercado, depois ele vai retroagindo. O que vimos e estamos considerando como crise, que tem acontecido muito em startup, são reduções de quadro e essa volta que você comentou no início do episódio, a volta para os processos tradicionais. Mas a cobrança pelo resultado sempre existirá, então, a depender das empresas, algumas são maiores, líderes de mercado e vem mais consolidada, terão uma cobrança talvez menor, um prazo maior para implementação dos projetos, um desenvolvimento do processo um pouco diferente. Quando trabalhamos em uma empresa que tem acionista, que temos mais contato… a própria startup tem uma velocidade maior, as vezes estamos mais habituados a demonstrar resultados…, mas olhando o mercado, essas entradas que estamos tendo de novas empresas… hoje eu trabalho em uma empresa de benefício de Rh… então, hoje está abrindo-se mais para startup’s, para elas entrarem, trazerem novos produtos, novas soluções para o cliente, então, traz um certo receio, o que será de inovador que teremos? O que conseguiremos agregar com essas novas entradas? O que os bancos passaram provavelmente. Tiveram os novos bancos digitais, uma nova leva de fintech, dá uma instabilidade, uma remexida no mercado; fazemos uma expansão, depois tem uma certa contração também dos bancos digitais. Então, vamos acompanhando ciclicamente, o mercado vai reajustando… quando eu trabalhava em empresa de relacionamento com o cliente, falávamos isso. Tínhamos operações de expansão, mas que nos próximos meses iam naturalmente reduzindo, era um processo natural. Essas pessoas seriam realocadas de outras formas ou íamos agregar novos escopos para elas, porque uma coisa em que eu acredito muito também é na agilidade, o compartilhamento de conhecimento, o quanto conseguimos agregar e navegar por várias disciplinas dentro da agilidade, desses conceitos ou dentro das empresas que são ágeis por elas serem mais horizontais, também conseguimos ir realocando-se mais facilmente. Por exemplo, sai um operador de uma operação técnica de call center, ele consegue crescer por uma curadoria de um bot, assistente virtual, víamos muito esses movimentos, porque as empresas são mais horizontais, a informação navega com maior possibilidade. Acho que o mercado tem mudado sim, mas é uma questão natural, cada hora um setor estará mais em vista. Estamos falando muito de fintech que agora passa por uma questão de benefício, e eu fico pensando qual será a próxima categoria que terá esse boom de novas empresas entrantes, depois trará a redução, estabilizará, todo mundo falará: “Nossa, estamos em crise, mas logo terá uma realocação para um novo mercado, para uma nova abertura, para um novo aquecimento.”. Eu encaro como um ciclo, que vem e que vai, e vamos nos realocando, quanto profissional, quanto a ideia, vai aprendendo nesses momentos.
Vinicius: Adine, é legal essa visão que você trouxe de ciclo, esses momentos onde tem oba a oba, vamos falar assim, e você chegou a comentar também que existe uma certa cobrança por resultados independente de qual momento que estamos vivendo. Você nota algum tipo de cobrança mais específica, além disso? Por exemplo, uma cobrança por produtividade?
Adine Paula: Tem bastante essa cobrança. As minhas primeiras experiências foram em empresas com acionistas, então, eu já vinha com esse viés, tenho ele muito forte. Precisamos trabalhar, e quando se fala em experiência do cliente precisamos trabalhar na redução do esforço, esforço mínimo para o cliente e para o operacional. Tem esse movimento agora de pensar em forma mais eficiente de fazer, mas também atribuo muito ao pós pandemia, porque na pandemia todo mundo trabalhou muito, teve a virada do home office, ficaram em casa trabalhando várias horas, mas isso também não era sustentável. Talvez se acostumaram com um patamar de entregas naquele período das pessoas que estavam dedicadas, vivendo o trabalho muito tempo, que aquilo não se tornará sustentável, mas a gente precisa entregar mais eficiente. Então, como que faremos isso? Teve o crescimento das pessoas também… nesse período passamos aqueles booms de tecnologia, precisávamos nos adequar… então, cresce pessoas, a conta não fechou. Quando fechamos o ano 20: “Áh, mas tá tudo bem a conta não ter fechado tanto, porque estávamos na pandemia.”, 21: “Áh, mas tá tudo bem, porque ainda estamos sofrendo o impacto do ano anterior em relação a pandemia.”, quando fecha 22 que é a retomada do mercado e que vemos fisicamente, as pessoas se movimentando mais, as empresas mais cheias e pronto, acabou, a pandemia finalizou, precisamos retomar os números, precisamos crescer e pagar a conta daquilo que não conseguimos, do que descolamos. Acredito que o mercado agora tenha pressionado mais para o resultado. Vemos sim, essa movimentação, e aí, é pensar em eficiência financeira… não trabalho diretamente com produtos digitais, mas na questão do relacionamento com o cliente… como que podemos trazer tecnologia, embarcar tecnologia, para trazer aquilo com mais eficiência. A gente não precise passar todos os processos ou várias etapas de processos, trazer um pensamento mais limpo, e experiência mais automatizada para o cliente, mais fácil, ágil, para que que seja mais facilitado nesse ponto de contato. A pressão está existindo, não é algo que está tranquilo, acomodou-se o mercado, mas teremos que apresentar resultados e é o momento de darmos visibilidade de resultado para as empresas.
Diulia Almada: Adine, você comentou sobre essa adaptação do mercado sobre essa nova visão que precisaremos ter constantemente, até pela regulação, e aí, vou puxar a sardinha para o meu lado aqui, tudo que envolve design eu sou um pouco tendenciosa, mas como que você o design thinking auxiliando nesse trabalho para poder entender os problemas? Você acredita que é um bom caminho? Teriam outros caminhos?
Adine Paula: Eu sou super partidária também do design thinking, mas eu acredito nele muito como modelo de estrutura de raciocínio, porque nesses períodos de crise, em que nos sentimos mais conturbados, essa sensação de: “O que eu faço? Para onde eu vou?”, é onde design thinking, entra para te ajudar a falar: “Tem um passo a passo para você seguir. Tem uma forma de trabalhar. Confia no processo. Confia nessa estruturação, que o resultado vem.”, então, quando falamos, por exemplo, a primeira etapa, vimos muito quando vai se apresentar um projeto, uma nova ideia que surge, sempre volto com a pergunta: “Mas o que você tá resolvendo com isso?”, porque as vezes pensamos muito em soluções mirabolantes, maravilhosas, mas que elas estão descoladas da realidade. Quando falamos da primeira etapa, que iremos mapear, precisa definir muito bem a dor e priorizar qual dor vai tratar, qual problema estamos tratando? Estamos falando de uma situação em uma empresa que precisamos trazer eficiência, apontar produtividade, mas sobre qual problema que estamos sendo improdutivo? Em o que estamos gastando tempo? O que estamos fazendo com que o nosso cliente gaste tempo naquele produto, naquele relacionamento, naquele ponto de contato? O que está onerando? Me explica. Me fala. Me traz números, dados e fatos que é o jargão. Mas o que realmente temos de problema? Quanto esse problema é relevante? E incrementamos ferramentas também para isso. O design thiking, além de uma ferramenta também é a estrutura do raciocínio, é o que a gente vai fazer, como iremos conduzir, é a: “Calma. Tem um passo a passo para ser seguido nesse momento que achamos que está tudo conturbado.”, a gente pode levar para a vida, começar a pensar em soluções: “Áh, eu preciso fazer tal coisa.”, mas porque você precisa fazer tal coisa nesse momento da sua vida? Porque eu tenho esse problema a ser resolvido… até pra desenvolvimento pessoal de carreira: “Quais são as minhas oportunidades?”, “Áh, eu preciso ter uma comunicação mais assertiva.”, por quê? Você tá tendo um problema com a comunicação? Quais pontos da sua comunicação precisam ser trabalhados? Nessas etapas, naquele primeiro diamante, na primeira etapa, a gente conhecendo bem a dor conseguimos partir para uma solução. Eu acredito muito nesse formato de trabalho, estruturarmos o caos. Eu gosto do caos, porque o caos traz para a gente o que está acontecendo. Se virmos tudo rosa, um mundo colorido, unicórnios, não sabemos exatamente o que está por trás, precisamos ir aprofundando, revirar em algum momento. Quando está tudo bem, aquela sensação de tranquilidade, precisamos dar um revirada pra: “Não. Não está tudo bem.”, até surgir inovações. Se tivermos um mercado muito estável, seguimentos estáveis, a inovação talvez não surja com tanta facilidade. Então, vamos dar uma revirada, vamos tentar entender onde estão as oportunidades. Vamos provocar o caos e depois vir com pensamento estruturado, entender onde estão as oportunidades para acompanharmos e desenhar melhor solução dentro desse processo. E falando de projetos também, seguir essas etapas dentro dos projetos ágeis também, conduzindo, orientando as pessoas envolvidas dentro dessa estrutura de raciocínio para conseguirmos a melhor entrega para o cliente ou para as áreas clientes.
