Pedro: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindos a mais um episódio dos Agilistas. No início do ano a gente fez uma sequência de episódios, não é, Diulia, sobre tendências que viriam para o ano de 2023.
Diulia: Pois é, e foi um exercício muito legal, quase uma futurologia, a gente fazendo essa previsão, vendo o que estava mais em alta, então a gente contou com convidados super especiais que ajudaram nessa tarefa, que a gente por si só ia ficar com poucas opções, mas eles trouxeram vários pontos na época.
Pedro: Estou tendo um deja vu gigantesco aqui, olhando para a Fernandinha e para o Ale, bem-vindos.
Diulia: Pois é, que inclusive já no começo, quando estava nos primeiros episódios, participando dos Agilistas.
Pedro: Eram nossas estreias, não é, Diulia?
Diulia: Exatamente.
Pedro: Muito legal. Agora vamos ver se nossas profecias se realizaram, que a gente falou lá no início do ano. A gente apostou em vários tópicos aí, a gente trouxe alguns tópicos de engenharia, de produto, de design. Vamos conversar um pouquinho hoje para ver se essas profecias se realizaram, mas antes de a gente falar, a gente está agora, dois terços do ano de 2023, seu ano foi produtivo até aqui, Fernandinha?
Fernandinha: Foi, foi produtivo. Primeiro boa tarde para todo mundo, boa noite, bom dia para todo mundo. Eu sou a Fernanda, sou liderança da engenharia da DTI, já vim aqui nos Agilistas várias vezes, e como vocês falaram, participei desse episódio de tendências. E sim, meu ano foi produtivo, e cada vez mais sendo falado assim dessa palavra de produtividade, eficiência digital, então acho que esse tema realmente está sendo um tema em alta em 2023.
Pedro: Vamos falar disso, com certeza. E o seu, Alê? Foi um ano produtivo? Dá um oi para a galera aí.
Alê: E aí, pessoal? Aqui é o Alexandre. Sou uma das lideranças de produto aqui na DTI também, e produtividade está sendo a palavra mais falada do ano. Eu acho que isso tem gerado grandes consequências, que a gente vai comentar um pouquinho, mas tem sido produtivo, o ano foi produtivo.
Pedro: Produtividade, eficiência, está com vários disfarces, mas ela está aí o tempo todo.
Diulia: Exatamente, é a buzzword, que está aí.
Pedro: Antes de a gente falar desse trending topics de eficiência, vamos falar do maior do Twitter, o ChatGPT, inteligência artificial, que não saiu das nossas telinhas esse ano. Era uma coisa um pouco mais novidade na época, apesar de não ser uma tecnologia nova, a AI generativa veio com o chat como uma coisa mais nova na época, e a gente falou muito sobre isso. Eu queria perguntar para vocês o que vocês acham que mudou nas rotinas dos times de produto, a galera usou mesmo? Isso apareceu nos produtos, ou não? Vou passar essa para o Alê. Fala aí, Alê.
Alê: Eu vi aplicações bem interessantes do ChatGPT no dia a dia das pessoas de produto, escrita de história, definição de formato dessas questões. Eu vejo que foi muito mais na questão de produtividade mesmo, de agilizar o processo de dar trabalho mesmo, que acho que o ChatGPT é o que tem mais a adicionar, então eu vejo que assim, mudou, mas talvez eu esperava mais.
Pedro: Eu compartilho um pouco disso. Eu acho que a gente falou demais, e a gente criou uma coisa muito gigantesca, todos os produtos agora vão utilizar o GPT. A inteligência por trás dos produtos, mecanismo de pesquisa, tudo vai ser o GPT, eu acho que não foi tanto assim. O que você acha, Fernandinha?
Fernandinha: Eu não concordo com vocês, não. Eu acredito que mudou bastante a rotina dos times. Eu sou host do Entre Chaves também, que é o outro podcast técnico aqui da DTI, e a gente já fez vários episódios sobre GPT, a gente está para fazer um de AI generativo um pouco mais técnico, mas eu acredito que tanto o GPT quanto o Bard, que é o outro do Google, quanto o Bing, tem o Bing Chat também, são ferramentas que são LLNs, que usam modelos de linguagem e linguagem natural para a gente conseguir conversar bem com eles e resolver problemas, e eu acho que os times têm usado bastante, pelo menos os times da parte do desenvolvimento têm usado bastante. Eu acho que existe uma preocupação bem grande aí em relação à segurança dos dados, do que compartilhar, que realmente, pelo menos a interface gratuita do GPT, a gente não deve compartilhar coisas sensíveis, isso é importantíssimo, mas trouxe uma produtividade grande para os times em relação à trechos curtos de código, a encontrar algoritmos, e principalmente, eu acho, na parte de testes automatizados e de documentação, que são dois pontos do fluxo de desenvolvimento, que essas inteligências artificiais aceleram bastante. E não só elas, eu acho que outras ferramentas. Eu acho que o GPT veio trazendo isso muito, e aí o lançamento de outras ferramentas de Copilot, o próprio GitHub Copilot, já integrado na ideia dos desenvolvedores, mas a Amazon também tem uma ferramenta de Copilot deles que é bem semelhante ao GPT, e há outras ferramentas que estão incorporando o Copilot, por exemplo, a própria Microsoft 365, o Office, agora tem Copilot no Teams, tem Copilot para tudo que é lado, próprio Power BI também, alguns desses Copilots ainda estão em preview, ainda não estão totalmente liberados para o público, mas eu acredito que o potencial de aceleração desses Copilots, do GPT, é gigantesco mesmo.
Pedro: Sim
Fernandinha: Então, assim, eu acho que a gente pode até…talvez não estejamos vendo um resultado 100% generalizado de aumentar a velocidade em todos os fluxos do nosso processo, mas eu acredito que na parte de desenvolvimento, o potencial é enorme mesmo.
Pedro: E talvez a gente possa falar desse outro patamar mais generalizado, chegando também no próximo ciclo, no próximo ano, talvez a gente já esteja lá.
Fernandinha: Exatamente. E uma outra coisa que eu queria trazer aqui nesse tópico, é do Copilot X, que é basicamente uma versão como se fosse um beta do Copilot, não é um produto separado, mas ele é como se fosse a visão futura do GitHub Copilot, que eles chamaram de Copilot X, e aí ele é basicamente como se fosse um GPT integrado na ideia dos desenvolvedores, que aí traz o melhor do GPT com o Copilot, com a parte de ser integrado diretamente ali na ferramenta que o desenvolvedor usa no dia a dia para desenvolver, então assim, eu acredito num ganho de produtividade, a própria Microsoft, eles pregam ganhos tipo de 55%, se não me engano, mas é claro, talvez não seja isso tudo, mas eu acredito que uns 20% a 30%.
Pedro: Transformou sim, então?
Fernandinha: Eu acredito que transformou. A minha opinião é: transformou.
Diulia: É. Eu concordo com a Fernandinha no sentido de que existem muitos recursos hoje que podem ser utilizados. Eu acho que o que a gente ainda está caminhando e talvez no desenvolvimento a gente está caminhando mais rapidamente do que nos outros pilares pelo menos, assim, é a questão de desenvoltura para poder utilizar as ferramentas de uma maneira que realmente vá fazer diferença na rotina, porque pelo menos para o design, tem ferramentas saindo toda semana que vai ajudar na parte de prototipação, que vai ajudar na parte de fluxo, que vai ajudar na parte de documentação. As possibilidades são enormes. A gente está tendo no Figma também algumas evoluções, o Notion cheio de recursos, o Lyra também. Então, não só ferramentas novas, como a evolução de ferramentas que já eram utilizadas e que estão com recursos adaptados para a parte de inteligência artificial. Agora, a desenvoltura do time, das pessoas olharem para os recursos que existem e traduzir isso dentro da rotina, talvez esse seja o passo para 2024, para poder naturalizar o uso da ferramenta.
Pedro: Fernandinha concordou.
Fernandinha: Eu concordo que as ferramentas, a tendência delas, é de realmente incorporar pelo menos algum tipo de Copilot, algum tipo de inteligência artificial dentro, como você falou, do Figma e de outras, e eu acho que a grande preocupação das empresas ainda com segurança, como eu falei, de poxa, posso usar ou não?
Pedro: Direitos autorais.
Fernandinha: É, o que que eu faço? Se eles estão usando meu código para treinar modelo, eles vão reivindicar autoria do meu código, ou não, ou eles vão vazar o meu código de alguma forma? Então acho que isso tudo, não só o código, como eu estou falando o código aqui, mas não só código, mas sei lá, um Figma da vida, eu vou vazar o que eu estou criando de prototipação dentro do Figma, vão vazar minha estratégia de negócios? Então, acho que isso é importante, mas eu não acho que a gente vai esperar 2024 para ver isso acontecendo, mas acho que isso vai ser mais rápido. De verdade.
Pedro: Eu posso mudar de ideia no meio do episódio? Porque eu estava lembrando de uma coisa que eu li hoje cedo que é, a crise dos roteiristas de Hollywood que está rolando até hoje, que tem muito a ver com o tanto que a inteligência artificial mudou a vida dos estúdios e tudo mais. Realmente, está aí, está na porta, Fernandinha. Você está certa.
Fernandinha: Não sei se talvez eu esteja sendo muito sonhadora, mas eu acredito realmente que antes de 2024, a gente vai ver coisas mais disruptivas ainda.
Pedro: Vou até aproveitar o momento para fazer uma confissão: eu não sou desenvolvedor, mas eu uso ferramentas, o Alê já sabe, porque ele já me viu usar. Inclusive, fica a recomendação aí, galera, chama Gama App, que faz apresentações, você só manda os tópicos lá, e aliás, se você quiser gerar o roteiro, os tópicos do que você quer apresentar, no GPT, e jogar lá para o Gamma App, ele pode subir uma apresentação pronta. Veio uma apresentação linda no design que aprovaria pelos nossos designers da DTI? Não seriam aprovados, mas é o que eu falo, acho que muitas dessas coisas ajudam a sair do zero, porque eu acho que aquela inércia inicial, você pula ela, porque é mais fácil você alterar uma coisa que já foi iniciada, do que você partir de um papel em branco. Então, eu tenho usado muito disso.
Diulia: E isso que você comentou é muito importante no sentido de que às vezes para o profissional que trabalha naquela área, o grande diferencial é justamente o conhecimento específico que a pessoa tem, então a inteligência artificial não necessariamente vai dar o resultado tipo, beleza, fiz o seu trabalho para você, pode ficar de boa que não precisa se preocupar mais, mas seja para pessoas que não estão acostumadas para poder fazer aquele tipo de tarefa, tendo uma curva de aprendizado um pouco maior, ou até para poder sair do zero, acho que é muito da forma como a gente utiliza para poder aproveitar o que a gente tem.
