M1: Bom dia, boa tarde, boa noite, esse é mais um episódio de Enzimas –
breves reflexões que te ajudam a catalisar o agilismo em sua organização.
M2: Bom dia, boa tarde, boa noite, meu nome é Victor Pontello, eu sou o
head de dados e analytics da DTI, e hoje a gente vai falar nesse Enzimas
sobre a tomada de decisão com base em dados. Por que, afinal, devemos
tomar decisões com base em dados pensando no ambiente organizacional?
Bom, antes da gente partir para a resposta dessa pergunta, eu acho
interessante a gente definir primeiro o que são iniciativas de dados, tem
uma definição bem interessante do livro data science para negócios, do
Provost e Fawcett, que diz que data science é o conjunto de princípios
fundamentais que norteiam a extração de conhecimento a partir dos dados.
Essa definição é bem interessante, porque ela mostra uma quebra de
paradigma, a fonte do conhecimento não está mais, segundo essa
definição, na experiência do chefe, na experiência das pessoas, na intuição
assertiva de quem liderou a empresa ao longo de todos os anos e tem
resposta para todas as perguntas, a fonte de conhecimento está nos dados.
Então, a gente tira, extrai dos dados o conhecimento necessário para
nortear a empresa para conseguir pautar todas as decisões. Nesse caso, o
conhecimento extraído dos dados, ele tem que ser direcionado a solução
de um problema de negócio. Então, não é simplesmente um conhecimento
geral é um conhecimento direcionado para a solução de um problema de
negócio dessa forma os dados, eles passam a ser não só somente dados e
informações sobre mais um ativo estratégico da empresa. Porque são esses
dados dentro de um contexto, dentro do livro, que fazem com que a
empresa consiga tomar asdecisõescorretasparalevarelanorumo
estratégico que foi decidido. Sendo assim, asiniciativasdedadoselas
fornecem o insumo para que seja possível tomar asdecisõesapartirdos
dados, ou seja buscar o conhecimento a partir dos dados e usar esse
conhecimento para a tomada de decisão, ao invés da tomada de decisão,
pura e simplesmente, na intuição das pessoas envolvidas. Existem estudos
bem interessantes que correlacionam essa orientação a dados das
empresas com a produtividade das mesmas. Um estudo do MIT mostra que
mais orientado a dados a empresa, mais produtiva ela é. E outro estudo da
Universidade Nova York, mostra quanto maior o uso de tecnologias de big
data, dentro do contexto empresarial, também maior a produtividade da
empresa. É importante ressaltar, também, que a tomada de decisão (data
dreamin) da empresa não é uma prática tudo ou nada, não é
aquela ideia zero ou um, que a empresa ou é totalmente orientada a dados,
totalmente data dreamin ou ela é totalmente intuitiva. Existe um meio
termo ali entre os dois extremos, que é a condição ótima naquele momento
ali da empresa, além do que isso é uma prática evolutiva, a empresa não vai
começar da noite para o dia e se transformar em uma empresa totalmente
data dreamin. Até porque isso envolve mudança de cultura organizacional,
mudança de práticas organizacionais, isso leva tempo até ser
implementado da forma como a gente vislumbra. Isso é uma analogia bem,
um paralelo bem interessante com a transformação digital das empresas,
você não vai da noite para o dia falar: “pronto, sou digital agora sou” ou
então transformação ágil, “não, agora minha empresa ágil”. Não existe isso,
a transformação é continua, é gradativa e evolutiva, aos poucos ela vai
acontecendo. Mas, agora beleza, vamos voltar a pergunta inicial: por que
isso, eu disse a ali que tem estudos que mostram e tudo mais, beleza, esse
é o resultado. Mas, por que, qual que é o pressuposto por trás dessa ideia?
O que acontece é que o ser humano, ele é naturalmente falho e é
importante a gente reconhecer a nossa limitação no sentido de tomada de
decisão e análise do que está acontecendo pelo mundo, para a gente
conseguir tanto usar melhora nossa capacidade cognitiva para tomada de
decisão, quanto mitigar alguns problemas que isso pode gerar. Dentro
desse contexto, da limitação cognitiva do ser humano, a gente esbarra em
um dos pontos fundamentais que são os vieses intuitivos. Para entender
melhor como esses vieses intuitivos funcionam, a gente volta um
pouquinho em como que a mente do ser humano funciona, e para quem se
interessa nesse assunto eu sempre recomendo o livro: rápido e devagar, do
Daniel Kahneman, e o: ruídos, dele e de outros autores também. A gente
tem basicamente dois sistemas na nossa mente, tem um sistema um, que
é o sistema intuitivo, rápido, que ele consegue tomar decisões rápidas, mas
baseados na intuição e a gente não tem total controle sobre ele. E tem um
sistema dois, que ele diz, que é um sistema racional, um sistema que gasta
muita energia e a gente tem que se esforçar para conseguir pensar
racionalmente. E além disso, ele é um sistema lento, então, o nosso
organismo, a nossa natureza tende a priorizar sempre a tomada de decisão
com o sistema um do que com o sistema dois. Só que o sistema um, ele
ajuda muito por ser rápido e fácil de tomar decisões, mas ele tem várias
pegadinhas e uma dessas pegadinhas são esses vieses intuitivos, que eu
acabei de mencionar. Para exemplificar um pouco desses vieses intuitivos,
a gente vem no contexto da substituição, essa substituição nada mais é do
que quando a gente se depara com uma pergunta muito complexa, a gente
automaticamente substitui essa pergunta por uma menos complexa que a
gente consegue responder facilmente. Por exemplo, se alguém te
perguntar: “quão feliz você está com sua vida? ” Uma pergunta complexa,
imagina todos os aspectos da vida que a gente deveria levar em
consideração para chegar à conclusão se a gente está muito feliz, pouco
feliz, totalmente insatisfeito, aspecto financeiro, profissional, amoroso,
familiar, a saúde, se ela está boa, se eu tenho hobbie, se eu tenho tempo
para fazer meus hobbies, são todos aspectos que deveriam ser levados em
consideração para responder à pergunta, se a gente está feliz ou não com
a nossa vida. Só que isso é complexo, isso demanda tempo, demanda
energia da nossa mente e o que a gente faz é simplesmente responder à
pergunta: “qual o seu humor nesse exato momento? “, só que a gente não
percebe que está fazendo isso, essa é a grande pegadinha, essa substituição
acontece de uma maneira natural, a gente responde uma pergunta
complexa com outra menos complexa, que muitas vezes dá certo, mas
outras vezes leva a vieses bem complicados e que levam a erros na tomada
de decisão no ambiente corporativo e a gente não percebe que está
fazendo isso. Outra pegadinha bem relacionada a essa primeira, é que a
nossa mente é muito.
M1: Essa reflexão, sobre o porquê de tomar decisões com base em dados
continua na semana que vem, não perca o próximo episódio de Enzimas,
aqui no podcast Os Agilistas.