Diulia Almada: Incrível. Inclusive, se jogamos no google, design thinking pra poder pesquisar de maneira mais ampla, uma das imagens que aparecerá é justamente a imagem de um emaranhado, muito bagunçado, caótico, e ele ir se desenrolando. Esse aprendizado, essa organização do pensamento que o design thinking, nos ajuda a conquistar, conseguir atingir. Ainda mais, porque normalmente estamos falando de informações que não estão na cabeça apenas de uma pessoa, mas de um grupo de pessoas, cada um tem uma percepção, todas de alguma maneira sentem aquele problema, identificam com problema legitimo, mas cada um é enfrentado de uma forma, cada uma pode contribuir de uma forma, e aí, o design thinking ajuda bastante.
Adine Paula: Essa analogia foi bem legal, porque as vezes vamos aplicar e vemos algumas aplicações que vai muito no superficial, e precisamos ir puxando o fio. O que está do caótico, aqui? Um exemplo, tivemos um processo aqui que estávamos falando de queda de ligação: “Áh, o cliente liga na central e não consegue falar.”, na primeira já falamos: “Queda de ligação é um problema, avaliar com a Telecom o que está acontecendo.”, mas se não puxarmos o fio, não entendermos se tem algo comportamental, qual que é a cultura ali da operação que tá sendo trabalhada? Se aquele operador… quais foram as ligações? Tem um período específico? Se aquele operador foi treinado. Então, precisamos fazer perguntas para puxar o fio, porque senão a gente vai falar: “Não. Beleza. A gente tem um problema, vamos falar com a telecom.”, passa-se uma semana da gente resolvendo o problema que não existe. “Áh, mas o problema era esse.”, existia o problema, mas não puxamos o fio adequadamente. Nosso papel aqui na hora de conduzir e estruturar o caos também é: fazer as perguntas certas. Hoje, eu trabalho com um time, quando eles vêm: “Áh, mas a pessoa não está se abrindo tanto. Não está falando tanto sobre o processo dela.”, volta, porque você não está fazendo as perguntas corretas. Precisamos fazer as perguntas corretas para ir aprofundando, esse é o primeiro passo.
Diulia Almada: Incrível.
Vinicius: Aproveitar e fazer um gancho, Adine, você tinha comentado na minha pergunta anterior que o pessoal foi tendo uma certa tolerância, que é normal, em relação as grandes mudanças que tiveram ao longo da pandemia e o resultado não estavam vindo, mas a partir de 2022 a coisa ficou um mais difícil de dar sequência nessa espera para os resultados virem. Eu não sei se você sabe, por causa da área que está atuando agora, mas vocês chegam a usar design thinking para poder selecionar muito bem o que vem depois dessa época, que é agora, já que existe uma cobrança maior por resultado, imagino que exista também um certo estrangulamento de orçamentação para se adequar a essa nova realidade de ter mais resultados, vocês usam algum tipo de técnica design thinking pra fazer certa engenharia de valor para saber quais são as iniciativas que realmente farão? Se você puder falar um pouco sobre isso.
Adine Paula: Temos sim. Hoje, na nossa área usamos o passo a passo na nossa daily, então, tem um pipeline de projetos e acompanhamos dentro do mapeamento de ação… adaptamos um pouco os nomes… e isso é muito tranquilo de fazer. A metodologia, a teoria está lá, mas se pegarmos e querermos pôr em todas as realidades a mesma forma, ela não será aderente e ficaremos fazendo metodologia pra quem entende de método. Fica aquela metaconversa, só pra quem entende. Então, adaptamos alguns nomes, mapeamento de ação, estudo de viabilidade, que é quando o projeto passa pela avaliação de custo, e aí, entra a questão da priorização. Como estamos trabalhando muito forte com eficiência, avaliamos qual projeto trará mais ganho, para nos dedicarmos, priorizarmos aquela ideia. Tem a validação, que fazemos um rito de validação para o engajamento do time, que é super importante nesse momento. Tem pessoas que são focadas em resultados, outras são mais criativas, gosto do resultado: “Olha o que eu consegui.”, e tem várias pessoas nesse perfil, então, nós montamos um rito para essas pessoas também se sentirem parte, que é outro ponto fundamental, as pessoas precisam ter o senso de pertencimento da solução, de todo esse processo, tem esse rito para criar esse senso de pertencimento. Depois passamos para implementação e acompanhamento. Então, tem esse pipeline de projeto, acompanhamos, e temos os pontos focais, eu vou com a parte de projeto, eu tenho um ponto focal que ajuda no financeiro, para acompanharmos o time a ir estruturando as ideias, dentro da metodologia, e avaliando financeiramente qual que será o priorizado. Quando percebemos que tem o projeto a ser priorizado que vai trazer maior eficiência, damos uma ajuda maior, apoiamos mais, vamos com mais força a pedir as partes interessadas, o que precisa ser feito, tem uma mobilização maior. Vamos com essa estrutura de raciocínio para conseguir priorizar as ideias que saem e provocar novas ideias. Estruturamos um programa, demos um nome para ele, temos um programa para todos esses projetos que fazemos acompanhamento de eficiência e instigou o time a está trazendo essas ideias. Cada um tem a sua meta de resultado financeiro, mas vai além da meta, vai pela visibilidade também, porque é como se vende… eu não gosto muito dessas expressões, mas a gente precisa vender em alguns momentos. O que faria um time pensar em eficiência? Uma visibilidade que ele teria? “Olha, você está entregando esse resultado para a empresa, partiu da sua ideia. Olha que legal.”, então, isso ajuda a engajar também. Fazemos rodadas de resultados para eles se apresentarem para a equipe toda, apresentar o resultado que eles estão trazendo. “Olha que ideia simples e eficiente, que ajudou na jornada. Olha o indicador.”, então, é trazer o engajamento, pontos de visibilidade, o que você vai crescer também, além da empresa. O que cada pessoa vai ter de desenvolvimento próprio dentro desse processo?
Vinicius: Você dá oportunidade para o pessoal participar dos louros, do que dá certo.
Adine Paula: É. Porque senão a decisão também vai contra o ágil. Porque senão a decisão e a estratégia ficam muito aqui em cima, e as pessoas que estão aqui não se sentem pertencentes a esse momento da empresa. Fica uma questão muito… o orçamento é discutido aqui em cima… não, o orçamento está sendo discutido aqui embaixo, todo mundo está conhecendo, sabe o que está acontecendo e sabe onde pode gerar eficiência. Vamos pensar, discutir junto, trazer co-criação, vamos trazer os grupos focais, ouvir quem está na ponta atendendo o cliente. Será que não dá para fazermos diferente? O que alguma outra operação está utilizando, não conseguimos trazer para cá? E aí, tem esse estímulo da criatividade que o design thinking apoia, o conhecer, o entender, o estar ali, que é o pensamento lean, o estar no chão de fábrica para saber o que está acontecendo para conseguirmos pensar na solução. Eu acho que vai nesse momento também.