Fernandinha: Eu só queria trazer mais um ponto nesse tópico do GPT que eu vi uma pesquisa que saiu, agora eu estou sem saber se foi em Oxford ou Harvard, não estou 100% certa, mas estava falando que o GPT tem ficado mais burro ao longo do tempo, que no início do ano ele respondia perguntas, principalmente matemática e de código com mais assertividade do que agora, e aí não se sabe muito bem o motivo, se é porque eles estão com alguma dificuldade de processamento, ou se eles estão tirando processamento, por exemplo, do GPT 3.5, que é a interface que é gratuita, ela consome API do GPT 3.5, então não se sabe, por exemplo, se eles estão tirando processamento para que você precise comprar as novas versões e que lá você vai ter uma coisa mais assertiva ou se eles estão com alguma dificuldade de processamento dos dados, enfim, não se sabe muito bem o motivo, mas essa pesquisa, nos diz que o GPT tem ficado mais burro ao longo do tempo.
Pedro: Ele pode estar estressado. O mundo inteiro está usando e está todo mundo tentando achar as falhas dele. Mas vamos emendar no tópico de segurança, então? Que tem mais a ver, que a Fernandinha comentou aí, e no episódio em que a gente falou sobre engenharia, a gente falou muito sobre o aumento dos ataques cibernéticos, a gente citou até alguns exemplos na época. Mas e aí, Fernandinha? Isso virou mesmo? Os ataques aconteceram mais ainda, as empresas se prepararam mais ou não? Como você viu isso daí?
Fernandinha: Eu estava vendo uma pesquisa justamente que os ataques desse ano, nesse primeiro trimestre, aumentaram 31% em relação ao ano passado. Agora estou na dúvida se foi no primeiro trimestre ou no primeiro semestre, mas aumentaram em relação ao ano passado, e assim, eu acho que segurança é um tema que a gente não vai parar de se preocupar nunca mais, que realmente, cada vez é mais fácil você usar ferramentas, tanto de engenharia social, quanto as próprias ferramentas técnicas para invadir coisas, e cada vez mais os sistemas têm que ficar bem preparados para isso, então eu acho que novos ataques ocorreram, e também uma outra coisa bem legal que eu estava pesquisando, é que recentemente uma biblioteca, por exemplo, de desenvolvimento, que é uma biblioteca de mocar dados em testes, para você colocar dados falsos no seu teste, ela estava com uma vulnerabilidade de expor e-mails para o serviço da Agile, então assim, uma biblioteca que muitos projetos usam, muitos mesmo. É uma biblioteca bem comum, bem popular. E aí você pensa: uma biblioteca dessas, que muitos projetos devem usar, está com uma vulnerabilidade dessas, como fazer? Se a gente não se preocupa com segurança, como ligar com isso? Então, eu acho que cada vez mais a gente vê a importância de realmente ter uma cultura de dev sec ops, de ter a segurança em todas as etapas, realmente, do nosso fluxo, tanto o desenvolvimento quanto de operação de produto digital, e o quanto é importante que isso esteja realmente integrado nos nossos pipelines, realmente integrado na nossa entrega automatizada, para que coisas, vulnerabilidades como essa não passem, e a gente não exponha os nossos produtos.
Diulia: E a gente comentando sobre uso de ferramentas, meios para poder classificar a construção das soluções, vai tornando-os mais complexos, porque antes talvez você tivesse que conferir a segurança ali de duas, três ferramentas que você utiliza mais no dia a dia, onde você está disponibilizando, o código e afins. Hoje em dia, você utiliza mais ferramentas, você tem que validar mais ferramentas também para poder garantir que está seguro.
Pedro: Essa é a buzzword exata o “devSecOps”, e talvez a gente não usou o termo ali na época, no início do ano, mas a gente falou no episódio com o Felipão de dev ops como artimanha para fazer entregas mais rápidas, mais frequentes, e aí com certeza a dev sec ops foi uma parada que a gente ouviu bastante esse ano. O que eu me surpreendi um pouco, até falando de segurança, porque eu não sei se eu estou certo em assumir isso, mas eu ainda remeto a ambientes em projetos, produtos na nuvem, como uma coisa mais moderna, mais correta em termos de segurança também, então apostar na nuvem, e eu me deparei com algumas empresas e organizações ao longo desse ano que eu fiquei assim, gente, pelo amor de Deus, como não está na nuvem ainda? Não tem ainda, Fernandinha?
Fernandinha: Tem mesmo. E a dúvida dessas empresas que ainda tem os seus, eu estava discutindo isso ontem, gente, verdade, eu estava discutindo isso ontem. Acredito que muitas das empresas tradicionais ainda têm suas aplicações, ou seja, em servidores físicos mesmo, é justamente é segurança, é medo da nuvem não ser segura, só que na verdade, talvez a nuvem, ela tem muitos mecanismos de segurança. Uma pessoa até me falou assim: “mas talvez essas empresas têm medo por talvez não ter uma equipe de TI tão madura a ponto de conseguir sustentar uma arquitetura na nuvem,” e que talvez aquela coisa, por mais que física ali não seja tão segura, mas ela está ali quase como autocontida, ela não está fora dos nossos controles, e eu achei esse argumento que me pareceu fazer sentido, de realmente talvez essas empresas ainda não têm tanta confiança mesmo em colocar as coisas na nuvem por não ter tanto conhecimento, ou não ter um time que tem que tenha tanto conhecimento para conseguir sustentar esses produtos.
Pedro: E aí o medo era tanto que não quis levar para o estado da arte da coisa.
Diulia: Agora, uma outra coisa que a gente ouviu demais…
Pedro: Já sei o que você vai falar.
Diulia: E aí Alê vai poder endossar, que a gente ouviu demais, eu já estou até dando spoiler, nem perguntando se foi um tópico que realmente…
Pedro: A gente não só ouviu demais, a gente falou demais.
Diulia: É, tem essa parte aí também, foi com relação às restrições e as cobranças. A gente vê que a gente teve nos últimos anos aquele boom de investimentos, esse ano veio com um pouco mais de restrição, de o pessoal tentar entender melhor se fazia sentido trabalhar com alguma iniciativa de tecnologia ou não, se era o momento, se realmente precisava de tantas frentes. Como é que isso evoluiu na realidade dos times? Seja com relação ao volume, seja com relação à expectativa, coisas que testam, o processo mesmo.
Alê: Vocês notaram que aumentou a cobrança? Eu acho que ninguém ficou com dúvida esse ano sobre a cobrança. E aí o que eu vejo muito acontecendo nos times foram os prazos estarem mais apertados, menos espaço para você errar uma estimativa, a cobrança dessa questão de ser mais certo quando você está começando uma coisa, o direcionamento das lideranças das empresas descendo para o time um pouco mais já restrito, com menos espaço para dialogar e trazer grandes ideias, algo mais definido, a gente está vendo os times um pouco mais enxutos, a gente vê o pessoal às vezes nem só reduzindo a questão de quantidade, mas às vezes senioridade do time. Então, às vezes uma pessoa que estava sênior baixa para um cargo mais pleno, porque de fato tem menos investimento vindo. Então, eu acho que isso é uma coisa que dá para ver muito clara. Já o escopo fechado é assim, a maldição do escopo fechado, eu vejo assim, os times que já estavam rodando com metodologia de produtos não necessariamente fecharam para escopo: “não vamos ter mais tipos de produto,” não teve esse grande retrocesso do ponto de vista de escopo, mas sim um direcionamento mais claro: “olha, a gente quer chegar aqui, a gente não tem tanto espaço para fazer um discovery grande, a gente tem que fazer discoveries mais curtos com entrega de valor mais rápida,” mas uma coisa que me chamou a atenção foram, talvez em novos times, ou novas empresas que estejam buscando desenvolvimento. Essas empresas têm trazido já um pouco mais de visão fechada, ou uma coisa assim, eu preciso de um time para entregar isso até tal data, às vezes já chega até com um cronograma que está esperando de entrega, então eu acho que teve essa movimentação, acho que teve um pouco dos dois. Acho que a gente piorou um pouco na questão de novos pedidos, já chega meio fechado, mas a questão dos times acho que não teve tanto impacto assim.
Diulia: Uma outra coisa que você, Alê, puxou demais, inclusive, foi a parte de medição, parte de acompanhamento para poder entender se os resultados estão fazendo sentido. E aí, não só na parte de produto, como na parte de operação, de engenharia, isso passou a ser um tópico que é impossível seguir sem acompanhar porque traz evidências de que o time está caminhando para poder tirar daquele feeling de, está indo, não está indo. Como vocês veem o impacto dessas medições? Realmente a gente já está num ponto de falar assim: “está fazendo diferença, está ajudando a construir confiança”?
Fernandinha: A gente até gravou no Entre Chaves, no episódio sobre a bolha tech, agora até esqueci o nome, mas o fim da bolha tech. A gente gravou um episódio no Entre Chaves do fim da bolha tech, que a gente fala muito sobre isso, sobre o quão é importante os times, e o quão eu acho que está sendo importante os times saberem, entenderem mais sobre as suas métricas, tanto de valor, de qual o valor que estou gerando, e agora em tempos de proatividade e eficiência digital, eu preciso saber o valor que eu estou gerando, porque a gestão de custo está muito mais rígida. Então, antes, se eu estava num oba-oba que está todo mundo: “eu tenho muito orçamento, eu tenho muito dinheiro,” e talvez um time ou outro vai passando ali sem provar o seu valor no dia a dia, agora eu preciso provar o meu valor no dia a dia o tempo inteiro, porque senão o meu time vai ser o primeiro a ser cortado. Então, ter métricas de valor para mim, é um negócio muito importante, mas não só métrica de valor, métrica operacional também. Medir velocidade, medir capacidade, medir percentual de ativação de valor, quanto de valor eu estou ativando, qual é o meu percentual de code, essas coisas, elas se tornaram realmente realidade dos times, de entender mais a sua operação para conseguir otimizar.
Pedro: A Yas falava isso, no episódio que a gente gravou com ela, ela falou assim: o time ou a pessoa que não souber defender o que está fazendo, fazer um pitch rapidinho pelo menos de explicar qual é a proposta de valor daquilo que você está fazendo, têm grandes chances de serem cortadas, e seguindo mais adiante, aquele que não puder comprovar continuamente o valor daquilo que está entregando, com o melhor uso possível dos recursos, que é a eficiência, também, grandes chances de ser cortado.
Alê: Eu super concordo com isso que a Fernandinha falou e que você trouxe também, Pedro. A única coisa que eu acho que vale a pena citar é que eu acho que as empresas ainda não estão tão preparadas na questão do mindset de geração de valor ainda, então essa cobrança para mim veio muito mais na questão tática, dos times entregarem, do que de fato ter uma clara métrica de geração de valor, uma coisa que de fato os times sejam cobrados pelo resultado e não pelo processo.
Pedro: Verdade. Ainda existe alguma dificuldade mesmo.
Diulia: E até, Alê, não sei se você tem esse sentimento, mas acompanhando empresas de produto e realidades diversas, dá para poder sentir um certo retrocesso no espaço que o produto, a disciplina de produto, vinha alcançando, em alguns casos chegando C-level, um nível muito estratégico de conseguir influenciar muito a estrutura das organizações, e realmente desceu para um nível um pouco mais tático, operacional, de conseguir executar bem o processo, garantir a eficiência do time, garantir que vai estar orientado à geração de valor, então eu acho que isso também impactou um pouco na forma como a atuação vinha crescendo, e aí até um outro ponto que a gente colocou aqui, que eu acho que já vale a gente puxar, é com relação a uma tendência que a gente já tinha mencionado de agrupar alguns papeis que vinham caminhando em uma via muito especialista…
Pedro: Isso aconteceu, certamente.
Diulia: É, que a gente via muitas quebras, muitos profissionais atuando dentro de um mesmo contexto, com especialidades diferentes, com menos investimento, naturalmente os times que tiveram que se reorganizar. Como vocês viram o impacto disso?
Alê: Acho que é um pouco até natural, do momento, a gente revisar papeis que podem ter algum tipo de sobreposição. Então, eu vejo que os clientes estão exigindo que a gente tenha times mais enxutos, então a gente precisa se adaptar a isso, então eu acho que todo mundo está de acordo que seria bom ter, além do time, o DL, o SM, e o PO, mas assim, alguns momentos, a gente está tendo que até enxugar um pouco desses papeis e ter uma liderança um pouco mais multidisciplinar que trabalhe como SM, como PO ali, para justamente atender essa necessidade do cliente agora que reduziu o investimento e está precisando ter uma eficiência maior nos times também. Então, eu vejo alguns papeis se unindo, igual a essa questão do SM, do PO, em alguns casos, mas uma coisa eu acho que denominando papel que eu acho super legal de citar que aconteceu, foi a questão do Airbnb, que eles declararam para o mercado a união do PM com o PMM, então assim, não foi uma grande mudança do ponto de vista do dia a dia deles lá, imagino que não tenha mudado muita coisa, mas eles declararam para o mercado que todo aquele fuzuê…
Pedro: Gerou um alvoroço enorme.
Alê: É, que ia morrer o cargo de PM, agora não existia mais, eu lembro de sair um monte de notícia em relação a isso, mas isso mostra que eles tiraram um pouco da zona cinzenta entre o PM e o PMM. Então, acho que isso mostra o quanto uma empresa do tamanho do Airbnb está focada em de fato gerar eficiência, não só de custo, mas também dos próprios papéis.
Diulia: Eu acho que vale só o disclaimer do que significa a sigla PMM, que eu acho que vai ter gente que não vai saber, porque PM está mais na rotina de product manager, agora o PMM está com o foco, além da questão da gestão de produto, mais focado no recorte de marketing, então é daí que vem o outro M. Só para fazer o glossário.
Alê: É isso aí, product marketing manager.
Pedro: Eu tenho um pequeno ranço com essa coisa toda. Já que é para a gente dar um pouquinho mais de opinião, que é o seguinte, e a gente até chegou a falar um pouco sobre isso na newsletter do Agilistas também, porque agora é assim, a cada dois, três meses, alguém quer matar uma função do ágil. Agora já estão falando, eu vi algum alvoroço também sobre a galera de front end. Eu falei, não, não é possível, sabe? Isso o que aconteceu com o Airbnb, na minha opinião, é uma parada assim: já vinha acontecendo de forma sutil, e a galera pega e extrapola o negócio como se, tipo assim, o Airbnb da noite para o dia demitiu todos os PMs e agora só tem PMM. Na verdade, não. Foi uma transformação meio que natural do papel, que chegou um determinado ponto, como o Alê falou, que eles declaram, oficializaram aquilo, até para explicar talvez por que que de repente todo mundo lá é PMM, sei lá. Alguma coisa assim. Mas eu tenho um certo ranço nesse estágio de publicar a morte de um papel determinado…
Diulia: E o negócio cresce, porque quando é uma empresa grande, a declaração em si, de você pegar a declaração direta, é uma declaração simples. O cara vai lá, ele explica qual é a lógica, coisa de cinco, dez minutos. Explicou qual é a lógica, estratégia, aí começa no LinkedIn, a review do comentário da pessoa, aí o negócio escala.
Fernandinha: Mas em relação à dev, eu acredito muito nesse negócio que o Alê falou da multidisciplinaridade das pessoas, porque até então, com o mercado muito aquecido de desenvolvimento, principalmente, a gente viu uma especialização muito grande de pessoas, de pessoas que só querem trabalhar com a tecnologia A ou B ou C, e agora eu sinto que está havendo uma centralização de novo, uma generalização de novo, de tipo assim…
Pedro: A gente se torna mais generalista, sim.
Fernandinha: Olha, gente, vamos aqui, não vai ter espaço se você for um grande especialista e você não se preocupar com outras coisas. Você ter uma carreira talvez um pouco mais diluída, vamos falar assim, você não ser um grande especialista. E aí eu vejo isso. E a gente até num episódio, vou ficar fazendo o jabá aqui o tempo inteiro, que é foda, desculpa, que é difícil…
Diulia: Todo mundo já conhece, Fernandinha.
Fernandinha: É difícil, porque eu lembro, porque são temas que a gente trata no Entre Chaves também, e a gente fez um episódio lá sobre por que os devs não podem mais ignorar operações, tem muito disso de falar: gente, os devs, eles não podem também agora ser só devs mais, eles também têm que estar atento às métricas de produto, eles também têm que estar atento às métricas de operações. Existem papéis no SCRUM e nos times para isso? Às vezes até existe, mas talvez no mindset, numa mentalidade de redução, a gente vai precisar que os devs tenham algumas expertises que talvez um ano, dois anos atrás, eles não precisavam ter.
Pedro: E não é porque a gente está deixando de usar certa nomenclatura que aquela atividade específica deixou de existir. Eu acho que é isso o que as pessoas confundem quando lê esse tipo de notícia.
Fernandinha: E só ajustando um negócio que eu falei aqui, porque não que antes eles não tinham que saber isso, inclusive eu sempre acreditei que devs, eles têm que ser mais generalistas, e eles têm que saber esse tipo de coisa, para mim um bom dev sabe de produto e ele sabe de operação, mas talvez antes o mercado não estava exigindo isso deles, e agora o mercado está.
Pedro: E se tem um segmento em que todas as funções se transformam o tempo todo, é tecnologia. Deve ter mais ou menos uns dois anos que eu me denomino aí tech manager, alt manager, qualquer coisa manager, que bicho, eu não faço a mesma coisa há dois anos. Então assim, se eu for ficar me apegando ao nome que eu dei lá atrás, não vão me ver.
Diulia: Muda o nome, muda o que é a expectativa, muda a complexidade, está ali, é essa a rotina.
Pedro: É matador de problema. A gente pega desafio e vamos embora.
Fernandinha: Eu gosto muito dessa definição, de matador de problema, de resolvedor de problema. Eu fico zoando que eu sou comunicadora. Um, como comunicadora, segundo, poderia ser resolvedora de problema. Eu acho que é muito isso.
Pedro: Exato. E de uns meses para cá a gente até é podcaster também.
Fernandinha: Vocês também são comunicadores e resolvedores de problema. A gente ainda vai falar sobre eficiência digital mais ou a gente acabou esse tópico?
Pedro: Vamos, mas a gente continua no próximo episódio, porque a gente ainda tem muito assunto e é legal a gente conversar sem correria. Então, fiquem ligados na continuação que sai na semana que vem onde a gente ainda volta a falar mais um pouco sobre produtividade, e ainda outros temas como low code, design, escopo fechado, entre vários outros aí que fizeram parte das nossas previsões do início do ano. Então, obrigado pela presença, Fernandinha e Alê. Quem estiver gostando do papo, não deixe de interagir com a gente pelas nossas redes sociais, busquem lá Os Agilistas e deixem sua mensagem nos nossos conteúdos. Nos encontramos no próximo episódio, até a próxima, pessoal.
Pedro: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindos a mais um episódio dos Agilistas. No início do ano a gente fez uma sequência de episódios, não é, Diulia, sobre tendências que viriam para o ano de 2023.
Diulia: Pois é, e foi um exercício muito legal, quase uma futurologia, a gente fazendo essa previsão, vendo o que estava mais em alta, então a gente contou com convidados super especiais que ajudaram nessa tarefa, que a gente por si só ia ficar com poucas opções, mas eles trouxeram vários pontos na época.
Pedro: Estou tendo um deja vu gigantesco aqui, olhando para a Fernandinha e para o Ale, bem-vindos.
Diulia: Pois é, que inclusive já no começo, quando estava nos primeiros episódios, participando dos Agilistas.
Pedro: Eram nossas estreias, não é, Diulia?
Diulia: Exatamente.
Pedro: Muito legal. Agora vamos ver se nossas profecias se realizaram, que a gente falou lá no início do ano. A gente apostou em vários tópicos aí, a gente trouxe alguns tópicos de engenharia, de produto, de design. Vamos conversar um pouquinho hoje para ver se essas profecias se realizaram, mas antes de a gente falar, a gente está agora, dois terços do ano de 2023, seu ano foi produtivo até aqui, Fernandinha?
Fernandinha: Foi, foi produtivo. Primeiro boa tarde para todo mundo, boa noite, bom dia para todo mundo. Eu sou a Fernanda, sou liderança da engenharia da DTI, já vim aqui nos Agilistas várias vezes, e como vocês falaram, participei desse episódio de tendências. E sim, meu ano foi produtivo, e cada vez mais sendo falado assim dessa palavra de produtividade, eficiência digital, então acho que esse tema realmente está sendo um tema em alta em 2023.
Pedro: Vamos falar disso, com certeza. E o seu, Alê? Foi um ano produtivo? Dá um oi para a galera aí.
Alê: E aí, pessoal? Aqui é o Alexandre. Sou uma das lideranças de produto aqui na DTI também, e produtividade está sendo a palavra mais falada do ano. Eu acho que isso tem gerado grandes consequências, que a gente vai comentar um pouquinho, mas tem sido produtivo, o ano foi produtivo.
Pedro: Produtividade, eficiência, está com vários disfarces, mas ela está aí o tempo todo.
Diulia: Exatamente, é a buzzword, que está aí.
Pedro: Antes de a gente falar desse trending topics de eficiência, vamos falar do maior do Twitter, o ChatGPT, inteligência artificial, que não saiu das nossas telinhas esse ano. Era uma coisa um pouco mais novidade na época, apesar de não ser uma tecnologia nova, a AI generativa veio com o chat como uma coisa mais nova na época, e a gente falou muito sobre isso. Eu queria perguntar para vocês o que vocês acham que mudou nas rotinas dos times de produto, a galera usou mesmo? Isso apareceu nos produtos, ou não? Vou passar essa para o Alê. Fala aí, Alê.
Alê: Eu vi aplicações bem interessantes do ChatGPT no dia a dia das pessoas de produto, escrita de história, definição de formato dessas questões. Eu vejo que foi muito mais na questão de produtividade mesmo, de agilizar o processo de dar trabalho mesmo, que acho que o ChatGPT é o que tem mais a adicionar, então eu vejo que assim, mudou, mas talvez eu esperava mais.
Pedro: Eu compartilho um pouco disso. Eu acho que a gente falou demais, e a gente criou uma coisa muito gigantesca, todos os produtos agora vão utilizar o GPT. A inteligência por trás dos produtos, mecanismo de pesquisa, tudo vai ser o GPT, eu acho que não foi tanto assim. O que você acha, Fernandinha?