Diulia Almada: É muito interessante esse trabalho que você comentou, porque permite que reflitamos sobre as dores que aparecem. Você comentou sobre o risco de identificar um problema e a sair correndo para: “Beleza. Então, é isso que vai fazer. É isso que vai desencadear.”, e no final das contas nós percebamos que gastamos energia numa tratativa que não faz sentido, que não iria ser a melhor abordagem ou não envolvemos todas as pessoas que precisavam ser envolvidas; permite que não saiamos construindo soluções que não verdade não sabemos se são as melhores soluções, mas permitem que reflitamos e entendamos; abaixe um pouco a ansiedade de já solucionar, para poder buscar os caminhos que fazem mais sentido. Voltando para o agilismo, falamos muito aqui no agilistas sobre os ritos ágeis, como é a organização das atividades no dia a dia, no time, eu queria que conversássemos um pouquinho sobre quais os principais ritos e como eles ajudam na rotina do time, seja para organização, melhoria continua? Citamos muito rito, mas não necessariamente abordamos os que existem, então, acho que é bom darmos esse passo para trás e conversar um pouquinho sobre isso.
Adine Paula: Temos… de time, temos daily acho super importante. Em alguns temos reviews, retros e planners e o que eu pego muito é o conceito, a daily, pra mim é super importante. Estávamos rediscutindo, porque temos que discutir os ritos, se estão sendo funcionais e se estamos conseguindo o objetivo. Qual é o objetivo? Nos falarmos. Parar todo mundo, se falar, saber o que está acontecendo, porque senão fica cada um preso na sua caixinha. E aí, submergirmos nos próprios problemas, tem que ter a visão holística quanto empresa, quanto a gerência, a estrutura em que você está é um pouco maior e depois descer para o seu nível. Entender o que está acontecendo lateralmente e como pode te afetar, e a daily tem esse movimento, essa participação. Entender o que está acontecendo para conseguirmos comunicar, pensar em outras possibilidades, para sermos eficientes naquele dia. Tem a daily dos projetos, as vezes um projeto muito específico fazemos aquele rito, mas o objetivo é as pessoas se falarem. AS vezes eu fico assim: “Áh, mas a pessoa entrou e não falou tanto.”, aquilo está acontecendo, a pessoa guardou e ela vai falar em um fórum apartado. Gente, a daily é para isso, para vocês se falarem. Quando falamos lá no início, você citou o manifesto ágil, para mim o manifesto ágil é um direcionamento de comportamento. Quando priorizamos pessoas além de processos, não falamos que o processo não é tão importante, é porque precisamos trabalhar com as pessoas, precisamos ter a transparência no lidar, maturidade do ouvir. E aí, o que acontece na daily, eu preciso expor, se eu tiver um problema que está me impactando ou ao funcionamento, eu preciso de uma entrega que não está acontecendo, ou eu tenho algum bloqueio, eu preciso expor. A exposição tem que ter bem recebida, porque é para a entrega do projeto, do resultado, temos que percorrer esse caminho. Quando falamos dos reviews das retros, fazemos, mas volta para o conceito, vamos fechar um ciclo, fecho aquela sprint, fechou aquela interação, o tempo que definimos, o que aconteceu de bom e de ruim? O que temos enquanto time que podemos melhorar? Fora dos projetos, eu tenho um time e aplico esses ritos também, então, fechando o mês de junho já estava planejando de fazer um balanço com elas de seis meses para depois, em julho, falarmos de um planejamento da reta dos próximos seis meses. O conceito da agilidade entra na própria gestão para podermos conseguir fechar os ciclos, que é o importante, que é o conceito, falar foi bom, não foi, o que bloqueou, não bloqueou, o que poderíamos ter feito de melhor, ter sido mais eficiente, o que está pegando para vocês? E o planejamento, o que vamos fazer daqui para frente? Qual é o nosso objetivo dentro desse projeto, dessa estratégia da companhia que cascateia aqui para nós, como que podemos trabalhar? Precisamos parar e pensar, porque é nesse momento que casa o período da crise, do conturbado. Se não tivesse: para pensar; vê o que não foi bom e o que foi, parar para pensar em que faremos nos próximos passos, não iremos só apagar incêndio, que é aquela sensação que muita gente e que várias vezes acontecem dentro das empresas. Precisamos parar pensar nesses momentos, ter a estruturação do raciocínio, agregar ferramentas, e os ritos ágeis colaboram nesse dia a dia, nesse: “Calma. Vamos entender o que aconteceu. Vamos puxar o fio, desenrolar e vamos jogar para frente o fio para construir novas pontes, laços e entregar o resultado final para trazer eficiência.”
Diulia Almada: Maravilha. Acho que isso é muito legal na sua fala sobre a efetividade real, não é só executar o rito, não é só pegar e fazer uma reunião, colocar o nome da reunião como daily, como retro, como review, e por si só você explicando para o time vai super rolar e pronto, acabou. É mais complexo do que isso, envolve o engajamento das pessoas, entendimento sobre a importância daquele momento. Evoluindo um pouco no papo, com relação a essa abordagem de uma maneira mais eficaz, que tipo de desafio que você enxerga que tem sido encontrado pelos times ágeis durante esse momento que estamos vivendo e como que esses ritos têm ajudado? Como que na rotina temos conseguido superar os problemas ou desafios que aparecem utilizando essa estrutura que já existe?
Adine Paula: Eu acho que tem alguns momentos que podem contribuir pelo o que vem acontecendo. Está se falando de eficiência e tem essa acomodação do mercado, em alguns momentos as empresas vão se enxugar, e se não tivermos um processo muito bem definido de como é feito e as pessoas muito bem alocadas nas squads, pode virar gargalo em algumas equipes. Por exemplo, eu sou dependente de uma equipe para conduzir um processo, mas ela não está dedica naquele squad, naquele time, e pode ter que se priorizar, e aí, nos perdemos um pouco no ágil, porque eu preciso escalar, demonstrar o porquê aquilo é importante. Além do rito, o processo precisa estar muito bem definido, para a autonomia que a ágil prega conseguir ser de fato executada. Então, qual que é o processo? É seguir em qual formato? Quando a pessoa poderá fazer essa tratativa? O que vemos muito e acompanha no mercado, as questões relacionais, o jeitinho da cultura brasileira que as vezes acontece e precisamos ir pedindo: “Você pode ver isso?”, e aquela informação está com a pessoa, mas quando temos os processos definidos, que a gestão acontece por processo, conseguimos a aplicação do ágil de uma forma mais facilitada, sem atropelamentos. O que o rito ajuda? Para entender o que o problema está. Onde está o bloqueio? É questão de priorização? Se for do seu time que já tem uma autonomia, porque ele não está conseguindo trabalhar? A equipe ficou enxuta? Então, vamos decidir aquilo que é importante, vamos partir para a definição, colocar no pipeline de projeto qual que puxa, qual a utilidade dentro do projeto que precisa ser entregue para entregar valor para o cliente. Para também, toda a expectativa das partes interessadas se acalmarem, tem esse papel importante. “Áh, o projeto já está rodando a um mês, dois meses, três meses, vamos fazer uma entrega de valor.”, todo mundo falando: “Nossa. Olha, que legal.”, ganhamos um prazo para seguir com as outras entregas também. Os ritos são importantes para irmos colocando essa priorização e entendendo o que está acontecendo em relação ao time, para se priorizar as pessoas. Os processos precisam estar bem estruturados para que as pessoas consigam trabalhar, se desenvolverem, fazer as atividades dela com autonomia que elas precisam. Então, se eu estou com algum gap, oportunidade com alguma pessoa, qual é o processo que ela está trabalhando? Como que ela vem atuando? Como posso redesenhar isso? Como a empresa pode entender isso, para quebrar esses bloqueios? Então, para mim é muito nesse sentido, o rito precisa acontecer para entendermos como melhor trabalhar para as pessoas conseguirem ter cada vez mais autonomia para conseguirem decidir. O ponto de maturidade é quando todo mundo tem ciência do cenário, que não precisa de um direcionamento. Eu já sei o que preciso priorizar, o que tenho que fazer no meu dia, e sei qual a entrega de valor que preciso fazer para aquele cliente ou aquele stakeholder importante do projeto, para conseguirmos trabalhar e ir apresentando eficiência.
Diulia Almada: Maravilhoso, porque não precisamos ficar pensando o tempo todo qual é o próximo passo. Isso já tem uma carga mental muito grande para o time, precisar ficar sempre recalculando a rota. Bom, pessoal, o papo foi incrível. Nós tínhamos mais perguntas, mas lógico que se deixar íamos conversando iria ter facilmente dois episódios. Queria perguntar por último para ir encaminhando para o encerramento, o que fica de conclusão? O que vocês veem sobre o encaixe da metodologia ágil nesse momento em que estamos? Vocês têm algum conselho?
Adine Paula: De uma forma geral não podemos abandonar o ágil nesse momento, precisamos confiar no processo, no raciocínio, na estrutura e naquilo que se prega. Quando passamos por um período de instabilidade ou conturbado, seja pessoal ou profissionalmente, buscamos retornar ao nosso conforto, para aquilo que já conhecemos, e atuar da forma que já conhecemos. O conselho é, fazer o movimento contrário, então, quando estávamos rediscutindo as questões, por exemplo, da daily eu falei: “O meu momento agora é de reinventar.”, já trabalhei nesse formato até agora, eu preciso reinventar e direcionar de uma forma diferente. Precisamos passar por esse movimento, reinventar, então, não volta para o conforto daqueles processos ou forma de trabalhar que já conhecíamos. Vamos arriscar, porque senão gerara os mesmos resultados que já conhecemos. Precisamos extrapolar até para gerar inovação. Porque o mercado tem se remexido, porque tem muitas empresas fazendo diferente, então, vamos sair da zona de conforto, reinventar, acreditar que o processo existe e ele é feito por pessoas. Como vou trazer as pessoas com autonomia para executarem bem esses processos? Que é o que prega o ágil. Tento viver o máximo possível dos princípios no sentido de comunicação, transparência, autonomia, porque é quando as pessoas ficam também mais felizes, produtivas, e aí, eu consigo trazer eficiência para o time e para empresa. O conselho é esse, reinventar, acreditar no processo e principalmente não a metodologia pela metodologia, mas pelo conceito, essência, para as pessoas conseguirem trabalhar bem e trazer a eficiência que sempre será necessária para empresa que em que se está trabalhando.
Vinicius: O que eu ia falar é muito parecido, nesses momentos a natureza do problema não mudou, somente para os produtos digitais ou produtos que tem uma natureza bem complexa em relação ao comportamento que os usuários terão com ele. Então, não é algo que dá para se planejar tão bem como irá funcionar e quais resultados terão no mercado de fato, ou seja, a natureza é a mesma, não mudou porque o contexto mudou, o que mudou é que talvez tenha menos dinheiro na mesa, então, você precisa se adequar… por isso que eu fiz a pergunta sobre ter bons métodos de seleção dos projetos que serão iniciados e que seguirão no pipeline de projetos… já que a natureza do problema não mudou, o método, os princípios continuam se aplicando. Um único ponto que eu acho que é de atenção, vai existir uma cobrança maior, é esperado que existirão mais pessoas querendo controlar coisas, querendo saber, então, é importante trabalhar bastante a transparência, gestão a vista, para que você tenha formas bem simples de comunicação a todo instante para que não exista desconfiança em relação ao que o time está fazendo.
Diulia Almada: Perfeito. Com esse fechamento as pessoas já terão atividade para o mês todo para refletir, pensar se estão seguindo essa linha de raciocínio, como está sendo o impacto dentro das organizações que atuam. Queria agradecer demais a Adine pela sua participação, por ter aceitado estar conosco. Quem nos acompanha fiquem à vontade para mandar mensagem através do @osagilistas, para mandar e-mail nos agilistas@dtidigital.com.br e para interagir, porque só conseguimos seguir relevantes, trazer temas interessantes, convidados, a partir dos feedback e do que vamos captando do que vem acontecendo e do que precisa ser trabalhado e conversado. Muito obrigada, Adine, foi ótimo.
Adine Paula: Obrigada, vocês, pelo convite. Fico a disposição.
Vinicius: Queria agradecer também a Adine. Um dia que estiver aqui em BH, vem aqui conhecer o escritório da DTI, que é a empresa que está por trás dos agilistas, que a gente tem um escritório bem grande aqui, vem comer um pão de queijo, tomar um cafezinho com a gente.
Adine Paula: Eu vou comer o pão o queijo. Eu estou no interior de São Paula, mas eu sou de uma cidade do interior de Goiás.
Diulia Almada: Que legal. Bom demais. Então, estando por aqui venha nos visitar, outros convites com certeza virão para podermos conversar sobre outros temas também. Foi muito bom gente, muito obrigada, valeu demais Vinição.
Vinicius: Valeu pessoal, valeu Djulia. Até mais. Tchau.
Diulia Almada: Até mais.
Adine Paula: Até mais. Tchau, tchau.
Adine Paula: Eu acredito muito que as vezes nesses períodos de crise em que nos sentimos mais conturbados, essa sensação de: “O que eu faço? Pra onde eu vou?”, é onde entra para te ajudar, e falar: “Tem um passo a passo para você seguir. Tem uma forma de trabalhar. Confia no processo. Confia nessa estruturação, que o resultado vem.”.
Diulia Almada: E aí pessoal, tudo bem? Nós estamos aqui, hoje, em mais um episódio dos agilistas e… hoje eu não estou com o Pedro, estou com o Vinição.. e aí, Vinição, tudo bem?
Vinicius: Eaí. Tudo bem? Tudo bem, pessoal? Vamos lá.
Diulia Almada: E nós também não estamos sozinhos. O tema de hoje é muito importante, a gente já vem tratando de diversas formas dentro dos agilistas. Já trabalhamos, inclusive, no recorte que tivemos recente de ENZIMAS com relação a geração de valor pela mitigação de risco. Também tratamos sobre esse tema no episódio #195 do Produto Certo e no #213 sobre Tendências na Área de Produto, mas é um tema que está muito relevante, então, vamos conversar com a ajuda de uma convidada muito especial, porque entendemos que quem vive a realidade do agilismo sabe que a adaptação é parte da rotina, é uma coisa que já esperamos que precisa-se fazer com alguma frequência, mas em momentos de crise é natural que as empresas mais tradicionais queiram cair em um lugar mais seguro, onde estão mais acostumados, e com isso pode-se gerar a falsa sensação de segurança quando voltamos para o escopo. Vamos conversar um pouquinho sobre quais os riscos desse tipo de prática e além disso sobre como que o agilismo pode se adaptar para esses momentos mais focados em apostas mais assertivas e como os ritos são partes fundamentais dessa aplicação, já que são construídos com os princípios do manifesto ágil. Por isso… já comentamos sobre a necessidade de adaptação e queremos falar como que a realidade em que estamos vivendo pode conversar com o agilismo e como que encontramos um denominador comum que faça que sentido para podermos trabalhar de maneira adequada para esse momento. Nossa convidada especial que ajudará muito nessa tarefa é a Adine Paula. Adine, se apresenta pra gente, conta um pouquinho da sua trajetória, das suas experiências.