Fernandinha: Eu não concordo com vocês, não. Eu acredito que mudou bastante a rotina dos times. Eu sou host do Entre Chaves também, que é o outro podcast técnico aqui da DTI, e a gente já fez vários episódios sobre GPT, a gente está para fazer um de AI generativo um pouco mais técnico, mas eu acredito que tanto o GPT quanto o Bard, que é o outro do Google, quanto o Bing, tem o Bing Chat também, são ferramentas que são LLNs, que usam modelos de linguagem e linguagem natural para a gente conseguir conversar bem com eles e resolver problemas, e eu acho que os times têm usado bastante, pelo menos os times da parte do desenvolvimento têm usado bastante. Eu acho que existe uma preocupação bem grande aí em relação à segurança dos dados, do que compartilhar, que realmente, pelo menos a interface gratuita do GPT, a gente não deve compartilhar coisas sensíveis, isso é importantíssimo, mas trouxe uma produtividade grande para os times em relação à trechos curtos de código, a encontrar algoritmos, e principalmente, eu acho, na parte de testes automatizados e de documentação, que são dois pontos do fluxo de desenvolvimento, que essas inteligências artificiais aceleram bastante. E não só elas, eu acho que outras ferramentas. Eu acho que o GPT veio trazendo isso muito, e aí o lançamento de outras ferramentas de Copilot, o próprio GitHub Copilot, já integrado na ideia dos desenvolvedores, mas a Amazon também tem uma ferramenta de Copilot deles que é bem semelhante ao GPT, e há outras ferramentas que estão incorporando o Copilot, por exemplo, a própria Microsoft 365, o Office, agora tem Copilot no Teams, tem Copilot para tudo que é lado, próprio Power BI também, alguns desses Copilots ainda estão em preview, ainda não estão totalmente liberados para o público, mas eu acredito que o potencial de aceleração desses Copilots, do GPT, é gigantesco mesmo.
Pedro: Sim
Fernandinha: Então, assim, eu acho que a gente pode até…talvez não estejamos vendo um resultado 100% generalizado de aumentar a velocidade em todos os fluxos do nosso processo, mas eu acredito que na parte de desenvolvimento, o potencial é enorme mesmo.
Pedro: E talvez a gente possa falar desse outro patamar mais generalizado, chegando também no próximo ciclo, no próximo ano, talvez a gente já esteja lá.
Fernandinha: Exatamente. E uma outra coisa que eu queria trazer aqui nesse tópico, é do Copilot X, que é basicamente uma versão como se fosse um beta do Copilot, não é um produto separado, mas ele é como se fosse a visão futura do GitHub Copilot, que eles chamaram de Copilot X, e aí ele é basicamente como se fosse um GPT integrado na ideia dos desenvolvedores, que aí traz o melhor do GPT com o Copilot, com a parte de ser integrado diretamente ali na ferramenta que o desenvolvedor usa no dia a dia para desenvolver, então assim, eu acredito num ganho de produtividade, a própria Microsoft, eles pregam ganhos tipo de 55%, se não me engano, mas é claro, talvez não seja isso tudo, mas eu acredito que uns 20% a 30%.
Pedro: Transformou sim, então?
Fernandinha: Eu acredito que transformou. A minha opinião é: transformou.
Diulia: É. Eu concordo com a Fernandinha no sentido de que existem muitos recursos hoje que podem ser utilizados. Eu acho que o que a gente ainda está caminhando e talvez no desenvolvimento a gente está caminhando mais rapidamente do que nos outros pilares pelo menos, assim, é a questão de desenvoltura para poder utilizar as ferramentas de uma maneira que realmente vá fazer diferença na rotina, porque pelo menos para o design, tem ferramentas saindo toda semana que vai ajudar na parte de prototipação, que vai ajudar na parte de fluxo, que vai ajudar na parte de documentação. As possibilidades são enormes. A gente está tendo no Figma também algumas evoluções, o Notion cheio de recursos, o Lyra também. Então, não só ferramentas novas, como a evolução de ferramentas que já eram utilizadas e que estão com recursos adaptados para a parte de inteligência artificial. Agora, a desenvoltura do time, das pessoas olharem para os recursos que existem e traduzir isso dentro da rotina, talvez esse seja o passo para 2024, para poder naturalizar o uso da ferramenta.
Pedro: Fernandinha concordou.
Fernandinha: Eu concordo que as ferramentas, a tendência delas, é de realmente incorporar pelo menos algum tipo de Copilot, algum tipo de inteligência artificial dentro, como você falou, do Figma e de outras, e eu acho que a grande preocupação das empresas ainda com segurança, como eu falei, de poxa, posso usar ou não?
Pedro: Direitos autorais.
Fernandinha: É, o que que eu faço? Se eles estão usando meu código para treinar modelo, eles vão reivindicar autoria do meu código, ou não, ou eles vão vazar o meu código de alguma forma? Então acho que isso tudo, não só o código, como eu estou falando o código aqui, mas não só código, mas sei lá, um Figma da vida, eu vou vazar o que eu estou criando de prototipação dentro do Figma, vão vazar minha estratégia de negócios? Então, acho que isso é importante, mas eu não acho que a gente vai esperar 2024 para ver isso acontecendo, mas acho que isso vai ser mais rápido. De verdade.
Pedro: Eu posso mudar de ideia no meio do episódio? Porque eu estava lembrando de uma coisa que eu li hoje cedo que é, a crise dos roteiristas de Hollywood que está rolando até hoje, que tem muito a ver com o tanto que a inteligência artificial mudou a vida dos estúdios e tudo mais. Realmente, está aí, está na porta, Fernandinha. Você está certa.
Fernandinha: Não sei se talvez eu esteja sendo muito sonhadora, mas eu acredito realmente que antes de 2024, a gente vai ver coisas mais disruptivas ainda.
Pedro: Vou até aproveitar o momento para fazer uma confissão: eu não sou desenvolvedor, mas eu uso ferramentas, o Alê já sabe, porque ele já me viu usar. Inclusive, fica a recomendação aí, galera, chama Gama App, que faz apresentações, você só manda os tópicos lá, e aliás, se você quiser gerar o roteiro, os tópicos do que você quer apresentar, no GPT, e jogar lá para o Gamma App, ele pode subir uma apresentação pronta. Veio uma apresentação linda no design que aprovaria pelos nossos designers da DTI? Não seriam aprovados, mas é o que eu falo, acho que muitas dessas coisas ajudam a sair do zero, porque eu acho que aquela inércia inicial, você pula ela, porque é mais fácil você alterar uma coisa que já foi iniciada, do que você partir de um papel em branco. Então, eu tenho usado muito disso.
Diulia: E isso que você comentou é muito importante no sentido de que às vezes para o profissional que trabalha naquela área, o grande diferencial é justamente o conhecimento específico que a pessoa tem, então a inteligência artificial não necessariamente vai dar o resultado tipo, beleza, fiz o seu trabalho para você, pode ficar de boa que não precisa se preocupar mais, mas seja para pessoas que não estão acostumadas para poder fazer aquele tipo de tarefa, tendo uma curva de aprendizado um pouco maior, ou até para poder sair do zero, acho que é muito da forma como a gente utiliza para poder aproveitar o que a gente tem.
Fernandinha: Eu só queria trazer mais um ponto nesse tópico do GPT que eu vi uma pesquisa que saiu, agora eu estou sem saber se foi em Oxford ou Harvard, não estou 100% certa, mas estava falando que o GPT tem ficado mais burro ao longo do tempo, que no início do ano ele respondia perguntas, principalmente matemática e de código com mais assertividade do que agora, e aí não se sabe muito bem o motivo, se é porque eles estão com alguma dificuldade de processamento, ou se eles estão tirando processamento, por exemplo, do GPT 3.5, que é a interface que é gratuita, ela consome API do GPT 3.5, então não se sabe, por exemplo, se eles estão tirando processamento para que você precise comprar as novas versões e que lá você vai ter uma coisa mais assertiva ou se eles estão com alguma dificuldade de processamento dos dados, enfim, não se sabe muito bem o motivo, mas essa pesquisa, nos diz que o GPT tem ficado mais burro ao longo do tempo.
Pedro: Ele pode estar estressado. O mundo inteiro está usando e está todo mundo tentando achar as falhas dele. Mas vamos emendar no tópico de segurança, então? Que tem mais a ver, que a Fernandinha comentou aí, e no episódio em que a gente falou sobre engenharia, a gente falou muito sobre o aumento dos ataques cibernéticos, a gente citou até alguns exemplos na época. Mas e aí, Fernandinha? Isso virou mesmo? Os ataques aconteceram mais ainda, as empresas se prepararam mais ou não? Como você viu isso daí?
Fernandinha: Eu estava vendo uma pesquisa justamente que os ataques desse ano, nesse primeiro trimestre, aumentaram 31% em relação ao ano passado. Agora estou na dúvida se foi no primeiro trimestre ou no primeiro semestre, mas aumentaram em relação ao ano passado, e assim, eu acho que segurança é um tema que a gente não vai parar de se preocupar nunca mais, que realmente, cada vez é mais fácil você usar ferramentas, tanto de engenharia social, quanto as próprias ferramentas técnicas para invadir coisas, e cada vez mais os sistemas têm que ficar bem preparados para isso, então eu acho que novos ataques ocorreram, e também uma outra coisa bem legal que eu estava pesquisando, é que recentemente uma biblioteca, por exemplo, de desenvolvimento, que é uma biblioteca de mocar dados em testes, para você colocar dados falsos no seu teste, ela estava com uma vulnerabilidade de expor e-mails para o serviço da Agile, então assim, uma biblioteca que muitos projetos usam, muitos mesmo. É uma biblioteca bem comum, bem popular. E aí você pensa: uma biblioteca dessas, que muitos projetos devem usar, está com uma vulnerabilidade dessas, como fazer? Se a gente não se preocupa com segurança, como ligar com isso? Então, eu acho que cada vez mais a gente vê a importância de realmente ter uma cultura de dev sec ops, de ter a segurança em todas as etapas, realmente, do nosso fluxo, tanto o desenvolvimento quanto de operação de produto digital, e o quanto é importante que isso esteja realmente integrado nos nossos pipelines, realmente integrado na nossa entrega automatizada, para que coisas, vulnerabilidades como essa não passem, e a gente não exponha os nossos produtos.
Diulia: E a gente comentando sobre uso de ferramentas, meios para poder classificar a construção das soluções, vai tornando-os mais complexos, porque antes talvez você tivesse que conferir a segurança ali de duas, três ferramentas que você utiliza mais no dia a dia, onde você está disponibilizando, o código e afins. Hoje em dia, você utiliza mais ferramentas, você tem que validar mais ferramentas também para poder garantir que está seguro.
Pedro: Essa é a buzzword exata o “devSecOps”, e talvez a gente não usou o termo ali na época, no início do ano, mas a gente falou no episódio com o Felipão de dev ops como artimanha para fazer entregas mais rápidas, mais frequentes, e aí com certeza a dev sec ops foi uma parada que a gente ouviu bastante esse ano. O que eu me surpreendi um pouco, até falando de segurança, porque eu não sei se eu estou certo em assumir isso, mas eu ainda remeto a ambientes em projetos, produtos na nuvem, como uma coisa mais moderna, mais correta em termos de segurança também, então apostar na nuvem, e eu me deparei com algumas empresas e organizações ao longo desse ano que eu fiquei assim, gente, pelo amor de Deus, como não está na nuvem ainda? Não tem ainda, Fernandinha?