Adine Paula: Oi, para vocês. Obrigada pelo convite. Obrigada a Julia, o Vinicius. Meu nome é Adine, sou engenheira mecatrônica de formação, tenho um (inint) [00:02:53] em gestão de projetos, negócios digitais e gosto muito de renovar, conhecer, estudar e de conhecer novas práticas para irmos implementando na nossa bagagem de ferramentas para conseguirmos aplicar. Essa bagagem de ferramentas é o que pode nos ajudar a passar por esses processos de uma forma mais tranquila, ter um pouco mais de segurança, falaremos um pouco mais sobre isso durante esse episódio. Hoje eu estou como coordenadora de projetos em ouvidoria continua fazendo gestão de atendimento, então, a minha experiência é voltada a atendimento ao cliente, relacionamento com o cliente, projetos desse porte. É onde as coisas acontecem, em uma velocidade muito grande, porque é o ponto de contato das empresas com o cliente. Onde tem a interface daquilo que as empresas… que o produto se propõe… com o mercado final, então, tudo é muito rápido, veloz, tudo é muito para ontem. Mesmo que não estejamos em crise, vivemos numa crise. A gente precisa se organizar para conseguir priorizar, trabalhar, pensar no longo prazo, porque cada cliente tem um problema muito relevante e se torna uma crise dependendo do ponto de vista, então, precisamos dessa estruturação. Já trabalhei voltado mais para produtos digitais, em soluções de T.I, mas hoje estou atuando com projetos em experiência do cliente.
Diulia Almada: Legal demais. Não tem como eu fazer outra pergunta para começar esse papo do que já começar perguntando qual é a sua visão sobre o momento em que o mercado atual está? Você comentou sobre o seu constante olhar para as situações para evitar crise, manter o relacionamento saudável com o cliente, você tem visto alguma mudança no comportamento do mercado com mais cobrança de resultado?
Adine Paula: Passamos pela reflexão, porque acho que tem algumas questões que são cíclicas. Tem um crescimento, as vezes uma expansão do mercado, depois ele vai retroagindo. O que vimos e estamos considerando como crise, que tem acontecido muito em startup, são reduções de quadro e essa volta que você comentou no início do episódio, a volta para os processos tradicionais. Mas a cobrança pelo resultado sempre existirá, então, a depender das empresas, algumas são maiores, líderes de mercado e vem mais consolidada, terão uma cobrança talvez menor, um prazo maior para implementação dos projetos, um desenvolvimento do processo um pouco diferente. Quando trabalhamos em uma empresa que tem acionista, que temos mais contato… a própria startup tem uma velocidade maior, as vezes estamos mais habituados a demonstrar resultados…, mas olhando o mercado, essas entradas que estamos tendo de novas empresas… hoje eu trabalho em uma empresa de benefício de Rh… então, hoje está abrindo-se mais para startup’s, para elas entrarem, trazerem novos produtos, novas soluções para o cliente, então, traz um certo receio, o que será de inovador que teremos? O que conseguiremos agregar com essas novas entradas? O que os bancos passaram provavelmente. Tiveram os novos bancos digitais, uma nova leva de fintech, dá uma instabilidade, uma remexida no mercado; fazemos uma expansão, depois tem uma certa contração também dos bancos digitais. Então, vamos acompanhando ciclicamente, o mercado vai reajustando… quando eu trabalhava em empresa de relacionamento com o cliente, falávamos isso. Tínhamos operações de expansão, mas que nos próximos meses iam naturalmente reduzindo, era um processo natural. Essas pessoas seriam realocadas de outras formas ou íamos agregar novos escopos para elas, porque uma coisa em que eu acredito muito também é na agilidade, o compartilhamento de conhecimento, o quanto conseguimos agregar e navegar por várias disciplinas dentro da agilidade, desses conceitos ou dentro das empresas que são ágeis por elas serem mais horizontais, também conseguimos ir realocando-se mais facilmente. Por exemplo, sai um operador de uma operação técnica de call center, ele consegue crescer por uma curadoria de um bot, assistente virtual, víamos muito esses movimentos, porque as empresas são mais horizontais, a informação navega com maior possibilidade. Acho que o mercado tem mudado sim, mas é uma questão natural, cada hora um setor estará mais em vista. Estamos falando muito de fintech que agora passa por uma questão de benefício, e eu fico pensando qual será a próxima categoria que terá esse boom de novas empresas entrantes, depois trará a redução, estabilizará, todo mundo falará: “Nossa, estamos em crise, mas logo terá uma realocação para um novo mercado, para uma nova abertura, para um novo aquecimento.”. Eu encaro como um ciclo, que vem e que vai, e vamos nos realocando, quanto profissional, quanto a ideia, vai aprendendo nesses momentos.
Vinicius: Adine, é legal essa visão que você trouxe de ciclo, esses momentos onde tem oba a oba, vamos falar assim, e você chegou a comentar também que existe uma certa cobrança por resultados independente de qual momento que estamos vivendo. Você nota algum tipo de cobrança mais específica, além disso? Por exemplo, uma cobrança por produtividade?
Adine Paula: Tem bastante essa cobrança. As minhas primeiras experiências foram em empresas com acionistas, então, eu já vinha com esse viés, tenho ele muito forte. Precisamos trabalhar, e quando se fala em experiência do cliente precisamos trabalhar na redução do esforço, esforço mínimo para o cliente e para o operacional. Tem esse movimento agora de pensar em forma mais eficiente de fazer, mas também atribuo muito ao pós pandemia, porque na pandemia todo mundo trabalhou muito, teve a virada do home office, ficaram em casa trabalhando várias horas, mas isso também não era sustentável. Talvez se acostumaram com um patamar de entregas naquele período das pessoas que estavam dedicadas, vivendo o trabalho muito tempo, que aquilo não se tornará sustentável, mas a gente precisa entregar mais eficiente. Então, como que faremos isso? Teve o crescimento das pessoas também… nesse período passamos aqueles booms de tecnologia, precisávamos nos adequar… então, cresce pessoas, a conta não fechou. Quando fechamos o ano 20: “Áh, mas tá tudo bem a conta não ter fechado tanto, porque estávamos na pandemia.”, 21: “Áh, mas tá tudo bem, porque ainda estamos sofrendo o impacto do ano anterior em relação a pandemia.”, quando fecha 22 que é a retomada do mercado e que vemos fisicamente, as pessoas se movimentando mais, as empresas mais cheias e pronto, acabou, a pandemia finalizou, precisamos retomar os números, precisamos crescer e pagar a conta daquilo que não conseguimos, do que descolamos. Acredito que o mercado agora tenha pressionado mais para o resultado. Vemos sim, essa movimentação, e aí, é pensar em eficiência financeira… não trabalho diretamente com produtos digitais, mas na questão do relacionamento com o cliente… como que podemos trazer tecnologia, embarcar tecnologia, para trazer aquilo com mais eficiência. A gente não precise passar todos os processos ou várias etapas de processos, trazer um pensamento mais limpo, e experiência mais automatizada para o cliente, mais fácil, ágil, para que que seja mais facilitado nesse ponto de contato. A pressão está existindo, não é algo que está tranquilo, acomodou-se o mercado, mas teremos que apresentar resultados e é o momento de darmos visibilidade de resultado para as empresas.
Diulia Almada: Adine, você comentou sobre essa adaptação do mercado sobre essa nova visão que precisaremos ter constantemente, até pela regulação, e aí, vou puxar a sardinha para o meu lado aqui, tudo que envolve design eu sou um pouco tendenciosa, mas como que você o design thinking auxiliando nesse trabalho para poder entender os problemas? Você acredita que é um bom caminho? Teriam outros caminhos?