Fernandinha: Tem mesmo. E a dúvida dessas empresas que ainda tem os seus, eu estava discutindo isso ontem, gente, verdade, eu estava discutindo isso ontem. Acredito que muitas das empresas tradicionais ainda têm suas aplicações, ou seja, em servidores físicos mesmo, é justamente é segurança, é medo da nuvem não ser segura, só que na verdade, talvez a nuvem, ela tem muitos mecanismos de segurança. Uma pessoa até me falou assim: “mas talvez essas empresas têm medo por talvez não ter uma equipe de TI tão madura a ponto de conseguir sustentar uma arquitetura na nuvem,” e que talvez aquela coisa, por mais que física ali não seja tão segura, mas ela está ali quase como autocontida, ela não está fora dos nossos controles, e eu achei esse argumento que me pareceu fazer sentido, de realmente talvez essas empresas ainda não têm tanta confiança mesmo em colocar as coisas na nuvem por não ter tanto conhecimento, ou não ter um time que tem que tenha tanto conhecimento para conseguir sustentar esses produtos.
Pedro: E aí o medo era tanto que não quis levar para o estado da arte da coisa.
Diulia: Agora, uma outra coisa que a gente ouviu demais…
Pedro: Já sei o que você vai falar.
Diulia: E aí Alê vai poder endossar, que a gente ouviu demais, eu já estou até dando spoiler, nem perguntando se foi um tópico que realmente…
Pedro: A gente não só ouviu demais, a gente falou demais.
Diulia: É, tem essa parte aí também, foi com relação às restrições e as cobranças. A gente vê que a gente teve nos últimos anos aquele boom de investimentos, esse ano veio com um pouco mais de restrição, de o pessoal tentar entender melhor se fazia sentido trabalhar com alguma iniciativa de tecnologia ou não, se era o momento, se realmente precisava de tantas frentes. Como é que isso evoluiu na realidade dos times? Seja com relação ao volume, seja com relação à expectativa, coisas que testam, o processo mesmo.
Alê: Vocês notaram que aumentou a cobrança? Eu acho que ninguém ficou com dúvida esse ano sobre a cobrança. E aí o que eu vejo muito acontecendo nos times foram os prazos estarem mais apertados, menos espaço para você errar uma estimativa, a cobrança dessa questão de ser mais certo quando você está começando uma coisa, o direcionamento das lideranças das empresas descendo para o time um pouco mais já restrito, com menos espaço para dialogar e trazer grandes ideias, algo mais definido, a gente está vendo os times um pouco mais enxutos, a gente vê o pessoal às vezes nem só reduzindo a questão de quantidade, mas às vezes senioridade do time. Então, às vezes uma pessoa que estava sênior baixa para um cargo mais pleno, porque de fato tem menos investimento vindo. Então, eu acho que isso é uma coisa que dá para ver muito clara. Já o escopo fechado é assim, a maldição do escopo fechado, eu vejo assim, os times que já estavam rodando com metodologia de produtos não necessariamente fecharam para escopo: “não vamos ter mais tipos de produto,” não teve esse grande retrocesso do ponto de vista de escopo, mas sim um direcionamento mais claro: “olha, a gente quer chegar aqui, a gente não tem tanto espaço para fazer um discovery grande, a gente tem que fazer discoveries mais curtos com entrega de valor mais rápida,” mas uma coisa que me chamou a atenção foram, talvez em novos times, ou novas empresas que estejam buscando desenvolvimento. Essas empresas têm trazido já um pouco mais de visão fechada, ou uma coisa assim, eu preciso de um time para entregar isso até tal data, às vezes já chega até com um cronograma que está esperando de entrega, então eu acho que teve essa movimentação, acho que teve um pouco dos dois. Acho que a gente piorou um pouco na questão de novos pedidos, já chega meio fechado, mas a questão dos times acho que não teve tanto impacto assim.
Diulia: Uma outra coisa que você, Alê, puxou demais, inclusive, foi a parte de medição, parte de acompanhamento para poder entender se os resultados estão fazendo sentido. E aí, não só na parte de produto, como na parte de operação, de engenharia, isso passou a ser um tópico que é impossível seguir sem acompanhar porque traz evidências de que o time está caminhando para poder tirar daquele feeling de, está indo, não está indo. Como vocês veem o impacto dessas medições? Realmente a gente já está num ponto de falar assim: “está fazendo diferença, está ajudando a construir confiança”?
Fernandinha: A gente até gravou no Entre Chaves, no episódio sobre a bolha tech, agora até esqueci o nome, mas o fim da bolha tech. A gente gravou um episódio no Entre Chaves do fim da bolha tech, que a gente fala muito sobre isso, sobre o quão é importante os times, e o quão eu acho que está sendo importante os times saberem, entenderem mais sobre as suas métricas, tanto de valor, de qual o valor que estou gerando, e agora em tempos de proatividade e eficiência digital, eu preciso saber o valor que eu estou gerando, porque a gestão de custo está muito mais rígida. Então, antes, se eu estava num oba-oba que está todo mundo: “eu tenho muito orçamento, eu tenho muito dinheiro,” e talvez um time ou outro vai passando ali sem provar o seu valor no dia a dia, agora eu preciso provar o meu valor no dia a dia o tempo inteiro, porque senão o meu time vai ser o primeiro a ser cortado. Então, ter métricas de valor para mim, é um negócio muito importante, mas não só métrica de valor, métrica operacional também. Medir velocidade, medir capacidade, medir percentual de ativação de valor, quanto de valor eu estou ativando, qual é o meu percentual de code, essas coisas, elas se tornaram realmente realidade dos times, de entender mais a sua operação para conseguir otimizar.
Pedro: A Yas falava isso, no episódio que a gente gravou com ela, ela falou assim: o time ou a pessoa que não souber defender o que está fazendo, fazer um pitch rapidinho pelo menos de explicar qual é a proposta de valor daquilo que você está fazendo, têm grandes chances de serem cortadas, e seguindo mais adiante, aquele que não puder comprovar continuamente o valor daquilo que está entregando, com o melhor uso possível dos recursos, que é a eficiência, também, grandes chances de ser cortado.
Alê: Eu super concordo com isso que a Fernandinha falou e que você trouxe também, Pedro. A única coisa que eu acho que vale a pena citar é que eu acho que as empresas ainda não estão tão preparadas na questão do mindset de geração de valor ainda, então essa cobrança para mim veio muito mais na questão tática, dos times entregarem, do que de fato ter uma clara métrica de geração de valor, uma coisa que de fato os times sejam cobrados pelo resultado e não pelo processo.
Pedro: Verdade. Ainda existe alguma dificuldade mesmo.
Diulia: E até, Alê, não sei se você tem esse sentimento, mas acompanhando empresas de produto e realidades diversas, dá para poder sentir um certo retrocesso no espaço que o produto, a disciplina de produto, vinha alcançando, em alguns casos chegando C-level, um nível muito estratégico de conseguir influenciar muito a estrutura das organizações, e realmente desceu para um nível um pouco mais tático, operacional, de conseguir executar bem o processo, garantir a eficiência do time, garantir que vai estar orientado à geração de valor, então eu acho que isso também impactou um pouco na forma como a atuação vinha crescendo, e aí até um outro ponto que a gente colocou aqui, que eu acho que já vale a gente puxar, é com relação a uma tendência que a gente já tinha mencionado de agrupar alguns papeis que vinham caminhando em uma via muito especialista…
Pedro: Isso aconteceu, certamente.
Diulia: É, que a gente via muitas quebras, muitos profissionais atuando dentro de um mesmo contexto, com especialidades diferentes, com menos investimento, naturalmente os times que tiveram que se reorganizar. Como vocês viram o impacto disso?
Alê: Acho que é um pouco até natural, do momento, a gente revisar papeis que podem ter algum tipo de sobreposição. Então, eu vejo que os clientes estão exigindo que a gente tenha times mais enxutos, então a gente precisa se adaptar a isso, então eu acho que todo mundo está de acordo que seria bom ter, além do time, o DL, o SM, e o PO, mas assim, alguns momentos, a gente está tendo que até enxugar um pouco desses papeis e ter uma liderança um pouco mais multidisciplinar que trabalhe como SM, como PO ali, para justamente atender essa necessidade do cliente agora que reduziu o investimento e está precisando ter uma eficiência maior nos times também. Então, eu vejo alguns papeis se unindo, igual a essa questão do SM, do PO, em alguns casos, mas uma coisa eu acho que denominando papel que eu acho super legal de citar que aconteceu, foi a questão do Airbnb, que eles declararam para o mercado a união do PM com o PMM, então assim, não foi uma grande mudança do ponto de vista do dia a dia deles lá, imagino que não tenha mudado muita coisa, mas eles declararam para o mercado que todo aquele fuzuê…
Pedro: Gerou um alvoroço enorme.
Alê: É, que ia morrer o cargo de PM, agora não existia mais, eu lembro de sair um monte de notícia em relação a isso, mas isso mostra que eles tiraram um pouco da zona cinzenta entre o PM e o PMM. Então, acho que isso mostra o quanto uma empresa do tamanho do Airbnb está focada em de fato gerar eficiência, não só de custo, mas também dos próprios papéis.
Diulia: Eu acho que vale só o disclaimer do que significa a sigla PMM, que eu acho que vai ter gente que não vai saber, porque PM está mais na rotina de product manager, agora o PMM está com o foco, além da questão da gestão de produto, mais focado no recorte de marketing, então é daí que vem o outro M. Só para fazer o glossário.
Alê: É isso aí, product marketing manager.
Pedro: Eu tenho um pequeno ranço com essa coisa toda. Já que é para a gente dar um pouquinho mais de opinião, que é o seguinte, e a gente até chegou a falar um pouco sobre isso na newsletter do Agilistas também, porque agora é assim, a cada dois, três meses, alguém quer matar uma função do ágil. Agora já estão falando, eu vi algum alvoroço também sobre a galera de front end. Eu falei, não, não é possível, sabe? Isso o que aconteceu com o Airbnb, na minha opinião, é uma parada assim: já vinha acontecendo de forma sutil, e a galera pega e extrapola o negócio como se, tipo assim, o Airbnb da noite para o dia demitiu todos os PMs e agora só tem PMM. Na verdade, não. Foi uma transformação meio que natural do papel, que chegou um determinado ponto, como o Alê falou, que eles declaram, oficializaram aquilo, até para explicar talvez por que que de repente todo mundo lá é PMM, sei lá. Alguma coisa assim. Mas eu tenho um certo ranço nesse estágio de publicar a morte de um papel determinado…
Diulia: E o negócio cresce, porque quando é uma empresa grande, a declaração em si, de você pegar a declaração direta, é uma declaração simples. O cara vai lá, ele explica qual é a lógica, coisa de cinco, dez minutos. Explicou qual é a lógica, estratégia, aí começa no LinkedIn, a review do comentário da pessoa, aí o negócio escala.
Fernandinha: Mas em relação à dev, eu acredito muito nesse negócio que o Alê falou da multidisciplinaridade das pessoas, porque até então, com o mercado muito aquecido de desenvolvimento, principalmente, a gente viu uma especialização muito grande de pessoas, de pessoas que só querem trabalhar com a tecnologia A ou B ou C, e agora eu sinto que está havendo uma centralização de novo, uma generalização de novo, de tipo assim…
Pedro: A gente se torna mais generalista, sim.