Adine Paula: Eu sou super partidária também do design thinking, mas eu acredito nele muito como modelo de estrutura de raciocínio, porque nesses períodos de crise, em que nos sentimos mais conturbados, essa sensação de: “O que eu faço? Para onde eu vou?”, é onde design thinking, entra para te ajudar a falar: “Tem um passo a passo para você seguir. Tem uma forma de trabalhar. Confia no processo. Confia nessa estruturação, que o resultado vem.”, então, quando falamos, por exemplo, a primeira etapa, vimos muito quando vai se apresentar um projeto, uma nova ideia que surge, sempre volto com a pergunta: “Mas o que você tá resolvendo com isso?”, porque as vezes pensamos muito em soluções mirabolantes, maravilhosas, mas que elas estão descoladas da realidade. Quando falamos da primeira etapa, que iremos mapear, precisa definir muito bem a dor e priorizar qual dor vai tratar, qual problema estamos tratando? Estamos falando de uma situação em uma empresa que precisamos trazer eficiência, apontar produtividade, mas sobre qual problema que estamos sendo improdutivo? Em o que estamos gastando tempo? O que estamos fazendo com que o nosso cliente gaste tempo naquele produto, naquele relacionamento, naquele ponto de contato? O que está onerando? Me explica. Me fala. Me traz números, dados e fatos que é o jargão. Mas o que realmente temos de problema? Quanto esse problema é relevante? E incrementamos ferramentas também para isso. O design thiking, além de uma ferramenta também é a estrutura do raciocínio, é o que a gente vai fazer, como iremos conduzir, é a: “Calma. Tem um passo a passo para ser seguido nesse momento que achamos que está tudo conturbado.”, a gente pode levar para a vida, começar a pensar em soluções: “Áh, eu preciso fazer tal coisa.”, mas porque você precisa fazer tal coisa nesse momento da sua vida? Porque eu tenho esse problema a ser resolvido… até pra desenvolvimento pessoal de carreira: “Quais são as minhas oportunidades?”, “Áh, eu preciso ter uma comunicação mais assertiva.”, por quê? Você tá tendo um problema com a comunicação? Quais pontos da sua comunicação precisam ser trabalhados? Nessas etapas, naquele primeiro diamante, na primeira etapa, a gente conhecendo bem a dor conseguimos partir para uma solução. Eu acredito muito nesse formato de trabalho, estruturarmos o caos. Eu gosto do caos, porque o caos traz para a gente o que está acontecendo. Se virmos tudo rosa, um mundo colorido, unicórnios, não sabemos exatamente o que está por trás, precisamos ir aprofundando, revirar em algum momento. Quando está tudo bem, aquela sensação de tranquilidade, precisamos dar um revirada pra: “Não. Não está tudo bem.”, até surgir inovações. Se tivermos um mercado muito estável, seguimentos estáveis, a inovação talvez não surja com tanta facilidade. Então, vamos dar uma revirada, vamos tentar entender onde estão as oportunidades. Vamos provocar o caos e depois vir com pensamento estruturado, entender onde estão as oportunidades para acompanharmos e desenhar melhor solução dentro desse processo. E falando de projetos também, seguir essas etapas dentro dos projetos ágeis também, conduzindo, orientando as pessoas envolvidas dentro dessa estrutura de raciocínio para conseguirmos a melhor entrega para o cliente ou para as áreas clientes.
Diulia Almada: Incrível. Inclusive, se jogamos no google, design thinking pra poder pesquisar de maneira mais ampla, uma das imagens que aparecerá é justamente a imagem de um emaranhado, muito bagunçado, caótico, e ele ir se desenrolando. Esse aprendizado, essa organização do pensamento que o design thinking, nos ajuda a conquistar, conseguir atingir. Ainda mais, porque normalmente estamos falando de informações que não estão na cabeça apenas de uma pessoa, mas de um grupo de pessoas, cada um tem uma percepção, todas de alguma maneira sentem aquele problema, identificam com problema legitimo, mas cada um é enfrentado de uma forma, cada uma pode contribuir de uma forma, e aí, o design thinking ajuda bastante.
Adine Paula: Essa analogia foi bem legal, porque as vezes vamos aplicar e vemos algumas aplicações que vai muito no superficial, e precisamos ir puxando o fio. O que está do caótico, aqui? Um exemplo, tivemos um processo aqui que estávamos falando de queda de ligação: “Áh, o cliente liga na central e não consegue falar.”, na primeira já falamos: “Queda de ligação é um problema, avaliar com a Telecom o que está acontecendo.”, mas se não puxarmos o fio, não entendermos se tem algo comportamental, qual que é a cultura ali da operação que tá sendo trabalhada? Se aquele operador… quais foram as ligações? Tem um período específico? Se aquele operador foi treinado. Então, precisamos fazer perguntas para puxar o fio, porque senão a gente vai falar: “Não. Beleza. A gente tem um problema, vamos falar com a telecom.”, passa-se uma semana da gente resolvendo o problema que não existe. “Áh, mas o problema era esse.”, existia o problema, mas não puxamos o fio adequadamente. Nosso papel aqui na hora de conduzir e estruturar o caos também é: fazer as perguntas certas. Hoje, eu trabalho com um time, quando eles vêm: “Áh, mas a pessoa não está se abrindo tanto. Não está falando tanto sobre o processo dela.”, volta, porque você não está fazendo as perguntas corretas. Precisamos fazer as perguntas corretas para ir aprofundando, esse é o primeiro passo.
Diulia Almada: Incrível.
Vinicius: Aproveitar e fazer um gancho, Adine, você tinha comentado na minha pergunta anterior que o pessoal foi tendo uma certa tolerância, que é normal, em relação as grandes mudanças que tiveram ao longo da pandemia e o resultado não estavam vindo, mas a partir de 2022 a coisa ficou um mais difícil de dar sequência nessa espera para os resultados virem. Eu não sei se você sabe, por causa da área que está atuando agora, mas vocês chegam a usar design thinking para poder selecionar muito bem o que vem depois dessa época, que é agora, já que existe uma cobrança maior por resultado, imagino que exista também um certo estrangulamento de orçamentação para se adequar a essa nova realidade de ter mais resultados, vocês usam algum tipo de técnica design thinking pra fazer certa engenharia de valor para saber quais são as iniciativas que realmente farão? Se você puder falar um pouco sobre isso.
Adine Paula: Temos sim. Hoje, na nossa área usamos o passo a passo na nossa daily, então, tem um pipeline de projetos e acompanhamos dentro do mapeamento de ação… adaptamos um pouco os nomes… e isso é muito tranquilo de fazer. A metodologia, a teoria está lá, mas se pegarmos e querermos pôr em todas as realidades a mesma forma, ela não será aderente e ficaremos fazendo metodologia pra quem entende de método. Fica aquela metaconversa, só pra quem entende. Então, adaptamos alguns nomes, mapeamento de ação, estudo de viabilidade, que é quando o projeto passa pela avaliação de custo, e aí, entra a questão da priorização. Como estamos trabalhando muito forte com eficiência, avaliamos qual projeto trará mais ganho, para nos dedicarmos, priorizarmos aquela ideia. Tem a validação, que fazemos um rito de validação para o engajamento do time, que é super importante nesse momento. Tem pessoas que são focadas em resultados, outras são mais criativas, gosto do resultado: “Olha o que eu consegui.”, e tem várias pessoas nesse perfil, então, nós montamos um rito para essas pessoas também se sentirem parte, que é outro ponto fundamental, as pessoas precisam ter o senso de pertencimento da solução, de todo esse processo, tem esse rito para criar esse senso de pertencimento. Depois passamos para implementação e acompanhamento. Então, tem esse pipeline de projeto, acompanhamos, e temos os pontos focais, eu vou com a parte de projeto, eu tenho um ponto focal que ajuda no financeiro, para acompanharmos o time a ir estruturando as ideias, dentro da metodologia, e avaliando financeiramente qual que será o priorizado. Quando percebemos que tem o projeto a ser priorizado que vai trazer maior eficiência, damos uma ajuda maior, apoiamos mais, vamos com mais força a pedir as partes interessadas, o que precisa ser feito, tem uma mobilização maior. Vamos com essa estrutura de raciocínio para conseguir priorizar as ideias que saem e provocar novas ideias. Estruturamos um programa, demos um nome para ele, temos um programa para todos esses projetos que fazemos acompanhamento de eficiência e instigou o time a está trazendo essas ideias. Cada um tem a sua meta de resultado financeiro, mas vai além da meta, vai pela visibilidade também, porque é como se vende… eu não gosto muito dessas expressões, mas a gente precisa vender em alguns momentos. O que faria um time pensar em eficiência? Uma visibilidade que ele teria? “Olha, você está entregando esse resultado para a empresa, partiu da sua ideia. Olha que legal.”, então, isso ajuda a engajar também. Fazemos rodadas de resultados para eles se apresentarem para a equipe toda, apresentar o resultado que eles estão trazendo. “Olha que ideia simples e eficiente, que ajudou na jornada. Olha o indicador.”, então, é trazer o engajamento, pontos de visibilidade, o que você vai crescer também, além da empresa. O que cada pessoa vai ter de desenvolvimento próprio dentro desse processo?