Fernandinha: Olha, gente, vamos aqui, não vai ter espaço se você for um grande especialista e você não se preocupar com outras coisas. Você ter uma carreira talvez um pouco mais diluída, vamos falar assim, você não ser um grande especialista. E aí eu vejo isso. E a gente até num episódio, vou ficar fazendo o jabá aqui o tempo inteiro, que é foda, desculpa, que é difícil…
Diulia: Todo mundo já conhece, Fernandinha.
Fernandinha: É difícil, porque eu lembro, porque são temas que a gente trata no Entre Chaves também, e a gente fez um episódio lá sobre por que os devs não podem mais ignorar operações, tem muito disso de falar: gente, os devs, eles não podem também agora ser só devs mais, eles também têm que estar atento às métricas de produto, eles também têm que estar atento às métricas de operações. Existem papéis no SCRUM e nos times para isso? Às vezes até existe, mas talvez no mindset, numa mentalidade de redução, a gente vai precisar que os devs tenham algumas expertises que talvez um ano, dois anos atrás, eles não precisavam ter.
Pedro: E não é porque a gente está deixando de usar certa nomenclatura que aquela atividade específica deixou de existir. Eu acho que é isso o que as pessoas confundem quando lê esse tipo de notícia.
Fernandinha: E só ajustando um negócio que eu falei aqui, porque não que antes eles não tinham que saber isso, inclusive eu sempre acreditei que devs, eles têm que ser mais generalistas, e eles têm que saber esse tipo de coisa, para mim um bom dev sabe de produto e ele sabe de operação, mas talvez antes o mercado não estava exigindo isso deles, e agora o mercado está.
Pedro: E se tem um segmento em que todas as funções se transformam o tempo todo, é tecnologia. Deve ter mais ou menos uns dois anos que eu me denomino aí tech manager, alt manager, qualquer coisa manager, que bicho, eu não faço a mesma coisa há dois anos. Então assim, se eu for ficar me apegando ao nome que eu dei lá atrás, não vão me ver.
Diulia: Muda o nome, muda o que é a expectativa, muda a complexidade, está ali, é essa a rotina.
Pedro: É matador de problema. A gente pega desafio e vamos embora.
Fernandinha: Eu gosto muito dessa definição, de matador de problema, de resolvedor de problema. Eu fico zoando que eu sou comunicadora. Um, como comunicadora, segundo, poderia ser resolvedora de problema. Eu acho que é muito isso.
Pedro: Exato. E de uns meses para cá a gente até é podcaster também.
Fernandinha: Vocês também são comunicadores e resolvedores de problema. A gente ainda vai falar sobre eficiência digital mais ou a gente acabou esse tópico?
Pedro: Vamos, mas a gente continua no próximo episódio, porque a gente ainda tem muito assunto e é legal a gente conversar sem correria. Então, fiquem ligados na continuação que sai na semana que vem onde a gente ainda volta a falar mais um pouco sobre produtividade, e ainda outros temas como low code, design, escopo fechado, entre vários outros aí que fizeram parte das nossas previsões do início do ano. Então, obrigado pela presença, Fernandinha e Alê. Quem estiver gostando do papo, não deixe de interagir com a gente pelas nossas redes sociais, busquem lá Os Agilistas e deixem sua mensagem nos nossos conteúdos. Nos encontramos no próximo episódio, até a próxima, pessoal.
Pedro: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindos a mais um episódio dos Agilistas. No início do ano a gente fez uma sequência de episódios, não é, Diulia, sobre tendências que viriam para o ano de 2023.
Diulia: Pois é, e foi um exercício muito legal, quase uma futurologia, a gente fazendo essa previsão, vendo o que estava mais em alta, então a gente contou com convidados super especiais que ajudaram nessa tarefa, que a gente por si só ia ficar com poucas opções, mas eles trouxeram vários pontos na época.
Pedro: Estou tendo um deja vu gigantesco aqui, olhando para a Fernandinha e para o Ale, bem-vindos.
Diulia: Pois é, que inclusive já no começo, quando estava nos primeiros episódios, participando dos Agilistas.
Pedro: Eram nossas estreias, não é, Diulia?
Diulia: Exatamente.
Pedro: Muito legal. Agora vamos ver se nossas profecias se realizaram, que a gente falou lá no início do ano. A gente apostou em vários tópicos aí, a gente trouxe alguns tópicos de engenharia, de produto, de design. Vamos conversar um pouquinho hoje para ver se essas profecias se realizaram, mas antes de a gente falar, a gente está agora, dois terços do ano de 2023, seu ano foi produtivo até aqui, Fernandinha?
Fernandinha: Foi, foi produtivo. Primeiro boa tarde para todo mundo, boa noite, bom dia para todo mundo. Eu sou a Fernanda, sou liderança da engenharia da DTI, já vim aqui nos Agilistas várias vezes, e como vocês falaram, participei desse episódio de tendências. E sim, meu ano foi produtivo, e cada vez mais sendo falado assim dessa palavra de produtividade, eficiência digital, então acho que esse tema realmente está sendo um tema em alta em 2023.
Pedro: Vamos falar disso, com certeza. E o seu, Alê? Foi um ano produtivo? Dá um oi para a galera aí.
Alê: E aí, pessoal? Aqui é o Alexandre. Sou uma das lideranças de produto aqui na DTI também, e produtividade está sendo a palavra mais falada do ano. Eu acho que isso tem gerado grandes consequências, que a gente vai comentar um pouquinho, mas tem sido produtivo, o ano foi produtivo.
Pedro: Produtividade, eficiência, está com vários disfarces, mas ela está aí o tempo todo.
Diulia: Exatamente, é a buzzword, que está aí.
Pedro: Antes de a gente falar desse trending topics de eficiência, vamos falar do maior do Twitter, o ChatGPT, inteligência artificial, que não saiu das nossas telinhas esse ano. Era uma coisa um pouco mais novidade na época, apesar de não ser uma tecnologia nova, a AI generativa veio com o chat como uma coisa mais nova na época, e a gente falou muito sobre isso. Eu queria perguntar para vocês o que vocês acham que mudou nas rotinas dos times de produto, a galera usou mesmo? Isso apareceu nos produtos, ou não? Vou passar essa para o Alê. Fala aí, Alê.
Alê: Eu vi aplicações bem interessantes do ChatGPT no dia a dia das pessoas de produto, escrita de história, definição de formato dessas questões. Eu vejo que foi muito mais na questão de produtividade mesmo, de agilizar o processo de dar trabalho mesmo, que acho que o ChatGPT é o que tem mais a adicionar, então eu vejo que assim, mudou, mas talvez eu esperava mais.
Pedro: Eu compartilho um pouco disso. Eu acho que a gente falou demais, e a gente criou uma coisa muito gigantesca, todos os produtos agora vão utilizar o GPT. A inteligência por trás dos produtos, mecanismo de pesquisa, tudo vai ser o GPT, eu acho que não foi tanto assim. O que você acha, Fernandinha?
Fernandinha: Eu não concordo com vocês, não. Eu acredito que mudou bastante a rotina dos times. Eu sou host do Entre Chaves também, que é o outro podcast técnico aqui da DTI, e a gente já fez vários episódios sobre GPT, a gente está para fazer um de AI generativo um pouco mais técnico, mas eu acredito que tanto o GPT quanto o Bard, que é o outro do Google, quanto o Bing, tem o Bing Chat também, são ferramentas que são LLNs, que usam modelos de linguagem e linguagem natural para a gente conseguir conversar bem com eles e resolver problemas, e eu acho que os times têm usado bastante, pelo menos os times da parte do desenvolvimento têm usado bastante. Eu acho que existe uma preocupação bem grande aí em relação à segurança dos dados, do que compartilhar, que realmente, pelo menos a interface gratuita do GPT, a gente não deve compartilhar coisas sensíveis, isso é importantíssimo, mas trouxe uma produtividade grande para os times em relação à trechos curtos de código, a encontrar algoritmos, e principalmente, eu acho, na parte de testes automatizados e de documentação, que são dois pontos do fluxo de desenvolvimento, que essas inteligências artificiais aceleram bastante. E não só elas, eu acho que outras ferramentas. Eu acho que o GPT veio trazendo isso muito, e aí o lançamento de outras ferramentas de Copilot, o próprio GitHub Copilot, já integrado na ideia dos desenvolvedores, mas a Amazon também tem uma ferramenta de Copilot deles que é bem semelhante ao GPT, e há outras ferramentas que estão incorporando o Copilot, por exemplo, a própria Microsoft 365, o Office, agora tem Copilot no Teams, tem Copilot para tudo que é lado, próprio Power BI também, alguns desses Copilots ainda estão em preview, ainda não estão totalmente liberados para o público, mas eu acredito que o potencial de aceleração desses Copilots, do GPT, é gigantesco mesmo.
Pedro: Sim
Fernandinha: Então, assim, eu acho que a gente pode até…talvez não estejamos vendo um resultado 100% generalizado de aumentar a velocidade em todos os fluxos do nosso processo, mas eu acredito que na parte de desenvolvimento, o potencial é enorme mesmo.
Pedro: E talvez a gente possa falar desse outro patamar mais generalizado, chegando também no próximo ciclo, no próximo ano, talvez a gente já esteja lá.
Fernandinha: Exatamente. E uma outra coisa que eu queria trazer aqui nesse tópico, é do Copilot X, que é basicamente uma versão como se fosse um beta do Copilot, não é um produto separado, mas ele é como se fosse a visão futura do GitHub Copilot, que eles chamaram de Copilot X, e aí ele é basicamente como se fosse um GPT integrado na ideia dos desenvolvedores, que aí traz o melhor do GPT com o Copilot, com a parte de ser integrado diretamente ali na ferramenta que o desenvolvedor usa no dia a dia para desenvolver, então assim, eu acredito num ganho de produtividade, a própria Microsoft, eles pregam ganhos tipo de 55%, se não me engano, mas é claro, talvez não seja isso tudo, mas eu acredito que uns 20% a 30%.
Pedro: Transformou sim, então?
Fernandinha: Eu acredito que transformou. A minha opinião é: transformou.
Diulia: É. Eu concordo com a Fernandinha no sentido de que existem muitos recursos hoje que podem ser utilizados. Eu acho que o que a gente ainda está caminhando e talvez no desenvolvimento a gente está caminhando mais rapidamente do que nos outros pilares pelo menos, assim, é a questão de desenvoltura para poder utilizar as ferramentas de uma maneira que realmente vá fazer diferença na rotina, porque pelo menos para o design, tem ferramentas saindo toda semana que vai ajudar na parte de prototipação, que vai ajudar na parte de fluxo, que vai ajudar na parte de documentação. As possibilidades são enormes. A gente está tendo no Figma também algumas evoluções, o Notion cheio de recursos, o Lyra também. Então, não só ferramentas novas, como a evolução de ferramentas que já eram utilizadas e que estão com recursos adaptados para a parte de inteligência artificial. Agora, a desenvoltura do time, das pessoas olharem para os recursos que existem e traduzir isso dentro da rotina, talvez esse seja o passo para 2024, para poder naturalizar o uso da ferramenta.