Vinicius: Você dá oportunidade para o pessoal participar dos louros, do que dá certo.
Adine Paula: É. Porque senão a decisão também vai contra o ágil. Porque senão a decisão e a estratégia ficam muito aqui em cima, e as pessoas que estão aqui não se sentem pertencentes a esse momento da empresa. Fica uma questão muito… o orçamento é discutido aqui em cima… não, o orçamento está sendo discutido aqui embaixo, todo mundo está conhecendo, sabe o que está acontecendo e sabe onde pode gerar eficiência. Vamos pensar, discutir junto, trazer co-criação, vamos trazer os grupos focais, ouvir quem está na ponta atendendo o cliente. Será que não dá para fazermos diferente? O que alguma outra operação está utilizando, não conseguimos trazer para cá? E aí, tem esse estímulo da criatividade que o design thinking apoia, o conhecer, o entender, o estar ali, que é o pensamento lean, o estar no chão de fábrica para saber o que está acontecendo para conseguirmos pensar na solução. Eu acho que vai nesse momento também.
Diulia Almada: É muito interessante esse trabalho que você comentou, porque permite que reflitamos sobre as dores que aparecem. Você comentou sobre o risco de identificar um problema e a sair correndo para: “Beleza. Então, é isso que vai fazer. É isso que vai desencadear.”, e no final das contas nós percebamos que gastamos energia numa tratativa que não faz sentido, que não iria ser a melhor abordagem ou não envolvemos todas as pessoas que precisavam ser envolvidas; permite que não saiamos construindo soluções que não verdade não sabemos se são as melhores soluções, mas permitem que reflitamos e entendamos; abaixe um pouco a ansiedade de já solucionar, para poder buscar os caminhos que fazem mais sentido. Voltando para o agilismo, falamos muito aqui no agilistas sobre os ritos ágeis, como é a organização das atividades no dia a dia, no time, eu queria que conversássemos um pouquinho sobre quais os principais ritos e como eles ajudam na rotina do time, seja para organização, melhoria continua? Citamos muito rito, mas não necessariamente abordamos os que existem, então, acho que é bom darmos esse passo para trás e conversar um pouquinho sobre isso.
Adine Paula: Temos… de time, temos daily acho super importante. Em alguns temos reviews, retros e planners e o que eu pego muito é o conceito, a daily, pra mim é super importante. Estávamos rediscutindo, porque temos que discutir os ritos, se estão sendo funcionais e se estamos conseguindo o objetivo. Qual é o objetivo? Nos falarmos. Parar todo mundo, se falar, saber o que está acontecendo, porque senão fica cada um preso na sua caixinha. E aí, submergirmos nos próprios problemas, tem que ter a visão holística quanto empresa, quanto a gerência, a estrutura em que você está é um pouco maior e depois descer para o seu nível. Entender o que está acontecendo lateralmente e como pode te afetar, e a daily tem esse movimento, essa participação. Entender o que está acontecendo para conseguirmos comunicar, pensar em outras possibilidades, para sermos eficientes naquele dia. Tem a daily dos projetos, as vezes um projeto muito específico fazemos aquele rito, mas o objetivo é as pessoas se falarem. AS vezes eu fico assim: “Áh, mas a pessoa entrou e não falou tanto.”, aquilo está acontecendo, a pessoa guardou e ela vai falar em um fórum apartado. Gente, a daily é para isso, para vocês se falarem. Quando falamos lá no início, você citou o manifesto ágil, para mim o manifesto ágil é um direcionamento de comportamento. Quando priorizamos pessoas além de processos, não falamos que o processo não é tão importante, é porque precisamos trabalhar com as pessoas, precisamos ter a transparência no lidar, maturidade do ouvir. E aí, o que acontece na daily, eu preciso expor, se eu tiver um problema que está me impactando ou ao funcionamento, eu preciso de uma entrega que não está acontecendo, ou eu tenho algum bloqueio, eu preciso expor. A exposição tem que ter bem recebida, porque é para a entrega do projeto, do resultado, temos que percorrer esse caminho. Quando falamos dos reviews das retros, fazemos, mas volta para o conceito, vamos fechar um ciclo, fecho aquela sprint, fechou aquela interação, o tempo que definimos, o que aconteceu de bom e de ruim? O que temos enquanto time que podemos melhorar? Fora dos projetos, eu tenho um time e aplico esses ritos também, então, fechando o mês de junho já estava planejando de fazer um balanço com elas de seis meses para depois, em julho, falarmos de um planejamento da reta dos próximos seis meses. O conceito da agilidade entra na própria gestão para podermos conseguir fechar os ciclos, que é o importante, que é o conceito, falar foi bom, não foi, o que bloqueou, não bloqueou, o que poderíamos ter feito de melhor, ter sido mais eficiente, o que está pegando para vocês? E o planejamento, o que vamos fazer daqui para frente? Qual é o nosso objetivo dentro desse projeto, dessa estratégia da companhia que cascateia aqui para nós, como que podemos trabalhar? Precisamos parar e pensar, porque é nesse momento que casa o período da crise, do conturbado. Se não tivesse: para pensar; vê o que não foi bom e o que foi, parar para pensar em que faremos nos próximos passos, não iremos só apagar incêndio, que é aquela sensação que muita gente e que várias vezes acontecem dentro das empresas. Precisamos parar pensar nesses momentos, ter a estruturação do raciocínio, agregar ferramentas, e os ritos ágeis colaboram nesse dia a dia, nesse: “Calma. Vamos entender o que aconteceu. Vamos puxar o fio, desenrolar e vamos jogar para frente o fio para construir novas pontes, laços e entregar o resultado final para trazer eficiência.”
Diulia Almada: Maravilha. Acho que isso é muito legal na sua fala sobre a efetividade real, não é só executar o rito, não é só pegar e fazer uma reunião, colocar o nome da reunião como daily, como retro, como review, e por si só você explicando para o time vai super rolar e pronto, acabou. É mais complexo do que isso, envolve o engajamento das pessoas, entendimento sobre a importância daquele momento. Evoluindo um pouco no papo, com relação a essa abordagem de uma maneira mais eficaz, que tipo de desafio que você enxerga que tem sido encontrado pelos times ágeis durante esse momento que estamos vivendo e como que esses ritos têm ajudado? Como que na rotina temos conseguido superar os problemas ou desafios que aparecem utilizando essa estrutura que já existe?