Pedro: Fernandinha concordou.
Fernandinha: Eu concordo que as ferramentas, a tendência delas, é de realmente incorporar pelo menos algum tipo de Copilot, algum tipo de inteligência artificial dentro, como você falou, do Figma e de outras, e eu acho que a grande preocupação das empresas ainda com segurança, como eu falei, de poxa, posso usar ou não?
Pedro: Direitos autorais.
Fernandinha: É, o que que eu faço? Se eles estão usando meu código para treinar modelo, eles vão reivindicar autoria do meu código, ou não, ou eles vão vazar o meu código de alguma forma? Então acho que isso tudo, não só o código, como eu estou falando o código aqui, mas não só código, mas sei lá, um Figma da vida, eu vou vazar o que eu estou criando de prototipação dentro do Figma, vão vazar minha estratégia de negócios? Então, acho que isso é importante, mas eu não acho que a gente vai esperar 2024 para ver isso acontecendo, mas acho que isso vai ser mais rápido. De verdade.
Pedro: Eu posso mudar de ideia no meio do episódio? Porque eu estava lembrando de uma coisa que eu li hoje cedo que é, a crise dos roteiristas de Hollywood que está rolando até hoje, que tem muito a ver com o tanto que a inteligência artificial mudou a vida dos estúdios e tudo mais. Realmente, está aí, está na porta, Fernandinha. Você está certa.
Fernandinha: Não sei se talvez eu esteja sendo muito sonhadora, mas eu acredito realmente que antes de 2024, a gente vai ver coisas mais disruptivas ainda.
Pedro: Vou até aproveitar o momento para fazer uma confissão: eu não sou desenvolvedor, mas eu uso ferramentas, o Alê já sabe, porque ele já me viu usar. Inclusive, fica a recomendação aí, galera, chama Gama App, que faz apresentações, você só manda os tópicos lá, e aliás, se você quiser gerar o roteiro, os tópicos do que você quer apresentar, no GPT, e jogar lá para o Gamma App, ele pode subir uma apresentação pronta. Veio uma apresentação linda no design que aprovaria pelos nossos designers da DTI? Não seriam aprovados, mas é o que eu falo, acho que muitas dessas coisas ajudam a sair do zero, porque eu acho que aquela inércia inicial, você pula ela, porque é mais fácil você alterar uma coisa que já foi iniciada, do que você partir de um papel em branco. Então, eu tenho usado muito disso.
Diulia: E isso que você comentou é muito importante no sentido de que às vezes para o profissional que trabalha naquela área, o grande diferencial é justamente o conhecimento específico que a pessoa tem, então a inteligência artificial não necessariamente vai dar o resultado tipo, beleza, fiz o seu trabalho para você, pode ficar de boa que não precisa se preocupar mais, mas seja para pessoas que não estão acostumadas para poder fazer aquele tipo de tarefa, tendo uma curva de aprendizado um pouco maior, ou até para poder sair do zero, acho que é muito da forma como a gente utiliza para poder aproveitar o que a gente tem.
Fernandinha: Eu só queria trazer mais um ponto nesse tópico do GPT que eu vi uma pesquisa que saiu, agora eu estou sem saber se foi em Oxford ou Harvard, não estou 100% certa, mas estava falando que o GPT tem ficado mais burro ao longo do tempo, que no início do ano ele respondia perguntas, principalmente matemática e de código com mais assertividade do que agora, e aí não se sabe muito bem o motivo, se é porque eles estão com alguma dificuldade de processamento, ou se eles estão tirando processamento, por exemplo, do GPT 3.5, que é a interface que é gratuita, ela consome API do GPT 3.5, então não se sabe, por exemplo, se eles estão tirando processamento para que você precise comprar as novas versões e que lá você vai ter uma coisa mais assertiva ou se eles estão com alguma dificuldade de processamento dos dados, enfim, não se sabe muito bem o motivo, mas essa pesquisa, nos diz que o GPT tem ficado mais burro ao longo do tempo.
Pedro: Ele pode estar estressado. O mundo inteiro está usando e está todo mundo tentando achar as falhas dele. Mas vamos emendar no tópico de segurança, então? Que tem mais a ver, que a Fernandinha comentou aí, e no episódio em que a gente falou sobre engenharia, a gente falou muito sobre o aumento dos ataques cibernéticos, a gente citou até alguns exemplos na época. Mas e aí, Fernandinha? Isso virou mesmo? Os ataques aconteceram mais ainda, as empresas se prepararam mais ou não? Como você viu isso daí?
Fernandinha: Eu estava vendo uma pesquisa justamente que os ataques desse ano, nesse primeiro trimestre, aumentaram 31% em relação ao ano passado. Agora estou na dúvida se foi no primeiro trimestre ou no primeiro semestre, mas aumentaram em relação ao ano passado, e assim, eu acho que segurança é um tema que a gente não vai parar de se preocupar nunca mais, que realmente, cada vez é mais fácil você usar ferramentas, tanto de engenharia social, quanto as próprias ferramentas técnicas para invadir coisas, e cada vez mais os sistemas têm que ficar bem preparados para isso, então eu acho que novos ataques ocorreram, e também uma outra coisa bem legal que eu estava pesquisando, é que recentemente uma biblioteca, por exemplo, de desenvolvimento, que é uma biblioteca de mocar dados em testes, para você colocar dados falsos no seu teste, ela estava com uma vulnerabilidade de expor e-mails para o serviço da Agile, então assim, uma biblioteca que muitos projetos usam, muitos mesmo. É uma biblioteca bem comum, bem popular. E aí você pensa: uma biblioteca dessas, que muitos projetos devem usar, está com uma vulnerabilidade dessas, como fazer? Se a gente não se preocupa com segurança, como ligar com isso? Então, eu acho que cada vez mais a gente vê a importância de realmente ter uma cultura de dev sec ops, de ter a segurança em todas as etapas, realmente, do nosso fluxo, tanto o desenvolvimento quanto de operação de produto digital, e o quanto é importante que isso esteja realmente integrado nos nossos pipelines, realmente integrado na nossa entrega automatizada, para que coisas, vulnerabilidades como essa não passem, e a gente não exponha os nossos produtos.
Diulia: E a gente comentando sobre uso de ferramentas, meios para poder classificar a construção das soluções, vai tornando-os mais complexos, porque antes talvez você tivesse que conferir a segurança ali de duas, três ferramentas que você utiliza mais no dia a dia, onde você está disponibilizando, o código e afins. Hoje em dia, você utiliza mais ferramentas, você tem que validar mais ferramentas também para poder garantir que está seguro.
Pedro: Essa é a buzzword exata o “devSecOps”, e talvez a gente não usou o termo ali na época, no início do ano, mas a gente falou no episódio com o Felipão de dev ops como artimanha para fazer entregas mais rápidas, mais frequentes, e aí com certeza a dev sec ops foi uma parada que a gente ouviu bastante esse ano. O que eu me surpreendi um pouco, até falando de segurança, porque eu não sei se eu estou certo em assumir isso, mas eu ainda remeto a ambientes em projetos, produtos na nuvem, como uma coisa mais moderna, mais correta em termos de segurança também, então apostar na nuvem, e eu me deparei com algumas empresas e organizações ao longo desse ano que eu fiquei assim, gente, pelo amor de Deus, como não está na nuvem ainda? Não tem ainda, Fernandinha?
Fernandinha: Tem mesmo. E a dúvida dessas empresas que ainda tem os seus, eu estava discutindo isso ontem, gente, verdade, eu estava discutindo isso ontem. Acredito que muitas das empresas tradicionais ainda têm suas aplicações, ou seja, em servidores físicos mesmo, é justamente é segurança, é medo da nuvem não ser segura, só que na verdade, talvez a nuvem, ela tem muitos mecanismos de segurança. Uma pessoa até me falou assim: “mas talvez essas empresas têm medo por talvez não ter uma equipe de TI tão madura a ponto de conseguir sustentar uma arquitetura na nuvem,” e que talvez aquela coisa, por mais que física ali não seja tão segura, mas ela está ali quase como autocontida, ela não está fora dos nossos controles, e eu achei esse argumento que me pareceu fazer sentido, de realmente talvez essas empresas ainda não têm tanta confiança mesmo em colocar as coisas na nuvem por não ter tanto conhecimento, ou não ter um time que tem que tenha tanto conhecimento para conseguir sustentar esses produtos.
Pedro: E aí o medo era tanto que não quis levar para o estado da arte da coisa.
Diulia: Agora, uma outra coisa que a gente ouviu demais…
Pedro: Já sei o que você vai falar.
Diulia: E aí Alê vai poder endossar, que a gente ouviu demais, eu já estou até dando spoiler, nem perguntando se foi um tópico que realmente…
Pedro: A gente não só ouviu demais, a gente falou demais.
Diulia: É, tem essa parte aí também, foi com relação às restrições e as cobranças. A gente vê que a gente teve nos últimos anos aquele boom de investimentos, esse ano veio com um pouco mais de restrição, de o pessoal tentar entender melhor se fazia sentido trabalhar com alguma iniciativa de tecnologia ou não, se era o momento, se realmente precisava de tantas frentes. Como é que isso evoluiu na realidade dos times? Seja com relação ao volume, seja com relação à expectativa, coisas que testam, o processo mesmo.
Alê: Vocês notaram que aumentou a cobrança? Eu acho que ninguém ficou com dúvida esse ano sobre a cobrança. E aí o que eu vejo muito acontecendo nos times foram os prazos estarem mais apertados, menos espaço para você errar uma estimativa, a cobrança dessa questão de ser mais certo quando você está começando uma coisa, o direcionamento das lideranças das empresas descendo para o time um pouco mais já restrito, com menos espaço para dialogar e trazer grandes ideias, algo mais definido, a gente está vendo os times um pouco mais enxutos, a gente vê o pessoal às vezes nem só reduzindo a questão de quantidade, mas às vezes senioridade do time. Então, às vezes uma pessoa que estava sênior baixa para um cargo mais pleno, porque de fato tem menos investimento vindo. Então, eu acho que isso é uma coisa que dá para ver muito clara. Já o escopo fechado é assim, a maldição do escopo fechado, eu vejo assim, os times que já estavam rodando com metodologia de produtos não necessariamente fecharam para escopo: “não vamos ter mais tipos de produto,” não teve esse grande retrocesso do ponto de vista de escopo, mas sim um direcionamento mais claro: “olha, a gente quer chegar aqui, a gente não tem tanto espaço para fazer um discovery grande, a gente tem que fazer discoveries mais curtos com entrega de valor mais rápida,” mas uma coisa que me chamou a atenção foram, talvez em novos times, ou novas empresas que estejam buscando desenvolvimento. Essas empresas têm trazido já um pouco mais de visão fechada, ou uma coisa assim, eu preciso de um time para entregar isso até tal data, às vezes já chega até com um cronograma que está esperando de entrega, então eu acho que teve essa movimentação, acho que teve um pouco dos dois. Acho que a gente piorou um pouco na questão de novos pedidos, já chega meio fechado, mas a questão dos times acho que não teve tanto impacto assim.