Adine Paula: Eu acho que tem alguns momentos que podem contribuir pelo o que vem acontecendo. Está se falando de eficiência e tem essa acomodação do mercado, em alguns momentos as empresas vão se enxugar, e se não tivermos um processo muito bem definido de como é feito e as pessoas muito bem alocadas nas squads, pode virar gargalo em algumas equipes. Por exemplo, eu sou dependente de uma equipe para conduzir um processo, mas ela não está dedica naquele squad, naquele time, e pode ter que se priorizar, e aí, nos perdemos um pouco no ágil, porque eu preciso escalar, demonstrar o porquê aquilo é importante. Além do rito, o processo precisa estar muito bem definido, para a autonomia que a ágil prega conseguir ser de fato executada. Então, qual que é o processo? É seguir em qual formato? Quando a pessoa poderá fazer essa tratativa? O que vemos muito e acompanha no mercado, as questões relacionais, o jeitinho da cultura brasileira que as vezes acontece e precisamos ir pedindo: “Você pode ver isso?”, e aquela informação está com a pessoa, mas quando temos os processos definidos, que a gestão acontece por processo, conseguimos a aplicação do ágil de uma forma mais facilitada, sem atropelamentos. O que o rito ajuda? Para entender o que o problema está. Onde está o bloqueio? É questão de priorização? Se for do seu time que já tem uma autonomia, porque ele não está conseguindo trabalhar? A equipe ficou enxuta? Então, vamos decidir aquilo que é importante, vamos partir para a definição, colocar no pipeline de projeto qual que puxa, qual a utilidade dentro do projeto que precisa ser entregue para entregar valor para o cliente. Para também, toda a expectativa das partes interessadas se acalmarem, tem esse papel importante. “Áh, o projeto já está rodando a um mês, dois meses, três meses, vamos fazer uma entrega de valor.”, todo mundo falando: “Nossa. Olha, que legal.”, ganhamos um prazo para seguir com as outras entregas também. Os ritos são importantes para irmos colocando essa priorização e entendendo o que está acontecendo em relação ao time, para se priorizar as pessoas. Os processos precisam estar bem estruturados para que as pessoas consigam trabalhar, se desenvolverem, fazer as atividades dela com autonomia que elas precisam. Então, se eu estou com algum gap, oportunidade com alguma pessoa, qual é o processo que ela está trabalhando? Como que ela vem atuando? Como posso redesenhar isso? Como a empresa pode entender isso, para quebrar esses bloqueios? Então, para mim é muito nesse sentido, o rito precisa acontecer para entendermos como melhor trabalhar para as pessoas conseguirem ter cada vez mais autonomia para conseguirem decidir. O ponto de maturidade é quando todo mundo tem ciência do cenário, que não precisa de um direcionamento. Eu já sei o que preciso priorizar, o que tenho que fazer no meu dia, e sei qual a entrega de valor que preciso fazer para aquele cliente ou aquele stakeholder importante do projeto, para conseguirmos trabalhar e ir apresentando eficiência.
Diulia Almada: Maravilhoso, porque não precisamos ficar pensando o tempo todo qual é o próximo passo. Isso já tem uma carga mental muito grande para o time, precisar ficar sempre recalculando a rota. Bom, pessoal, o papo foi incrível. Nós tínhamos mais perguntas, mas lógico que se deixar íamos conversando iria ter facilmente dois episódios. Queria perguntar por último para ir encaminhando para o encerramento, o que fica de conclusão? O que vocês veem sobre o encaixe da metodologia ágil nesse momento em que estamos? Vocês têm algum conselho?
Adine Paula: De uma forma geral não podemos abandonar o ágil nesse momento, precisamos confiar no processo, no raciocínio, na estrutura e naquilo que se prega. Quando passamos por um período de instabilidade ou conturbado, seja pessoal ou profissionalmente, buscamos retornar ao nosso conforto, para aquilo que já conhecemos, e atuar da forma que já conhecemos. O conselho é, fazer o movimento contrário, então, quando estávamos rediscutindo as questões, por exemplo, da daily eu falei: “O meu momento agora é de reinventar.”, já trabalhei nesse formato até agora, eu preciso reinventar e direcionar de uma forma diferente. Precisamos passar por esse movimento, reinventar, então, não volta para o conforto daqueles processos ou forma de trabalhar que já conhecíamos. Vamos arriscar, porque senão gerara os mesmos resultados que já conhecemos. Precisamos extrapolar até para gerar inovação. Porque o mercado tem se remexido, porque tem muitas empresas fazendo diferente, então, vamos sair da zona de conforto, reinventar, acreditar que o processo existe e ele é feito por pessoas. Como vou trazer as pessoas com autonomia para executarem bem esses processos? Que é o que prega o ágil. Tento viver o máximo possível dos princípios no sentido de comunicação, transparência, autonomia, porque é quando as pessoas ficam também mais felizes, produtivas, e aí, eu consigo trazer eficiência para o time e para empresa. O conselho é esse, reinventar, acreditar no processo e principalmente não a metodologia pela metodologia, mas pelo conceito, essência, para as pessoas conseguirem trabalhar bem e trazer a eficiência que sempre será necessária para empresa que em que se está trabalhando.
Vinicius: O que eu ia falar é muito parecido, nesses momentos a natureza do problema não mudou, somente para os produtos digitais ou produtos que tem uma natureza bem complexa em relação ao comportamento que os usuários terão com ele. Então, não é algo que dá para se planejar tão bem como irá funcionar e quais resultados terão no mercado de fato, ou seja, a natureza é a mesma, não mudou porque o contexto mudou, o que mudou é que talvez tenha menos dinheiro na mesa, então, você precisa se adequar… por isso que eu fiz a pergunta sobre ter bons métodos de seleção dos projetos que serão iniciados e que seguirão no pipeline de projetos… já que a natureza do problema não mudou, o método, os princípios continuam se aplicando. Um único ponto que eu acho que é de atenção, vai existir uma cobrança maior, é esperado que existirão mais pessoas querendo controlar coisas, querendo saber, então, é importante trabalhar bastante a transparência, gestão a vista, para que você tenha formas bem simples de comunicação a todo instante para que não exista desconfiança em relação ao que o time está fazendo.
Diulia Almada: Perfeito. Com esse fechamento as pessoas já terão atividade para o mês todo para refletir, pensar se estão seguindo essa linha de raciocínio, como está sendo o impacto dentro das organizações que atuam. Queria agradecer demais a Adine pela sua participação, por ter aceitado estar conosco. Quem nos acompanha fiquem à vontade para mandar mensagem através do @osagilistas, para mandar e-mail nos agilistas@dtidigital.com.br e para interagir, porque só conseguimos seguir relevantes, trazer temas interessantes, convidados, a partir dos feedback e do que vamos captando do que vem acontecendo e do que precisa ser trabalhado e conversado. Muito obrigada, Adine, foi ótimo.
Adine Paula: Obrigada, vocês, pelo convite. Fico a disposição.
Vinicius: Queria agradecer também a Adine. Um dia que estiver aqui em BH, vem aqui conhecer o escritório da DTI, que é a empresa que está por trás dos agilistas, que a gente tem um escritório bem grande aqui, vem comer um pão de queijo, tomar um cafezinho com a gente.
Adine Paula: Eu vou comer o pão o queijo. Eu estou no interior de São Paula, mas eu sou de uma cidade do interior de Goiás.
Diulia Almada: Que legal. Bom demais. Então, estando por aqui venha nos visitar, outros convites com certeza virão para podermos conversar sobre outros temas também. Foi muito bom gente, muito obrigada, valeu demais Vinição.
Vinicius: Valeu pessoal, valeu Djulia. Até mais. Tchau.
Diulia Almada: Até mais.
Adine Paula: Até mais. Tchau, tchau.
Será que em meio aos desafios do momento, o melhor é voltar aos formatos tradicionais?
Nesse episódio, Adine Paula, Coordenadora de Customer Experience na Alelo, explica quais são as práticas ágeis mais importantes para esses tempos. Bateu a curiosidade? Então dá o play!
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