Diulia: Uma outra coisa que você, Alê, puxou demais, inclusive, foi a parte de medição, parte de acompanhamento para poder entender se os resultados estão fazendo sentido. E aí, não só na parte de produto, como na parte de operação, de engenharia, isso passou a ser um tópico que é impossível seguir sem acompanhar porque traz evidências de que o time está caminhando para poder tirar daquele feeling de, está indo, não está indo. Como vocês veem o impacto dessas medições? Realmente a gente já está num ponto de falar assim: “está fazendo diferença, está ajudando a construir confiança”?
Fernandinha: A gente até gravou no Entre Chaves, no episódio sobre a bolha tech, agora até esqueci o nome, mas o fim da bolha tech. A gente gravou um episódio no Entre Chaves do fim da bolha tech, que a gente fala muito sobre isso, sobre o quão é importante os times, e o quão eu acho que está sendo importante os times saberem, entenderem mais sobre as suas métricas, tanto de valor, de qual o valor que estou gerando, e agora em tempos de proatividade e eficiência digital, eu preciso saber o valor que eu estou gerando, porque a gestão de custo está muito mais rígida. Então, antes, se eu estava num oba-oba que está todo mundo: “eu tenho muito orçamento, eu tenho muito dinheiro,” e talvez um time ou outro vai passando ali sem provar o seu valor no dia a dia, agora eu preciso provar o meu valor no dia a dia o tempo inteiro, porque senão o meu time vai ser o primeiro a ser cortado. Então, ter métricas de valor para mim, é um negócio muito importante, mas não só métrica de valor, métrica operacional também. Medir velocidade, medir capacidade, medir percentual de ativação de valor, quanto de valor eu estou ativando, qual é o meu percentual de code, essas coisas, elas se tornaram realmente realidade dos times, de entender mais a sua operação para conseguir otimizar.
Pedro: A Yas falava isso, no episódio que a gente gravou com ela, ela falou assim: o time ou a pessoa que não souber defender o que está fazendo, fazer um pitch rapidinho pelo menos de explicar qual é a proposta de valor daquilo que você está fazendo, têm grandes chances de serem cortadas, e seguindo mais adiante, aquele que não puder comprovar continuamente o valor daquilo que está entregando, com o melhor uso possível dos recursos, que é a eficiência, também, grandes chances de ser cortado.
Alê: Eu super concordo com isso que a Fernandinha falou e que você trouxe também, Pedro. A única coisa que eu acho que vale a pena citar é que eu acho que as empresas ainda não estão tão preparadas na questão do mindset de geração de valor ainda, então essa cobrança para mim veio muito mais na questão tática, dos times entregarem, do que de fato ter uma clara métrica de geração de valor, uma coisa que de fato os times sejam cobrados pelo resultado e não pelo processo.
Pedro: Verdade. Ainda existe alguma dificuldade mesmo.
Diulia: E até, Alê, não sei se você tem esse sentimento, mas acompanhando empresas de produto e realidades diversas, dá para poder sentir um certo retrocesso no espaço que o produto, a disciplina de produto, vinha alcançando, em alguns casos chegando C-level, um nível muito estratégico de conseguir influenciar muito a estrutura das organizações, e realmente desceu para um nível um pouco mais tático, operacional, de conseguir executar bem o processo, garantir a eficiência do time, garantir que vai estar orientado à geração de valor, então eu acho que isso também impactou um pouco na forma como a atuação vinha crescendo, e aí até um outro ponto que a gente colocou aqui, que eu acho que já vale a gente puxar, é com relação a uma tendência que a gente já tinha mencionado de agrupar alguns papeis que vinham caminhando em uma via muito especialista…
Pedro: Isso aconteceu, certamente.
Diulia: É, que a gente via muitas quebras, muitos profissionais atuando dentro de um mesmo contexto, com especialidades diferentes, com menos investimento, naturalmente os times que tiveram que se reorganizar. Como vocês viram o impacto disso?
Alê: Acho que é um pouco até natural, do momento, a gente revisar papeis que podem ter algum tipo de sobreposição. Então, eu vejo que os clientes estão exigindo que a gente tenha times mais enxutos, então a gente precisa se adaptar a isso, então eu acho que todo mundo está de acordo que seria bom ter, além do time, o DL, o SM, e o PO, mas assim, alguns momentos, a gente está tendo que até enxugar um pouco desses papeis e ter uma liderança um pouco mais multidisciplinar que trabalhe como SM, como PO ali, para justamente atender essa necessidade do cliente agora que reduziu o investimento e está precisando ter uma eficiência maior nos times também. Então, eu vejo alguns papeis se unindo, igual a essa questão do SM, do PO, em alguns casos, mas uma coisa eu acho que denominando papel que eu acho super legal de citar que aconteceu, foi a questão do Airbnb, que eles declararam para o mercado a união do PM com o PMM, então assim, não foi uma grande mudança do ponto de vista do dia a dia deles lá, imagino que não tenha mudado muita coisa, mas eles declararam para o mercado que todo aquele fuzuê…
Pedro: Gerou um alvoroço enorme.
Alê: É, que ia morrer o cargo de PM, agora não existia mais, eu lembro de sair um monte de notícia em relação a isso, mas isso mostra que eles tiraram um pouco da zona cinzenta entre o PM e o PMM. Então, acho que isso mostra o quanto uma empresa do tamanho do Airbnb está focada em de fato gerar eficiência, não só de custo, mas também dos próprios papéis.
Diulia: Eu acho que vale só o disclaimer do que significa a sigla PMM, que eu acho que vai ter gente que não vai saber, porque PM está mais na rotina de product manager, agora o PMM está com o foco, além da questão da gestão de produto, mais focado no recorte de marketing, então é daí que vem o outro M. Só para fazer o glossário.
Alê: É isso aí, product marketing manager.
Pedro: Eu tenho um pequeno ranço com essa coisa toda. Já que é para a gente dar um pouquinho mais de opinião, que é o seguinte, e a gente até chegou a falar um pouco sobre isso na newsletter do Agilistas também, porque agora é assim, a cada dois, três meses, alguém quer matar uma função do ágil. Agora já estão falando, eu vi algum alvoroço também sobre a galera de front end. Eu falei, não, não é possível, sabe? Isso o que aconteceu com o Airbnb, na minha opinião, é uma parada assim: já vinha acontecendo de forma sutil, e a galera pega e extrapola o negócio como se, tipo assim, o Airbnb da noite para o dia demitiu todos os PMs e agora só tem PMM. Na verdade, não. Foi uma transformação meio que natural do papel, que chegou um determinado ponto, como o Alê falou, que eles declaram, oficializaram aquilo, até para explicar talvez por que que de repente todo mundo lá é PMM, sei lá. Alguma coisa assim. Mas eu tenho um certo ranço nesse estágio de publicar a morte de um papel determinado…
Diulia: E o negócio cresce, porque quando é uma empresa grande, a declaração em si, de você pegar a declaração direta, é uma declaração simples. O cara vai lá, ele explica qual é a lógica, coisa de cinco, dez minutos. Explicou qual é a lógica, estratégia, aí começa no LinkedIn, a review do comentário da pessoa, aí o negócio escala.
Fernandinha: Mas em relação à dev, eu acredito muito nesse negócio que o Alê falou da multidisciplinaridade das pessoas, porque até então, com o mercado muito aquecido de desenvolvimento, principalmente, a gente viu uma especialização muito grande de pessoas, de pessoas que só querem trabalhar com a tecnologia A ou B ou C, e agora eu sinto que está havendo uma centralização de novo, uma generalização de novo, de tipo assim…
Pedro: A gente se torna mais generalista, sim.
Fernandinha: Olha, gente, vamos aqui, não vai ter espaço se você for um grande especialista e você não se preocupar com outras coisas. Você ter uma carreira talvez um pouco mais diluída, vamos falar assim, você não ser um grande especialista. E aí eu vejo isso. E a gente até num episódio, vou ficar fazendo o jabá aqui o tempo inteiro, que é foda, desculpa, que é difícil…
Diulia: Todo mundo já conhece, Fernandinha.
Fernandinha: É difícil, porque eu lembro, porque são temas que a gente trata no Entre Chaves também, e a gente fez um episódio lá sobre por que os devs não podem mais ignorar operações, tem muito disso de falar: gente, os devs, eles não podem também agora ser só devs mais, eles também têm que estar atento às métricas de produto, eles também têm que estar atento às métricas de operações. Existem papéis no SCRUM e nos times para isso? Às vezes até existe, mas talvez no mindset, numa mentalidade de redução, a gente vai precisar que os devs tenham algumas expertises que talvez um ano, dois anos atrás, eles não precisavam ter.
Pedro: E não é porque a gente está deixando de usar certa nomenclatura que aquela atividade específica deixou de existir. Eu acho que é isso o que as pessoas confundem quando lê esse tipo de notícia.
Fernandinha: E só ajustando um negócio que eu falei aqui, porque não que antes eles não tinham que saber isso, inclusive eu sempre acreditei que devs, eles têm que ser mais generalistas, e eles têm que saber esse tipo de coisa, para mim um bom dev sabe de produto e ele sabe de operação, mas talvez antes o mercado não estava exigindo isso deles, e agora o mercado está.
Pedro: E se tem um segmento em que todas as funções se transformam o tempo todo, é tecnologia. Deve ter mais ou menos uns dois anos que eu me denomino aí tech manager, alt manager, qualquer coisa manager, que bicho, eu não faço a mesma coisa há dois anos. Então assim, se eu for ficar me apegando ao nome que eu dei lá atrás, não vão me ver.
Diulia: Muda o nome, muda o que é a expectativa, muda a complexidade, está ali, é essa a rotina.
Pedro: É matador de problema. A gente pega desafio e vamos embora.
Fernandinha: Eu gosto muito dessa definição, de matador de problema, de resolvedor de problema. Eu fico zoando que eu sou comunicadora. Um, como comunicadora, segundo, poderia ser resolvedora de problema. Eu acho que é muito isso.
Pedro: Exato. E de uns meses para cá a gente até é podcaster também.
Fernandinha: Vocês também são comunicadores e resolvedores de problema. A gente ainda vai falar sobre eficiência digital mais ou a gente acabou esse tópico?
Pedro: Vamos, mas a gente continua no próximo episódio, porque a gente ainda tem muito assunto e é legal a gente conversar sem correria. Então, fiquem ligados na continuação que sai na semana que vem onde a gente ainda volta a falar mais um pouco sobre produtividade, e ainda outros temas como low code, design, escopo fechado, entre vários outros aí que fizeram parte das nossas previsões do início do ano. Então, obrigado pela presença, Fernandinha e Alê. Quem estiver gostando do papo, não deixe de interagir com a gente pelas nossas redes sociais, busquem lá Os Agilistas e deixem sua mensagem nos nossos conteúdos. Nos encontramos no próximo episódio, até a próxima, pessoal.
IA, eficiência e muitas outras previsões sondadas para 2023, mas o que realmente vingou? Neste episódio, convidamos de volta Fernanda Vieira, Head de Engenharia e Alexandre Loriggio, líder do Chapter de Produto, ambos da dti digital e fizemos uma retrospectiva da nossa série de tendências sobre produto, engenharia e design. Ficou curioso? Então, dá o play!
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